quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Liga dos Campeões, Grupo H 1ª Jorn.: FC Porto 6 - 0 Bate Borisov; BRA HI MI FÁ MI BRA

#LigadosCampeões #FCPorto #BateBorisov

BRA  HI  MI  FÁ   MI   BRA





A história do jogo é a história do Homem. 

O Homem e o seu percurso como a habitual rubrica da Tribuna Portista.

Arrebentou com tudo. Com o BATE, com análises tacticas, com o mundo que olha a Champions e quer ver golos e momentos.

Primeiro marcou à Cristiano Ronaldo. Erro do guarda-redes adversário, bola em Cristiano Ronaldo, finta curta e rápida, bilhete.

Chega ou é preciso mais?

Não chega. Agora vou marcar à Messi. 

Recebe a bola antes do meio-campo, rápida aceleração que deixa o defesa direito a pedir boleia e toca a correr em direcção à baliza ligando o GPS para o caminho mais curto. 
Adrian ajuda a abrir fazendo a diagonal contrária e Craquimi acaba o trabalho sem a delicadeza dos passes para a baliza de Messi mas com o mesmo resultado.

Chega ou é preciso mais?

Não chega. É preciso continuar a elevar a fasquia. Se quer ter vénias no Dragão não chega ser Cristiano Messi. É preciso ser Mágico. Sai um golo à Deco?

Outro? Contra o Lille não conta?

Esse foi um golo à Deco mas sem um festejo à Deco. E um golo de sorte todos temos. 
Para a vénia do estádio é preciso provar mais.

OK. Deixa-me cavar um livre depois de encavar um adversário com aquele diabólico mexe pernas.
Chega para lá Quaresma. Eu já te chamo.
Ai vai diisssssssssto. Chega para cá Quaresma. Já podemos festejar.

Chega ou é preciso mais?

Agora quero à Madjer. De calcanhar. Pode ser Craquimi?

OK. Prepara-te para levantar o rabiosque da cadeira.

CORTA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Levantei-me sem ser da cadeira. Foi da cama, porque acordei do sonho por causa dum basco malvado que achou que já estava bom.

E o golo à Madjer, Lopes?

Já chega, responde-me o basco. O mercado de transferências abre em Janeiro e ainda me raptam o Homem.
Escreve mas é sobre o jogo e do colectivo. Temos que melhorar muito. Em todos os aspectos.

Ó Lopes! És um chato do caraças. Não quero falar de tacticas, de erros, de inicio de construção, de preenchimento do meio-campo, da paralisação mental perante a pressão alta do adversário, do tipo de jogador 6 e das funções que dele se exigem, da dificuldade no jogo interior.
Já sabes que não consigo escrever sem arranjar um defeitozinho e hoje não me apetece entrar por aí.

Vou-te perdoar aquilo do Madjer. Sorri Lopes que hoje estamos MODERAMENTE alegres.
Infelizmente o jogo de ontem não nos possibilitou ter um tremendo orgulho em ser portistas.
Ganhamos um jogo e, por isso, não conseguimos ganhar uma nova vida nem uma nova alma.
Não consegui viver os últimos minutos do jogo como de um título se tratasse.

Talvez só conseguíssemos chegar da moderação ao êxtase se tivéssemos perdido por 2 em vez de ter dado 6.

Só te peço uma coisa Lopes. Não me dês uma nova vida e uma nova alma. 

Prefiro estar, contigo, moderadamente alegre.

Vai uma ode?

MI  MI  FÁ  SOL  SOL  FÁ  MI  HI  BRA  BRA  HI  MI   MI   HI

MI  MI  FÁ  SOL  SOL  FÁ  MI  HI  BRA  BRA  HI  MI   HI    BRA

HI    MI  BRA  HI  MI  FÁ   MI   BRA  

HI  MI  FÁ   MI   HI  BRA  SOL  SOL

Gostas de música Lopes? Se não gostas enganas bem porque é claro que a sabes dar.

Esta deixo para ti de forma moderada. Desvirtuei a pauta musical porque aquele argelino que tu não deixaste ser vienense não me sai da cabeça.


 Análises individuais:

Fabiano – Podia ter saído da partida passando a sempre confortável imagem de ser redes de equipa grande. Aquela singular aparição em que felinamente evita o 1-1 chegaria para pintar esse cenário.
Aquele escorregão da 2ª parte não dissipa dúvidas.

Danilo – Deu-me para a música hoje. “Sinto-me tão leve que não posso acreditar, VOA, VOA, VOA”.
Como se previa está cada vez melhor. Defende com a agressividade de uruguaio sem pinta (Maxi) e sem manias (Fuças).
É germânico no ataque. Pela certa e sempre com Jackson e baliza nos olhos.
Ajuda (e muito!!) a tapar as crateras que se abrem no meio e a compensar o Casemiro quando vai e não volta, o Herrera quando se perde, o Maicon quando é obrigado a ir e ainda dá uma perninha ao Indi quando é preciso. Caracter, carisma. Seriedade. Porto.

Alex – Este é bem brazuca. Dos bons. Com ele a jogar o Porto vira Red Bull. Para além das asas ajuda muito no transporte porque procura empurrar a equipa para a frente não utilizando como arma exclusiva o passe dos companheiros de sector.

Maicon – Eu sou de pancas. Dou grande importância à expressão facial dos jogadores. Preocupam-me rostos tristonhos à Adrien mas sou fã de jogadores que não mostram dentes, sempre com ar antipático e com as sobrancelhas debaixo dos olhos.
Vejo nessa antipática expressividade focalização a 100%. Concentração absoluta e nunca levantar o pé, sempre sem facilitar.
Não se se foi o Indi(o) que faz saltar os olhos para um sprint com o nariz que o contagiou. O que sei é que este Maicon que também voa, que tudo varre, que nunca sorri e que mete bolas na bancada com 5-0 me enche as medidas.

Indi – Mais um jogo a virar frangos. Palco para o parceiro e eu faço o meu trabalho. Sujinho ou limpinho tanto se me dá. Confiança, segurança. Porto.

Casemiro – Um 6 deve ser um equilibrador. Casemiro é um desequilibrador. Nasceu para lavrar o campo todo, para ter e procurar bola como se não houvesse amanhã. Nem é uma questão de discutir (utilizando o exemplo dos que têm uma nova vida e uma nova alma) se ele é mais Matic e menos Javi Garcia.
Nem sequer se põe essa comparação porque Casemiro é mais Enzo Perez do que Matic.

O lance em que Fabiano salva o 1-1 nasce dum desequilíbrio desses. O Porto joga, praticamente em 4-4-2 ou 4-2-3-1. É suposto que Casemiro seja o mais fixo do 2 do meio-campo.
O que faz ele? Onde já estavam 3 companheiros resolve juntar-se na pressão à saída de bola pela ala esquerda defensiva do BATE.
O que acontece? Falha a intercepção, falha a falta e abre-se o mundo cá atrás. Alex tenta fazer de Casemiro e a autoestrada sem portageiro obriga a que Fabiano maquilhe o erro.

É por jogar assim que tem (E BEM!!) que ser muito agressivo e recorrer à falta muitas vezes.

Até um dia…

Herrera – Pensando no Herrera dos maus velhos tempos, na táctica de ontem, na irreverência do companheiro de sector e na obrigatoriedade de partir demasiado de trás estava criado um caldinho bonito para o mexicano.
Respondeu bem. Não correu demasiado riscos, equilibrou a equipa, desequilibrou no ataque quando deu e lavrou o relvado com surpreendente responsabilidade e cultura táctica.
Resta saber se cumpriria do mesmo modo se Brahimi não tem resolvido o jogo e se o adversário BATEsse a sério.

Quaresma – Participativo como sempre, colectivo como quase nunca, empenhado mas algo apagado.
Parece estar a tentar reconfigurar o seu jogo para um estilo médio ala, à Jaime Magalhães. Ter a noção que não tem que resolver e que a equipa não precisa, NEM QUER que ele pegue na batuta ofensiva dá-lhe pontos na luta por minutos no onze.
Cresceu na última meia hora em que o jogo se abriu, tudo estava ganho e a equipa aceitou que ele se passeasse como médio ofensivo.

Adrian – Mostra que tem classe. O problema é que a amostragem até agora resume-se a pormenores. Num toque por cima dum adversário, num desvio do guarda-redes.
A utilidade que consegue demonstrar é demasiado curta para um Porto que tem 1 vaga e meia para discutir entre Aboubakar, Quintero, Quaresma, Tello, Ricardo e Adrian.

Ontem Lopetegui matou o argumento “aquela não é a melhor posição ” porque colocou-o a jogar onde faltava. Já foi 9, 7, 11, 10 e 9,5.
A partir de hoje espero ver mais do que classe. Quero ver um avançado que sprinta para a área adivinhando que pode sair uma assistência e que só tem que encostar. Estilo Ronaldo contra o Basileia.
É nesse papel complementar de Jackson que eu vejo o Adrian. Mais instinto e menos pormenor.

Jackson – O fiel da balança. Acredito que enquanto ele estiver bem a equipa estará no topo. Se o que se viu ontem de caudal de volume ofensivo for padrão no final da época terá mais golos do que entrarão milhões nos nossos cofres.
Vai acabar por escolher o destino tantos serão os clubes a bater a nota.
É muito bom. Hoje, não consigo dizer mais.
Amanhã atrever-me-ei a escrever que é o ponta de lança mais completo que vi jogar no Porto.


Evandro – É daqueles jogadores que parece que faz aquecimento a sério. Quando entra é como um touro a conhecer a arena. A todo o gás, ligado à corrente e metido no jogo.
Se não fosse aquele deslize imperdoável salvo por Maicon teria outro BOM + colado na caderneta.

Aboubakar – É um bicho. Eu não o queria ter junto a mim se fosse defesa central. Eu não queria vê-lo a correr ao meu lado atrás duma bola longa se fosse defesa central. Eu não queria tê-lo a minha frente com linha de remate se fosse guarda-redes.
Não é de finesses. É bilhetes para a baliza. Tá a vir está a ir.
Vejo como possível e até desejável experimentá-lo com Jackson no onze. Se na selecção dos Camarões jogava descaído daquela forma aqui também o poderá fazer.

Tello – Poderá vir a ser, estilo NBA, o melhor 12.º jogador das competições. Quando entra na 2ª parte a diferença de andamento faz nascer a ideia que estou num domingo à tarde a ver Formula 1 e que há um carro em pista com tanque vazio, pneus novos a dar 5 segundos por volta a toda a gente.
Esta disparidade de andamento associada a habilidade que vimos no 6.º golo tornam-no num indiscutível nos 14 que jogarão esta época.
Se conseguir demonstrar metade deste efeito jogando de início o 14 virará 11.

Lopetegui – Estou preocupado com o meio-campo Lopes. Acho que a estabilidade e a rotina que já temos na defesa deveria ser criada mais à frente.
Penso que não vai ser possível jogar neste 4-4-2 sem ter dissabores.
Estou moderadamente desconfiado.





Ficha de Jogo

Liga dos Campeões: 1ª Jornada do Grupo H
Estádio do Dragão, Porto
Árbitro: Bas Nijhuis (Holanda)

FC Porto: Fabiano Freitas; Danilo, Maicon, Martins Indi e Alex Sandro; Casemiro, Herrera (68') e Brahimi (59'); Quaresma, Jackson Martínez (64') e Adrián López.
Suplentes: Andrés Fernández, Iván Marcano, Evandro (59'), Rúben Neves, Quintero, Tello (68') e Aboubakar (64').
Treinador: Julen Lopetegui.

BATE Borisov: Chernik; Khagush, Polyakov, Filipenko e Mladenovic; Likhtarovic (53'), Olekhnovich (63') e Volodko; Gordeychuk, Rodionov e Aleksievich.
Suplentes: Soroko, Tubic, Karnitski (63'), Baga, M. Volodko, Yakovlev (53') e Signevich.
Treinador: Aleksandr Yermakovich.


Golos: Brahimi (5', 32', 57'), Jackson Martínez (37'), Adrián López (61'), Aboubakar (76').


Por: Walter Casagrande

2 comentários:

michael disse...

ora nem mais :) excelente posta!

eu perdoo a saída do nosso ilusionista ao lope, acho que mais dois minutos e a defesa saltava toda pra cima dele a pés juntos!
agora também me parece que os nossos ataques ainda nao sao "apoiados" o suficiente...
quando a bola passa a linha do meio campo, ainda há poucas opcoes de passe e os adversários aprendem cada vez melhor como tapar os caminhos (veja-se o moreirense e o rui vitória em pressao alta).
eu chamava o Evandro á titularidade e manter-nos-ia a jogar com pelo menos um ala puro (Quaresma ou Tello), nao tenho dúvidas que a equipa ganha a todos os níveis com isso.
agora, como apontas bem, estabilizar é preciso!
(mas quantas pérolas faltam estrear ainda? :) )

hoje é dia de sorriso na boca, essa é que é essa!

Renato Oliveira disse...

Que crónica absolutamente fantástica!!! Genial!!!

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