Realidade paralela
Tem-se a "verdade desportiva"
Na pena de jornalistas,
Nist'os maiores moralistas
Na sua associação corporativa!
Que não relevando factos
Mas tão somente tendências,
Vendem notícias por crenças
Nos seus arregimentados pactos!
Não despem a camisola
Na sua assunção d'ética,
E fazem da notícia a prédica
No mundo da bola!!
Gritam vivas ao golo
Ali no camarote d'imprensa,
E invectivam tod'a imensa
Massa adepta no seu dolo!
Crêem-se impunes nos seus actos
Por acreditação jornalística,
E gritam a peça populista
Pr'a tantos ouvidos fracos!!
São jornalistas de rádio,
Correspondentes d'Agências,
E não querem ter audiências
Ali de dentro do estádio...
Aqueles qu'ali estão
A presenciar outro enredo,
Não os suportam por medo
Na enviesada transmissão!
E não lhes bastando vibrar
No golo tão festejado,
É no relato "encarnado"
Qu'o "jornalista" é "popular"!!
E se nisto apupado
Por quem lá vê outro jogo,
Respond'o "jornalista" ao povo
Qu'ele é que está acreditado!!?
Acreditado - d'alto grita -
C'o seu cartão na lapela,
E da rádio, sabe-se ela,
Uma estação qu'acredita!
Uma estação lisboeta
Com transmissão nacional,
Quer dar um relato plural
Com tal voz e caneta?
Querem-se "jornalistas"
Em tal desígnio lampião,
Que não resiste a estação
A tais "cronistas"!
E nisto vem o sindicato
Defender essa "carteira",
Porqu'ao jornalista a carreira
Dá um bom relato!?
E sempre imaculados
Nessas páginas desportivas,
São os jornalistas escribas
Apenas de factos!?
Deixa-me rir, sindicato,
Da defesa corporativa!
A verdade desportiva
É pr'a vocês um biscato!
Até as prostitutas
Se vendem por maior valor,
E tem o "jornalista" o honor
Das verdades absolutas??
Ninguém dá maior chancela
Ao ladrão lá visto em jogo,
Do qu'um "jornalista" pago
Em tal bagatela!
E pode roubar o ladrão
As vezes que nisso queira,
Que tod'a falta é corriqueira
Na dita transmissão!!
A onda, é certo, é curta,
Pr'a tal expansão nacional,
Mas onde cheg'a Portugal
É "verdade absoluta"!!
Por iss'os "jornalistas"
São nisso com'os árbitros,
E neles todos os maus hábitos
Corporativistas!
E podem mentir e ofender,
Roubar e adulterar,
Que nada se lhes pode apontar
Porque nunca podem perder...
Mas perdaram tal partida
Ganha à bomba,
Qu'aos "jornalistas" a tromba
Foi transmitida!
Estavam de queixo caído,
Depois do punho no ar!
E nem o árbitro fez parar
Um Porto (re)erguido!!
Todo um estádio em ebulição
Contr'a gatunagem,
E passava-se a mensagem
Da resignação!?
A realidade virtual
Que nos dão os mass media,
É a nossa a maior tragédia
Nacional...
Vendidos a diversos grupos
Ainda se dizem jornalistas,
E em laivos corporativistas
Querem-se com escrúpulos!?
E s'o económico determina
Os ditames d'emissão,
"O clube na nação"
É a maior mina!
Por isso é desvirtuar
Quem s'arremeda a lutar,
Não vá o Porto ganhar
E a "media" nisso não lucrar...
Que como diri'o Mexia,
O benfica campeão
É o negócio da nação,
E do salto na economia!!
O relato radiofónico
Já não é aquilo qu'era,
E quem s'imagina em tal era
Do "período babilónico"?
Quando aqui ainda reinava
Nabucodonosor,
E tod'o rádio-amador
Só transmiti'a (sua) palavra?
Sem Tv policromática
Pr'a lá ver ganhar o benfica,
E só na peça "jornalística"
Se percebia tal táctica!?
Ahh, com'o tempo mudou,
Agora que tudo se vê!
E o "jornalista" ainda se crê
Naquilo que lá relatou!?
Sim, foi ao "petardo"
Contr'a "verdade desportiva"!
E que tal verdade não sirva
Ao futebol jogado
Transmite-se a radionovela
Pr'a se dar um outro enfoque,
Pr'a qu'o benfiquista aprove
A realidade paralela...
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