Começo pelo
orgulho.
É muito
importante para um adepto sentir que o Porto é temido na Europa. Não é um
título, mas para alguns pode ser mais importante do que uma Supertaça ou uma
Taça da Liga.
Hoje em dia,
quando se lê num jornal espanhol, alemão ou inglês que a equipa X, Y, Z vai
jogar ao Dragão há sempre uma ideia que lhes espera problemas.
Basta pensar o
que se viveu naqueles 6 dias entre o Dragão e o Allianz Arena ou comparar a
calmaria e tranquilidade de José Mourinho em Alvalade no ano passado com um
Super Patricio a evitar a goleada e o ambiente de tensão que se viveu durante a
totalidade dos 90 minutos da passada terça-feira.
Quando subimos
as escadas do Dragão de acesso às bancadas pensamos sempre que é possível e que
ninguém passa fácil aqui.
Não é fácil
para uma equipa portuguesa adquirir esse estatuto.
Quando ontem
disputávamos o jogo palmo a palmo com o Chelsea pensei nisto. Podíamos ter
perdido porque o Chelsea jogou o suficiente para ter hipóteses de ganhar mas
estamos lá. Discutimos, somos competitivos, encostamos e somos encostados mas
sente-se sempre que no Dragão é duro passar.
Voltei a
sentir isso. Tenho orgulho nisso.
Despachado o
orgulho, vamos ao preconceito.
Começo pela constatação: Da grande
vitória ao colosso Bayern à queda do Chelsea passaram menos de 6 meses.
Continuo com a pergunta: Dos que a
conseguiram então, quantos repetiram ontem?
Maicon, Indi, Brahimi e Lopetegui.
3 jogadores e
1 treinador. Só estes ouviram o hino da Champions com a câmara a passar-lhes
pela cara.
É toda uma
equipa esventrada de alto abaixo. Foi uma outra equipa que teve que voltar a
lutar com uma equipa que lhe é inequivocamente superior e de mostrar que aqui,
no Dragão, é sempre duro.
Quem, com 2
equipas diferentes mas com o mesmo Porto, os mesmos adeptos e o mesmo Dragão
conseguiu erguer um 11 competitivo para discutir um jogo como este foi
Lopetegui.
Ele também era
o mesmo. Ele também sabe, ou alguém lhe ensinou, ou aprendeu connosco que isto
é importante para nós.
É aqui que
entra o preconceito. Leio, vejo e ouço que está tremido, pressionado e na corda
bamba.
Penso noutros
treinadores com contratos milionários, noutras épocas de Champions, noutros
falhanços de apuramentos, noutras perdas de estatuto, de orgulho, noutras
tacticas configuradas para nota artistica, para o volume ofensivo.
Lopetegui não
tem estatuto.
Lopetegui não
pode perder 3-1 em casa com o Dinamo de Kiev, sentar-se na cadeira de sonho de
outros e dizer: “A grande aposta é no campeonato.”
Não pode,
porque não seria perdoado se confessasse que aquele jogo perdido há minutos com
40 mil nas bancadas não era uma prioridade.
Não pode quer
tenha 5 pontos de atraso, quer tenha 5 pontos de avanço.
Relembro, que
Vitor Pereira foi contestado porque fazia fraca figura na Europa.
Há um claro
preconceito que muitos portistas têm com o seu treinador ao qual se somou a
ideia vendida, sussurada e até gozada que Lopetegui é um peso que a fabulosa
equipa e o fabuloso plantel tem que carregar.
Hoje, é um
dado adquirido para a opinião pública e publicada que se em Maio as coisas
correrem bem dir-se-á “Apesar de Lopetegui”.
Lopetegui não
é um grande treinador. Não é, mas pode ser. Não é, mas pode conquistar esse
estatuto aqui e connosco. Crescer aqui e connosco. Ganhar títulos para nós e fazer
curriculum graças a nós.
Há 2 tipos de bons treinadores:
1- Os
que fazem voar as equipas. Os que pegam num Paulo Ferreira e os vendem por 20 e
tal milhões, os que colocam Ricardos Fernandes a jogar olhos nos olhos com
Scholes e afins e que permitem que a soma do colectivo valha mais do dobro da
soma das individualidades.
Lopetegui não é desses. Pode vir a ser mas ainda não é.
Jorge Jesus é metade disso. É capaz de fazer individualidades mas
incapaz de criar um colectivo suficientemente forte para se bater com grandes
equipas em provas como a Champions.
2- Os
que impedem que a sua equipa se despenhe. Sabem que a casa tem buracos,
preocupam-se a estudar ao pormenor as fragilidades, pensam como atacariam os
pontos fracos se estivessem do outro lado e metem mãos à obra.
Toca a tentar esconder o que temos de mau porque estão a chegar visitas.
Os treinadores faz-tudo. Consertam a rede electrica, tapam buracos,
pintam, são taqueiros, tratam da canalização.
Toca o hino da Champions e o Homem está cansado no banco de tanto
conserto, de tanto tapa aqui e esconde acolá.
Acho que assim podemos competir,
pensará ele. Pensou bem.
Lopetegui é desses. Nestes jogos, ter um treinador que tenha essa
preocupação é muito importante e devia ser motivo de orgulho que vencesse o
preconceito.
O onze inicial
ilustra essa vontade de ter a casa em ordem. Preparados para receber o Chelsea,
com uma equipa totalmente nova, com um meio-campo de jogadores que nunca tinham
jogado juntos face a uma equipa consolidada, rotinada e de jogadores de estatuto
mundial.
Indi à
esquerda porque fecha bem por dentro e ajuda a esconder a debilidade do jogo
áereo.
Rúben e Danilo
porque temos que erguer uma parede para proteger a defesa.
André André à
direita porque ajuda no combate, vem para dentro e abre alas para Maxi.
Imbula mais à
frente para ter espaço para arrancar sem partir tão de trás.
E lá fomos
para a batalha.
A verdade é
que esta equipa de Setembro ainda é verde. Se tivermos o talento e a sorte de
voltar a chegar a Abril tenho a certeza que este Imbula, este Danilo e este
Rúben serão outros. Todos eles fizeram um jogão mas tenho a certeza que em
Abril poderão jogar menos com a equipa a jogar melhor.
Em 15 minutos
Casillas voltou a vestir a pele do Salvador do clássico com o Benfica e negou o
golo aos seus compatriotas Fabregas e Pedro. Neste último lance a parada é
similar à mitica defesa ao remate de Robben na final do Mundial de 2010.
A casa estava
arranjadinha mas a torneira pingava, havia uma tábua mal pregada e entrava água
pelo telhado.
O Porto vivia
muito do talento solista de Brahimi e Aboubakar para fazer umas faenas na
frente e do vigor e concentração de Rúben Neves, Danilo, Indi e Marcano para
manter a equipa de pé e a lutar.
Nos primeiros
20/25 minutos pareceu que ia ser curto. Seria, talvez, um Porto ligeiramente
melhor do que o Sporting que o Chelsea derrotou com facilidade mas um Porto
significativamente longe de nos poder fazer sonhar acordados com uma vitória.
Mourinho
também tinha estudado a lição. Toda a recuperação na defesa tinha ligação
directa com o ataque explorando a profundidade que Diego Costa dá e o
posicionamento duvidoso e o temperamento demasiado irrequieto da ala direita do
Porto.
Maicon andou a
apanhar bonés, Maxi a fazer de extremo direito e estava encontrada a divisão da
casa com a tábua a ranger e a torneira a pingar.
Casillas
segurou e o Porto recompôs-se. Passamos a dividir um tipico jogo de 0-0 sem que
nenhuma equipa mostrasse superioridade. Sentia-se que o Chelsea teria mais
argumentos mas o sentimento do Sporting de São Patricio desapareceu.
Aí Maxi
acelera com a bola nas mãos, Imbula acende uma lampâda que parecia estar
fundida e rasga o campo na horizontal até Brahimi.
Quando o
argelino recebe a bola ali, já nas imediações da grande área adversária e num
contexto de ataque mais rápido do que posicional estão reunidas as condições
para brilhar.
Ele sabe e
gosta de fintar, os defesas sabem que ele é bom a fintar e a ajuda ainda não
está devidamente posicionada para o obrigar a não ir para cima.
Brahimi para
cima de Ivanovic, Pedro ainda não totalmente preparado para evitar o duelo e
foi tarde demais para o Chelsea. Begovic ainda impediu mas o matador
profissional andava pela área. 1-0 caído do talento, da luta e do
mestre-de-obras.
O jogo manteve
o ritmo mas uma hesitação entre Rúben Neves e Imbula permitiu a arrancada de
Ramires que redundou no livre fatal. 1-1 ao cair do pano e justiça no marcador.
A 2ª parte é
diferente. Parece que ao imenso trabalho de esconde-esconde teórico que
Lopetegui faz antes destes jogos falta sempre qualquer coisa.
Ele tapa aqui
e esconde acolá pensando que a realidade vai ser assim ou assado.
Passados 45
minutos, vê a realidade e entende melhor o que deveria ou não ser camuflado. O
que está a mais ou a menos.
Foi assim
contra o Bayern em que passamos de um sufoco contínuo para uma discussão taco a
taco.
Foi assim
contra o Chelsea em que passamos de uma equipa a andar cambaleante e a lutar
incessantemente, para outra, personalizada, sem medo e afirmando os seus pontos
fortes de peito mais aberto.
Danilo e
Imbula cresceram enormidades. Estavam bem e ficaram óptimos para essa 2ª parte.
Devem começar
a jogar de forma tímida pensando que este é o Ramires, aquele é o Fabregas e
este é o Diego mas com o passar dos tempos eles virão apenas números. Marca o
7, manda abaixo o 4.
Despersonalizam
os adversários, tornando-os comuns e susceptiveis de serem olhados como iguais.
Sinto que as bolas são disputadas com outro vigor, o choque fisico com outra
convicção.
Passa a ser um
Porto-Chelsea como se fosse um Porto-Benfica. Podemos ser tão bons como eles.
Sucede o
milagre. Era capaz de jurar que por cada golo que o Porto marcasse de canto
teria sofrido uns 5 antes. A verdade é que Maicon marcou de canto numa jogada
improvável e Ivanovic falhou de forma flagrante num lance de passividade de
Casillas, infelizmente habitual.
Pelo meio
Diego Costa meteu uma bola no ferro e provou que não podia ser vista só como um
número na camisola.
De qualquer
modo, a 2ª parte, como no jogo com o Bayern, passou de forma mais célere e
menos sofrida ficando a sensação que em determinados momentos o 3-1 era bem
mais provável e justo do que o 1-0 parcial da 1ª parte.
Danilo,
Imbula, Rúben, André, Brahimi, Aboubakar. Todos eles, tiveram oportunidade de
assaltar a sério Begovic. Todos os médios tiveram liberdade e coragem para
meter medo ao Chelsea. Mourinho sentiu que se esticou demais na 1ª substituição
tirando Mikel por Hazard e ao ver a avalanche em direcção a Begovic corrige o
tiro e dá Matic ao jogo antes que fosse tarde demais.
Volta a entrar
o Mestre-de-obras em acção. A força do vento era demasiado forte e algumas
telhas e janelas precisavam de ser protegidas.
Se ao
configurar o onze Lopetegui quis garantir que o Porto lutava sem se despenhar
ao mexer do banco preocupou-se em não deixar o Chelsea voar.
O lado
defensivo mais fraco e mais procurado pelo Chelsea era o direito. Foi por aí o
reforço.
Quatro pernas
frescas para ajudar Maxi e Maicon. Evandro e Layun para que Hazard, Willian e
Azpilicueta não batessem as asas.
A 3ª substituição
é outra prova dessa preocupação. Todos sabíamos que vinha aí bombeamento. Todos
víamos que Brahimi estava de gatas.
O que fez
Lopetegui. Senta Corona e senta Tello que quem entra é o calmeirão Osvaldo.
Eles que
venham. Osvaldo, Aboubakar, Danilo, Indi, Maicon e Marcano devem chegar para as
encomendas, pensou ele.
Pensou bem.
Ivanovic subia devagarinho permitindo que Aboubakar tivesse vida para lá estar
e Osvaldo saltou muito ajudando defensivamente a equipa em momentos cruciais.
Temos que ter
orgulho nesta equipa que discute jogos palmo a palmo com tubarões europeus,
acabar com o preconceito que impede que se reconheçam os méritos do Mestre-de-obras
treinador e louvar a sua capacidade de com intérpretes diferentes, conseguir a
competitividade de sempre.
Análises Individuais:
Casillas - O MVP dos primeiros 45
minutos. Na altura em que a verdura do Porto tombava perante o poderio londrino
foi o guarda-redes que segura a equipa e lhe dá tempo (como na recepção ao
Benfica) para se reerguer.
Não
é o MVP da 1ª parte porque nos descontos deixou-se cair numa de 2 armadilhas.
Ou pela responsabilidade de armar a barreira e de assumir o posicionamento em
função do (in)sucesso em que ela é organizada ou por ter sofrido um golo
precisamente do lado da baliza que
estava a preencher. Tudo, sem se mexer.
Na
2ª parte volta o lance que nos arrepia a todos. Um golo de Ivanovic na pequena
área com Casiilas a meio caminho teria repercussões graves na sua relação com a
equipa e com os adeptos.
Esse
ponto é de tal forma fraco que só a sorte vai conseguindo disfarçar.
Fica
a sensação que Lopetegui se junta à sorte na armação do 11 e no perfil de
substituições que faz protegendo o seu redes que tem medo das bolas aéreas.
Maxi – O rei dos lançamentos laterais.
Chega a ser comovente ver como Maxi sprinta para o lançamento lateral tendo a
noção que é nos tempos mortos que se surpreende o adversário.
Na 1ª parte
desmarca Aboubakar com o Chelsea a dormir e só não faz o mesmo com André André
porque o caxineiro não entendeu que era para correr para o espaço.
Maxi é isto. O
lance do golo nasce de mais uma dessas pressas de não dar descanso ao jogo e ao
adversário e aproveitar cada migalha de espaço.
Enquanto a
equipa se espreguiçava em campo, Maxi foi o extremo direito que compensava a
menor apetência de André André para o negócio.
Na defesa teve
dificuldades sempre que Willian (melhor jogador do Chelsea) por lá andava mas
foi lutando com a abnegação e virilidade habitual.
Na 2ª parte
quando Mourinho atira a artilharia pesada Lopetegui vai em seu auxílio
colocando ajuda fresca do seu lado o que lhe permite terminar a partida com
saldo positivo.
Indi – Um grande jogo com apenas uma
falha grave quando está demasiado encostado à linha deixando o mundo de espaço
entre si e Marcano que Pedro Rodriguez aproveitou para obrigar Casillas à
defesa da noite.
Em tudo o
resto esteve muito bem. A enxotar tudo o que queria entrar pelo seu lado com
aquele ar de Chuck Norris e a ajudar muito a dupla de centrais no defender,
pressionar e na conquista de varias bolas aéreas na zona central.
“E tu querias conhecer os pássaros, voar
como Indi sobre os avançados”
Merece a
adaptação da música de Rui Veloso.
Para quem
critica o holandês pela tibieza no jogo aéreo, a partida com o Chelsea mostrou
o contrário.
A sua inclusão
no 11 foi uma jogada de mestre de Lopetegui. Muito bem.
Maicon – Vontade e capacidade física de
sobra e inteligência e capacidade posicional escassa.
Andou a
apanhar os bonés de Diego Costa na 1ª parte sem saber se dobrava Maxi ou perseguia
o seu adversário directo até ao infinito.
Aí, foi um
Marcano impecável, um Casillas intransponível e um Indi muito colaborante que
foram escondendo o Forrest Gumpismo de Maicon.
Na 2ª parte
marca um golo pleno de oportunidade e quando parece que se está a recompor saca
mais uma vez de um tesourinho deprimente ao atirar-se para o chão
desesperadamente visando um corte espectacular a Willian quando todo o Mundo
com o Curso de Nivel 0 de Treinador sabe que se há coisa que o último homem
deve fazer é manter-se de pé o máximo de tempo possível.
No assalto
final voltou a ser importante ao impor a sua presença física na disputa de
bolas aéreas.
Continua demasiado inconsistente para um
central capitão do FCP. Há espaço para acabar com isto?
Marcano – Até ao minuto 90 estava a ser
o MVP. Muito ligado ao jogo, atento a tudo e sem facilitar nada. Entendimento
perfeito do peso que é a decisão de se desposicionar e jogar em antecipação.
Vai com tudo, mantém-se de pé quase sempre e ou vai bola ou vai perna.
Dali, o adversário
não sai com bola.
Percebe também
o peso do jogo e não arrisca um milímetro quando pressionado.
Borrou a
escrita toda quando no último minuto de jogo está perante o Monstro Costa e
deixa bater a bola. Aí ,foi correr atrás do prejuízo e ficar à mercê da boa
visão do árbitro.
O árbitro não
viu mas todo o mundo viu que esse lance mancha de forma clara a exibição de
Marcano.
Danilo Pereira – O melhor jogador em
campo. O que esteve sempre presente na defesa e no ataque. O que não
ligou e desligou a luz estilo interruptor e o que durou o jogo todo sempre na
mesma intensidade.
Um jogo enorme
de presença física, de capacidade de disputa de duelos individuais, de
qualidade de passe e de chegada à área.
Danilo só peca
na expressão facial. Se abandonasse aquele ar de menino de escola e tivesse e
olhasse para os adversários com a face cangaceira de Indi meteria ainda mais
medo.
À medida que o
jogo foi avançando foi deixando os adversários para trás porque o seu ritmo foi
sempre o mesmo. Tanto, que foi o jogador do Porto que melhor defendeu na 2ª
parte e que mais perto do 3.º golo teve.
Rúben Neves – O jogo em que subiu 4
degraus na sua carreira com um salto só. Sinceramente, não o julgava ainda
competente para jogar como médio interior direito com grande espaço de
intervenção.
Neste último
ano Rúben ganhou massa muscular mas perdeu alguma agilidade. Contra o Chelsea
foi capaz de repetir índices de agressividade já testados em encontros
anteriores somando a capacidade para jogar à IO-IO e não se defender
excessivamente em 2 quadraditos de terreno onde pudesse brilhar com os passes
teleguiados.
Foi engraçado
ver o baixote envolvido naquela guerra com o queniano Ramires e os “etiopes”
Mikel, Imbula e Danilo.
Parecia
aqueles mundiais de 10000 metros quando vemos, a 2 voltas de fim, alguém que
foge ao estereótipo de potencial vencedor a dar água pela barba aos que
fisicamente lhe parecem superiores.
Rúben foi mais
que esse maratonista. Manteve a serenidade com bola que tanto tranquiliza as
bancadas. Nos momentos em que o rapaz de Mozelos recebe, se vira e levanta a
cabeça o Dragão expira. Vai sair dali qualquer coisa.
Compreensivelmente
não aguentou até aos últimos 400 metros da partida. A intensidade da partida e
o raio de acção a que foi obrigado é ainda demasiado forte para quem há pouco
mais de 1 ano não jogava mais de 80 minutos a um ritmo 20 vezes inferior.
Está no bom
caminho. Grandíssimo jogo.
Imbula – É o Brahimi dos médios. Se
joga demasiado atrás complica mais do que ajuda.
Dez passos à
frente e tem um mundo à frente. Contra o Chelsea, o que vimos foi o francês a
soltar-se, a mostrar a capacidade de arranque à Yaya Touré à qual adiciona um
drible curto e uma capacidade de protecção de bola bem acima da média.
Fez um jogo em
crescendo. Está no lance do 1.º golo quando passa a bola por um lado e vai
busca-la a outro antes de a endossar a Brahimi e está em todo o lado na 2ª
parte enchendo o campo e aproveitando a momentânea loucura de Mourinho quando
retira Mikel da partida sem fazer entrar Matic.
Imbula viola
de forma contínua a defesa do Chelsea e o Porto tem uma cavalgada de 10/15
minutos que só não mata o jogo por sorte.
A jogar assim
é indiscutível. Tem que jogar mais à frente para ser indiscutível.
André André – Missão ingrata. É o
Oliver de 2015/16 que quando os jogos apertam é desterrado para uma posição que
não é a sua.
Lopetegui deve
ter lido a análise que aqui fizemos à exibição de André André no jogo com o
Benfica. A forma como sabe sempre onde tem que estar, como tem que correr e
quem deve pressionar acaba por torna-lo indiscutível seja onde for e a ser um
concorrente perigoso para todo e qualquer titular seja ele extremo, defesa
direito ou esquerdo, médio ofensivo ou defensivo.
Rouba, aparece
sabe-se lá de onde para recargas oportunas, finge que anda a passo e arranca
descabelando a oposição. É e está um jogador de mão cheia. É o coração deste
Dragão.
Brahimi – É o Imbula dos avançados. Se
recebe a bola demasiado atrás complica mais do que desequilibra.
Contra o
Chelsea foi o líder do ataque. O porto de abrigo que todos os médios procuravam
quando era hora de alguém liderar a invasão à grande área londrina.
Brahimi foi o
de sempre. Corajoso, egocêntrico e auto-confiante que se entregou a todas as
batalhas nunca esmorecendo perante derrotas momentâneas.
A jogada do
1.º golo é brilhante. Depois do trabalho de Imbula o mago avança para Ivanovic
com a saliva a escorrer pelos dentes. “Bora lá fazer sangue.”
Fez. Dançou-o
para cá para lá, fez que ia mas não foi com Pedro e depois só Begovic podia
salvar se o omnipresente André por lá não andasse à espera de o fuzilar.
Na 2ª parte
continuou a destratar Ivanovic à bruta e sempre que o sérvio teve a
infelicidade de o ver receber a bola demasiado perto da grande área.
O medo de
fazer falta quando há proximidade à grande área associada à habilidade única do
argelino em não descolar a bola dos pés e à capacidade de arranque tornam-no no
pior dos inimigos para quem já não tem os rins de antigamente.
Uma equipa com
4 médios precisa que o desequilibrador desequilibre. Brahimi deu razão de ser à
tactica de Lopetegui.
Aboubakar - Bem!
Está um senhor 9. Jogou à Jackson Martinez e a forma como se movimenta e passa
faz mais lembrar os pontas de lança de toque e classe como Lewandowski e Van
Basten do que os africanos puro-sangue como Drogba, Eto'o.
Nem o adepto mais confiante esperaria isto.
Aboubakar baixa, distribui, obriga os centrais a
desmobilizarem ficando sempre sem saber se da cartola do camaronês vai sair uma
assistência ou um arranque pré-espancamento da bola.
Se afinar a mira é melhor sair da frente. Jogaço de um
jogador em plena forma.
Evandro - Pernas para que te quero! Entrou para ajudar
Maxi e conferir a frescura nas últimas 2 voltas à pista. Cumpriu.
Layun - Mais uma jogada de Lopetegui para tapar os buracos
da parede lateral direita da casa.
André André estava desgastado e o sósia mais próximo
sentado no banco ao nível de disponibilidade física e qualidade defensiva era
Layun. Cumpriu.
Osvaldo -
Entrada para reforço do poder aéreo da equipa. Em boa hora porque Osvaldo foi
precioso quando a aviação londrina apostou em sobrevoar a baliza de Casillas.
Ficha de jogo:
FC PORTO-CHELSEA, 2-1
UEFA Champions League, Grupo G, 2.ª jornada
Terça-feira, 29 Setembro 2015 - 19:45
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 46.120
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz.
Assistentes: Cebrián Devís e Díaz Pérez del Palomar; Estrada e Hernandez (adicionais).
Quarto Árbitro: Miguel Martínez.
FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Martins Indi, Danilo, Rúben Neves, Imbula, André André, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Osvaldo (86' Brahimi), Tello, Evandro (78' Ruben Neves), Corona, Layún (80' André André), Alberto Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.
CHELSEA: Begovic, Ivanovic, Cahill, Zouma, Azpilicueta, Mikel, Ramires, Fàbregas, Pedro Rodríguez, Diego Costa, Willian.
Suplentes: Blackman, Baba, Hazard (62' Mikel), Kenedy (73' Pedro Rodríguez), Matic (73' Ramires), John Terry, Loftus-Cheek.
Treinador: José Mourinho.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: André André (39'), William (45+2'), Maicon (52').
Disciplina: cartão amarelo a Martins Indi (19'), Marcano (25'), Cahill (41'), Azpilicueta (66'), Matic (79'), Danilo (82'), Imbula (89').
UEFA Champions League, Grupo G, 2.ª jornada
Terça-feira, 29 Setembro 2015 - 19:45
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 46.120
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz.
Assistentes: Cebrián Devís e Díaz Pérez del Palomar; Estrada e Hernandez (adicionais).
Quarto Árbitro: Miguel Martínez.
FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Martins Indi, Danilo, Rúben Neves, Imbula, André André, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Osvaldo (86' Brahimi), Tello, Evandro (78' Ruben Neves), Corona, Layún (80' André André), Alberto Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.
CHELSEA: Begovic, Ivanovic, Cahill, Zouma, Azpilicueta, Mikel, Ramires, Fàbregas, Pedro Rodríguez, Diego Costa, Willian.
Suplentes: Blackman, Baba, Hazard (62' Mikel), Kenedy (73' Pedro Rodríguez), Matic (73' Ramires), John Terry, Loftus-Cheek.
Treinador: José Mourinho.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: André André (39'), William (45+2'), Maicon (52').
Disciplina: cartão amarelo a Martins Indi (19'), Marcano (25'), Cahill (41'), Azpilicueta (66'), Matic (79'), Danilo (82'), Imbula (89').
Por: Walter Casagrande
3 comentários:
enorme análise a (mais) uma noite de glória do nosso clube do coração.
abr@ço
Miguel | Tomo III
Gostei muito do texto, como sempre.
Por favor continue a brindar-nos com pérolas como a da face cangaceira do Danilo à lá Indi.
BMS
Muito boa análise, parabéns.
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