Entramos para a última jornada com todo o trabalho feito. Qualificação garantida e primeiro lugar assegurado. Seria por isso, não um jogo sem interesse - isso não existe quando é o nosso FC Porto que joga - mas um jogo sem qualquer pressão, para disfrutar, "ganhar" novas opções, amealhar necessários euros e manter prestigio. Já não era pouco...
Assim ninguém estranhou tantas alterações. Era a altura certa para isso. Lopetegui geriu o plantel com vista a batalhas futuras e para premiar alguns menos utilizados. Jogadores como Andrès, Ricardo, Evandro, Adrian e Aboubakar, todos com pouco tempo de jogo, a começar de inicio. A única questão prendia-se com Maicon. Era o único jogador que estava em risco de suspensão caso visse um amarelo.
Comecemos pelo mais importante que aconteceu esta noite. A notícia mais amarga. O nosso menino com inteligência de veterano lesionou-se. Logo agora que tinha regressado às opções e tinha dado bem conta do recado. Até ao momento não se sabe ao certo que lesão tem e o tempo de paragem. A única certeza neste momento é que todos os adeptos portistas sentiram que a noite se tinha estragado quando viram a cara de dor de Ruben Neves.
Hoje ou amanhã saberemos ao certo a lesão do Ruben. A ele, as melhoras e volta rápido míudo. Cá estaremos para te aplaudir quando voltares a entrar em campo...
Mas voltemos ao jogo.
Com tantas alterações podíamos ver uma equipa sem qualquer ligação. Não aconteceu totalmente. Ainda temos certamente muito para melhorar mas já somos uma equipa com um estilo de jogo e uma identidade própria, jogue quem jogar. Vimos como sempre uma equipa que gosta de ter a bola, que se sente bem com ela. A meio da primeira parte por exemplo, as estatisticas mostravam 65% de bola para nós. A tentativa de pressão alta e linha defensiva bem subida também.
A equipa visitante conhece bem o nosso estilo e preparou-se para isso. Sabem que havia a possibilidade de, com tanta gente nova, termos dificuldade em sair a jogar desde a defesa se eles pressionassem logo. Conseguiram-no a espaços.
Embora com mais bola e um aparente dominio nosso foram os ucranianos que começaram por criar perigo. Nós respondemos mas raramente estivemos perto de marcar, fruto também da menor conexão entre sectores.
A primeira parte foi assim que se desenrolou. Um jogo morno, sem grande chances de golo.
Isso mudou no segundo tempo. Após uma primeira amealça de Bernard o Shakhtar marca. Canto marcado e Adrian falhou na marcação a Stepanenko e este marcou.
O golo fez com que o Porto arriscasse mais. Kelvin entrou para o lugar do apagado Adrian.
O jogo partiu e as oportunidades começaram a aparecer com mais frequência. No minuto seguinte Quintero desmarca Aboubakar que, de primeira e sem deixar a bola cair, atirou ao lado.
Com o nosso assumir de risco a equipa ucraniana respondeu como era suposto, explorando o espaço na costa da nossa defesa.
O momento bom da noite surge já perto do final. À bomba. Aboubakar, esse poço de força, recebe a bola à entrada da área e remata de pronto. Um tiro que só parou no fundo das redes... Estava feito o empate. Íamos sair invictos desta fase. Uma das 3 equipas da Europa a conseguir. Grande fase de grupos que fizemos!
O pensamento de todos já estava no jogo do próximo Domingo. Há muito em jogo. Podemos chegar à liderança. Basta ganhar ao clube que adoramos detestar, o clube do regime, o Colo-Colo de Carnide, os lampiões... É para ganhar! Todos ao Dragão!
Análises individuais:
Andrés Fernandez: É um tipo de guarda-redes diferente de Fabiano. Soube dominar o espaço à frente da defesa quando saiu a dobrar e aliviou de cabeça. Saiu bem aos pés de Bernard e teve alguns erros na reposição de bola com os pés. Sem culpa no golo. O lugar está (bem) ocupado por Fabiano mas Andrés também nos deixa seguros se for chamado.
Ricardo: Confesso que sou um admirador de Ricardo. Por jogos como o de ontem. Sempre que é chamado cumpre. Dá o melhor que pode. Jogue onde jogar. Foi para lateral e tinha pela frente um Bernard que se queria mostrar. Foi uma luta interessante em que ganhou bem mais duelos do que aqueles que perdeu. Com o passar do tempo foi crescendo ofensivamente e teve algumas subidas e cruzamentos no tempo certo. Merece mais jogos.
Maicon: Continua intermitente. Ora faz um grande corte como aquele em que desarmou um adversário em plena área, ora é trapalhão e faz faltas escusadas. Era o único em risco de suspensão e aguentou-se. É capaz de fazer melhor, já o fez esta época.
Marcano: Começou como central e pasou para trinco depois da lesão de Ruben. Como central cumpriu sem problemas, jogando de forma simples e limpando a sua zona. Como trinco embora tenha cumprido sentiu-se a falta daquilo que um Ruben consegue quando joga. É um jogador útil para o plantel.
Alex Sandro: Um dos poucos titulares que jogou. Defensivamente esteve acertado. Ofensivamente tentou criar jogo mas nem sempre o conseguiu.
Ruben Neves: Estava a fazer um bom jogo. Como sempre. Eficaz no posicionamento, com critério a passar. É um senhor jogador que melhora a cada jogo. Lesiounou-se e ainda não se sabe ao certo a gravidade. Que recupere bem e o mais rápido possivel. Ele torna a nossa equipa mais forte.
Evandro: Um dos que aproveitou a oportunidade. É um bom jogador, já o conhecemos. Esteve bem no papel que lhe foi dado. Bem na marcação, na cobertura dos espaços. Com bola, sempre muito activo e com critério. Ficam na memória alguns pormenores técnicos. Esteve perto de marcar numa incursão à grande área mas cabeceou ao lado. Tal como Ricardo, tem futebol para ser uma opção mais presente.
Quintero: Não foi a noite dele. Quando tem a bola pode sempre sair algo de especial. Ontem isolou Aboubakar e tentou o remate de fora. É pouco para o seu talento. Há noites assim. Fica o elogio pela tentativa de cumprir nas tarefas defensivas.
Quaresma: No meio de algumas "Quaresmices" escusadas foi um dos dinamizadores do ataque. Foi o que mais rematou, tentou cruzar e teve alguns pormenores.
Adrian: Continua a desperdiçar as oportunidades concedidas por Lopetegui. É uma desilusão até ao momento. Nem de perto nem de longe vimos o Adrian de outros tempos. Será que ainda existe?
Aboubakar: Tem um azar enorme. Luta por um lugar com Jackson. É um avançado mutio interessante que se mostra nas poucas vezes que tem jogo. Parece ainda um pouco desligado dos processos da equipa mas é um valor a ter em conta. Dá-se ao jogo, tem uma presença fisica tremenda e não tem receio em rematar. Marcou um belo golo num tiro de longe.
Martins Indi: É o patrão da defesa. Entrou e deu tranquilidade e consistência. Fica na retina um desarme na área após ter partido bem atrás do adversário.
Kelvin: Sempre que entra é muito acarinhado. Como podia não ser? Mas Kelvin parece ainda não ter passado essa fase. Ouve os aplausos e sente-se sempre tentado a um número artistico, a mais um brilharete. Não é isso que se pretende. O nosso talentoso canhoto tem de ser um jogador da equipa, mais pragmático e mais incisivo. Os bonitos vêm por acréscimo. Só assim passará a ser também querido para os treinadores...
Oliver: 20 minutos em campo. Não sabe jogar mal.
Ficha do Jogo:
FC Porto 1-1 Shakhtar Donetsk
Quarta-feira, 10 Dezembro 2014 - 19:45
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 28.010
Árbitro: Ruddy Buquet (França).
Assistentes: Guillaume Debart e Cyril Gringore; Benoit Bastien e Amaury Delerue (adicionais).
4º Árbitro: Cyril Lompre.
FC Porto: Andrés Fernández, Ricardo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Rúben Neves, Evandro, Quintero, Quaresma, Aboubakar, Adrián López.
Suplentes: Ricardo, Martins Indi (41' Rúben Neves), Jackson Martínez, Cristian Tello, Héctor Herrera, Kelvin (53' Adrián López), Óliver Torres (69' Quintero).
Treinador: Julen Lopetegui.
Shakthar Donetsk: Pyatov, Ilsinho, Kryvtsov, Rakitskiy, Shevchuk, Douglas Costa, Stepanenko, Fred, Bernard, Alex Teixeira, Gladkiy.
Suplentes: Kanibolotskiy, Wellington Nem, Marlos (66' Douglas Costa), Fernando (86' Stepanenko), Taison (66' Bernard), Kovalenko, Dentinho.
Treinador: Mircea Lucescu.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores: Stepanenko (50'), Aboubakar (87').
Disciplina: Quaresma (7'), Rakitskiy (19'), Fred (43'), Marcano (64').
Por: Paulinho Santos
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