Triplete!
Que grande triplete
Que se serviu de polvo,
E que gáudio vai no povo
No que lhes compete!
Até o Costa se serviu
De mais um filete,
E o qu'ele gosta do triplete
C'o arroz à "Diu"!
É tudo à fartazana
Na casa do povo,
E assim se serve polvo
Semana após semana!
Ai, um triplete,
Mas nacional!?
Qu'o polvo fora de Portugal
Não compete...
Mas se competisse
Como nos anos sessenta,
Ninguém tinha mais venta
Qu'ali se visse!?
S'o povo ganhasse
Um triplete a sério,
Acabava-se c'o mistério
Do "erro da classe"...
Aí sim, o polvo,
Servia um belo arroz!
E já nenhum de nós
Duvidada, de novo...
O polvo era campeão
Da Europa!
Mas aí, a batota,
Requer internacionalização!
E d'aviário,
Os "nossos internacionais",
Lá não decidem jogos iguais
Ao contrário!?
E aí o polvo encarnado
Já não faz triplete,
Porque ninguém lhe faz frete
Na desculpa à apito dourado...
Ali o Meirim
Não trata dos processos,
E ali eles são suspensos
Sem c'o jogo chegue ao fim!!
Ali não há contemplações
C'o seu passado "ilustre",
E por muito que lhes custe
Executam-se as expulsões!!
Ali o Luisão
Era expulso na hora,
E o jogo ao fim d'uma hora
Dava outro campeão!!
Ali não não se faz vista grossa
Ao cartão!!
E o Pizzi tem a suspensão
Quando mete o pé na poça...
Ali não há Capelas,
Ferreiras, Xistras, Ferraris,
Tiagos, Rolas, Duartes,
Pr'o jogo às três tabelas!!
Eu se foss'ao Porto
Jogava "só" pr'a Europa,
Qu'o polvo por batota
Aqui ganha sem estorvo!
E fazia por juntar
Uma oitava taça,
E lá mostrar à "raça"
Aquilo qu'é ganhar!!
Qu'o cefalópode
Há mais de meio século,
Não sabe o qu'é o mérito
De ganhar fora de metrópole!!!
Na capital do império
Ele é o grande vencedor!
Mas lá for'o andor
Não tem o mesmo critério!?
E o que dizer
Deste triplete?
É mais um filete
De verbo d'encher!
É a propaganda
Do Regime Nacional,
Pois qu'aqui em Portugal
É o polvo qu'abunda!!
É só ver a banca
E o seus saldos negros,
E ver os nossos empregos
Metidos na tranca!
Qu'os nossos impostos
Servem pr'a alimentar,
Esta gente tentacular
Nos seus gostos!
O polvo tudo prende
Nos seus tentáculos,
E tudo conflui nos mesmos actos
Ond'o dinheiro rende!
"É só seguir o dinheiro" -
Como diss'o "garganta funda" -
E ver ond'o mesmo abunda!
"Porqu'o dinheiro não tem cheiro"...
E se lá tresanda
No travo a "bilião",
É o polvo que faz a gestão
Como quem manda!
Estamos entregues ao bicho
"Inteligente",
O polvo é esta massa de gente
Em tal nicho!
A dos vouchers, dos bilhetes,
Dos media, da Fundação,
Este Estado sem nação,
E este polvo de filetes!
Esta gentalha que s'exortava
Contr'a promiscuidade futebol/política,
E qu'agora já não vê trica
Numa outra bancada!?
É o triplete polvilhado
À APAF e ao Conselho,
A qu'o Estado Novo velho
Se junta por Zé do Telhado!
As insígnias vencedoras
Anunciam longo "reino",
Pois qu'o polvo já está em treino
Nas modalidades amadoras!!!
E nos empréstimos a quilate
Aos clubes da sua alçada,
E as compras d'atacada
Nem dão empate!
Pr'o ano há mais
Qu'a Morgado está de sabática,
E o crime nunca tem prática
A não ser que saia nos jornais!?
E s'o Orelhas
Lá nunca é visado,
É porque nunca foi procurado,
Nem se lhe fizeram buscas às telhas!
É o triplete!
E o país está em festa!
E agora só nos resta
Qu'o polvo nos dê manchete...
Mas é melhor esperar
Sentado,
Porqu'o polvo encarnado
Nunc'o mandará publicar...
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