domingo, 18 de dezembro de 2011

Em análise, 13ª Jornada FC Porto 2 - 0 Marítimo

Como diz o anúncio do banco do Funchal: a força de acreditar! A força e a inteligência de uma equipa em nunca se render ao desespero.

O Marítimo veio ao Dragão com uma missão,  roubar dois pontos. Missão bem diferente de ganhar um ponto, nem a desculpa de ter que inventar um meio campo de suplentes iliba a equipa madeirense da sua “missão negra”. Dois extremos que eram mais laterais, laterais que eram mais centrais e mais o central em frente à dupla de centrais. Como se já não bastasse, um Peçanha armado em Malafeev.

O FC Porto arranca desde início em cima de um Marítimo que abdica do jogo a meio campo e se acantona à frente da sua área. É, assim, perante um Marítimo que se demite do jogo e fixa os olhos no zero a zero que o placar marcava desde o primeiro minuto de jogo, que o FC Porto constrói uma esmagadora posse de bola e um esmagador domínio do sentido de jogo. Um domínio ilusório, pois o FC Porto denotava dificuldades em criar perigo constante ao Marítimo.

Nem com Peçanha a oferecer a Belluschi, o FC Porto marcava e o Marítimo fechava-se mais e mais na sua concha. Fechou-se tanto e com tanta dureza que ficam com 10 jogadores em campo ainda na primeira parte. O FC Porto encontra mais espaços, mas falta quem incomode o núcleo de centrais do Marítimo. Falta quem arraste marcações, quem se disponha a lutar no corpo a corpo por uma posição à frente da baliza. Os centrais do Marítimo vão sobressaindo, limpando todas as bolas que lhes chegam, sempre com a vantagem de estarem soltos de tarefas de marcação, com muito pouco espaço nas costas e sempre de frente para os lances. Mesmo, assim, o FC Porto acaba a primeira parte em cima do Marítimo.

Na segunda parte, por força da entrada assassina do central/trinco do Marítimo (por si só, merecedora de vermelho directo!) ainda na primeira parte, James sai lesionado e cede o seu lugar a Kléber. O FC Porto ganha uma ameaça perene na área, mas perde ritmo e imprevisibilidade no meio campo. Ganhou-se um ponta-de-lança, mas não se tinha noção como jogar para ele. Faltava-nos, sempre, capacidade de definição no último terço do terreno. É aqui que aparece o mérito da equipa. Não desespera. Mantém-se proactiva na procura do golo.

Ao minuto 57 o FC Porto altera o modelo. Vai Djalma para lateral direito para dar maior profundidade à equipa e entra Rodríguez para falso extremo esquerdo (o corredor já estava entregue a Álvaro) que vem dar briga à já ténue resistência do Marítimo no seu meio campo. Babá fica completamente isolado e é, então, que o FC Porto altera o seu esquema (tarde, mas a tempo!).

Para um Babá triste e só chega e sobra uma defesa mais curta e a entrada de Iturbe volta a dar ao FC Porto a imprevisibilidade e largura que o seu jogo ofensivo necessita.
 É um centro seu para uma cabeçada portentosa de Kléber que marcam o fim de linha para a estratégia negra do Marítimo. Não sem antes o estrebuchar final dos madeirenses, num lance de ressalto de bola a meio campo, no qual o Marítimo quase ganhava uma vantagem totalmente imerecida. Falha o Marítimo e marca o FC Porto. Num lance de insistência, pelo centro, onde o Marítimo tinha construído o seu castelo (com Kléber a arrastar marcações e os extremos bem abertos a obrigaram a defesa do Marítimo a esticar), uma série de ressaltos e uma bola que sobra para Rodríguez facturar. Alívio. O futebol ganhou. O Marítimo capitulou e jamais entraria num jogo que nunca o quis disputar. Aumenta o FC Porto para 2-0. Números que pecam por escassos perante tal intentona.




Análises individuais:


Helton – Seguríssimo. Soube jogar a libero quando a equipa necessitou.

Maicon – Um jogo onde não foi posto à prova por falta de comparência do adversário, ainda assim, lidou bem com duas corridas de Heldon. Não se pode exigir muito jogo ofensivo e foi bem substituído quando a equipa precisava de alterar o seu modelo.

Alvaro – Faltou a acutilância de outros tempos, mas nunca se impressionou com Sami e deu profundidade ao corredor. Faltou melhor critério a finalização das jogadas.

Otamendi – Babá nunca incomodou e soube jogar na antecipação. Perdeu para Danilo Dias na única oportunidade do Marítimo (minuto 78!) porque tenta ganhar de carrinho. Só tinha que acompanhar e não permitir ao Danilo Dias flectir para dentro, mas não, arriscou e perdeu. É o seu principal defeito.

Rolando – Está a voltar ao seu nível. Bem nas dobras e atento às ténues movimentações de Babá.

Fernando – Jogo tremendo a meio campo. Ganhou todas as bolas que disputou e boa saída de bola.

Moutinho – Sustentou o jogo ofensivo do FC Porto e nunca deixou que a equipa se fracturasse. Excelente nas transições defensivas e acutilante no ataque.

Belluschi – Absolutamente imperdoável semelhante perdida. Nem remata! Quanto ao resto, fez um jogo razoável. Nunca deu à equipa a imaginação que precisava, mas também nunca se escondeu. Foi, até, importante no assalto final e no jogo de tabelas pelo centro. Foi, aliás, desta forma que o FC Porto chega ao 1-0.

James – Mais um jogo de fuga constante para os seus terrenos. É um jogador que precisa de espaço e amplitude para o seu jogo. Cresce em terrenos interiores, fica amarrado no flanco. Lesiona-se num lance a meio campo com uma entrada assassina de Roberge.

Djalma – Pau para toda a obra. Foi extremo, nos dois flancos, apareceu a ponta-de-lança por duas vezes na primeira parte, mas Hulk não o serviu e acaba a lateral direito. Sempre com rendimento, sempre com sentido colectivo. Tem que ousar mais, ser mais alegre no jogo, sem nunca perder aquilo que mais nenhum outro jogador ofensivo oferece em tão generosas doses: sentido táctico.

Hulk – Semelhante concentração de centrais à sua volta limitaram o seu jogo a falso ponta-de-lança. Só quando fugia da posição é que aparecia no jogo. Na segunda parte, e com a sua fixação no flanco direito, forma com Djalma uma ala demolidora para o flanco esquerdo do Marítimo.

Kléber – Tem arte e faro de ponta-de-lança. Duas boas bolas, duas ocasiões de golo que só não se materializaram por falta medonha de sorte. Um calcanhar soberbo e uma cabeçada portentosa. Precisa de ganhar confiança. Foi pena.

Rodríguez – Deu luta numa zona do terreno onde o Marítimo ainda dava resistência. A sua entrada permitiu ao FC Porto ganhar tabelas pelo centro do terreno onde o Marítimo mais se fechava. Numa bola que pingou na área e isolado, não deu uma de Belluschi e trouxe justiça ao marcador.

Iturbe – O seu centro para Kléber anunciou ao Marítimo que o FC Porto tinha poder de fogo de todos os ângulos. O resto, a “fama” que já transporta, também ajudou. Ficou a amostra de mais um talento a crescer no Dragão.





Por: Breogán

7 comentários:

Trafulha disse...

Ainda vi um futebol de nervo, de talento individual, em que a táctica era atacar sem que houvesse uma estratégia definida.

Como já é costume meia parte sem PL para se perder tempo e ficar a ganhar o sistema nervoso do adepto, segunda já com ele mas sem "ciclistas" que fossem à linha cruzar para ele.

Jogo atípico em que foram usados 3(!!!) defesas direitos. Por fim um enigmático Rodriguez que nada fez senão atrapalhar e que acaba por resolver, futebol é isto!

Gostei imenso do Fernando do Hulk e especialmente do Moutinho.

Parabéns pela crónica, profissional e seria! Nem vale a pena em tempo de crise comprar o jornal.

dragao vila pouca disse...

O F.C.Porto fez ontem, num Dragão com o espírito correcto no apoio à sua equipa, uma exibição de muita qualidade e em que apenas pecou na finalização. Umas vezes por aselhice - ai aquele lance do Belluschi!... -, outras, porque Peçanha fez, seguramente, uma exibição das melhores da sua carreira. Foi um Campeão com a atitude correcta, empenhado, dinâmico, de ritmo forte, contundente e esmagador no domínio. Um Porto que procurou todas as soluções para destruir o autocarro de 3 andares que Pedro Martins trouxe da Madeira.
O conjunto de Vítor Pereira esteve sempre ao ataque e foi variando, umas vezes tentando pela direita, outras pela esquerda, ora em tabelas pelo meio, com todos os jogadores, com a óbvia excepção de Helton envolvidos nas manobras da equipa. E foi assim durante 90 minutos. Mas convenhamos, é muito complicado jogar frente a uma equipa que só defendia, que só dava chutões para tirar a bola da zona de perigo; é muito difícil construir e encontrar espaços, os caminhos da baliza, quando se encontram 21 jogadores em apenas meio-campo.

Resumindo e usando uma terminologia própria da época que estamos a atravessar: tanto cacete só deu duas rabanadas. Não merecia sofrer tanto e ter de esperar tanto para festejar, quem, equipa, treinador e público, esteve tão bem nesta fria noite de Dezembro.
As melhorias são notórias e só por má-fé não serão reconhecidas. Estamos em primeiro, temos mais golos marcados, menos sofridos, já vamos em 52 jogos sem perder para o campeonato.
Temos todas as razões para encararmos 2012 com optimismo e confiança... apesar de algumas poucas vergonhas que abordarei mais à frente.

Notas finais:
Hoje ficou claro porque, a partir do momento que parece não contar com Fucile e Sapunaru - não vou especular sobre as razões... -, Vítor Pereira coloca Maicon a lateral, em detrimento de Otamendi. O argentino é muito mais lento e isso ficou bem à vista no único lance de perigo do Marítimo e que nos podia ter custado caro.

Gostei da forma determinada e ousada como Iturbe entrou no jogo. Gostei de ver Rodríguez abrir o caminho para a vitória. Gostei de ver o apoio que os Super deram a Belluschi depois daquela perdida incrível. Concordo: Moutinho fez um jogão e Fernando não lhe ficou atrás....

Duarte Gomes e o seu auxiliar do lado dos bancos, Venâncio Tomé, mais uma vez, prejudicaram claramente o F.C.Porto. Não vou fazer referência a outras arbitragens, em que o Campeão tem muitas razões de queixa, protagonizadas por este moranguito sem açúcar, mas não posso deixar de lembrar que este Venâncio Tomé é um ex-compincha do árbitro vermelho, felizmente já reformado, SLB - senhor Lucílio Baptista - e, foi este auxiliar que deixou passar aquele vergonhoso fora-de-jogo que deu origem ao golo da vitória do clube do regime, no famigerado jogo do túnel. Pergunto: como é possível este cavalheiro deixar passar um fora-de-jogo daqueles e hoje cortar lances em que jogadores portistas estavam em jogo? Como é possível Tomé não ver, a poucos metros dele, um penalty do tamanho da Torre dos Clérigos?

Um abraço

dragãoazul11 disse...

Excelente atitude e uma grande intensidade de jogo da nossa equipa, podíamos golear , assim como nos jogos anteriores ...a equipa está muito larga no campo ,chegamos facilmente a área adversária, mas a organização ofensiva temos que melhorar muito, não temos critério e decidimos quase sempre mal quando chegamos a área. Esta táctica requer muito pulmão e ser muito mais eficaz..melhorando este aspecto de jogo e os lances de bola parada seremos muito mais forte porque temos excelentes profissionais e somos PORTO....um abraço

Rabah Madjer disse...

Uma segunda parte de mta bola, toque, progressão, variação, ataque pelo meio e pelas faixas, persistência e vontade.

um futebol de mto passe curto e circulação, imprevisível para um adversário que se fechou com o autocarro, a equipa cresce em futebol a cada jogo, com as vitorias soma-se a confiança que vai adquirindo, não concordo nada com o amigo Trafulha, creio que já se vêm ideias, de facto falta um PL de inicio para o Hulk poder ser monstro a 100% e faltaram cruzamentos para a cabeça de Kleber certo, mas com tanta gente a defender tentou-se de tudo.

Uma palavra tal como o Trqfulha para Hulk, Moutinho e Fernando para mim os melhores no frio de ontem.

Anónimo disse...

Um jogo bem conseguido mas com uma enorme falta de concretização!Precisamos urgentemente de um ponta de lança....Melhor em campo-Duarte Gomes....Palavras para q?

Trafulha disse...

Os meus amigos já que no passado recente "falaram" de Éder cá vai a noticia do Record

http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/academica/interior.aspx?content_id=732075

Gaspar Lança disse...

Estava difícil chegar ao primeiro golo, mas não estava difícil jogar à bola. Que jogo, que exibição, à Porto!

Só pecou pela tardia dos golos, mas com um Peçanha inspirado não se pode fazer nada e a verdade é que os golos, esses, acabaram por chegar.

Um abraço

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