#FCPorto #Portugal #Chatice #Braga
Assim foi este jogo. Um sacrifício enorme, só para não chumbar por faltas. E sei que um dia, olharei para trás e lamentarei não ter usado essas horas preciosas, onde dispunha de energia, boa saúde e vontade, para algo mais útil.
O Braga na defesa era o Braga B. O FC Porto era uma equipa de terceiras escolhas ou de daqueles que nem escolhas deveriam ser. Ambas as equipas acordaram em cumprir calendário, num jogo que julgam nada significar para as mesmas, pois estão apostadas a salvar a face (e não a época!) nos jogos da próxima Quarta-Feira.
Chatice
Foi uma chatice.
Quando terminou o jogo, tive aquela
sensação de alívio que já não tinha desde o secundário. Onde aquelas aulas de
(pseudo) filosofia, com uma senhor de 60 anos em tom monocórdico e de aspecto
muito douto, debitava uma torrente de palavras, a maior parte das quais, para
mim, sem sentido algum e que remetiam para tais abstracções metafísicas que
chegava a duvidar que ela acreditasse no que estava para ali a dizer e mais,
que considerasse, realmente, a filosofia uma ciência. Era então que tocava a
campainha. A sensação de alívio era indescritível. Parecia que o meu cérebro
sofrera uma hora de hipoxia, mas que voltava à vida, latejando a cada passo que
dava até à porta de saída. E quando, finalmente, chegava cá fora e enchia o
peito de ar, este parecia ter um aroma novo, profundamente agradável.
Assim foi este jogo. Um sacrifício enorme, só para não chumbar por faltas. E sei que um dia, olharei para trás e lamentarei não ter usado essas horas preciosas, onde dispunha de energia, boa saúde e vontade, para algo mais útil.
O Braga na defesa era o Braga B. O FC Porto era uma equipa de terceiras escolhas ou de daqueles que nem escolhas deveriam ser. Ambas as equipas acordaram em cumprir calendário, num jogo que julgam nada significar para as mesmas, pois estão apostadas a salvar a face (e não a época!) nos jogos da próxima Quarta-Feira.
Como o futebol português vive de modas, também a abordagem a
estes jogos, os semi-insignificantes, não foge à regra. A última moda dita que
se deve fazer rotação extrema, quase mudar onzes por completo. Autênticas
revoluções, à boa maneira britânica. Mas por essas bandas, os plantéis são mais
ricos e equilibrados, o que garante que a quebra competitiva não seja tão
acentuada.
Sobre o jogo pouco há a dizer. Primeiro, falarei sobre o
“apitador”. Este ano, todos querem um pedaço de nós. Não há jogo onde não haja
artista. Penalti, golo mal anulado e até uma tentativa de pescar polvo com
duplo amarelo para o próximo clássico, tudo vale. É um menu variado. Segundo,
fizemos uma primeira parte razoável, onde podíamos ter saído para o intervalo a
ganhar por uma margem maior. Terceiro, quando o Braga começou a meter a
artilharia pesada que tinha no banco, só não ficamos logo a perder por milagre.
Quarto, saímos de Braga com mais sorte que juízo, com três pontos no bolso que
podem ser fulcrais para mantermos a situação que temos e para não termos que
torcer pelo FC Paços de Ferreira amanhã, como se do FC Porto se tratasse.
Por fim, não acredito que este tipo de gestão nos traga
vantagem alguma para o próximo jogo. Pelo contrário, é mais um jogo que traz
uma série de dúvidas e que nada contribui para a solidez da equipa. Também não
trará para o Braga, pelos mesmos motivos.
Espero ver na Quarta-Feira uma abordagem ao jogo muito
diferente da que vi em Sevilha. Uma repetição será imperdoável. Não ter medo de
ousar. Quem muito quer tapar a cabeça, mais descobre os pés.
Análises Individuais:
Fabiano – Salva o FC Porto na segunda parte com duas defesas
portentosas. A defesa ao remate de Éder é sublime. O melhor em campo. O que
numa vitória fora por 1-3, é significativo.
Victor Garcia – Estreia sóbria e bem conseguida. Um dos
poucos pontos de interesse da partida. Sólido a defender e competente a atacar.
Ricardo – Mostrou alma e talento. Claro, não é solução para
a posição, tão só, um mau remendo. Mas nunca virou a cara à luta e ganhou
muitas batalhas.
Abdoulaye – É altamente radioactivo. Certamente mais
radioactivo que o reactor de Chernobyl que dorme debaixo de uma cobertura de
betão armado. Cada bola perto dele é uma descarga de radioactividade. O lance
que perde para Rafa é algo que fica entre a estupidez e o descaramento. Minha
nossa!
Maicon – Sobreviver a Chernobyl não é para qualquer um.
Entra chuva radioactiva, lá se foi safando. Um jogo competente quanto baste.
Fernando – Continua na moleza com que havia jogado o último
jogo. Pouco autoritário, embora o jogo não estivesse para muita luta. Há jogos
de dominó nos jardins deste país mais acesos que esta disputa a meio campo.
Carlos Eduardo – Passou grande parte do jogo num estado de
sonambulismo futebolístico. Quase que aposto que jogou lesionado, uma vez mais,
o que a ser verdade, é grave, mas que não desculpa na totalidade a pasmaceira
do seu jogo. Marca o último golo, quase que em desagravo pelo jogo que (não)
fez.
Josué – O melhor jogador do meio campo. Ainda muito errático
e muito parado, mas foi dos seus pés que surgiu o bom futebol do FC Porto em
Braga. Duas assistências e outras pinceladas de talento.
Varela – Continuo a achar que a sua titularidade foi uma
afronta ao adepto portista. Faz uma meia hora de bom nível, se a comparamos com
a sua produção mais recente. Embora os laterais do Braga fossem mais que
vulgares. Após essa meia hora, volta ao registo habitual. Boa finalização no
golo e o árbitro tirou-lhe outro.
Licá – Espero que tenha sido a sua despedida. Da
titularidade e do FC Porto.
Jackson – É um talento. Mostrou toda a sua qualidade na
primeira parte, onde foi o principal motor ofensivo da equipa. A assistência
para Varela é primorosa. A segunda parte foi mais azeda. Com o crescimento do
Braga, a equipa afastou-se em definitivo.
Defour – Entrou para 6, não fosse o árbitro tentar uma coisa
engraçada. Cumpriu, sem brilhar. À Defour.
Ghilas – Trouxe mais acutilância quando Varela já nada dava.
Quintero – A sua entrada obrigou o Braga a recuar, o que deu
a oportunidade ao FC Porto de voltar a entrar no jogo. Um criativo é sempre
motivo de preocupação e Quintero fixou o meio campo defensivo bracarense. O FC
Porto cresceu, acaba por vencer e o golo do descanso é seu, numa boa
finalização.
Ficha de Jogo:
SC Braga: Eduardo; Tomás Dabó, Santos, André Pinto e Núrio; Custódio,
Luiz Carlos e Battaglia; Erivaldo, Pardo e Moreno.
Suplentes: Cristiano, Eder, Rafa, Miljkovic, Paulo Vinicius, Vukcevic e
Nuno Valente.
Treinador: Jorge Paixão
FC Porto: Fabiano, Víctor García, Maicon, Abdoulaye e Ricardo; Fernando, Josué e Carlos Eduardo; Varela, Jackson e Licá.
Suplentes: Kadú, Mangala, Alex Sandro, Defour, Kelvin, Quintero e Ghilas
Treinador: Luis Castro
Árbitro: Rui Costa
Por: Breogán
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