Et pluribus unum!
A cartilha
É um livro pr'a aprender a ler
Ou compêndio de catecismo,
Mas esta cartilha é um eufemismo
Do poder!
Esse poder do grande polvo
Que tudo dispõe e gere,
E manda nisto como quer,
Sem estorvo...
Os tentáculos dessa escrita
Vêm na pena dum Janela,
E só comenta por ela
Quem a acredita!
Esses puristas da palavra
Do clube do regime,
Pr'a que nela nos ensine
Qu'a verdade salva...
Só critérios de verdade
Na sua partilha,
Que da cartilha
Há pluralidade!?
Papagaios do benfica
A gritar ao mesmo tempo,
Qu'o clube é isento
Da politica!?
E depois ver na tribuna
O primeiro e o ministro,
E na cartilha lá estar escrito
Que têm fortuna!?
C'o dinheiro da nação
Ali tão bem hipotecado,
E diz a cartilha que foi emprestado
P'la "Obrigação"!
Diz o gordo e o maçon,
O seu primo-candidato,
O Gobern e o Calado
De la même façon!
For'o resto dos escreventes
Que populam nas redações,
Que também recebem instruções
Coincidentes!
E em tanto correio-electrónico
Só se vêem "independentes",
E falam como dirigentes
No mesmo tónico!
Tanta pensante cabeça
Em seis milhões,
E é o janela que dá instruções,
À peça!?
É um novo Eça
O grande Janela,
E a crónica, por ela,
Vai na trigésima sexta!
Um longo rol
De verdades eloquentes,
E os benfiquistas contentes
No futebol!
"O Luisão
Foi imprevidente"...
O comentário coincidente
Na televisão!
É o "profissionalismo
Comunicacional",
Que na cartilha é plural
O "individualismo"!?
Cambada de hipócritas,
De paus-mandados,
Que nunca foram controlados
Nas suas mnemónicas!?
É o imenso polvo
Deste quintal à beira-mar plantado,
Que tem tudo arregimentado
Pr'a vencer de novo...
Estão mobilizados
Pr'a vencer o tetra,
E nem a cartilha descoberta
Os faz censurados...
Vão continuar a mentir
Como "independentes",
E lançar verdades inocentes
Pr'a nos iludir...
E ao Luisão
Dá-se a carta branca,
E o benfica arranca
Um qualquer do chão!
E aos gregos
Dá-se o salvo-conduto,
E s'o futebol é curto
Fecham-se os cinco dedos!
E se há castigo
Que lá incomode a Justiça,
Dá-se-lhes c'a premissa
Do artigo!
Lá vai o Meirim
Arvorar-se em juiz,
E dizer que, por um triz,
O lance foi no fim...
E isso não releva
Senão como lance normal,
E a justiça não é penal
Na regra!
E ao benfica a lei
Está abaixo do seu estatuto,
Por isso calha-lhe o indulto
Do rei!
O Eusébio,
Esse herói moderno!
Esse símbolo eterno
Do ébrio!
É assim que se vive
No reino da cartilha,
E isto é uma maravilha
D'Estado livre!
Respira-se democracia
No mundo da cartilha,
E o Janela é a Bastilha
Que se tomará um dia...
Se vencer este campeonato,
E não sendo crente,
Faço um voto clemente
Ao celibato!
Vou pr'o Mosteiro
Aprender a exegese,
E aprendo a catequese
Na cartilha do batoteiro!
E ainda me faço
Assessor diplomado,
E monto um negócio no Estado,
De aço!
Ou de sucata,
Ou um novo banco!
E arranjo um amigo com tanto,
Que m'o empresta!
E vou viver pr'a cidade-luz
Pr'a estudar da cartilha,
Aquela junt'a Bastilha,
E escrever a ponto de cruz!
E depois concorrer
Pr'o cargo do Mr. Burns-Papagaio,
E fingir que saio
A perder...
Como bom benfiquista
Vou par'o Dubai,
E da Emirates sai
O meu fogo-de-vista!
O meu patrocínio,
Dito milionário,
Porqu'o clube é corolário
Em tal domínio!
Esta mentira,
Mil vezes repetida,
Qu'a cartilha não é lida,
Nem nela se delira...
Esta gente é isto,
Um imenso polvo,
E não há nada de novo
Em tal registo...
É pois recitar
De novo a cartilha,
E esperar do karma a trilha
Que nos há-de ensinar...
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