domingo, 4 de janeiro de 2015

Liga Portuguesa, 15ª J.: Gil Vicente 1 - 5 FC Porto, SORRIR COM DESCONFIANÇA

 
SORRIR COM DESCONFIANÇA

No dia 1 de Janeiro estiveram mais de 20000 adeptos no treino.
O campeonato está parado há 2 semanas.
Estamos a 6 pontos do Benfica e obrigados a correr atrás.


TEM QUE HAVER FOME!

A equipa entra em estado de quem tem 6 pontos a mais a 3 jornadas do fim. Com calminha que devagar se vai ao longe.
Esta postura não nos vai levar a lado nenhum. O Porto hoje podia dar-se ao luxo de adormecer na última meia-hora com 3-0 no marcador e mais um jogador em campo.
Na primeira meia-hora com 0-0 e 6 pontos atrás não é admissivel.
É admissivel tentar jogar e não conseguir. É admissivel “não entrar bem no jogo” como os treinadores gostam de dizer na conferência de imprensa. Não entrar no jogo é que não.

Feita a advertência passemos à análise. O Gil Vicente tinha a lição bem estudada. Aproveitamento máximo das bolas paradas e critério no jogador portista a pressionar.

O último classificado propunha-se a utilizar a estratégia que o primeiro classificado pôs em prática para nos derrotar.
Lançamentos, cantos, livres e a cavalaria do Gil Vicente avançava para aproveitar as tremuras do Porto nas bolas paradas.

Como, ao contrário do jogo do Dragão, o Porto permitiu que se jogasse no seu meio-campo,  a oportunidade de causar pânico não surgiu depois da meia-hora. O Gil teve nos primeiros 20 minutos varias oportunidades para expôr as nossas fragilidades. 

Como agravante tivemos em Casemiro o simbolo máximo dessa hibernação suicida. Sucederam-se passes errados e assistências para o adversário errado. O Porto nem construía nem se importava muito em destruir.

Fabiano diz presente e o Porto tem a sorte de sobreviver à fase do jogo em que merecia estar a perder.

Aí, com as pinceladas de Oliver, o compromisso de Danilo e a brutalidade de Herrera o Porto começa a espreguiçar-se. Jackson está sempre pronto se a equipa quer e Brahimi começa a aquecer. O jogo muda. 

Surgem as primeiras oportunidades de golo com Oliver a libertar Jackson, Herrera a ter espaço para finalizar e Alex Sandro a experimentar Madjer pela 1ª vez.

Já o Porto estava bem por cima e dois suicidas entram em acção desequilibrando o rumo da partida.

Primeiro Casemiro que teima em esquecer-se em que posição joga e que responsabilidade lhe está associada.
Com uma bomba de levantar o estádio faz com que a sua importância para a definição do resultado seja crucial. O pior jogador em campo até então passa a ser o 2.º mais decisivo na vitória. É graças a uma acção individual sua que o jogo é desbloqueado.
O 2.º bombista é Jander que logo de seguida soma à estupidez do protesto uma entrada ao pé de Brahimi.
O nosso suicida desbloqueia com um golo do outro mundo. O deles mata qualquer hipótese de reacção de uma equipa que estava tacticamente competente e com possibilidades de beliscar a nossa superioridade.


Na 2ª parte a equipa do Porto faz o que é preciso ser feito. Com o adversário ferido ir directo ao pescoço. Matar já para acautelar o futuro.

Com espaço para jogar e maior dificuldade fisica e psicológica do adversário para virar o resultado, toda a qualidade dos jogadores do Porto vem ao de cima e a manta do Gil fica curtissima. Brahimi já completamente solto e Oliver a espalhar talento por todo o lado tornam o jogo de Porto enleante e massacrante. Os 45 minutos parecem 42 km para o Gil Vicente e abrem-se crateras na grande área com facilidade.

Os golos foram todos de grande classe. Bomba de Casemiro, Madjer revisitado, Brahimi à El Matador, Oliver Houdini e o Incrivel Jackson molham a sopa e põem um sorriso na boca dos dragões.
O Porto tem talento no ataque. Já sabíamos disso.
Com espaço sabemos jogar bem.


Olhando seriamente para a abordagem mental e tactica ao jogo temos razões para sorrir com desconfiança tal como o Gil Vicente deverá chorar com esperança


Análises Individuais:

Fabiano – Fundamental nos primeiros 20 minutos quando toda a equipa hibernava. 

Danilo – O habitual. Foi ele a dar a profundidade do lado direito e foi ele a querer e a saber jogar por dentro ajudando a confundir o reduto defensivo barcelense.
Não molhou a sopa por pouco mas soma mais uma assistência.

Maicon – Uma exibição sóbria e competente até ao momento em que fica acampado pondo em jogo Vitor Gonçalves. Fez muitas dobras ao 6 ausente.

Martins Indi – O lider da defesa foi Madjer no ataque. Cada vez convence mais o portismo que a troca com Mangala foi proveitosa no campo e na conta bancária.

Alex Sandro  – Estava a realizar um bom jogo até ao momento em que tem 3 paragens cerebrais. Primeiro um calcanhar sobranceiro a aliviar uma jogada de perigo do Gil Vicente.
A bola foi para Fabiano e não houve problema.
A seguir simula uma falta que não existe. Leva um amarelo que limpa para o jogo em casa com o Belenenses. Tendo que limpar a ficha antes assim.
Para culminar esquece-se do resultado  1-5 e tem uma entrada que suja o que já estava limpo e dá a titularidade a José Angel em 2 das próximas 5 jornadas.

Casemiro – Meteu dó nos primeiros 20 minutos. Pesado e a somar varios passes errados no inicio de construção. Começou nele a hibernação suicida da equipa. Não começou nele o virar de página após os 20 minutos quando o Porto acorda e começa a empurrar o Gil Vicente mas é ele que, com uma bomba à Cristiano Ronaldo, materializa o que começava a ser construído.
A partir daí tranquiliza mas mostra sinais preocupantes para o futuro. Com 1-0 acima e com um jogador a mais não incorpora o necessário papel de responsabilidade e logo no início da 2ª par te comporta-se como um médio ofensivo quando o Porto ataca.
Resultado: Avenida disponível para o contra-ataque gilista em que Casemiro é dos últimos a chegar (Herrera é quem lá vai) e Maicon resolve.
No corpo a corpo safa-se bem. Sucede que nem sempre está onde deveria estar para meter o corpo.

Oliver – Finissimo. É nos pés de Oliver que começa o acordar portista da 1ª parte. Não é um jogador fisico mas ganha o tempo que a aparente debilidade fisica precisa com a velocidade de pensamento e o toque de bola.
Aberturas  e passes precisos e bom jogo sem bola aparecendo na grande área adversária sem que ninguém dê por isso. O lance de golo é génio puro. A finta é feita, primeiro com o cérebro, depois com os olhos e a seguir com a anca. Nem sequer precisa tocar na bola.
Depois da finta sem bola a classe na ponta da chuteira. MVP.

Herrera – O jogo e o relvado estavam mais para o lavrador Herrera. As movimentações sem bola estiveram como seria de esperar. O mexicano apareceu nas zonas de finalização como devido. Apesar de não definir bem ajudou a equipa a crescer a partir do minuto 20.
Leva nota positiva pela companhia que sempre deu a Jackson, pelos bons passes a rasgar e pelo esforço defensivo.

Brahimi – Fez o melhor jogo desde Bilbao. O melhor não por ter aberto o leque de truques e fintas mas por ter sido capaz de ser mais um médio associativo em vez do extremo que se gasta e desgasta em lances de 1 vs 1.
Junta-se a Oliver na galopada da parte final da primeira parte e quando o Porto se vê em superioridade numérica tem o espaço que lhe permite explodir.
Marca um golo de instinto. À matador. Sai de pazes feitas para a CAN


Jackson – Grande jogo. O tempo todo, a jogar, a aguentar, a trabalhar para a equipa e a ver os colegas a finalizar. O 5.º golo foi de raiva. Aguentou, trabalhou, rodou, não caiu e sai bomba com o esquerdo.
Craque.
 
Tello – Há uma linha que separa um Salvio de um Marco Ferreira. Há uma linha que separa um Drulovic de um Maciel. Tello anda aos ziguezagues e começo a duvidar de que lado da linha está.  Mau jogo.


Quaresma – Discreto. É mais associativo do que Tello e dá-se mais ao jogo mas não foi capaz de desequilibrar mais do que o espanhol.

Quintero – Entrou quando o jogo estava na sua praia. Espaço para jogar sem necessidade de fazer piscinas.

Adrian – Enquadrou-se bem no ritmo de jogo tendo o mérito da assistência para o 4.º golo de Oliver.



Por: Walter Casagrande

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