Uma exibição de campeão no fim de festa e dois patinhos feios armados em cisnes. Um FC Porto competente e talentoso acaba o campeonato totalmente dominador e os números atestam a nossa superioridade.
CAMPEÕES!!! BICAMPEÕES!!!
CAMPEÕES!!! BICAMPEÕES!!!
Mais que um jogo de festa, este foi o primeiro jogo da próxima época, tantas são as ilações que se podem tirar deste encontro para as batalhas que aí vêm.
O FC Porto apresenta-se neste jogo com um onze inicial renovado. Justo prémio para quem trabalhou durante a época e ficou na sombra; consolação para os saíram do onze inicial e oportunidade para os que se despedem.
A baliza é entregue a Bracalli. Na defesa, Rolando e Álvaro voltam à titularidade e Danilo e Mangala têm a oportunidade de afinar a mira para a temporada que se avizinha. No meio campo, Defour volta a assumir a posição 6 (desenrasca, mas não é solução) e James volta a fazer 45 minutos na sua posição (25 jogos após os 45 minutos de antologia frente ao Zenit no Dragão! 25 jogos depois!!!). No ataque, Varela dá continuidade à sua titularidade e é acompanhado por dois jogadores muito mal amados: Djalma e Kléber.
O jogo começa com um ligeiro susto. Atsu coloca um cruzamento perfeito na cabeça de João Tomás, mas este não consegue desviar de Bracalli. Após este calafrio, só dá FC Porto. Com um jogo vertical, incisivo e em aceleração contínua. Em 5 minutos o FC Porto vinca logo distâncias no marcador. Aos 13 minutos de jogo, Djalma aproveita abertura magistral de James para ganhar as costas ao seu adversário e estreia-se a marcar para o campeonato de azul e branco vestido. Cinco minutos depois, todo o flanco esquerdo (Alvaro, Moutinho e sobretudo Varela) constrói o lance do 2-0, materializado por James na zona do ponta de lança. James assiste; James marca; James distribui; James parte, reparte e volta a baralhar.
O mote era este. O FC Porto criava perigo por todo o lado, mas sobretudo pelo seu flanco direito, onde Djalma ganhava todos os lances a André Dias. O resultado só não ganhou maior volume porque Djalma e Kléber (ainda não tinha exorcizado os seus tormentos) desperdiçaram oportunidades soberanas. A 3 minutos do intervalo, o Rio Ave reentra no jogo. Djalma compensa uma subida de Danilo pelo flanco e fecha o lado direito da defesa. O cruzamento entra pela esquerda para encontrar o João Tomás em fora de jogo. O ponta de lança do Rio Ave vendo Djalma a ganhar a frente do lance, atira-se para o chão como um banhista se atira às ondas da praia de Azul em Vila do Conde. O penalti inventado é convertido por João Tomás e encurta, injustamente, a distância no marcador ao intervalo.
A segunda parte, já sem James a reger e com Iturbe a tentar fazer o mesmo, começa com a mesma toada que dominou a primeira parte. Dois minutos após o recomeço, Kléber desperdiça mais uma vez. Ou melhor, pela última vez! Ao minuto 50 começa a ressurreição de Kléber. “Morto” há 6 meses para os golos. “Morto” pela imprensa, “morto” por decisões técnicas e “morto” por uma grande falange de adeptos do FC Porto, já com 3 golos desperdiçados neste jogo e num jogo em que o FC Porto já tinha marcado dois. O “coxo” marca o seu primeiro golo no jogo. Ainda meio atabalhoado pelos seus próprios fantasmas, mas com um detalhe de craque sobre Jeferson. Festejou ele e festejou a equipa reconhecida pela sua tormenta. Aliviou o peso da sua cruz.
Com a vantagem de dois golos reposta, a equipa descansa a aproveita a festa. Quem também aproveita a folga é Carlos Brito, que rearranja o seu meio campo para aplacar a tortura do mesmo. Dois minutos depois da sua substituição tem a recompensa. O FC Porto é apanhado em contrapé. Braga foge a Rolando e serve Atsu que foge a Álvaro. O jovem artista senta Bracalli e chuta para a baliza deserta.
Hulk já estava em campo, mas ainda não se tinha feito sentir em jogo. Com a entrada de Hulk para o lugar de Varela, Iturbe assume e flanco esquerdo e Hulk a zona central. O FC Porto volta a animar-se no jogo. Dez minutos depois do golo do Rio Ave surge a resposta. Rolando na raça ganha uma bola bombeada para a área e com um balão, mete-a para trás. O resto ficou ao cargo de Kléber. Um golo de craque. Paradinha no peito e remate pronto no repique da bola no chão, um tiro sem defesa possível. Muitos ficaram de queixo caído…e creio que a maioria não era do Rio Ave.
Até ao fim do jogo, mais três lances dignos de relevo. Primeiro, Kléber a mostrar que também é uma ameaça séria no jogo aéreo. Depois, Atsu a mostrar o seu fortíssimo pontapé fora da área. Finalmente, e para a despedida desta época, um lance à Hulk e assistência para o golo à ponta de lança de Kléber. Esse mesmo! Fez um “hattrick”. Dá para acreditar?
Lá se soltou a festa, mais um vez, de azul e branco decorada!!!
CAMPEÕES!!! BICAMPEÕES!!!
Análises individuais:
Bracalli – Justo prémio pelo trabalho silencioso que fez durante a época. Sofre dois golos sem qualquer culpa assacável. O FC Porto entra agora numa nova fase. Helton não será eterno e o FC Porto precisa de começar a trabalhar na transição. Para isso, será necessário um “nº12” de outro valor.
Danilo – Não fez um jogo que perdure na memória, mas cumpriu. Defendeu a preceito e não precisou de ser muito afoito no ataque, pois Djalma foi vendaval que chegasse e sobrasse. Ainda deu uma perninha no meio campo para matar saudades.
Alvaro – Uma despedida tristonha. Revelou dificuldades frente e Atsu, deixando-o fugir para marcar o 2-3. No ataque, raramente foi preponderante. A excepção é o lance do 0-2.
Mangala – É um jogador que clama por trabalho. Tem tudo para ser um grande jogador, mas precisa de trabalho e orientação. Precisa de uma grande pré-época, de muito trabalho de proximidade e de incentivo.
Rolando – Fez um bom jogo, mesmo falhando a dobra que Braga aproveitou para construir o 2-3. Mostrou autoridade e raça. Bom esforço e demonstração de raça para recuperar a bola para o 2-4. O seu momento do jogo é o carinho com que se dirige a Atsu para que este se reconciliasse com Álvaro. Trabalho de capitão.
Defour – Nada a apontar. Fez um jogo competente, mas é uma posição que tem que ter uma solução definitiva a partir da próxima época. Resolveu bem a adaptação e só Braga lhe causou mais problemas. Sempre que pôde, ajudou na construção de jogo.
Moutinho – O homem é de ferro. A mesma rotação da jornada um à trinta. Foi quem equilibrou o nosso meio campo e quem nos catapultou para mais uma exibição de campeão. Grande jogador!
James – Finalmente! Ei-lo onde mais dói! Ei-lo onde mais rende! Porquê só agora? Quanto aos seus 45 minutos, um golo e uma assistência e uma dor de cabeça enorme para Carlos Brito. Ali tem outro valor! Será que fica? Se não ficar, tão pouco tempo na sua posição deixa pena. Na sua posição é jogador para render muito mais. No campo e na conta bancária.
Varela – O seu melhor jogo da temporada. Ainda assim, intermitente. Mas a alegria no seu jogo foi transbordante. Duas assistências e mais alguns lances de um Varela que já há muito que não se via. Beneficiou, tal como o restante trio ofensivo, da placa giratória de talento que foi ter James a criativo.
Djalma – Uma exibição que levanta o véu para o seu valor. Na primeira parte, foi um tormento para o Rio Ave. Estriou-se a marcar e a sua celebração diz tudo. Uma libertação, um purgar de tudo o que o tolhia. Lances de grande qualidade, como aquele que protagoniza 35 minutos da primeira parte, em que finta quase a totalidade da defesa do Rio ave para o desperdício de Kléber. O penalti até acaba por ser um prémio. Sublinha a outra face de Djalma. O jogador de trabalho que não vira a cara à equipa. Ganhou a frente do lance e não faz penalti.
Kléber – Um golo de craque, um golo à ponta de lança e um golo com um detalhe a exorcizar os seus fantasmas. Num jogo que começou com mais desperdício e mais dúvidas, acaba-o como o homem do jogo e com a firme certeza que lançou a base para o seu “retorno”. Este jogo não basta, é curto e na próxima época não pode fraquejar. Mas fica provado que nem é o bode expiatório da temporada, nem é um ponta de lança qualquer. Ontem as bocas abriram-se de espanto. Mas só as dos distraídos ou as dos mal intencionados.
Iturbe – Entrou para o lugar de James, o que não o beneficiou. Precisa de espaço para explodir e ainda não tem auto-confiança para o fazer naquela posição. Melhorou no flanco, onde mostrou detalhes de talento. Não tem culpa que os adeptos exijam já dele o que ainda não consegue dar. É um menino. O talento de um menino. Vai crescer!
Hulk – Abanou o jogo e ainda fez uma assistência. Um grande da história do FC Porto.
Kadú – Mais um campeão e uma boa defesa respondendo a um “bilhete” de Atsu fora da área.
Atsu – Teve uma primeira parte difícil, sobretudo quando esteve no flanco esquerdo. Quando veio para o flanco direito, fez vida difícil a Álvaro e tornou-se a figura do Rio Ave. Um golo a pingar de talento e arrancadas sempre complicadas de parar.
Kelvin – Mais brinca na areia que Atsu. Mais finta no pé, mas também mais imaturidade e menos objectividade. Polvilhou o jogo com detalhes. Mas mostrou que o trabalho iniciado por Carlos Brito (bem haja!) merece continuidade.
O que disseram os intervenientes:
"Em nenhum momento pensei fazer três golos"
Vítor Pereira e os objectivos prioritários
Vítor Pereira e os objectivos prioritários
A explicação do treinador do FC Porto: "A equipa quis acabar bem o campeonato. É séria, competente e ganhámos com toda a naturalidade e justiça. Neste clube, colocamos sempre os objectivos colectivos à frente dos individuais e sentimos que era um jogo para outras opções, para jogadores que têm sido menos utilizados. Foi uma temporada desgastante para todos os treinadores e é natural que precise de férias, mas também é preciso começar a preparar a próxima temporada."
Hulk e a festa "ainda mais bonita"
Hulk e a festa "ainda mais bonita"
A leitura de Hulk, que entrou aos 65 minutos e assistiu Kléber para o último golo do jogo: "Independentemente de já termos o campeonato ganho, procuramos estar sempre motivados. Era o último jogo e nós queríamos ganhá-lo, para a festa ficar ainda mais bonita. A equipa está de parabéns e fez um bom jogo. Quem escolhe a equipa é o “mister”, mas em nenhum momento eu pensei jogar e fazer três golos. Sempre que jogo, é a pensar em dar o melhor à equipa e o mais importante foi termos conquistado o título nacional. Gosto de jogar sempre, mas temos que respeitar a opinião do treinador. Temos jogadores que ajudaram muito ao longo da época e que mereciam ser campeões. Despedir-me dos adeptos? Não. Vou comemorar com os adeptos. Depois começo a pensar na selecção. Quanto ao futuro, tenho mais quatro anos de contrato com o FC Porto."
FICHA DE JOGO
Rio Ave-FC Porto, 2-5
Liga portuguesa, 30.ª jornada
12 de Maio de 2012
Estádio dos Arcos, em Vila do Conde
Árbitro: Jorge Ferreira (Braga)
Assistentes: Pedro Ferreira e Nélson Moniz
Quarto árbitro: Jorge Tavares
RIO AVE: Huanderson; Sony, Gaspar, Jeferson e André Dias; Bruno China, Vítor Gomes e Tarantini; Christian, João Tomás e Kelvin
Substituições: Vítor Gomes por Braga (41m), Bruno China por André Vilas Boas (65m) e João Tomás por Yazalde (81m)
Não utilizados: Paulo Santos, Jorginho, Éder e Mendes
Treinador: Carlos Brito
FC PORTO: Bracali; Danilo, Rolando, Mangala e Alvaro Pereira; Defour, Moutinho e James; Djalma, Kléber e Varela
Substituições: James por Iturbe (46m), Varela por Hulk (65m) e Bracali por Kadú (82m)
Não utilizados: Maicon, Alex Sandro, Lucho e Janko
Treinador: Vítor Pereira
Ao intervalo: 1-2
Marcadores: Djalma (13m), James (17m), João Tomás (42m, pen.), Kléber (50m, 75m e 90m+1) e Christian (66m)
Cartões amarelos: Djalma (41m), João Tomás (42m) e Christian (74m)
Por: Breogán
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