segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Acordou!


Tem-se por desperto,
O nosso Dragão!
E tod’o lampião
Boquiaberto…

Uma nova era
Desvend’a penumbra,
E donde jaz a sombra
Sobressai a cólera!

Que nessa labareda,
Há fogo e chama!
E se alguém reclama
Porque não s’arreda?

E não fica em casa,
Ou muda de lado!?
Já qu’o encarnado
Até levant’a asa?

E s’até disputa
O jogo c’o Dragão!?
Junte-se à “nação”
Nessa nova luta!!

Têm bons motivos,
E um nome: Vitória!
E tod’uma história,
Por recreativos!

Que nisto, acusar
O árbitro da derrota!
Como se fosse batota…
Tem que s’apoiar!

Já que quem não vê,
Como limpa, a vitória!
Junte-se ao Vitória
Sem saber porquê!

Ah, é então do Lope,
Que s’apont’o dedo?
Que neles o medo
É qu’o Porto sobe!?

Querem ter razão
Contr’as estatísticas,
E contr’as políticas…
Sempr’em negação!?

Que não podem ver
Qu’o Dragão está vivo!
E qu’isso é motivo
Pr’o querer perder?

É do treinador
Toda esta desgraça!?
Qu’o Porto já passa
Até por ter andor??

E havia qu’expulsar,
Claro, o Pereira!
Foi tão grave asneira
Ter qu’o contratar!!

E o Casillas;
Esse grande frango!?
Não se vê o desmando
Em tais maravilhas?

Se nessas defesas,
Se not’a diferença…
Haja coerência!!!
Em tais subtilezas!

E s’ontem vencemos,
Mérito do André!
Só por ser quem é…
E o espanhol, de menos!

Ele em qu’o estatuto
Nunca vai a jogo!
Não é del’o fogo
Num jovem feito adulto?

E nisto apostar
Num menino da casa,
E noutro, cuja raça…
Estivera só por estar??

É est’o conceito
De quem se sente justo?
Que só a muito custo
O homem lev’o respeito!?

Depois da epopeia
Que foi a partida,
Que mal conseguida
Na parte primeira

Deu-s’a odisseia
Na segunda parte!
E no fim, com arte,
Não a panaceia…

Mas tod’a vontade
Duma geração…
E num só Dragão
A ubiquidade!?

Ver ali o André
Quase duplicado,
E o estádio lotado
Aplaudi-lo de pé!

Não p’lo golo…
Mas p’la diferença,
Com qu’a sua crença
O transforma em ídolo!

De Dragão ao peito,
Não é símbolo ou mito!
É todo esse grito
Num golo perfeito!

Mas não é um jogador
É tod’o conjunto!
E não é pedir muito,
Mérito ao treinador!

Haja pois justiça
E ao Lope, os louros!
Longe os maus-agouros
Dessa vã preguiça…

Pois qu’está vivente
Que se lhe not’a chama!
Qu’este não engana…
Pois o pé está quente!


Por: Joker

André coração de dragão


“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade”, já nos ensinou Cervantes. E André André tinha um sonho. Uma ilusão que não era só dele. Um desejo partilhado no imaginário de milhões de portistas, espalhados por todo este planeta azul  - como este brasileiro que vos escreve, à beira-mar do Atlântico Sul, no Recife. Afinal, quem de nós nunca se imaginou a balançar as redes do nosso grande inimigo? Quem de nós jamais sonhou acordado, vestido de dragão ao peito, a correr para as bancadas em êxtase com seu golo da vitória num clássico?

E o nosso sonho foi ontem realizado. Um sonho que não se sonhou só. E por isso se tornou realidade. Para a explosão de um Dragão pulsante, que em momento algum deixou de acreditar no triunfo de sua armada. Dos pés do nosso puro sangue, o arrancar da angústia no grito de “golo”. E que belíssima vibração! De alguém que poderia estar nas bancadas, junto aos nossos, mas (muito bem) nos representava dentro de campo. André, coração de dragão!

A personificação da mística portista. Dentro de campo, um verdadeiro dragão: flamejante, imparável, incansável. E onipresente. Está em todo lado. Para onde se olha, vê-se o André de um lado e o André de outro. No meio-campo defensivo, a fechar os espaços aos adversários, lá está o André. No meio-campo ofensivo, com seus movimentos cerebrais, a articular o ataque, lá está o André. Na direita ou na esquerda, André, André… André André!

Tempo e espaço são relativos e estão entrelaçados. E quem vê o André em campo, até tem a sensação de ter voltado no tempo e no espaço. Para os tempos em que quem vestia de azul e branco sentia o clube a correr por suas veias. Para o espaço em que as bancadas de concreto do saudoso estádio das Antas eram tomadas pela emoção de ver equipas que envergavam a camisa portista com alma e sentimento. André, filho do André, fez do Dragão, ontem, um pouco de Antas.

Com o “coração na ponta da chuteira” - milhões de corações portistas -, pudemos, ontem, todos juntos sonhar acordados. Obrigado, André André!

A genuína felicidade

Aboubakar falhou um golo imperdoável. Ou quase. Substituído de forma injusta - pelo que produzia no jogo -, acompanhou o restante do clássico no banco de suplentes. E a forma genuína com que comemorou o golo do André André foi contagiante. Um largo sorriso de orelha a orelha no rosto. A espontânea felicidade de que para sentir este grande clube que é o Porto, basta ser mordido pelo bichinho do dragão. Estás, perdoado pelo golo perdido. Este também me representa.


Por: Emanuel Leite Jr.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O mundo é uma bola…


De Kiev a Astana
Vai longa distância!
Mas a ignorância
Na meseta é plana!

Ambas são do leste,
Mas uma é asiática!
O que por matemática
A Europa é Oeste!

D’Ásia central,
O Cazaquistão!
Na Europa, não!
O qu’é natural…

Na sua fronteira
Está ali a China,
E a Mongólia acima…
Na prova Uefeira!?

De origem asiática,
São os cazaques, russos?
Ou meros reclusos
Na sua própria pátria?

É muito confusa
A geo-política!
Mas nessa equipa…
Tod’a gente é russa!?

O que não atesta
Que haja qualidade,
Na equipa da cidade
D’Astana!

É grand’a distância
Entre campeões,
Dessas duas nações:
Cazaquistão e Ucrânia!

Quer-se comparar
Uma equipa de coxos,
Que de tão bons moços
Ficaram sem ar?

E quas’a colapsar
Levantaram a lebre!
C’o Belenenses perde
Sem sequer jogar!!

S’até o Astana
Bat’o pé na luz,
De Belém, a cruz
Não vai à Taprobana!

E nisto confirmar
Qu’este Portugal,
Que já foi mundial…
Hoje nem a navegar?

E tirar do Porto
Outra ilação,
Que na Ucrânia, o pendão
Não s’ergueu de novo?

Pois c’o campeão
Do país de leste,
Não era grande teste
Pr’a este Dragão!

Dizem os adeptos
Desta nova vaga…
Qu’a equipa é nova,
Mas isto são métodos???

E bater no Lope
É a grande moda,
Pois vencer não chega
E empatando é flop!

Já não há paciência
Pr’a este “pensar”,
Pois por s’empatar
Já foi por negligência!?

Tem-se já culpado
Este treinador…
Pois não fez melhor
Qu’o ano passado?

Empatar na Ucrânia
É desprestigiante!
O Porto é um gigante
Pois em tal mania…

E c’o Villas Boas
Já s’engalfinham,
Que nisto adivinham
Não “jogar-se à toa”!?

Ele que está à porta
Desse seu regresso,
E desd’o seu sucesso
Qu’a equipa está morta…

Não há quem resista
A tais resultados,
Já qu’estão trocados
Os pontos de vista!

Pois na confusão
Há cazaques por russos,
E treinadores que lusos,
Na Rússia ainda estão!

Pois que já saído
Da cadeira de sonho,
O seu futuro risonho
Seja já conhecido?

E na geo-política
Dos clubes de leste,
Por cá já s’investe
Na crítica p’la crítica…


Por: Joker

Em teoria fazia sentido...

Ora cá estamos mais uma vez no lugar onde todas as equipas querem estar. Na incrível Champions League. Nada como ouvir aquele hino.

1ª jornada. O jogo era contra o Dynamo Kiev, incontestado campeão da Ucrânia. Previa-se portanto à partida um jogo complicado, sobretudo jogando fora.

Lopetegui volta ao bloco de apontamentos para ir buscar uma táctica mais conservadora e o 4-3-3 transforma-se num 4-4-2. Danilo e Herrera voltam assim ao onze para fazer companhia a André e a Ruben Neves. Na frente Brahimi apoia Aboubakar e na defesa a novidade é Indi (devido ao castigo de Marcano).

À partida percebia-se a ideia. Conter, numa primeira fase, uma equipa motivada e competente a jogar em casa para depois tentar, numa segunda fase, o assalto à vitória.

Em teoria fazia sentido, mas na prática surgiram alguns problemas. Sobretudo porque os 4 médios nunca funcionaram como uma unidade complementar. Danilo, Ruben e André pareciam algo perdidos nas marcações, muitas vezes marcando as mesmas zonas e deixando outras zonas por marcar. E bom... Herrera... foi um espectáculo paralelo de tropeções nele mesmo. Também em termos de posicionamento foi um mistério.

Ou seja, o Porto de facto apresentou um muro de pedra, o problema é que o muro estava cheio de buracos. Utilizar 4 médios não é uma má estratégia, simplesmente isso tem que ser bem feito.

Como não foi feito da melhor maneira, a equipa ucraniana acabou por ter ascendente na 1ª parte. Casillas foi o primeiro a tremer logo aos 9 minutos, ao largar uma bola.

O golo aos 20 minutos não foi assim uma surpresa, num lance onde a descoordenação da defesa portista foi gritante.

Felizmente para o Porto, os ares de Kiev não incomodaram Aboubakar, que esteve endiabrado e fez o empate de cabeça 3 minutos depois. O cruzamento pertenceu a Layun.

No entanto, o Porto continuava desconfortável no jogo sobretudo a defender, mas também a atacar. Brahimi remava contra a maré, mas era Aboubakar que colocava os ucranianos em sentido.

Ainda antes do intervalo, Casillas brilha e nega o golo a Garmash, em mais um lance de descoordenação na defesa portista.

O intervalo soube bem...

E o Porto entra melhor na 2ª parte, apesar de manter o mesmo onze.

No entanto, apenas aos 65 minutos a equipa volta às raízes e ao bom futebol. Tello entra para o lugar de Herrera e as  peças parecem ajustar-se. Não que Tello tenha trazido muito ao jogo, mas o regresso ao 4-3-3 foi como um regresso a casa.

A partir daí, o Porto sobe as linhas e cresce. Corona deixa o aviso num grande remate, mas é Aboubakar quem dança o Cha Cha Cha, aproveitando uma bola perdida. 

O jogo parecia definido, o Dynamo Kiev não mostrava grande ânimo. Mas no futebol tudo pode acontecer e aconteceu...

...um erro gritante da equipa de arbitragem. Golo irregular do Dynamo, já que há claro fora de jogo posicional (ou seja, o jogador em fora de jogo interfere de forma clara na jogada).

Mas a verdade é que o árbitro também faz parte do jogo e o resultado embora frustrante acaba por ser justo.

Fica a clara ideia que o meio campo do Porto ainda é um "work in progress" e desta vez a defesa não ajudou. No entanto, começam a aparecer bons sinais aqui e ali e jogadores como Aboubakar, Corona e André começam a ser bem mais que promessas.

Vem agora aí um ciclo que qualquer portista adora. Testes de fogo é o melhor que podem dar a qualquer Dragão.


Análise individual:

Casillas: Um erro que podia ter tido consequências. De resto esteve bem e com uma enorme defesa.

Maxi: Dá a ideia que foi arrastado pela descoordenação defensiva da equipa. Deu sempre o máximo e é sempre o primeiro a dar o exemplo.

Maicon/Indi: É difícil separar as duas exibições. Foram uma dupla completamente disfuncional. Sempre fora de posição, deixaram muitas vezes a marcação de forma algo amadora.

Layun: A defender revelou algumas dificuldades, mas acrescenta grande poder ofensivo. É dele o cruzamento para o 1º golo.

Danilo: Parece sempre mais perdido e desconfortável quando tem que dividir os seus espaços.

André: Apesar da desconexão no meio campo, a raça vem sempre ao de cima. 

Ruben Neves: Perdido entre ser um trinco ou um médio de transição. Ficou no limbo.

Herrera: O que estava a fazer em campo é até hoje um mistério. 

Brahimi: Um bom jogo dada a falta de apoio. Ainda criou algum perigo mesmo no pior período da equipa.

Aboubakar: Melhor em campo. Não é fácil entrar para o leque de ilustres pontas de lança que marcaram a história do Porto. Aboubakar parece querer ser o próximo. Tem tudo para isso.


Tello: Pouco acrecentou.

Corona: Fez saber ao que veio assim que entrou com um grande remate. O algodão não engana e o Corona também não.

Osvaldo: Sem tempo.


Por: Prodígio 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

FC Porto 29 - 23 Madeira Sad - Mais uma etapa ganha


O FC Porto jogou ontem em casa para a 3ª jornada do campeonato. Esta não é uma frase de introdução, é para muitos uma informação. O nosso Dragãozinho esteve mais despido que o habitual. Normal, dia de semana, horário apertado para quem estuda ou trabalha e porque a seguir havia jogo de Champions. Teve de ser, até porque a Champions do andebol também vai começar...

Assistimos a uns primeiros minutos de mau andebol. Muitas falhas técnicas, poucos golos e pouco acerto de ambos os ataques, sobretudo do nosso. Nos primeiros 5 minutos marcamos um golo apenas. E coleccionamos falhas nada habituais.

Não é de estranhar que tenhamos estado quase sempre em desvantagem no primeiro tempo. A equipa madeirense estava a criar dificuldades com a sua defesa profunda, alternando entre o 5*1 e o 3*2*1. Rui Silva, o nosso novo central, era quase sempre alvo de marcação individual. Conseguíamos discutir o marcador sobretudo através de penetrações individuais dos jogadores de 1ª linha linha e das acções do nosso ponta Hugo Santos. No resto muitas dificuldades. Nem nos livres de 7 metros tínhamos ainda encontrado os niveis habituais de acerto. Ricardo Moreira falhou, António Areia também. Dois especialistas nestes lances. De realçar que o segundo falhou um destes lances pela primeira vez esta época.

Defensivamente também não estávamos ao nosso nivel. Concedemos muitas situações de remate aos 6 metros ao pivot adversário.

Não é de estranhar que, durante quase toda a primeira parte, estivéssemos em situação de desvantagem que já era de 3 golos ao aos 20 minutos (7 - 10).

Ricardo Costa pediu um desconto de tempo para acertar estratégias. Resultou.

Mudou também na baliza. Quintana, que tantas vezes nos salvou e que de certeza o fará no futuro, não estava a ter um dia dos seus. Sem problema, se um não está, temos outro de grande valia. Entrou Laurentino. A recuperação começou pela baliza. um, dois, três ataques parados pelo nosso guardião...

Outro Hugo subiu igualmente de produção. Hugo Santos. Eficácia tremenda. 3 golos seguidos. O últimos deles colocou-nos pela primeira vez em vantagem no marcador (13-12).

O intervalo chegou com as equipas empatadas a 13.

A nossa equipa estava por cima no final do primeiro tempo e entrou na segunda metade da mesma forma. Mostrámo-nos sólidos na defesa e finalmente a fazer sair uma das nossas armas, o contra-ataque.

Dez minutos fantásticos a abrir uma diferença de 5 golos (21 - 16). Destaque para o parcial de 6 - 1 logo a abrir, a colocar o resultado nos 19 - 14.

Conhecemos a valia desta equipa. Sabíamos que após conseguir esta vantagem, muito dificilmente a vitória fugiria. Foi o que aconteceu.

Mantivemos sempre o adversário nos 5 ou 6 golos de diferença. Deu para começar a pensar no primeiro desafio da Liga dos Campeões nos momentos finais.

No final o marcador mostrava um 29 -23. Resultado conseguido com uma boa segunda metade. Não foi o jogo mais conseguido que já tivemos, mas uma época não tem só jogos bem conseguidos. O que há a adestacar é que mesmo abaixo do que já fizemos exibicionalmente, conseguimos vencer. Isso é o que diferencia uma equipa vulgar de uma boa equipa. E nós somos uma boa equipa. Uma equipa que é hepta e que continua bem orientada...

Com a 3ª vitória em outros tantos jogos mantemos obviamente o 1º lugar. Estamos onde queremos antes do começo de uma aventura diferente. No sábado segue-se a recepção ao Tatran Presov na 1ª jornada da fase de grupos. Ajudava um dragãozinho cheio a apoiar a nossa equipa... 




FICHA DE JOGO

FC PORTO-MADEIRA SAD, 29-23
Campeonato Fidelidade Andebol 1, primeira fase, 3.ª jornada
16 de Setembro de 2015
Dragão Caixa, no Porto

Árbitros: Fernando Costa e Diogo Teixeira

FC PORTO: Alfredo Quintana e Hugo Laurentino (g.r.), Gilberto Duarte (5), Yoel Morales (3), Gustavo Rodrigues (1), Miguel Martins, Rui Silva (3), Daymaro Salina, Nuno Gonçalves, Ricardo Moreira (3), Alexis Borges (3), Hugo Santos (8), António Areia (1), Nuno Roque (1) e Jordan Pitre (1)
Treinador: Ricardo Costa

MADEIRA SAD: Yusnier Giron e Luís Carvalho (g.r.); Gonçalo Vieira, Francisco Martins, Cláudio Pedroso (3), Daniel Santos (3), Nuno Silva (2) David Pinto (2), Elias Nogueira (4), Marco GIl (2), Nuno Carvalhais (4) e Nelson Pina (3)
Treinador: Paulo Fidalgo

Ao intervalo: 13-13









Por: Paulinho Santos

FC Porto B 3-1 Penafiel

Depois da vitória difícil no terreno do Famalicão, o FCPorto B voltou a ganhar, desta feita, em casa ao Penafiel por 3-1.

No onze portista destaque para a ausência do central Verdasca, castigado por expulsão no último jogo. Para o seu lugar entrou o médio (adaptado a central) Chidozie. De resto, não houve novidades, tendo entrado o onze mais rotinado da época.

Mas vamos ao jogo...

Foi uma partida em que o FCPorto B nunca conseguiu impor a sua forma de jogar e ficou sempre condicionado pela forma de jogar do Penafiel. Uma equipa que levou sempre o jogo para o plano físico. Enquanto o gigante Yero  dinamitava a defesa portista apenas com a sua presença, os velocistas Caetano e Aldair surgiam nas costas a aproveitar o espaço.

Assim, ainda Maurício e Chidozie arrancavam os cabelos a pensar como travar Yero e já Aldair e Caetano caíam em cima de Victor Garcia e Rafa. Uma tarde complicada para a defesa portista.

O meio campo do Penafiel pressionava alto e amarrava os médios portistas que se perdiam em pequenas escaramuças e ressaltos a meio campo. Omar Govea, Francisco Ramos e Graça raramente conseguiram ter bola de forma consistente e o ataque portista sofreu com isso. Só Gleison dava um ar da sua graça em momentos individuais.

O jogo estava partido e isso beneficiou o Penafiel durante largos minutos. O golo dos visitantes surgiu assim com naturalidade... Bola ganha por Yero nas alturas e Aldair a aparecer para facturar. A fórmula mais rudimentar dava resultados.

E foi assim até ao intervalo.

A segunda metade não foi muito diferente (diga-se a verdade). No entanto, um momento de esclarecimento de Francisco Ramos fez a diferença aos 47 minutos. Um grande passe para Gleison que recebe bem e não perdoa.

O jogo continuava partido, mas a pressão saudável do Penafiel começou a transformar-se em faltas duras. Talvez pelo cansaço ou pela frustração do empate, os visitantes começaram a recorrer ao jogo violento e naturalmente ficaram reduzidos a 10 ao minuto 71 (expulsão de Diogo Melo).

Esta expulsão ajudou o FCPorto B que finalmente conseguiu ter posse. Também as entradas de Tomás e sobretudo de Pité ao intervalo deram nova energia e foi o médio portista que assinou o segundo golo. Depois de uma arrancada pela direita de Victor Garcia, Pité conclui já dentro da área.

O mais difícil estava feito e o Penafiel voltou a ajudar. Yero também foi expulso e pouco depois o FCPorto chega ao 3-1 num livre cobrado de forma muito inteligente por Pité, que engana toda a gente e serve André Silva. O jovem ponta de lança voltava assim a marcar. Já são 7 golos em 7 jogos.

O jogo acabou pouco depois com a certeza que o FCPorto B é nesta altura líder da segunda liga. Não foi a vitória mais convincente, mas o adversário era complicado. O talento individual acabou neste caso por desbravar caminho à falta de melhor desempenho colectivo.


Análise individual:

Raul Gudino: Duas grandes defesas a sair aos pés dos visitantes e a salvar o golo.

Victor Garcia: Intermitente. Com muitas dificuldades na defesa e um erro grave logo a abrir. No ataque tentou apoiar e é seu o cruzamento para o 2º golo.

Maurício: Alguns cortes importantes, mas Yero deu-lhe uma tarde difícil que contou também com erros.

Chidozie: Fez uma exibição sem erros de maior. Importante nas bolas paradas.

Rafa: Marcou o homem mais perigoso do Penafiel, Aldair, e isso notou-se. Perdeu muitas vezes em velocidade como no lance que deu o golo aos visitantes.

Omar Govea: O jogo pouco passou por ele. Algo perdido a meio campo.

Francisco: Muito perdido em lutas a meio campo. Teve um momento de esclarecimento que originou o 1-1.

Graça: O homem mais inconformado do meio campo e o que mais perigo levou à baliza do Penafiel na 1ª parte.

Ismael: Desaparecido em combate.

Gleison: Lutou muito na 1ª parte, acabou por ser decisivo na 2ª com o golo que marcou. Sempre irreverente.

André Silva: A bola raramente lhe chegou, mas foi eficaz ao fazer o 3º golo e lutou sempre como é sua imagem.


Pité: Melhor em campo. O melhor futebol da equipa saiu dos pés deste médio. Entrou muito bem ao intervalo e trouxe energia redobrada. Marcou o 2º golo e ofereceu o 3º.

Tomás: Refrescou um meio campo que estava cansado.

Sérgio Ribeiro: Pouco tempo.




FICHA DE JOGO

FC PORTO B-PENAFIEL, 3-1
Segunda Liga, 7.ª jornada
16 de Setembro de 2015
Estádio de Pedroso, em Vila Nova de Gaia

Árbitro: João Mendes (Santarém)
Assistentes: Jorge Maia e Manuel João
Quarto árbitro: Rui Mendes

FC PORTO B: Raúl Gudiño (g.r.); Víctor García, Chidozie, Maurício e Rafa; Omar, Francisco Ramos (cap.) e Graça; Ismael, André Silva e Gleison
Substituições: Tomas Podstawski por Omar Govea (46m), Pité por Ismael (46m), Sérgio Ribeiro por Graça (89m)
Não utilizados: André Caio (g.r.), Cláudio, Ronan, Rui Moreira, Sérgio Ribeiro, Tomás
Treinador: Luís Castro

PENAFIEL: Coelho (g.r.); Luís Dias, Pedro Ribeiro, Amoreirinha, Pedro Araújo, Djibril, Mbala, Aldair, Caetano, Diogo Melo
Substituições: Ângelo Meneses por Caetano (76m), Bata por Mbala (70m) e Tiago Barros por Djibril (63m)
Não utilizados: Bruno, Bruninho, D. Martins e Tiago Ramos
Treinador: Carlos Brito

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Aldaír (15m), Gleison (47m), Pité (79m), André Silva (89m)
Disciplina: cartão amarelo a Omar Govea (33m) Diogo Melo (45m e 71m), Yero (58m e 83m), Djibril (59m) e Pedro Araújo (88m) e cartão vermelho por acumulação de amarelos a Diogo Melo (71m) e Yero (83m)

Por: Prodigio

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

(S)arillo


Foram à Argentina
Pr’a buscar o Cervi,
Mas do que li
Da origem da “platina”
Er’a pois traversa
À sua moral,
Pois de “Portugal”
Não vinh’a remessa!

Viria d’a África,
Dita equatorial!
E nada de mal
Na sua falácia…
Pois qu’a origem
Não sendo suspeita,
Dá pois mais receita
Naquilo qu’exigem!

Não gostam de fundos
D’interesses conexos,
Pois que são avessos
A esses sub-mundos…
Mas sendo angolano
O novo capital,
Só pr’o Rosário Central
O dinheiro é estranho…

Vem pois, de países,
Tidos por “estrangeiros”
Nos meios financeiros…
Por falta de directrizes!
Ond’o dinheiro em excesso
Tend’a ser lavado,
Para ser “trocado”
No valor do “processo”!

Nisto é tudo lucro,
Nesses pareceres…
E em doutos saberes
Não há valor devoluto!
Qu’o Rojo vendido
Como seu titular,
Não têm qu’o pagar(!?)
Ao fundo-bandido!!

No relatório anual
Esse resultado,
É tido e achado
Como sem igual!!
Qu’em tanta liquidez
Sem s’aprovisionar
No que se julgar
Na voz do Juiz?

Em tanta jactância
Sobr’a polidez,
Uma e outra vez…
Esta excelência:
Perdend’o argentino
Já depois do grego,
Num desassossego
Tem-se um peruano…

Vai descarrilar
Outro grande “negócio”,
Pois qu’este sócio
Não vai “renovar”!
Já qu’o empresário
Se teve em cautela,
E não vai na esparrela
Nas contas d’outro rosário…

Pois que do Carrillo
Há muita gritaria!
Qu’até s’anuncia
Vir daí o “estrilho”!!
Já qu’o “padre Inácio”
Fala dum acordo,
Que de grosso modo
Fez disso prefácio!

Ao anunciar
O acordo selado,
Num aperto dado
Como lapidar!?
Qu’o ver o Jesus
No Ritz ao almoço,
Julguei ver o moço…
‘Assinar de cruz!

Há apreensão
Em Alvalade, à banda!
E quem por lá comanda
Tem voz de “leão”…
Ruge muito alto,
Mas ninguém assusta!
E nisto quem aposta
Dar o Carrill’o salto?


Por: Joker

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Epifania


Não, não está morto
O timoneiro!
E segu’em primeiro
Pr’a tanto desgosto…

A morrer? De pé!
Como tod’a árvore…
Qu’a vida é breve,
Mas viver não é!!

Há uma diferença
Em tal sinónimo,
Pois qu’um homónimo
É apenas parecença!

E pr’a se viver
Não basta respirar!
E só por se lutar…
Tal não é vencer!

Tod’uma distância
Entre o comum mortal,
E o homem sem igual
Na sua circunstância…

Como diria Gasset,
Tod’o homem é composto
Entre o ser-se e ‘oposto
Qu’a circunstância dê!

Essa precisão
No momento da história
Em qu’a derrota ou glória
Sej’a ocasião!

Todo um universo
Que corre em potência
E nessa única ocorrência
Só o sucesso!!!

Um homem único,
Um visionário!
E por seu erário
Um Porto icónico!

Quem o desassocia
Ao seu sucesso?
Se no seu inverso
Tal Porto havia?!

Não qu’o pretenda
Personalizar…
Mas há qu’eternizar
Essa sua lenda!

Não, não está morto
O timoneiro!
E há um mundo inteiro
Que conhece o Porto!

Vamos à Ucrânia
Pr’a de novo vencer;
Parar é morrer…
Mesmo em epifania!


Por: Joker

Zelotas!


ZELOTAS!

Sou um “seguidor”
Dessa seita austera,
Porque vou pr’a guerra
C’o meu treinador…

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sistema


SISTEMA

De sistema, uma noção?
Esses gestos do Capela
De cartolina amarela,
Em plena exibição!

domingo, 13 de setembro de 2015

DANILO MARCHISIO, RÚBEN PIRLO, ANDRÉ VIDAL E GIANELLI POGBA



Depois da miserável exibição do jogo contra o Estoril muitas dúvidas se tinham instalado sobre a capacidade da equipa jogar ao nível do exigivel para quem luta para ser campeão.


Em vésperas dum jogo decisivo não escorregar em Arouca era fundamental.


A entrada foi reveladora. Um furacão de velocidade em direcção à baliza. Maxi primeiro e Corona logo a seguir deram o mote para uma nova forma de encarar o jogo.


Em direcção à grande área marchar, marchar!


Se um dos principais problemas do FCP de Lopetegui era a falta de presença de jogadores na área o jogo de ontem foi excepção.

Na primeira parte foram varios os lances em que 4 ou 5 jogadores invadiam a grande área em busca de finalização. Nesses 4 ou 5 esteve sempre Maxi e muitas vezes Corona, André André, Imbula, Brahimi e Aboubakar.


É refrescante poder pensar que quem trabalha no FCP detecta e se esforça por corrigir os defeitos da equipa.


Essa entrada de Dragão originou 2/3 oportunidades de golo antes de mais uma combinação pela forte ala direita do Porto, açucarada por Aboubakar para Corona finalizar.


Vale a pena ter gente na área. 


Esse foi o lado solar da 1ª parte. A partir do momento em que o vendaval esfriou a equipa começou a fechar-se na conchinha.

Temeu-se o pior: O Porto-Estoril revisitado em que o sprint dos 15 minutos foi perfeito mas a maratona dos 90 um tormento.

O Porto tremeu. O duplo pivot com André André a 10 só dificultava a saída de bola do Arouca desde a sua linha defensiva.  Chegados ao meio-campo, André André estava demasiado longe e Imbula e Rúben nunca foram capazes de se impôr. No final da 1ª parte a 2ª barreira do Porto era facilmente ultrapassada e Maicon, Marcano e Layun começaram a ter que apagar mais fogos do que estão habituados.


A equipa abanou mas Maicon não a deixou cair numa altura critica. O que separou os restos da 1ª parte dos jogos do Estoril e Arouca foi a menor qualidade arouquense no último terço e a existência de boias individuais de boas exibições no Porto. Maicon, Maxi, Corona e Aboubakar. 


A entrada na 2ª parte não é muito diferente. Lopetegui mexe de forma estranha. Substituição retranqueira e medrosa ao tirar o talento para meter o trinco.


Brahimi jogava pouco ou nada mas havia Tello, havia Bueno e até Herrera seria menos defensivo.



O que pareceu ser medo deu estabilidade à equipa e permitiu que todo o colectivo voasse.

Danilo Pereira foi o tampão que impediu que o jogo se disputasse no campo todo. Foi um STOP colocado bem à frente da nossa grande área.


Marcano agradeceu, Layun respirou, Rúben Neves sentiu conforto, Imbula soltou-se e o Mestre André voou pelo campo todo.

Parecia a melhor Juventus com os elementos do meio-campo travestidos.

Rúben era o Andrea Pirlo com a protecção da solidez do meio-campo.

Imbula passou a jogar de olhos na baliza e tirou-os do chão.


André André calcorreou todo o centímetro de relvado que lhe apeteceu. Vidalizou-se à esquerda, à direita fazendo com que as marcações da defesa do Arouca ficassem verdadeiramente à nora não sabendo quem era o extremo esquerdo, direito.

O 2.º golo nasce duma bomba de Vidal para recarga de Corona e o 3.º golo duma brilhante combinação entre Pirlo e Vidal para o Aboubakar finalizar de forma fácil.



Se analisarmos a dupla vertente defensiva/ofensiva do jogo portista a última meia-hora foi a mais completa e a de equipa mais competente. Mesmo considerando as falhas de marcação que conduziram ao 3-1, este modelo, com 2 laterais a cavalgar, pode ser uma excelente alternativa aquele 4-3-3 estático e que se dá à marcação.


Seja qual for a tactica a lição n.º1 é a de que é imprescindível garantir organização defensiva para que toda a equipa funcione. Sem ela, podemos brilhar inutilmente como um Usain Bolt na conquista da Maratona.


Com ela, podemos transformar jogadores e exponenciar o rendimento da equipa. Olhar para a entrada de Danilo, que não jogou por aí além, e perceber o que mudou nos seus parceiros de sector tem que servir de lição.






Análises Individuais:


Casillas – Mais um jogo em que a inexistência de trabalho foi dominante. Um hesitação preocupante no jogo com os pés, uma reposição brilhante a isolar Corona e sem grandes possibilidades no lance do golo do Arouca.


Maxi – A forma como o Porto entra no jogo é muito por Maxi. Rotação máxima e invasão plena da grande área. Jogar à Maxi é o antidoto para a sonolência que o Porto costuma apresentar de quando em vez.

É impressionante a quantidade de vezes que pisa a grande e a pequena área adversária. Reparem quem entra pela baliza dentro logo a seguir ao 1.º golo do Corona.

Se Danilo era mais um médio centro  Maxi começa a ser mais um extremo/avançado.

Combina bem com extremos que saibam jogar por dentro e sejam associativos. Era assim com Salvio, foi assim na 1ª e na primeira parte da 2ª jornada com Varela e com Corona nesta partida.

Como tudo tem o seu ponto negativo é necessário que a equipa se prepare para as crateras que Maxi abre cá atrás. Maicon não pode ficar exposto sem o auxilio do meio-campo.


Layun – É um multifunções com as vantagens e desvantagens que lhe estão associadas.

Normalmente era lateral esquerdo numa defesa a 5. Nestas equipas é raro ter que fechar por dentro quando a bola vem da direita. Para isso está lá o central esquerdo.

Nesse capítulo do jogo não podemos esperar grandes melhorias face a Cissokho. Em todos os outros Layun bate o francês e o espanhol. É tão intenso como Cissokho mas fá-lo com mais inteligência. Consegue ser tão associativo como Angel e tão agressivamente ofensivo como Maxi.

Na noite de Arouca mostrou tudo isso e destacou-se na componente ofensiva quando lhe tiraram Brahimi da frente. Aí, Layun sentiu-se na sua praia.


Maicon – No Poker de estrelas o capitão foi o Imperador. Na 1ª parte a fragilidade do meio-campo expôs toda a defesa e foi Maicon quem melhor respondeu no capítulo de bombeiro.

Dobrou Maxi, dobrou Marcano e escorraçou todo e qualquer jogador do Arouca que se atrevesse a pisar os seus domínios.

Na 2ª parte a defesa ficou protegida e Maicon pode repousar sem nunca deixar de comandar a defesa.

Tentou, como é hábito, os passes de longa distância mas desta vez não esteve acertado.


Marcano – Nervosissimo e pouco atinado. Saiu-lhe a fava da maciez do meio-campo e da estreia de Layun. O Arouca saltou linhas com facilidade, forçou pelo lado esquerdo da defesa portista amarelado precocemente e Marcano não conseguiu exibir a habitual segurança e tranquilidade. Na realidade, Marcano foi o oposto do que costuma mostrar.

Só na 2ª parte, quando Lopetegui percebe que o fogo se apaga à nascença, é que Marcano é poupado. Ainda assim não sai da bitola semi-tola desposicionando-se vezes demais e parecendo um junior com as pernas a tremer. 


Rúben Neves – Vou utilizar uma expressão que vai entrar em voga nas próximas semanas.

“Isto é tudo muito bonito mas....”.

Ver Rúben a jogar com a bola nos pés é muito bonito. Vê bem, sabe passar melhor e é capaz de nos dar joias como a do lance do 3.º golo.

O pior é o “mas”. Aquele duplo pivot da 1ª parte foi manteiga. A defender Rúben Neves é curto para uma equipa como o Porto. Neste momento é abissalmente curto face à concorrência que tem para o sector.

Nos resumos de 5 minutos só aparecem os amarelos a Marcano, as chegadas à área e os lances de perigo do Arouca. Não dá para perceber porquê que acontecem.

Nos resumos de 5 minutos aparece a magia de passe de Rúben.

Rúben Neves ainda não tem o rendimento e dificilmente conseguirá o estatuto que permita que o Porto estruture a sua equipa como a Juventus o fez para acomodar Pirlo.

Para já Rúben a jogar  é bonito mas...


Imbula -  Parece um pássaro numa gaiola. Como gosta demasiado de ter bola não é previdente colocá-lo a duplo pivot na 1ª zona de construção.

Imbula antes de ver a linha de passe analisa a possibilidade de ginga face ao adversário directo e o caminho que tem livre à sua frente.

Isso rouba tempo e aumenta o risco de perda de bola.

Se há espaço à frente, Imbula embala, galga metros e o tempo perdido na decisão é mais do que recuperado porque a locomotiva é rápida e imperável.

Fez um mau duplo pivot defensivo com Rúben na 1ª parte e o seu melhor período (como o de Rúben e como o do Mestre) só se deu quando Lopetegui deu à equipa a segurança e a solidez que lhe faltou desde ínicio. Aí foi passáro livre. Foi Pogba.


André André – Tê-lo tão à frente fez-me lembrar o esquema com Lucho a jogar por ali.

Ter um médio tão agressivo e culto tacticamente a jogar como 10 dá-nos uma capacidade de pressionar alto muito boa, uma boa fonte de passe e circulação mas uma natural incapacidade de ter baliza quando a bola lhe chega aos pés.

Se na 1ª parte pareceu um peixe fora da água, na 2ª abriu o livro e sacudiu de tal forma a partida que merece a conquista do título de MVP.

Foi o Arturo Vidal do Porto quando Lopetegui resolveu transformar o Porto em Juventus.

Esteve em todo o lado. Liberdade total à esquerda e à direita. Se à esquerda explodiu uma bomba nas mãos de Bracalli, à direita deu um doce à Aboubakar.

Um jogador total, contemporâneo e a mostrar a Lopetegui que não custou 20M mas está a exibir-se a esse preço. Mestre André Vidal.


Brahimi – Na 1ª parte, apesar da maciez de Rúben Neves e da tremideira de Marcano, lutou bastante pelo título de pior jogador em campo.

Complicativo, incapaz de circular e desequilibrar, andou pelo batatal sempre em esforço e não acrescentando nada do que a equipa precisava.

Na 2ª parte foi rapidamente substituído quando Lopetegui percebeu que às vezes substituir um jogador pode evitar querer substituir 4. Saiu um dos 4 piores e os outros 3 melhoraram. 


Jesus Corona – Melhor estreia era quase impossível. Quase, porque o resultado da sua exibição foi melhor do que a exibição propriamente dita.

Empurrado pelo vigor de Maxi arrancou para uma excelente meia-hora onde Corona mostrou ser mais do que o pequeno habilidoso. Estranhamente maduro, inesperadamente colectivo passou, tabelou e temporizou como se não se sentisse obrigado a mostrar nada de especial e apenas em fazer o seu trabalho.

Gostei particularmente deste período em que Corona foi Jaime Magalhães à anos 80 mas também Derlei do Séc XXI dando chegada e presença na área.

O 1.º golo nasce e acaba em Jesus depois do toque de magia do Maestro.

A partir do 1-0 eclipsou-se um pouco. Coincidentemente ou não, os melhores períodos de Corona foram os momentos em que Maxi acelerava de raiva e não se conformava a ficar cá atrás.

Talvez por não estar habituado a batatais os seus cruzamentos foram sofríveis. Na 2ª parte esteve numa bitola aceitável até que o Mestre lhe desse a oportunidade de ficar na história com aquele remate que o apanha no sitio certo.

Mostrou maturidade, classe e que Lopetegui tinha razões para sentar Tello e deixar em terra Varela.


Aboubakar -  Quando André André parecia longe do coração da equipa e Imbula e Rúben Neves se revelam escassos para tomar conta do jogo Aboubakar foi o maestro que a equipa precisava. Como este puro sangue, corredor e espancador de guarda-redes a tiro se transformou em maestro de orquestra, estilo brazuca de 1,60m ou 1,70m. Incrível.

Foi a máscara de oxigénio da equipa na 1ª parte, quem acabou por ligar sectores como um acordeão que descia, distribuia, arrancava, assistia ou finalizava.

Está a jogar demais. Deambula por todo o ataque, por todo o meio-campo ofensivo e parece que nunca está fora da sua zona de eleição.

Joga como se fosse titular do Porto há 4 anos e não precisasse de mostrar serviço. Na área tem um olho de falcão em cada orelha e outro nas costas, deles fazendo uso sempre que a visão assistida o aconselha a tabelar, dar de calcanhar ou fingir que se faz à bola.

Tem um ar de brutamontes do campo a jogar com a finura de um Van Basten.

O Maestro pegou na equipa ao colo na 1º parte, na 2ª faz uma jogada à ELPIBEKAR que daria o golo do mês e tem possibilidades, graças ao Mestre, de molhar a sopa e mostrar, também na estatistica, que até agora Jackson tem sido muitissimo bem substituído.



Danilo Pereira – Fez uma exibição segura e deu consistência ao meio-campo. Dizer isto, não parece muito mas se pensarmos que Marcano, Imbula, Rúben Neves e André André melhoraram muito depois da sua entrada percebemos qual é a base de tudo.

Os jogadores só se soltam e mostram o seu melhor perfil se a jusante existir uma mola de organização colectiva que impulsione os talentos individuais.

Marcano não voltou a correr perigo, Rúben não voltou a andar às aranhas e pode mostrar o seu lado Pirlesco e Imbula e André André soltaram-se para tirar o Pogba e o Vidal que há dentro deles.


Herrera – O jogo e a táctica libertadora de médios estavam a seu jeito. Uma ou duas correrias mas não deixou nenhuma marca relevante na partida.


Bueno – Pormenores em pouco mais de 5 minutos. Dos bons.



Ficha de jogo:

Arouca 1-3 FC Porto
Primeira Liga, 4ª jornada
Sábado, 12 Setembro 2015 - 20:45
Estádio: Municipal de Arouca

Árbitro: João Capela (Lisboa).
Assistentes: Ricardo Jorge Santos e Tiago Rocha.
Quarto Árbitro: Bruno Jesus.

Arouca: Bracalli, Jaílson, Sema Velázquez, Hugo Basto, Lucas Lima, Nuno Coelho, Nuno Valente, David Simão, Artur, Roberto, Zequinha.
Suplentes: Rui Sacramento, Gegé, Tomás Dabó, Adilson Goiano, Nildo Petrolina (73' David Simão), Leandro (55' Zequinha), Maurides (61' Jaílson).
Treinador: Lito Vidigal.

FC Porto: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Layún, Rúben Neves, Imbula, André André, Corona, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Dani Osvaldo, Tello, Herrera (70' Imbula), Danilo (55' Brahimi), Bueno (87' Corona).
Treinador: Julen Lopetegui.

Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Corona (15', 61'), Aboubakar (71'), Maurides (83') .
Disciplina: cartão amarelo a David Simão (6'), Layún (21'), Brahimi (23'), Marcano (35'), Imbula (65'), Rúben Neves (68'), Maxi Pereira (80').



A análise dos intervenientes:

 Lopetegui: “Merecemos os três pontos”​“Temos que estar focados em cada jogo e neste não foi diferente, até porque defrontámos uma equipa de qualidade, num campo complicado. Fizemos o que tínhamos de fazer e creio que realizámos um bom jogo, concentrados e a jogar bem em muitos momentos. Sentimos algumas dificuldades lógicas perante uma boa equipa, mas merecemos os três pontos e não jogámos a pensar em Kiev ou no Benfica”, afirmou o técnico espanhol após o terceiro triunfo do FC Porto na Liga NOS, que permite aos Dragões assumir provisoriamente a liderança isolada da prova.
 
“Utilizámos os jogadores que temos da maneira que consideramos oportuna e creio que tanto o Layún, que chegou 48 horas antes, como o Corona fizeram um bom jogo e estiveram à altura das exigências. Estamos à procura de uma estabilidade e há muitos jogadores novos, mas estou convencido de que vamos fazer uma boa época, jogar bom futebol e conquistar títulos”.

Corona: “Estou tranquilo e feliz por esta estreia”

“Estou tranquilo e feliz por esta estreia, sobretudo porque a equipa conquistou três pontos importantes. Trabalhámos muito durante a semana para preparar bem este jogo e sabíamos que ia ser duro, pois o Arouca tem uma boa equipa. Conquistámos os três pontos, como queríamos, e isso é o que me deixa mais satisfeito”, afirmou na flash interview que se seguiu ao desafio disputado no Estádio Municipal de Arouca.

“É sempre difícil quando se vai à selecção e se volta para treinar um ou dois dias antes de um jogo, mas todos somos capazes de jogar e fazer bem o nosso trabalho. Tive a felicidade de fazer dois golos e estou contente por ter ajudado a equipa”

 Por: Walter Casagrande
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