SORRIR COM
DESCONFIANÇA
No dia 1 de Janeiro estiveram mais de 20000 adeptos no treino.
O campeonato está parado há 2 semanas.
Estamos a 6 pontos do Benfica e obrigados a correr atrás.
TEM QUE HAVER FOME!
A equipa entra em estado de quem tem 6 pontos a mais a 3 jornadas do fim.
Com calminha que devagar se vai ao longe.
Esta postura não nos vai levar a lado nenhum. O Porto hoje podia dar-se
ao luxo de adormecer na última meia-hora com 3-0 no marcador e mais um jogador
em campo.
Na primeira meia-hora com 0-0 e 6 pontos atrás não é admissivel.
É admissivel tentar jogar e não conseguir. É admissivel “não entrar bem
no jogo” como os treinadores gostam de dizer na conferência de imprensa. Não
entrar no jogo é que não.
Feita a advertência passemos à análise. O Gil Vicente tinha a lição bem
estudada. Aproveitamento máximo das bolas paradas e critério no jogador
portista a pressionar.
O último classificado propunha-se a utilizar a estratégia que o primeiro
classificado pôs em prática para nos derrotar.
Lançamentos, cantos, livres e a cavalaria do Gil Vicente avançava para
aproveitar as tremuras do Porto nas bolas paradas.
Como, ao contrário do jogo do Dragão, o Porto permitiu que se jogasse no seu
meio-campo, a oportunidade de causar
pânico não surgiu depois da meia-hora. O Gil teve nos primeiros 20 minutos
varias oportunidades para expôr as nossas fragilidades.
Como agravante tivemos em Casemiro o simbolo máximo dessa hibernação
suicida. Sucederam-se passes errados e assistências para o adversário errado. O
Porto nem construía nem se importava muito em destruir.
Fabiano diz presente e o Porto tem a sorte de sobreviver à fase do jogo
em que merecia estar a perder.
Aí, com as pinceladas de Oliver, o compromisso de Danilo e a brutalidade
de Herrera o Porto começa a espreguiçar-se. Jackson está sempre pronto se a
equipa quer e Brahimi começa a aquecer. O jogo muda.
Surgem as primeiras oportunidades de golo com Oliver a libertar Jackson,
Herrera a ter espaço para finalizar e Alex Sandro a experimentar Madjer pela 1ª
vez.
Já o Porto estava bem por cima e dois suicidas entram em acção
desequilibrando o rumo da partida.
Primeiro Casemiro que teima em esquecer-se em que posição joga e que
responsabilidade lhe está associada.
Com uma bomba de levantar o estádio faz com que a sua importância para a
definição do resultado seja crucial. O pior jogador em campo até então passa a
ser o 2.º mais decisivo na vitória. É graças a uma acção individual sua que o
jogo é desbloqueado.
O 2.º bombista é Jander que logo de seguida soma à estupidez do protesto
uma entrada ao pé de Brahimi.
O nosso suicida desbloqueia com um golo do outro mundo. O deles mata
qualquer hipótese de reacção de uma equipa que estava tacticamente competente e
com possibilidades de beliscar a nossa superioridade.
Na 2ª parte a equipa do Porto faz o que é preciso ser feito. Com o
adversário ferido ir directo ao pescoço. Matar já para acautelar o futuro.
Com espaço para jogar e maior dificuldade fisica e psicológica do
adversário para virar o resultado, toda a qualidade dos jogadores do Porto vem
ao de cima e a manta do Gil fica curtissima. Brahimi já completamente solto e
Oliver a espalhar talento por todo o lado tornam o jogo de Porto enleante e
massacrante. Os 45 minutos parecem 42 km para o Gil Vicente e abrem-se crateras
na grande área com facilidade.
Os golos foram todos de grande classe. Bomba de Casemiro, Madjer
revisitado, Brahimi à El Matador, Oliver Houdini e o Incrivel Jackson molham a
sopa e põem um sorriso na boca dos dragões.
O Porto tem talento no ataque. Já sabíamos disso.
Com espaço sabemos jogar bem.
Olhando seriamente para a abordagem mental e tactica ao jogo temos razões
para sorrir com desconfiança tal como o Gil Vicente deverá chorar com
esperança
Análises Individuais:
Fabiano –
Fundamental nos primeiros 20 minutos quando toda a equipa hibernava.
Danilo – O
habitual. Foi ele a dar a profundidade do lado direito e foi ele a querer e a
saber jogar por dentro ajudando a confundir o reduto defensivo barcelense.
Não molhou a sopa por pouco mas soma mais uma assistência.
Maicon – Uma
exibição sóbria e competente até ao momento em que fica acampado pondo em jogo
Vitor Gonçalves. Fez muitas dobras ao 6 ausente.
Martins Indi – O
lider da defesa foi Madjer no ataque. Cada vez convence mais o portismo que a
troca com Mangala foi proveitosa no campo e na conta bancária.
Alex Sandro – Estava a realizar um bom jogo até ao
momento em que tem 3 paragens cerebrais. Primeiro um calcanhar sobranceiro a
aliviar uma jogada de perigo do Gil Vicente.
A bola foi para Fabiano e não houve problema.
A seguir simula uma falta que não existe. Leva um amarelo
que limpa para o jogo em casa com o Belenenses. Tendo que limpar a ficha antes
assim.
Para culminar esquece-se do resultado 1-5 e tem uma entrada que suja o que já estava
limpo e dá a titularidade a José Angel em 2 das próximas 5 jornadas.
Casemiro – Meteu
dó nos primeiros 20 minutos. Pesado e a somar varios passes errados no inicio
de construção. Começou nele a hibernação suicida da equipa. Não começou nele o
virar de página após os 20 minutos quando o Porto acorda e começa a empurrar o
Gil Vicente mas é ele que, com uma bomba à Cristiano Ronaldo, materializa o que
começava a ser construído.
A partir daí tranquiliza mas mostra sinais preocupantes para
o futuro. Com 1-0 acima e com um jogador a mais não incorpora o necessário
papel de responsabilidade e logo no início da 2ª par te comporta-se como um
médio ofensivo quando o Porto ataca.
Resultado: Avenida disponível para o contra-ataque gilista
em que Casemiro é dos últimos a chegar (Herrera é quem lá vai) e Maicon
resolve.
No corpo a corpo safa-se bem. Sucede que nem sempre está
onde deveria estar para meter o corpo.
Oliver – Finissimo.
É nos pés de Oliver que começa o acordar portista da 1ª parte. Não é um jogador
fisico mas ganha o tempo que a aparente debilidade fisica precisa com a
velocidade de pensamento e o toque de bola.
Aberturas e passes
precisos e bom jogo sem bola aparecendo na grande área adversária sem que
ninguém dê por isso. O lance de golo é génio puro. A finta é feita, primeiro
com o cérebro, depois com os olhos e a seguir com a anca. Nem sequer precisa
tocar na bola.
Depois da finta sem bola a classe na ponta da chuteira. MVP.
Herrera – O jogo
e o relvado estavam mais para o lavrador Herrera. As movimentações sem bola
estiveram como seria de esperar. O mexicano apareceu nas zonas de finalização
como devido. Apesar de não definir bem ajudou a equipa a crescer a partir do
minuto 20.
Leva nota positiva pela companhia que sempre deu a Jackson,
pelos bons passes a rasgar e pelo esforço defensivo.
Brahimi – Fez o
melhor jogo desde Bilbao. O melhor não por ter aberto o leque de truques e
fintas mas por ter sido capaz de ser mais um médio associativo em vez do
extremo que se gasta e desgasta em lances de 1 vs 1.
Junta-se a Oliver na galopada da parte final da primeira
parte e quando o Porto se vê em superioridade numérica tem o espaço que lhe
permite explodir.
Marca um golo de instinto. À matador. Sai de pazes feitas
para a CAN
Jackson – Grande
jogo. O tempo todo, a jogar, a aguentar, a trabalhar para a equipa e a ver os
colegas a finalizar. O 5.º golo foi de raiva. Aguentou, trabalhou, rodou, não
caiu e sai bomba com o esquerdo.
Craque.
Tello – Há uma
linha que separa um Salvio de um Marco Ferreira. Há uma linha que separa um
Drulovic de um Maciel. Tello anda aos ziguezagues e começo a duvidar de que
lado da linha está. Mau jogo.
Quaresma – Discreto.
É mais associativo do que Tello e dá-se mais ao jogo mas não foi capaz de
desequilibrar mais do que o espanhol.
Quintero – Entrou
quando o jogo estava na sua praia. Espaço para jogar sem necessidade de fazer
piscinas.
Adrian – Enquadrou-se
bem no ritmo de jogo tendo o mérito da assistência para o 4.º golo de Oliver.
Por: Walter Casagrande
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