Feudalismo
O regime senhorial
Há muito que s'extinguiu,
Sendo dele que submergiu,
Um dia, Portugal...
Em terras d'infanções,
De terratenentes, eclesiásticos,
Foram destes ensinamentos escolásticos
Que se forjaram as nações...
E nessse sistema vingava
O domínio do "senhor",
Onde por dominador
Em tudo mandava...
Nem o rei se se lhes opunha
No domínio de tais nobres,
E nisso obedeciam os pobres
No trabalho feito à unha!
Todo o território s'achava
Em tal domínio feudal,
E o sistema senhorial
Ainda hoje não acaba...
É a mentalidade reinante
Entre tantos "nobres" locais,
Que muitos são tão feudais
Que cultuam o feudo distante...
Ainda que vinguem no norte,
Terra de gente orgulhosa,
Têm por mais proveitosa
A obediência à corte!
A esse feudo de Lisboa
Onde rein'a impunidade,
Porque nela tudo cabe
Na decisão de quem doa!
E o feudo centralista,
Terra jugada de termos,
Abarca nisto tod'os ermos
Que tem em vista!
É o rei-senhorial
Que pr'a ganhar território,
Dá um foral "meritório"
Num sistema piramidal!
E nisso recebendo
O beija-mão merecido,
Já nisso pode ser obedecido
Em tod'o reguengo!
E o sistema feudalista
Perdura até à actualidade,
Porque bem nos valh'a verdade
É benfiquista...
Só com vassalos e clientela
Podem lá manter o reino,
Porque na falta de treino
Têm a tutela!
Aquela que grita "Viva!"
Ao seu clube-vassalo,
Porque marcou um golo...
Ali no meio da comitiva!?
E não contente c'o feito
Ainda critica quem luta,
E ainda mais o insulta
Em tal falta de respeito...
Mas nesse feudo do Minho
Foi maior peça o corregedor,
Que feito juiz e senhor,
Muito ajudou o vizinho!
E s'isso não bastasse
Ainda lá estava o tabelião,
Que vindo de Coimbra, aconselhou a expulsão,
Pr'a qu'o francês esmiuçasse!!?
Pois que não o entendendo
Percebeu na franca língua,
Qu'o "senhorio tinha míngua
D'outro reguengo!?"
É tal a desfaçatez
Dos tabeliões de Coimbra,
Que não é tolerável por língua,
O francês!!
E ainda que fosse a génese
Do Condado Portucalense,
De D. Henrique ao clunyciense,
Por diocese,
Hoje nisto quem a exprime
Como forma de vernáculo,
Já é vítima d'assalto
E dum outro qualquer crime!!
O qu'interessa é roubar
A favor do feudalismo,
Porque um dia o centralismo
Pode vingar!
E assim se forj'a história
Neste feudo de Lisboa,
Porque tod'a terra se lhes doa
Pr'a sua glória!!
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