quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

29 MILHÕES




Radamel Falcao,

Acabava de pulverizar o número de golos de Klinsmann na Liga Europa e os 30 milhões de Euros da cláusula de rescisão eram claramente batíveis.

A missão da SAD de garantir um grande encaixe estava cumprida. Poder-se-ia afirmar que o valor era curto face à real valia do activo mas estava assegurado mais um sucesso na gestão de activos.




A partir daqui a missão da SAD seria esperar que alguém se predispusesse a dar os tais 30 milhões de Euros ou, em alternativa, forçar a nota para garantir um maior encaixe ou a continuidade da performance desportiva do extraordinário ponta de lança.

Toda a gente sabe o que aconteceu. A cláusula era de 30 milhões, a SAD “conseguiu” que o Falcao renovasse, a clausula subiu para 45 milhões.

De seguida deu-se a famosa flash em que o porta-voz Falcao “pressiona a SAD” para dar o salto. A venda faz-se por 40 milhões. Vamos considerar que o que aconteceu é o Cenário A.

Imaginem agora que a SAD optava por não querer renovar e resolvia “oferecer” o jogador ao mercado por 29 Milhões de Euros sem necessidade de pagamento a pronto.

O quê? A cláusula já é curta para o que o Falcao vale e ainda se faz um desconto?

No preço e no prazo?

Vamos considerar que esta idiotice de difícil entendimento é o Cenário B.

Passemos às contas:



             Cenário A            Cenário B
Valor Passe
40.000.000
29.000.000
Custos Renovação
6.585.000
0
Custos Intermediação Venda
3.705.000
0
Mecanismo Solidariedade
2.000.000
1.450.000
Percentagem Natland
1.805.000
1.308.625
Valor Liquido
25.905.000
26.241.375


No cenário A o Porto teve que pagar 6.585.000€ para que a renovação se processasse.

No cenário B o Porto nada pagaria porque não queria renovar. Queria vender com desconto no prazo e no preço.

No cenário A o Porto pagou 3.705.000€ pelos serviços de intermediação pela venda ao Atlético de Madrid.

No cenário B é mais complicado fazer uma avaliação sabendo-se que, hoje em dia, nestes negócios dificilmente se escapa a estes custos.

Tomemos como exemplo André Villas-Boas. Tinha, como Falcao, uma cláusula batível.

Não se consta que a SAD descontasse algum valor dos 15 Milhões com custos de intermediação. Por analogia a receita de alguém que accionasse a cláusula de Falcao seria também líquida deste tipo de encargos.
Se era possível encaixar 30 milhões a pronto sem custos de intermediação, por maioria de razão, quem recebe 29 milhões a prazo também o consegue fazer.


No cenário A os encargos com o mecanismo de solidariedade de 5% e a parte detida pela Natland, dado serem fixados em proporção do valor do passe, seriam maiores do que no cenário B.

No cenário A e desvalorizando demais variáveis o Valor liquido da venda é de 25.905.000.

No cenário B o valor líquido da venda é de 26.241.375.

A diferença entre o cenário real e a idiotice que seria fazer um desconto num jogador com uma cláusula já de si baixa face ao seu valor de mercado favorece a idiotice.

A SAD, que todos sabemos não ser idiota, pagou em comissões e prémios com este processo de renovação mais venda acima de 10 milhões de Euros.

As comissões representam praticamente 40% do valor liquido da venda descontado o mecanismo de solidariedade e a percentagem detida pela Natland.



Porque é que se deu a renovação se o resultado final é pior?
Se o resultado final é pior a quem interessou a forma como se fez o negócio?
O peso das comissões não é excessivo?
Que negócio num clube que detenha a totalidade (ou quase) do passe o rácio comissões/ valor liquido da venda ronda os 40%? Há algum outro para além deste?

No negócio Danilo esses custos já representam cerca de 30% do valor do passe.
Se imaginarmos agora que a cada venda teremos que suportar outro tanto em encargos com intermediação passamos a considerar ser possível vendê-lo por 22 milhões de Euros sem que isso represente qualquer mais-valia.







A missão da SAD é espinhosa.
Os resultados desportivos estão à vista de todos.
Os Relatórios provam que as contas desta SAD estão em menor agonia face aos rivais.
A publicitação destes valores pormenorizados no Relatório é de louvar.

O que importa realçar é que nenhum destes argumentos pode ser usado em defesa de negócios que não são perceptíveis ao senso comum.

A política de rigor e de gestão em prol do interesse do accionista maioritário (FCP) não pode ser abandonada sempre que o sucesso desportivo torna o clima mais nublado e propicio a que comissões a mais prejudiquem a missão de quem administra a SAD.

O que é imperceptível ao senso comum é um negócio à Roberto.

Este foi.

Por: Walter Casagrande

9 comentários:

Anónimo disse...

O amigo pergunta bem. Para uma pessoa que sabe como isto se faz a resposta é óbvia. Uma grande parte dos "custos de intermediação" foram para outros que os intermediários. Como aliás já é hábito no Porto há muitos anos. Daí o interesse no Cenário A. O contorno deste negócio já foi descrito há alguns meses em blogues benfiquistas. E coincide.

Também não acham estranho que apenas a partir deste ano venham, aparentemente, todos os custos de intermediação no R&C? Então e nos outros anos em que sempre houve este tipo de custos porque razão não foram lá colocados? Não me venham dizer que apenas este ano eles ocorreram. Nós não somos assim tão ingénuos.

Não terá esse facto a ver com a nova política das autoridades fiscais portuguesas de terem começado a investigar as off-shores, como aliás foi público no início deste ano? Eu penso que ainda iremos ver muitas notícias sobre este facto nos jornais num futuro próximo.

Já ouviram do novo acordo entre as autoridades portuguesas e suíças para obterem os nomes das pessoas com contas off-shore nesse país?

Anónimo disse...

É um escândalo nos cofres do clube entrarem apenas 25M na venda deste jogador. Alguém anda a comer há grande e há francesa há custa dos activos do clube...

bibota disse...

Este negocio do Falcão, as comissões no Danilo são vergonhosas para o meu clube.

Gastam-se milhoes de euros em comissões e depois não ha dinheiro para comprar um ponta de lança.

Já agora, gostava se fosse possivel, que me explicassem os contornos da transferencia do Ruben Micael.

Anónimo disse...

Rubem Micael sai de graça. Aí sim um negocio à Benfica.

Anónimo disse...

É preciso dizer com as letras todas que os negócios Danilo e Falcao configuram casos de gestão danosa.

Se os accionistas da SAD estivessem realmente interessados na SAD, há muito que teriam despoletado um processo juidicial que poderia acabar mal.

Fica a pergunta no ar: perante tanta gestão danosa, porque é que os accionistas da SAD nada fazem? Quem souber, que responda !!!

Trafulha disse...

Infelizmente nos tempos modernos em que os jogadores se tornaram activos, em que os empresários dominam os negócios tornam-se um pouco incompreensíveis e com lucro dividido de forma enigmática.

A leitura que faço neste negócio, é de o Sr Jorge Mendes a paginas tantas ter entrado no negócio e o intermediado.

Se renovação não havia comissão para o Sr Mendes, com renovação e consequente negociação da transferência passou a haver. Dinheiro perdido como comprova em mais uma excelente crónica o Sr Casagrande, a minha pergunta é: Para quê e até quando este cancro chamado agentes de futebol ou comissionistas que invadiu o mundo do futebol?

Anónimo disse...

Os agentes podem ser um cancro, mas os dirigentes é que o permitem, porque fazem negócios com eles. E se o permitem por alguma razão é. E não será certamente pela linda cor dos olhos desses agentes, será com certeza por outra$ razõe$. Que o Mendes esteve envolvido no Falcão isso eu tenho a certeza.

dijm disse...

nós como portistas conquistadores, será que nos dá interesse estes negócios? ou será que as conquistas não serão mais interessantes e de maior reflexão?

Anónimo disse...

desculpem mas eu não entro neste tipo de comentarios! O mercado funciona com regras e são para todos os clubes! Contas na suiça? Espero que se realmente isso for verdade que apareçam as de todos e não só de alguns como aconteceu nas "escutas"...

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