quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CALDO ENTORNADO


Do Esquiça, a taberna,
Tem na vitela petisco,
E o ambiente promíscuo
No zurzir de caserna


Lá lhe advém da fama
De servir com consciência,
Com total beneficência
De prato, banho e cama!

Pois no bem servir
Está o seu segredo,
E lá ninguém tem medo
Do que se possa ouvir…

Pois quem é honrado
No que ali se presta,
Não passa de bestial a besta
P’lo caldo entornado…

E por mais qu’evidente
Que se not’o roubo,
(Que por lá nem é novo,
De tão frequente!)

Tem-se por tranquilo
O dono da tasca,
Mesmo qu’esteja à rasca
P’la fama do filho…

Pois que da costela
Sobressai o vínculo,
E ele só serve tinto
De mistela…

Qu’ali por Fafe
Não há outro igual,
E não serve mal
O glorioso staff!

Seja a pedido
Ou no prato-do-dia,
Quem não o saberia
Já com(et)ido?

Pato à Ferreira!
Que especialidade!
E que liberalidade
Em tal garrafeira!

E tudo bêbado
P’lo carrascão,
Já mete a mão,
Depois do dedo…

Que comensal
Ali por Fafe,
Que só por gaffe
Não há voucher igual!

Qu’a Catedral
Perto do Esquiça,
É da mula riça!
De tal tão frugal…

Servir à grande
Igual ao Ferreira?
Nem em Paços ou Moreira,
Há quem o desmande!

E comer à farta
Como lá se quer?
Venha quem vier
Qu’o Ferreira (é) marca!

Que não deixa crédito
Lá por mão alheia…
Pois nist’o Ferreira
Tem mérito!

É duma previsão
Nos seus cozinhados,
Que só aos convidados
Se dá por escanção…

Pois a quem chegar
Que seja de fora,
Já não se demora
A servir manjar!

Qu’ele fecha cedo
A sua cozinha,
E quem adivinha
Qu’estava com medo!?

Que chamou a polícia
Ali à taberna,
Pois passar a perna,
Dá notícia!

E vendo clientes
Que não são da cor,
A querer o “andor”
Em tais pratos quentes…

Sentiu-se acossado
E em insegurança,
E lá pediu temperança
P’lo caldo entornado…

E vendo coacção
Por não ter serviço,
Acabou sumiço
Como qualquer ladrão…

E na segurança
Da guarda privada,
Segue mais uma jornada
De pura confiança…

Vai outro cozinheiro
Agora a Belém,
Que não há mais ninguém
Que saiba de fumeiro!

Que pois d’enchidos
O Capela é pródigo,
E por sentido lógico
Já estamos comidos…

E depois é vê-lo
A encher chouriços,
E a bulir serviços
Que se negam sê-lo!

Que s’Os Pasteis
Abrirem as pernas,
Como há umas semanas…
Lá serão mais seis!

Mas se cozinharem
A coisa bem feita,
O Capela ajeita
Modo de ganharem….

E ao ver o Tiago
Ali p’lo Berço…
P’lo sporting rezo,
Qu’o almoço está pago!!

Por: Joker

6 comentários:

Jorge Vassalo disse...

Como sempre, fantástico!

Abraço

Unknown disse...

Obrigado, caro amigo!

Forte abraço!

Joker

Armando Pinto disse...

Vou partilhar no facebook. Posso? Isto merece.
Armando Pinto
(Memória Portista)

Anónimo disse...

De se lhe tirar o chapéu, grande prosa! O Ferreira de Fafe parte da "confraria do manto protector", esconde-se pois a consciência pesa-lhe.

Um abraço,
BluePunisher

Bruno Pacheco disse...

Muito bom. Vou partilhar

Unknown disse...

Caríssimos,

A partilha deste espaço e da modesta prosa deste vosso autor, é uma honra para todos e cada um dos seus autores.

Muito obrigado pelas vossas palavras!

Abraço,

Joker

>