quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Omertà


OMERTÀ!

Tem-se o silêncio, por regra
Onde ving’a “Omertà”!
Por Itália, não por cá,
Nesta justiça qu’é cega!

E niss’o silêncio valida
Tod’a regra social,
E cobre-se o bem c’o mal
Como sentença de vida!

E nessa regra, o jogo
Tem memória já longínqua…
E não há prova ingénua
Que lá baralhe o povo!

O que é, é o que parece,
Com’uma prova final…
E s’o silêncio é crucial,
Se há quem fala, arrefece…

É uma moda da máfia
Pr’a se valer contr’o Estado,
E niss’o povo é sondado
Pr’a s’escudar contr’a ráfia!

É um costume antigo
Valerem-se uns pelos outros,
Pois qu’eles muitos, são poucos,
Contr’o Estado, inimigo….

E aí s’entende essa regra
Como defesa da causa,
Mas o silêncio é náusea
Se na defesa se nega!

Pois perant’a evidência
Dessa pronta acusação,
Se não há uma negação,
É presumid’a inocência?

Pois aberta essa caixa
C’os convites em aberto,
O silêncio está coberto
No rescaldo dessa queixa?

Percebe-s’o desconforto
Nesta caixa de “Pandora”,
Cuja oferta não é d’agora…
Neste silêncio de morto!?

Sabendo-se dos convites
Para essas jantaradas,
Que somadas as jornadas…
Nisso não viram limites?!

Pois até a Comissão
Sempre pródig’a nomear,
Já contava c’o jantar
Para tod’a delegação!!

E nisso não via óbice
Par’o bem ajuizar…
Não foss’o silêncio durar
Neste caso, como cúmplice!

Coisa pouca, nos convites
Conhecidos na arbitragem!
Pois que nist’a malandragem,
Em silêncio, ficam quites!

Mas na prova de denúncia
Do “presidente sem medo”,
Já se sabe qu’o “segredo”
Não resultará em renúncia….

Pois quem espera condenado
O clube do regime,
Que pr’a ele não há crime
Que esteja tipificado!?

E quem ousa dar sentença
Ou mesmo voz de prisão,
A alguém da “instituição”…
Quanto mais da presidência?!

A não ser ao “motorista”
Apanhado em flagrante,
Como sendo traficante…
Coisa antes nunca vista!?

E s’a lei do silêncio
Só lá viu um criminoso,
Há qualquer acto doloso
Num jantar à “Inocêncio”?

E ainda qu’o convite
Seja extenso a mais quatro…
Por cada um, é barato!!
Quem se corrompe por vinte?!

Não há pois nexo causal
Que prove a corrupção
Num convite ao “Damião”…
Quanto mais à “Catedral”!!


Por: Joker

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