Tráfico
Tem-se por utopia
Esse ideal,
De se ser tudo igual
Em Democracia…
Essa igualdade
Não é absoluta,
Mas tão só conduta
Pr’a tod’a sociedade…
Ond’o homem rico
S’equivala ao pobre,
Quando se descobre
O valor críptico…
E nessa riqueza
Se lhe not’o fraco,
Pr’a meter pr’o saco
Um voucher de mesa…
Cá p’la Europa
A coisa é branda,
Pois nisto quem manda
Só oferece sopa!
Outro sitios há
Em qu’a “Catedral”
Era o local
Desse “Deus dará!”
Qu’a Democracia
Como valor supremo,
Nesse próprio inferno…
Er’o que se queria!
E nela mandava
Não o próprio Estado,
Mas o “atentado”
A quem não concordava…
E no Estado, o narco
Construíra a prisão,
Da própria nação!!
Como send’um marco!
Pois nele mandava,
Pr’a s’aprisionar!
E continuar a lucrar,
No que “exportava”…
O valor da droga
Dotava-o de poder,
E só podia perder
Nesse frio da cova…
E por exaurido
Esse mesmo Estado,
Viu-se confrontado
P’lo seu “arguido”!
E sem mais opção
Teve que lutar!
Sem sair a lucrar
A cada nova explosão…
Mas no fim, venceu!
P’la Democracia…
E há nisto analogia
Desse Inferno ao Céu?
Pois que democratas
Há muito qu’o somos,
Mas no que nos tornamos
Sendo nisto “hipócritas”?
Di-lo sem pudor
O comentador “Guerra”,
Pois qu’ele não erra
Como “embaixador”
Desse bons costumes
Em fracas oferendas,
Cujas boas prendas
Criaram azedumes…
Pois que digeridas,
Nessa congestão!
Não há conclusão
Se foram oferecidas?!
E se se prova
Essa boa prática,
Como democrática!
Quem isto reprova??
Manda pois quem pode
No país “cortês”,
Qu’isto vai à vez
Até que se descobre…
E mesmo isso sabido,
Não se passa nada!
Pois quem vê jogada
Num prato oferecido?
Mesm’a quadruplicar
No voucher a cada um!?
Quem vê nisto atum
Por um belo manjar?
É a Democracia…
Feit’a Portuguesa!
O vinho sobr’a mesa,
E na “pobreza”, alegria!
Mas pr’a hipocrisia,
Prefiro outro lugar!
Mil vezes o Escobar
Qu’esta Democracia…
Pois para mafioso,
Tinha d’ética réstia,
E não grassa modéstia
De ser um “glorioso”…
Era apenas “el patrón”,
Bandido assumido!
E o producto vendido
Não vinha c’o “garçon”…
Porque par’o próprio,
Almoços gratuitos,
Mesmo sendo muitos,
Era mau pr’o negócio…
E isso contrastava
C’a sua política,
C’a via pacífica…
Er’a via armada!
E nisto esconder
Aquilo qu’é óbvio,
E não é grande encómio
Por assim parecer…
Há que assumir
Esse gosto inato,
De pagar-se o prato
Sem-se prostituir!
Pois ao traficante
Não basta fazer!
Tem que parecer
Que vende bastante…
E não s’oculta
Num voucher escondido,
O prato oferecido
Por coisa sem culpa…
E não é disso, bufo!
Pois quem cala, consente!
E nisto quem mente,
Se nega esse trunfo?
E se por coisa menor,
Se toma esse prato!
Há nisto um “narco”
Ou um crime d’andor?
É pois democrático,
Tomar-se por cortesia,
O que toda a “mafia”
O toma por tráfico???
Por: Joker
O autor, aqui como noutro poemas, permite-se algum exagero de expressões para dar força e acutilância às suas ideias. Não há nada pior, pois, que um Estado governado por narco-traficantes…
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