Do Esquiça, a taberna,
Tem na vitela petisco,
E o ambiente promíscuo
No zurzir de caserna
Lá lhe advém da fama
De servir com consciência,
Com total beneficência
De prato, banho e cama!
Pois no bem servir
Está o seu segredo,
E lá ninguém tem medo
Do que se possa ouvir…
Pois quem é honrado
No que ali se presta,
Não passa de bestial a besta
P’lo caldo entornado…
E por mais qu’evidente
Que se not’o roubo,
(Que por lá nem é novo,
De tão frequente!)
Tem-se por tranquilo
O dono da tasca,
Mesmo qu’esteja à rasca
P’la fama do filho…
Pois que da costela
Sobressai o vínculo,
E ele só serve tinto
De mistela…
Qu’ali por Fafe
Não há outro igual,
E não serve mal
O glorioso staff!
Seja a pedido
Ou no prato-do-dia,
Quem não o saberia
Já com(et)ido?
Pato à Ferreira!
Que especialidade!
E que liberalidade
Em tal garrafeira!
E tudo bêbado
P’lo carrascão,
Já mete a mão,
Depois do dedo…
Que comensal
Ali por Fafe,
Que só por gaffe
Não há voucher igual!
Qu’a Catedral
Perto do Esquiça,
É da mula riça!
De tal tão frugal…
Servir à grande
Igual ao Ferreira?
Nem em Paços ou Moreira,
Há quem o desmande!
E comer à farta
Como lá se quer?
Venha quem vier
Qu’o Ferreira (é) marca!
Que não deixa crédito
Lá por mão alheia…
Pois nist’o Ferreira
Tem mérito!
É duma previsão
Nos seus cozinhados,
Que só aos convidados
Se dá por escanção…
Pois a quem chegar
Que seja de fora,
Já não se demora
A servir manjar!
Qu’ele fecha cedo
A sua cozinha,
E quem adivinha
Qu’estava com medo!?
Que chamou a polícia
Ali à taberna,
Pois passar a perna,
Dá notícia!
E vendo clientes
Que não são da cor,
A querer o “andor”
Em tais pratos quentes…
Sentiu-se acossado
E em insegurança,
E lá pediu temperança
P’lo caldo entornado…
E vendo coacção
Por não ter serviço,
Acabou sumiço
Como qualquer ladrão…
E na segurança
Da guarda privada,
Segue mais uma jornada
De pura confiança…
Vai outro cozinheiro
Agora a Belém,
Que não há mais ninguém
Que saiba de fumeiro!
Que pois d’enchidos
O Capela é pródigo,
E por sentido lógico
Já estamos comidos…
E depois é vê-lo
A encher chouriços,
E a bulir serviços
Que se negam sê-lo!
Que s’Os Pasteis
Abrirem as pernas,
Como há umas semanas…
Lá serão mais seis!
Mas se cozinharem
A coisa bem feita,
O Capela ajeita
Modo de ganharem….
E ao ver o Tiago
Ali p’lo Berço…
P’lo sporting rezo,
Qu’o almoço está pago!!
6 comentários:
Como sempre, fantástico!
Abraço
Obrigado, caro amigo!
Forte abraço!
Joker
Vou partilhar no facebook. Posso? Isto merece.
Armando Pinto
(Memória Portista)
De se lhe tirar o chapéu, grande prosa! O Ferreira de Fafe parte da "confraria do manto protector", esconde-se pois a consciência pesa-lhe.
Um abraço,
BluePunisher
Muito bom. Vou partilhar
Caríssimos,
A partilha deste espaço e da modesta prosa deste vosso autor, é uma honra para todos e cada um dos seus autores.
Muito obrigado pelas vossas palavras!
Abraço,
Joker
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