Esta era uma partida crucial para
que o que foi arrancado a ferros no Domingo não fosse desperdiçado logo a
seguir.
O sinal dado para o
exterior/interior foi distinto. Se o Barcelona deixar Lionel Messi no banco num jogo de campeonato todos concluirão
que está a haver poupanças
O mesmo se Benitez encosta CR7 ou
Mourinho Hazard.
Neste momento, mesmo não sendo
TOP mundial , Aboubakar é o nosso melhor jogador. Um dos 2 que estão em grande
forma.
A história deste empate não passa
por essa poupança fisica/técnica porque Osvaldo até foi dos melhores e o Porto
acabou por dar 2 golos de borla, mas quando algo é mesmo importante é preciso
ter cuidado com os sinais.
A equipa do Porto apresenta-se
nervosa nos primeiros 3/4 minutos e Marcano quase entra para a história do
futebol mundial como protagonista do golo patético do ano.
Passada essa tremideira toma
conta de jogo conforme é habitual no reinado de Lopetegui.
Controle absoluto da bola,
protecção suprema à sua defesa e inconsequência gritante nas movimentações
ofensivas.
Por sorte, a última parte da
normal bitola exibicional do Porto de Lopetegui é camuflada por um livre de
Maicon que põe o Porto à frente do marcador.
Esse 1-0 acentua a caracteristica
do futebol “tem tempo” que o Porto gosta de jogar. Danilo tomava conta de tudo
e esse 1-0 era firme como uma rocha.
Escrevo mais: aos 30 minutos de
jogo o resultado mais provável da partida era o 1-0. O Moreirense não conseguia
fazer cócegas e o Porto não queria fazer o rir o adversário.
Numa recepção brilhante e remate
pronto Osvaldo quase que mata a partida do seu próprio bolso mas até final da
1ª parte só a lesão de Brahimi merece ser noticia.
Se a 1ª parte demorou a passar
tamanha a pasmaceira e o lodaçal de passes habituais a 2ª foi um carrossel de
emoções e historias para contar.
Tudo começa por um grande
disparate de Maicon. Qual boneco de PES/FIFA nas mãos de um jogador
inexperiente, resolve abandonar a sua linha defensiva para correr atrás do
amanhã e abre um buracão que Iuri Medeiros faz questão de agradecer.
Run FORREST run. Maicon à FORREST GUMP.
O empate surge do nada e fica a
sensação que um jogo ganho por ausência de adversário poderia estar empatado
por incapacidade própria de sair do lodaçal de passes inconsequente.
A reacção do Porto é boa. Se
pensarmos nas jornadas que passaram, o período entre o 1-1 e o 1-2 é do melhor
que já vimos em termos de construção de futebol ofensivo e de oportunidades de
golo.
A 2ª substituição de Lopetegui
mexe com o jogo e de que maneira. Tello mantém o nivel exibicional de Herrera
mas o Corona médio ofensivo vira Leo Messi face ao Corona extremo que vinha
jogando à Diego Capel.
Sucedem-se as jogadas de perigo,
sempre com o maestro Corona nelas envolvido e a versatilidade posicional do
mexicano contagia Maxi, Osvaldo e André André no assalto à baliza do Moreirense
encostando os seus defesas cada vez mais atrás.
Stefanovic faz um par de defesas
excepcionais e não permite que Corona e Osvaldo fizessem justiça no marcador.
Lopetegui, empolgado pelo que
estava a ver e ciente que do outro lado estava uma equipa que não beliscava
Casillas, resolve voltar a mexer com o jogo de forma kamikaze.
Por um lado não se percebe porque
o Porto estava, com aquele sistema mais organizado, capaz de chegar com perigo
à baliza do Moreirense e o preço de tudo desmontar poderia ser caro demais.
Veio a lembrança do
Maritimo-Porto da época passada e de como Lopetegui teve pressa a mais e
anarquizou a equipa cedo demais.
Por outro lado, é verdade que este
Moreirense estava mesmo estacionado cá atrás não oferecendo, á priori, o mesmo
risco que o Estoril do Dragão, o Maritimo dos Barreiros ou o Arouca.
Se há jogo em que podíamos
confiar mais na meiguice ofensiva do adversário era este.
Indepentemente da avaliação sobre
a sapiência da substituição há 2 conclusões que se podem tirar:
1-
Lopetegui mostrou a coragem ou a alucinação que
os adeptos pedem quando arrancam os cabelos sempre que Aboubakar sai por
Osvaldo;
2-
Lopetegui errou ao escolher Marcano para sair,
ficando como único central o jogador mais irracional, pior decisor e com pior
noção de posicionamento. FORREST GUMP.
Logo a seguir surge o golo que
parecia premiar a coragem e dar razão às bancadas que pedem Big Balls a cada
momento.
Foi cedo demais. Com quase 15
minutos de futebol para jogar e com uma equipa vacinada para a rotina do passe
e para a paranoia da organização defensiva ter Osvaldo, Aboubakar, Varela,
Tello e Corona lá dentro era como colocar um amante de música clássica dentro
dum concerto de heavy metal.
Barulho a mais, confusão a mais,
loucura a mais.
Sentiu Lopetegui e sentiu a
equipa que era dificil encaixar naquele novo registo. Ainda por cima, os
escassos jogadores da linha defensiva eram pouco cerebrais, um dos médios com
melhor posicionamento deixou de ser tampão da grande área e André André viu
Aboubakar a jogar a 8.
O pânico da desorganização foi
mais forte do que tudo. Não foi intencional mas uma consequência do chip que
esta equipa tem. Em cima disto, Osvaldo primeiro e Maicon depois assustam as
hostes abrindo a possibilidade de o Porto acabar em inferioridade numérica.
O Moreirense sente o caos do
nosso lado e avança com tudo. Maxi é comido de cebolada por Luis Carlos e
Maicon mostra que as paragens cerebrais são modo de vida abrindo espaço para
Casillas mostrar o que vale dentro dos postes.
Infelizmente, a postura de
caracol dentro da carapaça custou caro. Mais caro ainda para quem tem um GR que
fez carreira com Super Cola 3 nos pés
no jogo áereo e que, tal como a equipa que não sabe viver desorganizado, é
incapaz de mudar o chip do fica na
baliza a ver no que isto dá que os pés estão colados ao chão.
Se o 1-2 aparece demasiado cedo,
o 2-2 já surge demasiado tarde.
O Porto perde 2 pontos num jogo
em que fez uma 1ª parte ao nivel do inicio do campeonato, fez 2/3 da 2ª parte
ao melhor nivel e 1/3 da 2ª parte mostrando que quando sai da sua zona de
conforto fica exposto às deficiências individuais de defesas/guarda-redes e à
incapacidade colectiva de viver sem Plano A.
ANÁLISES INDIVIDUAIS:
Casillas – Um problema a crescer.
Ontem, quando Lopetegui
desequilibra a equipa e o Porto fica com apenas 1 central + Danilo era
importante ter um redes que desse confiança e não obrigasse o FCP a encostar à
grande área.
Em toda e qualquer bola área
Casillas jamais prevenirá problemas porque simplesmente não sai. Tem Super Cola
3 nos pés.
Quando sai o cruzamento do 2-2 em
vez de dar 2 passos em frente o que se vê é Casillas a recuar até a um ponto em
que a defesa do Porto tenha que disputar uma bola área com os atacantes do
Moreirense na pequena área.
A partir desse momento a cabeçada
é indefensável. Se nos pode ter feito ganhar 3 pontos no Domingo ontem fez-nos
perder 2.
A grande defesa a remate de Luis
Carlos vale pouco perante a desconfiança que a linha defensiva lhe está a
ganhar no jogo aéreo e a certeza, para os adversários, que o Porto é vulnerável
em todas as bolas áereas enviadas para perto da baliza.
Casillas esconde-se e espera.
Culpado.
Maxi – Bom jogo manchado pela dupla revienga de Luis Carlos que
obriga Casillas a intervir. Fez o habitual com a atitude habitual e ainda se
incorporou no ataque ajudando ao salto do FCP posterior ao 1-1.
Layun – Discreto. Competente a defender e praticamente irrelevante
a atacar. Precisa de sentir mais responsabilidade para sair do cinzentismo
competente.
Maicon – Há 2 lances que são uma vergonha para qualquer central. Se
fosse Verdasca a falhar um alivio de cabeça para logo a seguir abandonar a
linha defensiva e arrancar como se tivesse a começar a final dos 100 metros
diríamos que esse era o custo de termos um central demasiado jovem a disputar
jogos demasiado importantes.
Maicon tem para lá de 6 anos de
Porto. É o capitão. Não é um estafeta. Não pode ser o Forrest Gump da defesa
que corre, corre, corre mas pensa pouco, pouco, pouco.
O Porto tinha o jogo
completamente controlado e Casillas estava a passar umas belas férias. De
repente Maicon age irracionalmente como um garoto de 6 anos a jogar com os
irmãos de 16 e arrebenta com tudo.
Para completar o ramalhete de
asneiras fica a marcar telepaticamente um Luis Carlos a 3 cm de distância
obrigando Casiilas à defesa da noite.
Mais inacreditável que a exibição
de Maicon só a nota 7 do jornal O JOGO.
Marcano – Começa a partida com uma monumental asneira. Ainda assim,
prefiro erros que resultam de más execuções técnicas do que de más decisões.
O pensar bem e executar mal é
melhor do que o pensar mal. Quem não sabe penar não tem a inteligência
obrigatoria para poder ser um jogador TOP.
Marcano esteve bem no resto do
jogo. Autoritário e com pouco trabalho. No 1.º golo é abandonado pelo desvario
do parceiro do sector.
No 2.º golo já lá não está para
evitar. Infelizmente.
Danilo Pereira – Uma excelente primeira parte a comandar o
meio-campo e a impôr a sua presença fisica.
Na segunda parte o jogo leva uma
volta depois da asneira da Maicon. A partir daí Danilo desce uns furos mas
envolve-se na cavalgada da equipa em busca da vitória.
Quanto Lopetegui vira kamikaze e
Danilo tem que fazer meio-trinco e meio-central a sua exibição cai a pique
tendo responsabilidades na não resolução do problema causado por Casiilas.
Aquela bola de cabeça deveria ter sido dele.
André André – Sem o brilhantismo das exibições recentes mas com a
regularidade de qualidade que chega e sobra para ser indiscutivel no meio-campo
portista.
Herrera – Entrou bem no jogo, sendo o médio que a equipa precisou e
não teve na 1ª parte do jogo com o Benfica. Boa movimentação vertical sem bola,
capacidade de ocupação de espaços livres na frente de ataque dando opções
adicionais aos portadores da bola.
O reverso da medalha foi a
execução com bola. Aí, embora se tenha apresentado uns furos acima da bitola
medíocre do inicio da época, voltou a estar sofrivel.
Brahimi – Embora menos guloso do que na 1ª parte do jogo com o
Benfica, o argelino continuou a não se exibir em bom plano nos 40 minutos que
esteve em campo.
Jesus Corona – Estava a ser o pior elemento em campo até à
substituição de Herrera por Tello. Fora do jogo, incapaz nos duelos individuais
e complicativo nas tabelas com Maxi e André André.
A partir desse momento foi, com
distância, o MVP da partida. Dinâmico, a ocupar bem o espaço entre a linha do
meio-campo e o ataque sem deixar de cair nas alas e dar apoio ao ponta de
lança. Foi um André André com menos força, mais tecnica e mais golo que invadiu
Moreira de Cónegos naquela última meia-hora.
Dadas as dificuldades do FCP na
construção, ficou água na boca para voltar a ver Corona a médio ofensivo.
Osvaldo – Inventou para si mesmo uma oportunidade de golo numa fase
em que o Porto estava mais preocupado em entreter do que em atacar. Soube
ligar-se com a equipa e marcar presença na área.
A qualidade que tem voltou a
estar presente na 2ª parte com cabeceamentos, desmarcações e tabelas dignas de
um ponta de lança do FCP.
O único problema é que estas
qualidades ficam áquem do nivel estratosférico de Jackson que Aboubakar vinha
sendo capaz de repetir.
Varela – Vimos o lado negro
de Silvestre Varela. Andou para ali em campo, passando, gingando e correndo mas
sem assumir o desequilibrio que um extremo tem que ter.
Tello – Houston, we have a problem.
Tem medo de jogar como sabe. Pode
ter 50 metros livres à sua frente que Tello não vai forçar a corrida com medo
de romper.
Alguém tem que o avisar que mais
vale jogar 3 meses como Tello bom, romper e ficar 6 meses no estaleiro do que
termos 9 meses dum Tello a querer jogar à David Beckham com os pés de um Hector
Herrera.
Aboubakar – 2 passes de médio de equipa grande. Um, inventando um
golo para Osvaldo que não faz o 1-3 por centímetros e outro a contrariar o rame
rame de passes lamacento obrigando Varela a sprintar para o espaço.
No resto do tempo foi um jogador
perdido na defesa do 2-1 tentando ser médio defensivo.
Faltou mais Aboubakar no jogo. É
um pecado roubar o MVP da equipa numa altura em que o colectivo ainda gatinha.
Ficha de Jogo:
Moreirense 2-2 FC Porto
Primeira Liga, 6ª jornada
Sexta-feira, 25 Setembro 2015 - 20:30
Estádio: Com. J. Almeida Freitas, Moreira de Cónegos
Árbitro: Vasco Santos (Porto).
Assistentes: Sérgio Jesus e Bruno Trindade.
Quarto Árbitro: Ricardo Moreira.
Moreirense: Stefanovic, Sagna, Marcelo Oliveira, André Micael, Evaldo, Palhinha, Vítor Gomes, Battaglia, Iuri Medeiros, Rámon Cardozo, Ernest Ohemeng.
Suplentes: Nilson, André Fontes (62' Iuri Medeiros), João Sousa, Luis Carlos (83' Ernest Ohemeng), Boateng (52' Rámon Cardozo), Rafa Sousa, Filipe Gonçalves.
Treinador: Miguel Leal.
FC Porto: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Layún, Danilo Pereira, Herrera, André André, Corona, Dani Osvaldo, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Rúben Neves, Varela (45+1' Brahimi), Aboubakar (77' Marcano), Tello (59' Herrera), Imbula.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Maicon (18'), Iuri Medeiros (50´), Corona (79´), André Fontes (88').
Disciplina: cartão amarelo a Vítor Gomes (64').
Primeira Liga, 6ª jornada
Sexta-feira, 25 Setembro 2015 - 20:30
Estádio: Com. J. Almeida Freitas, Moreira de Cónegos
Árbitro: Vasco Santos (Porto).
Assistentes: Sérgio Jesus e Bruno Trindade.
Quarto Árbitro: Ricardo Moreira.
Moreirense: Stefanovic, Sagna, Marcelo Oliveira, André Micael, Evaldo, Palhinha, Vítor Gomes, Battaglia, Iuri Medeiros, Rámon Cardozo, Ernest Ohemeng.
Suplentes: Nilson, André Fontes (62' Iuri Medeiros), João Sousa, Luis Carlos (83' Ernest Ohemeng), Boateng (52' Rámon Cardozo), Rafa Sousa, Filipe Gonçalves.
Treinador: Miguel Leal.
FC Porto: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Layún, Danilo Pereira, Herrera, André André, Corona, Dani Osvaldo, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Rúben Neves, Varela (45+1' Brahimi), Aboubakar (77' Marcano), Tello (59' Herrera), Imbula.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Maicon (18'), Iuri Medeiros (50´), Corona (79´), André Fontes (88').
Disciplina: cartão amarelo a Vítor Gomes (64').
Por: Walter Casagrande
1 comentário:
No geral gostei e muito.
Parabens.
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