terça-feira, 3 de novembro de 2015

Tráfico



Tráfico

Tem-se por utopia
Esse ideal,
De se ser tudo igual
Em Democracia…

Essa igualdade
Não é absoluta,
Mas tão só conduta
Pr’a tod’a sociedade…

Ond’o homem rico
S’equivala ao pobre,
Quando se descobre
O valor críptico…

E nessa riqueza
Se lhe not’o fraco,
Pr’a meter pr’o saco
Um voucher de mesa…

Cá p’la Europa
A coisa é branda,
Pois nisto quem manda
Só oferece sopa!

Outro sitios há
Em qu’a “Catedral”
Era o local
Desse “Deus dará!”

Qu’a Democracia
Como valor supremo,
Nesse próprio inferno…
Er’o que se queria!

E nela mandava
Não o próprio Estado,
Mas o “atentado”
A quem não concordava…

E no Estado, o narco
Construíra a prisão,
Da própria nação!!
Como send’um marco!

Pois nele mandava,
Pr’a s’aprisionar!
E continuar a lucrar,
No que “exportava”…

O valor da droga
Dotava-o de poder,
E só podia perder
Nesse frio da cova…

E por exaurido
Esse mesmo Estado,
Viu-se confrontado
P’lo seu “arguido”!

E sem mais opção
Teve que lutar!
Sem sair a lucrar
A cada nova explosão…

Mas no fim, venceu!
P’la Democracia…
E há nisto analogia
Desse Inferno ao Céu?

Pois que democratas
Há muito qu’o somos,
Mas no que nos tornamos
Sendo nisto “hipócritas”?

Di-lo sem pudor
O comentador “Guerra”,
Pois qu’ele não erra
Como “embaixador”

Desse bons costumes
Em fracas oferendas,
Cujas boas prendas
Criaram azedumes…

Pois que digeridas,
Nessa congestão!
Não há conclusão
Se foram oferecidas?!

E se se prova
Essa boa prática,
Como democrática!
Quem isto reprova??

Manda pois quem pode
No país “cortês”,
Qu’isto vai à vez
Até que se descobre…

E mesmo isso sabido,
Não se passa nada!
Pois quem vê jogada
Num prato oferecido?

Mesm’a quadruplicar
No voucher a cada um!?
Quem vê nisto atum
Por um belo manjar?

É a Democracia…
Feit’a Portuguesa!
O vinho sobr’a mesa,
E na “pobreza”, alegria!

Mas pr’a hipocrisia,
Prefiro outro lugar!
Mil vezes o Escobar
Qu’esta Democracia…

Pois para mafioso,
Tinha d’ética réstia,
E não grassa modéstia
De ser um “glorioso”…

Era apenas “el patrón”,
Bandido assumido!
E o producto vendido
Não vinha c’o “garçon”…

Porque par’o próprio,
Almoços gratuitos,
Mesmo sendo muitos,
Era mau pr’o negócio…

E isso contrastava
C’a sua política,
C’a via pacífica…
Er’a via armada!

E nisto esconder
Aquilo qu’é óbvio,
E não é grande encómio
Por assim parecer…

Há que assumir
Esse gosto inato,
De pagar-se o prato
Sem-se prostituir!

Pois ao traficante
Não basta fazer!
Tem que parecer
Que vende bastante…

E não s’oculta
Num voucher escondido,
O prato oferecido
Por coisa sem culpa…

E não é disso, bufo!
Pois quem cala, consente!
E nisto quem mente,
Se nega esse trunfo?

E se por coisa menor,
Se toma esse prato!
Há nisto um “narco”
Ou um crime d’andor?

É pois democrático,
Tomar-se por cortesia,
O que toda a “mafia”
O toma por tráfico???

Por: Joker

    O autor, aqui como noutro poemas, permite-se algum exagero de expressões para dar força e acutilância às suas ideias. Não há nada pior, pois, que um Estado governado por narco-traficantes…


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