Portucale?*
A mesquita
Estava toda engalanada,
E os ayatollah na bancada
A aplaudir o mufti de Xistra!
Que logo aos 5 minutos
Lá lançou a sua "fatwa",
Contra aquela gentre fraca
Que não lhes paga tributos...
Bastou que caísse o almoxarife
Naquela área de rigor,
Porque vinha d'andor
E chocou contr'o recife!
E nisto nasceu a jihad
Como se na madrassa:
"Que ninguém aqui passa,
Cristão, judeu ou mocárabe!"...
E se for o Espírito Santo
Ainda leva c'o empurrão,
Porque no Islão
Finge-se o assarapanto!
(Qu'o diga o Gomes Duarte,
Esse grande mulá,
Que nunca uma arbitragem má
Fez contr'a tal estandarte!)
E os ayatollah
Como grandes ulemás,
Também gritaram "Allahs!"
Com'os do hezbollah!!
A taifa islamita
Ali na tribuna "d'honra",
Já clamava "Morra
A nação invicta!"
Os Costas, os Centeno,
Junto do grande emir,
Que não precisa de fugir
Quando tem refém o governo!!
Ele que feito sultão
Deve mais de 600 milhões,
Que pr'a ele são tostões
De gestão!
E o caloteiro
Do nosso grande emir,
Ainda se faz emergir
Junto ao primeiro!
E ao segundo
Do reino do "Islão",
Qu'é uma nação
Do fim do mundo!
A mesquita 'abarrotar
De tais crentes,
Uma imensidão de gentes
A ulular!
Uhlulululululululuh!!
Ululavam os mouros,
E nist'os maus agoutros
Num penálti cru...
Uma visão celestial
Do mufti de Xistra,
Que tem uma vista
Paranormal!
Só vê amarelo
No azul-e-branco,
E no vermelho um manto
De camelo!
É das arábias
Este nosso mufti,
Que nunca assim o vi
A atirar às águias!?
Pois qu'o emirato
Da taifa de Carnide,
Já comprara o Tide
Pr'a lavar o campeonato!
Mas os irredutíves
Dos reinos cristãos,
Não se fazem irmãos
Em fés convertíveis...
Pois qu'a nossa fé
Não se rende à taifa,
E nem à lei da naifa
Arreda pé!
Podem vir os berberes
Atacar de bastão,
E ao bom cristão
Pontapeá-lo por alferes...
Que ninguém se demove
Da Reconquista,
E até ond'a terra avista
Ainda há gente nobre!
Virão os infanções,
Os monges-guerreiros,
O rei e os seus armeiros,
E os cavaleiros-vilões!
Poucos, mas disciplinados
Na sua luta titânica,
Contr'a ordem tirânica
Dos emirados!
O regime no seu esplendor
Ali na tribuna,
E apenas uma coluna
Retida por Almançor...
Não nos vão segurar
Na vossa investida almorávida,
Que Portucale dá a vida
Pr'a ganhar!
E ainda que nos vedem
A porta d'entrada,
Não vos vale de nada
Porque já nisto cedem...
E nem a consulta
Ao concelho dos profetas,
Vos dará as Mecas
Pr'a vencer a luta!
É questão de tempo
Pr'a cair a mouraria,
Que mais dia, menos dia,
Já nos ced'o campo...
E ali a mesquita,
Tão engalanada,
Vai ser conquistada
Pr'a outro profeta!
O nosso Costa santo,
Que não o santo apóstata!
E quem nisto aposta
Que não falta muito?
Qu'a cristandade
Vai prevalecer,
E quem fic'a perder
Vingand'a verdade!?
Vai ser o reino de Leão
Que nos dará Ourique,
E quem nisto acredite,
A linhagem do dragão!!
Esse símbolo régio
Na nossa heráldica,
E a razão nostálgica
Dum Portugal egrégio...
Hoje ainda entregue
Às taifas mouriscas,
Pelas fracas vistas
De tanto almocreve...
Moços de recados,
Simples recadeiros,
E alguns mensageiros
Em campos trocados...
Que nos fazem sentir
Como se fôssemos apátridas,
Porque eles almorávidas,
Crêm no emir!
Esse que na Boa-Hora
Lá deixou sentença,
E ainda diz ter crença
Que nunca se deu Zamora...
* O autor exprime o seu máximo respeito por todas as religiões e credos e, se brinca com alguma terminologia religiosa fá-lo embuído dum espírito de mera adequação à ritmíca poética, para, num enquadramento sócio-histórico devidamente aplainado ao mundo do desporto nacional, procurar explorar as rivalidades subjacentes, evidenciando o seu natural escarro, nojo, e rejeição por este regime bafiento que faz questão de nos conquistar e "governar", e isto apesar de nove séculos de maturação histórica ...
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