O Estado Lampiânico
Bem sei qu'a expressão não é original,
Na propriedade do Pina,
Mas o que dela s'ensina
Do mundo em Portugal?
Que há Estado dentro do Estado
Pr'a nisso vingar uma ideologia,
Que nisto é uma "teologia"
Do "sagrado"!
Uma ideia ditatorial
Que nos está enraízada,
Porque então foi declarada
Como ideal!
Um Estado "Novo"
Numa nação antiga,
E nessa reforma tod'a fadiga
Dum povo...
Manientado, analfabeto,
Crente em "milagres",
Toma dos "padres"
Um velho decreto!
Come e cala,
E aceita o desígnio,
Este é o teu destino,
Antes "Deus" qu'a bala!!
E o ditador,
Um ex-beato,
É mais cordato
Na voz do "Senhor"!
E nisto implanta
Um "Novo" Estado,
E ao povo é "dado"
Obra qu'encanta!
E uma fé
Irredutível,
E um clube "invencível"
Da "Santa Sé"!
Um "Estado Novo"
Com francos ideais,
E outros "Portugais"
Num mundo coevo...
E tod'o um povo
Preso na crença,
Que lhe é pertença
O "Estado Novo"...
E nist'o benfica
Por adesão ideológica,
Na necessidade antropológica
Qu'o "beatifica"!!
O "clube do povo"
Ganha adeptos,
E lançam-se projectos
Pr'a chegar ao topo!
Há favorecimento
Institucional,
E tod'o "Portugal"
Quer o seu "aumento"!
Cresce o "benfica"
Por imposição,
E há um campeão
Que unifica!
E nist'os "Eusébios"
Já são desviados,
Porque estão destinados
Aos subúrbios...
Ali a Carnide,
Ou mesm'a benfica,
Porque isso qualifica
A urbe!
E neste "Estado"
Andámos por décadas,
E crescemos nas metas
Do regime trocado...
Mas a mentalidade
Reina sobr'a história,
E não há disto memória
De tal "irmandade"!?
O Estado Lampiânico
Vinga sobr'o "laico",
Pois nist'o prosaico
Foi um "Deus" tirânico!
Um velho jarreta
Ainda idolatrado,
E um antigo Estado
Todavia proveta...
Esta sensação
Que são maiores qu'a pátria,
É a coisa mais pária
De tal preposição!
São sim "gloriosos"
Em tal estado d'alma,
E vai-se-nos a calma
Em tantos abusos...
Tantos benefícios
Dados p'lo regime,
E veem um crime
N'outros, por fracos indícios...
Calabotes, Rolas,
Almeidas e Paixões,
Capelas, Ferreiras,
Henriques, Duartes, Joões...
É o que se queira
No Estado lampiânico,
E no "jornalismo" balsâmico
Desta roubalheira!!
É vê-los dissertar
Sobre "bolas na mão",
E perceber a razão
Da velha arte de julgar...
Em causa sua
Apit'o Rola,
E ali n'a Bola
O Delgado adula!
E ali vai o paquiderme
Falar no "Prolongamento",
Qu'o ombro tem aumento
Ao longo da derme...
E não há "mãos na bola"
Contr'o regime,
Porque quem defne o "crime"
É o Rola!
E o "major"
Já reformado,
Todo ele encarnado
No seu "Estado maior"!?
Ou então o João
"Pode ser"!
Qu'agora tem mais poder
Pr'a julgar a "mão"!?
E ainda o Duarte,
Pr'o rigor da ética!
Ele que tinha métrica
Pr'a desfazer tod'o empate!
Qu'a última "sanção"
Já é efeméride,
Pois quem o marca incide
Na sua despromoção!
Não é, ó Marco?
Já foste despromovido!
E s'agora és ouvido
É porque já não partes um prato!
Tens-te convidativo,
E politicamente correcto,
E no sinal aberto
Ficas ainda mais divertido!
Em parelha c'o Rola
E c'o Leirós,
Não ficas a sós,
A dar-nos "bola"!
É o Estado lampiânico
Em tod'o seu esplendor,
Que nem lhe falta andor
Messiânico!
D. Sebastião
Na pele do Orelhas,
E um país d'ovelhas
À espera d'aparição!!
Milagre!!
Pénalti contr'o benfica!!?
Em quem nisto acredita
Senã'o "santo padre"?!
E é-se beatificado
Ali no Panteão,
O herói da nação,
Do Lampiânico Estado!!
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