terça-feira, 8 de maio de 2012

SABOR A BI! (CRÓNICA)










Foi muito bom. O sabor do bicampeonato é definido por quem o vive e não por quem pela enésima vez o vê como espectador.

Este foi dos que soube melhor. Sofrido, batalhado, conquistado e merecido. Muito merecido.







Quem alega que foi o Benfica que perdeu o campeonato e não o Porto que o conquistou esquece-se que após Barcelos fomos ganhar à Luz, à Choupana, a Braga e aos Barreiros. Para chegar onde chegamos e saborear o que ganhamos fizemos na 2ª volta o pleno com os clubes da primeira metade da tabela. 100% de Vitórias!

Dado? Nem por sombras. Conquistado!


Depois da conquista veio a festa. Festa da conquista no Domingo e a festa da Glória no Sábado. Gostei da festa, gostei da alegria, gostei da comoção e gostei da dimensão do mundo portista que saiu às ruas.

Apesar de ser uma excelente alfinetada para os rivais é bom que nunca pensemos que ganhar um título é uma banalidade. Não é.



Por muitos que se repitam é bom ver que o SABOR não muda.

Depois da festa vem o balanço. O balanço de quem perde é por norma feito através da culpabilização de agentes externos. Árbitros, velocidade do vento, ovos no Cesto A em vez de serem chocados no Cesto B, estado do Relvado, sorte/azar na calendarização.

Tudo é feito mais a pensar na desculpabilização da época que terminou do que na preparação da que vem aí.

É mais importante demonstrar que a derrota de hoje é uma meia-vitória do que em planear a vitória de amanhã. Esse espirito impregnado como uma Carraça nas mentes benfiquistas costuma dar-nos a pole position para êxitos futuros. O meu sincero Obrigado.

E o balanço de quem ganha? Este ano é mais fácil.

Depois do sonho da época passada criou-se a ilusão que a célebre frase de Mourinho voltasse à ribalta. Era viável repetir o impossível. A gestão emotiva dessa crença fez com que se abandonasse o modelo habitual. A ânsia de manter a equipa para chegar longe na Europa ia-nos roubando a união e motivação para ganhar cá dentro.






De Fucile a Sapunaru, de Rolando a Otamendi, de Alvaro Pereira a Guarin e de Guarin a Belluschi, passando pelo Cebola e acabando no Iturbe houve humores e egos a mais e união e equipa a menos. Por isso, este defeso há que mudar o chip. Em vez de desculpas externas devemos analisar o que correu mal este ano. Que factores internos nos poderiam ter roubado o BI que tanto SABOR nos deu.





Chegou a hora de vender.


Vender quem se comportou sempre bem como forma de prémio. Vender ao melhor preço quem não se portou bem mas está a ficar demasiado maduro para levar um calduço à espera de melhores dias. Vender quem, haja o que houver, não encontrará a motivação exigível para perseguir o TRI. Vender porque em tempos difíceis não é hora de ficar com a batata quente na mão.

Vender porque o nosso modelo de negócio implica que o declínio futebolístico das nossas vedetas seja feito noutras cores que não a nossa.

Chegando ao pico da montanha de rendimento está na hora.

Quem ler estas frases pensará que sou adepto da frase: “Os jogadores passam e o clube fica”

Ouço-a mas evito repeti-la porque penso que há jogadores que fazem o clube seja pelo talento, como pelo caracter.

Jogadores como Madjer ou João Pinto. Jogadores como Deco ou Lucho.







Temos cá jogadores que fazem o clube. Que marcam com a sua passagem a mística do clube. Esses podem muito bem descer a montanha de azul e branco porque ajudam que muitos outros a galguem em três tempos.

Acredito que um balneário com Lucho, com Helton e possivelmente com Ricardo Carvalho seja o fermento de uma nova geração de sucesso.







Vejo Danilo, vejo Alex Sandro, Mangala, Maicon, James, Iturbe, Atsu. Tanto talento que precisa de ser enquadrado, implicado e libertado. 

Chegou a hora de perdemos o Nosso Incrivel. 
Chegou a hora de libertarmos o Alvaro. 
A cabeça do Rolando parece vaguear por outras bandas.

Chegou a hora de ponderarmos Moutinho.

Chegou a hora de pormos na balança a vontade e o valor do passe de James num prato e o enormíssimo potencial de valorização noutro. Ainda há tanta montanha por subir. Chegou a hora de facturar ao máximo com Belluschi/Guarin e Fucile. 

Pode ter chegado a hora de Otamendi , Varela ou Sapunaru. Tudo está em cima da mesa.

Chegou a hora de procurarmos um substituto de Fernando e de o tornar um dos capitães do Porto 2012/13.

E no banco? Terá chegado a hora?

Numa próxima crónica tentarei fazer o balanço Vitor Pereira e dar a minha resposta à sondagem que saiu 1 minuto após o fim do Rio Ave – Benfica sobre a sua continuidade.

Incrível como a comunicação social tentou passar uma borracha no presente (Conquista e festejos do BI) com o pretexto do futuro. 

Naquele Domingo nem eu nem nenhum portista que lá saber se o treinador muda ou se o Hulk é vendido!



BICAMPEÕES!

Há muito por escrever. Há muito balanço para fazer.

Os erros da 1ª parte da época, os acertos da 2ª parte, a forma de se relacionar com jogadores/Presidente, a forma como festejou, a forma como se pacificou com uma vitória que tinha tudo para ser uma arma de arremesso.

Ao ver Vítor Pereira na varanda do Dragão veio-me à memória Aimé Jacquet depois de outra dura batalha o ter levado ao título de campeão do Mundo em 1998.

Já passaram 14 anos mas fiquei com aquilo na cabeça. Uma expressão facial de raiva que comia literalmente a imensa alegria que ele tinha que ter por dentro. Quando toda a França irrompia de felicidade e o jornalista procura a comunhão sai a frase:

« Je ne pardonnerai jamais! »

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Apesar de me ter marcado nunca consegui concluir se a razão lhe assistia. 


Passados 14 anos o Vitor Pereira ajudou-me nessa interrogação.





Não vale a pena não viver a felicidade por muito forte que seja o pretexto ou as contas por ajustar. O Aimé Jacquet não tinha razão.

Aposto que o Jacquet não conseguiu saborear o triunfo da mesma forma.



Por: Walter Casagrande

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