sábado, 19 de julho de 2014

Zé António: O Xerife do Oeste. (Por Breogán)



 O homem e o seu percurso:


Um bom western à americana tem que ter um xerife, essa figura que faz cumprir a lei numa terra selvagem.

Portugal também tem o seu Oeste. À boa maneira portuguesa, é uma terra bem mais ordeira e de costumes mais brandos. Não há cactos, mas há pomares de pêra-rocha. Não há areias do deserto, mas os areais costeiras das praias de Santa Cruz e do Baleal. Não há tendas de índios nas colinas, mas moinhos de vento caiados de branco a perder de vista.

É neste Oeste à portuguesa que Zé António começa a sua jornada no futebol. Inicia-se nas camadas jovens do Sport Clube União Torreense, o clube da sua terra natal. Joga a médio defensivo, posição onde o seu talento mais influi o rendimento da equipa, mas também faz jogos a central. Aos 17 anos, é chamado à equipa principal do Torreense que disputava a então chamada liga de honra.

A época não corre bem à equipa de Torres Vedras e a despromoção é inevitável. Na segunda B, Zé António fixa-se em definitivo no plantel principal do Torreense. A médio defensivo, lidera, dois anos depois, o retorno à liga de honra. O regresso do Torreense à liga de honra é curto. O Torrense volta a descer, mas Zé António não, pelo contrário. O empenho em campo do médio defensivo chama demasiadas atenções. No fim da época, há muita disputa pelo jovem de 21 anos. Quem levaria o imberbe xerife do Oeste? O coração fala mais alto. 

O chamamento do FC Porto é irresistível.

De Oeste para Norte, o jovem médio tenta agarrar o seu lugar na equipa principal portista, mas o plantel portista está servido com Paulinho Santos, Doriva e Chaínho. O FC Porto redirecciona o seu jovem dragão para Leça. O Leça FC era um clube “abrigo” de vários jovens talentos do FC Porto e disputava a liga de honra. Agarra a titularidade e volta a dar sinais de crescimento sustentável. Na época seguinte, as oportunidades no plantel principal voltam a escassear. O seu destino seria Alverca, próximo de casa e a disputar a primeira liga. Volta a ser titular e a garantir uma oportunidade no FC Porto.



O ano seguinte, haveria uma novidade no seu regresso à Invicta. O FC Porto tinha iniciado o seu projecto de criação de uma equipa B. Zé António é integrado no projecto, com a possibilidade de saltar para a equipa A a qualquer momento. Duas pesadas limitações começaram a prejudicar o seu crescimento: o FC Porto B disputava a segunda divisão B, duas divisões abaixo da que competira no ano anterior; e as oportunidades na equipa A teimavam a rarear. Assim que possível, o Alverca volta a acolhê-lo e completa a época 2000/2001 na localidade ribatejana e já solidificado a posição de central. Volta a representar o Alverca em 2001/2002 por empréstimo e no término da temporada, também chega ao fim do contracto com o FC Porto.



O sonho de jogar pelo FC Porto acabara.


A carreira continuou na Póvoa de Varzim. No clube poveiro, assume a titularidade, até que, uma lesão o afasta durante meia temporada. Pior, o Varzim é despromovido e Zé António volta a ter que mudar o rumo à sua carreira. O seu próximo clube é a A. Académica de Coimbra. Na Briosa cumpre duas épocas, é titularíssimo, chega a capitão e torna-se figura incontornável do clube.






Uma liga estrangeira é o passo lógico a tomar de seguida na sua carreira. É um clube histórico da Bundesliga o seu próximo destino: Borussia VfL 1900 Mönchengladbach e. V.. No Borussia ganha rapidamente a titularidade e a admiração de um dos públicos mais exigentes do futebol alemão. Chega a capitão do Borussia e é homem de confiança de duas velhas raposas do futebol germânico: Köppel e Heynckes.





É com os galões de duas épocas de gabarito na Alemanha que entra nos planos da selecção Portuguesa. Na disputa pela qualificação para o Euro 2008, Zé António é chamado para a dupla jornada frente a Polónia e Azerbaijão em Outubro de 2007. Não sai do banco e a assim perde a oportunidade de ser internacional português. 

No seu clube, a sua situação mudara. O Borussia é despromovido e com a chegada de um novo técnico a Mönchengladbach é relegado para o banco. 

Pressionado pela possível presença no Euro 2008, Zé António sai para representar por empréstimo o Manisaspor da liga Turca.

 A experiência na Turquia não corre bem e o sonho da selecção esfuma-se. O ciclo em Mönchengladbach estava encerrado. Seguiu-se o futebol espanhol e o Racing de Santander.







No “el Sardinero” nada correu bem. Em um ano e meio de Cantábria, jogou um par de jogos na taça do rei e nada mais. Aos 32 anos o regresso a Portugal impunha-se. A U. Leiria seria a sua porta de regresso. Aí volta a agarrar a titularidade, mas o infortúnio não o abandona. Salários em atraso e uma lesão a meio da segunda época na cidade do Lis fizeram com que tirasse um “ano sabático” na época 2011/2012.





Uma carreira coroada a espinhos e rosas. Titularidade absoluta ou bancada. Capitão ou quase marginalizado do grupo. O massacre das despromoções e a glória das promoções. Ilusão e decepção de braço dado. As cicatrizes e honrarias de combate fizeram este xerife do Oeste ganhar a sua estrela. Nada no futebol é mais desconhecido.


A página do facebook do Torreense exibe uma entrevista a um ex-director desportivo do clube. Eis o que diz:

Melhor jogador com quem já trabalhaste directamente?

Tecnicamente foram muitos, mas como profissional houve um jogador que me impressionou muito: Zé António. Foi, sem dúvida, o mais profissional dos jogadores com quem trabalhei. O Zé António tem tudo o que o profissional de futebol deve ter.

Só falta sublinhar que quem faz esta afirmação já atravessou o nosso caminho. No ano passado, em Leiria, Antero Henrique e este ex-director desportivo do Torreense tiveram um episódio. Como prémio, o ex-director desportivo do Torreense (e U. Leiria) integra a estrutura do lado vermelho da segunda circular em Lisboa. Se até eles…

Felizmente, a carreira de Zé António tem mais um capítulo por escrever. Um jogador de carreira feita aceita juntar a sua experiência ao talento emergente no FC Porto B. Numa equipa selvagem em talento e cheia de ilusões, há quem garante orientação e um rumo. O xerife do Oeste é exemplo, comando e conselho amigo. 

Um líder dentro de campo e no balneário. 

À Dragão, como sempre foi!




 Por: Breogán

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Sinais animadores na “Oficina das Antas”

#FCPorto #Espanha #Holanda #Indi #Tello #Brahimi #BluePunisher










Em plena pré-temporada ainda com muito por definir, e várias interrogações a pairar sobre qual será o plantel que o técnico Espanhol Julen Lopetegui poderá contar em 2014/2015, eis que surgem sinais animadores na “Oficina das Antas”.








São contratações que “deixam a sensação” de seguir um critério, um plano, um objetivo, ao invés do que nos fomos habituando nos últimos três anos, com excesso de contratações para determinados sectores e carência noutros.

Os vulgarmente designados “contentores de jogadores”, “contendo” vários jogadores para a mesma posição em campo, ou para todas as posições exceto para as mais carenciadas no plantel parece que deixará de ser o “modus operandus” da SAD do FC Porto em 2014/2015. E em boa hora veio esta mudança!

As primeiras impressões que ficam da preparação da nova temporada são para além daquilo que nos transmite a comunicação social, os sinais que são enviados para o exterior e até para o interior. A temível torre do Olival que “viajou” também para o estágio em Horst na Holanda põe em sentido os preguiçosos, acabara-se as baldas e as artimanhas nos treinos tudo é registado para “dissecação em laboratório”. O treinador tem corrigido de forma incansável situações pertinentes nos treinos e deixado a mensagem forte aos atletas “joguem simples nada de tonterias” (tonterias um novo vocábulo que ganhamos com o Basco Lopetegui).

As notícias mais recentes confirmam Bruno Martins Indi como reforço, aparentemente o Cristián Tello, e o Brahimi já está no Porto a ultimar os detalhes e formalismos da sua transferência também. Se juntarmos a este trio o Óliver Torres, Adrián Lopez, substitutos para o Fernando, Mangala, Alex Sandro, Jackson e um guarda-redes de topo, o plantel de 2014/2015 promete e de que maneira!

Sem querer entrar em euforias desmedidas e desaconselháveis, tal a velocidade com que as coisas mudam no futebol, parece-me que este ano a SAD do FC Porto (“com motivação extra” após o desastre verificado na última época) está a trabalhar afincadamente e a todo o gás para dotar o plantel sénior com condições de lutar pelo título, qualificação para a Liga dos Campeões e também para ir o mais longe possível nesta prova.

Claramente a construção do plantel 2014/2015 não só pelas caras novas já confirmadas, por aquelas que deverão estar a ser anunciadas por horas e de outras que virão, começa a ganhar credibilidade e a criar uma vaga de fundo de esperança nos adeptos e simpatizantes do FC Porto.

Mesmo que jogadores como o Mangala e Jackson abandonem o Clube, há “matéria-prima” de facto para suprir estas ausências a fazer fé nos reforços confirmados e outros que tudo indica serão confirmados (integro o avançado Mexicano Raúl Jiménez nesse lote).

Acredito que o FC Porto até poderá sair a ganhar com estas vendas e novas entradas, dado que o Jackson já há muito tempo que não anda com a cabeça “por cá”, e o Mangala apesar de ter qualidade e capacidades físicas impressionantes, ainda tem muito que evoluir para chegar aos patamares de exigência para um defesa neste Clube.

Para além das entradas e saídas, tenho observado coisas interessantes no novo FC Porto, Lopetegui tem introduzido inovações (ou nem por isso) nos treinos, tais como a célebre torre “de espionagem”, “os alemães de Bielsa” e registei com muito apreço as declarações do jovem Óliver: “Vamos jogar de várias formas distintas”.

Quererão estas declarações do Óliver dizer que finalmente o FC Porto ensaiará e aperfeiçoará um sistema tático alternativo ao 4-3-3? Espero bem que sim, pois os nossos adversários “dentro de muros” demonstraram saber anular-nos quando jogamos neste sistema, que não é o melhor em determinadas situações de jogo, tipos de terreno, perfil de adversários entre outros fatores.

No futebol moderno qualquer clube profissional de topo tem de saber adaptar-se aos ritmos de jogo, organizações táticas distintas dos adversários, condições climatéricas, climas hostis em estádios rivais, entre outros fatores, em Portugal há um fator extra, a tendência quase fanática de tentar levar o clube do regime ao colo toda uma época, valendo tudo até “arrancar olhos”!

Como seria bom se Julen Lopetegui já pudesse contar com uma base de trabalho estável até ao final deste mês de Julho! Se o plantel ficar fechado até ao final de Julho, tendo em conta que iniciaremos a época oficial mais cedo do que é habitual para disputar a pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, as probabilidades de sucesso aumentam dado que o treinador terá mais tempo para integrar e trabalhar os jogadores que ficarem e os novos que chegaram e chegarão.

A construção de uma equipa de futebol requer paciência, trabalho árduo, profissionalismo, bom ambiente e tempo, algo que a maioria dos adeptos não compreende, não tolera e refuta, pois o adepto comum vive para o imediato, pela “ilusão” de títulos o mais rápido possível. Não compreendem regra geral que nada é fruto do acaso e que como diz o ditado popular “rápido e bem não há quem”.

Não poderia deixar passar a situação do Rolando, aparentemente ficaria, até o Presidente veio a público confirmar essa permanência, e de repente sem nada fazer prever tudo muda, anda a forçar a saída e segundo uns pasquins cujo nome não proferirei aqui neste “Santuário Azul e Branco”, prepara-se para rescindir por justa causa devido a ordenados e prémios de jogo em atraso.

Não parece haver muito a fazer, deixem-no ir, e venham daí mais uns milhões como compensação. Não dou credibilidade à notícia do tal pasquim, por isso assumo que não haverá a tal rescisão por justa causa, embora nestas coisas nunca se sabe o que poderá acontecer.

Espero que o FC Porto não tenha situações de incumprimento com os seus atletas seja de que modalidade for, isso é lamentável e grave, já basta a vergonha do que tem sucedido nas modalidades ditas amadoras.

A SAD dá mostras de querer resolver as situações pendentes no plantel com celeridade, no entanto o mercado de transferências impõe “os seus ritmos e peculiaridades” a que muitas vezes mesmo com muita vontade e irrepreensível organização não se consegue contornar, e o fator tempo começa a pesar e a criar pressão.

Esperemos que tudo corra pelo melhor ao FC Porto em 2014/2015, conforme já escrevi recentemente que não ocorram lesões graves na pré-época nem durante a competição oficial, que Lopetegui seja o treinador que precisamos para “renascer das cinzas”, e saiba potenciar ao máximo o plantel que terá ao seu dispor. Algures no Atlântico este coração azul e branco bate por ti FC Porto e apoia-te incondicionalmente, boa sorte, faz-nos felizes, faz-nos sonhar!

Um grande abraço a toda a Família Portista em Portugal e espalhada pelo Mundo nesta época de férias onde muitos aproveitam para matar saudades do seu querido Portugal. Estou incluído nesse lote, as saudades são mais que muitas!

A Chama do Dragão é Eterna!
FC Porto sempre!






 Por: BluePunisher

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Alemanha

#mundial #Brasil #Alemanha #Mundial2014 #FIFA #Joker



Dizem que perdeu a guerra
Ficando de cócoras exposto 
Tod’o um país em desgosto
Em tantas mortes por terra…

Orgulhosos dum passado
Que fraccionário se tinha 
O século dezanove adivinha 
Da Germânia, “grão-ducado”!

E nas duas coroas rivais
Que disputavam a língua 
Como razão contigua 
Dos alemães como iguais

Foi a Prússia a percursora 
Da unificação desses estados
Contr’os habsburgos esgotados 
No imperialismo d’outrora

E nasce a nação alemã
Garbosa dessa mitologia 
Qu’a essa Europa trazia
O nacionalismo de clã!

As tribos invasoras 
Dessa velha “Roma”
Do passado reclama 
Fronteiras duradouras…

Por contradição
Aos desejos dos “francos”
“Os cavaleiros teutónicos”
Investem por sua razão!

Unificados no germânico 
Os pequenos estados-tampão
Frutificam-se na nação 
Dum novo poder titânico!

E em séculos imperiais
Ond’as famílias dos Reis 
Se cruzavam pelas leis 
Em tantos países rivais…

Acabaram a disputar 
As rivalidades antigas
Em novas coligações, Ligas
De entre-ajuda militar!

E no equilibrio imperfeito
De fronteiras movediças
Há impérios de premissas
Que justificam o pleito!

Na morte do pretendente 
À coroa da Austria-Hungria
Um sérvio dá mote ao dia
De ser a Europa, continente…

E por lá já se deflagra 
A primeira guerra mundial!
Um choque de valor igual
Ao que nesse século se trava!

Duas guerras em trinta anos
Qu’a segunda motivada 
Por uma Alemanha estagnada 
E humilhada nos planos…

Como qu’a querer provar 
Tod’a força dum povo 
O país nasce de novo 
N’outro século a dealbar

Constrangido nesses actos
Inumanos, impiedosos!
Contra etnias e povos 
Nesse racismo e pactos!

Mas qual o povo inocente
Que nunca ousou atentar
Contr’a outro povo, lugar…
E renegar o presente?

Não entend’a acusação
De terem perdido duas guerras
Perdendo gente e terras
Nessa maior alusão!

E nisso se decalcar 
Esse gozo de rosto cínico 
Para provar o declínio 
De tod’o um povo e lugar?

Há que vislumbrar a história
Como prova de ensinamento 
E dar o justo reconhecimento 
De tod’o um povo em memória!

E não se servir da mesma
Pr’a escamotear os pecados 
Dos nossos actos jogados
Como explicação tão pequena….

E nisso saber reconhecer 
O mérito a quem o tem!
A Alemanha também…
Que tanto fez por merecer!

Parabéns, Mannschaft!


Por: Joker 

sábado, 12 de julho de 2014

O sargentão

#Portugal #brasuca #Scolari #MundialdeFutebol2014 #Brasil #burro #Joker


No posto de comando
O sargento vocifera!
Querem guerra?
Eu é que mando!!!

E só convoca 
Pr’o seu regimento 
Quem está dentro
Da sua tropa!

E com estatuto
Redobrado!
Medalhado!!!
E com culto

O sargento 
Sob’a pulso 
No concurso 
A 100 por cento!

Pois contesta 
Tod’o norte!
Qu’ele é forte!!!
Um “Malatesta”!

Qu’ascendência 
De Palermo!
Não de São Remo…
Dá-lhe sapiência!

E enfrentando
O “Estado Papal”!
É natural
O seu comando!

E está benzido 
Nesse sufrágio…
E por Caravaggio
É promovido!

A sargentão
Sem ir ao Papa!
(Que dá malapata
À sua selecção!)

E neste acto
Torna-se general!
O que na capital
É um campeonato!!!!

E elevad’a “Deus”
Nesse mesmo dia
Por riscar o Baía  
Do plano dos “seus”…

É um soberano
Sobre Portus Cale
E até o Bruno Vale…
Se rende ao seu plano!

E nesse agregar
De muitas vontades
Muitas “Portugalidades”
Se vêem no ar!

São as bandeirinhas 
De verde e vermelho!
De Portugal o espelho
Em tantas janelinhas!

E avança sem medo
O nosso “sargentão”
Quer-se campeão
Só pelo seu dedo…

E na primeira derrota
Dá um volte-face!
É do Porto, a classe
Qu’a equipa denota!

E lá segue avante
Até à final!
Qu’em Portugal 
É êxito bastante!

Perder par’a Grécia
Vale-lhe nova promoção!
Do Chelsea ao Uzbequistão!?
Sempr’a mesma modéstia…

Nesses resultados
Que nessa soberba
É uma riqueza 
Dobrad’a finados!

E por isso volta 
Ao país, Brasil!
Rico, mas senil 
Que de pront’o se nota…

Baixa um histórico
Mas é promovido!!!
Marechal, sentidoooo!!!!
Do Brasil eufórico!

E já se quer o hexa
Na final em casa!
Já se vê a taça….
Qu’o “sargento” reza!

Tem tudo pr’a dar 
Este mundial!
Outro carnaval 
Um outro sambar…

Qu’os alemães 
Trouxeram do norte
Longe com’a sorte
Dos filhos das mães!

E o kharma chegou
Tardio, mas a tempo
Mostrand’ao sargento
Que “Tud’o vento levou”!

E nesse vendaval 
Pôs-se a descoberto
Um futebol deserto
No país real!

Que azar dos diabos
Ter um “sargentão”
Hepta-Campeão
De tod’os resultados!!

É um feito da história
Talhado à medida!
Nada nesta vida
Lhe foge à memória…


 Por: Joker

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mega-Operação

#benfica #Futebol #brasil #BES 



É uma mega-operação!
Diz a voz do pasquim
Foi-se o Fariña, por fim…
Mas o Oblak ainda não!

Só está desaparecido 
O Esloveno-voador
Como no ano anterior…
Mas será devolvido!

Pois falta assinar
A claúsula de rescisão!
C’o dinheiro na mão…
Vinte milhões pr’a contar!?

É um mega-negócio
Com’o dos fundos do Lim!
O Gomes e o Rodrigo, sim?
Vendidos por quanto, sócio?

Ah, e jogam o resto da época
E apresentam-se no Seixal?
Nada de sobrenatural 
Nesta transacção profética!

Pois já s’adivinhava a venda
Desse astro argentino
Um central de traço fino 
Por dois milhões de renda?

E outros há nesse espólio
Como mega-operação!
Vem do Brasil, a renovação
Pr’o desmantelamento óbvio…

E quem já profetizava 
Um outro fim de ciclo 
Num campeonato perdido…
O que vê no fim da estrada?

Uma mega-operação!
Num desastre mais que óbvio
Pr’a quem só destila ódio
E vence sem proporção!

Pois essa conquista d’outrora
Feita a preço bem alto
Tem hoje, um sobressalto 
Cobrado com juros de mora!

É qu’a banca bem precisa
Como de pão par’a boca
Qu’os empréstimos que lhes toca
Sejam de liquidação concisa!

Há pois pressa de vender 
Essa equipa do passado 
Num passivo já dobrado….
Que só teima em crescer!

E nem a Instituição 
Maior qu’o seu país 
Pode viver, ao que se diz
Sem esta mega-operação!

Outros valores se levantam
Na pátria do mal-parado!
Pois s’há um banco entalado
Outros males não nos espantam!

E é nestas alturas 
Que se vê quem é solvente!
Não basta ser-se eloquente
Para pagar as facturas!

É pois hora de cobrar
Qu’o sistema não aguenta!
Seja por oito ou oitenta 
É só pegar ou largar!…



 Por: Joker

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A torre do Olival

#FCPorto #Olival #Estoril #Tozé #Futebol #Barcelona #Espanha #Lopetegui #BluePunisher





A torre do Olival (localizada no centro de treinos e formação desportiva utilizado pelo FC Porto em Vila Nova de Gaia) ganhou notoriedade e celebrizou-se mal foi falada. Naturalmente anedotas sobre o assunto também apareceram.





Afinal não é uma ideia inovadora, pois já foi utilizada uma estrutura semelhante para os mesmos fins desta em Espanha pelo treinador Luís Henrique quando este treinava o Celta de Vigo (aquele clube simpático que ficou para sempre nos nossos corações ao presentear o clube do regime com uma chapa 7 inesquecível).

Ao que dizem o objetivo da tal torre metálica do Olival é permitir ao treinador ter uma melhor perspetiva das movimentações dos atletas em campo e ajudar nas correções táticas que poderão ser necessárias.

A “torre do Olival” consiste numa estrutura composta por uma torre com duas plataformas uma a cinco metros e outra a sete metros de altura, há quem a compare à torre de controlo dos aeroportos e por analogia direta diga que é a torre de controlo dos treinos da equipa do FC Porto para 2014/2015.

O objetivo desta estrutura metálica é uma utilização direta pelo treinador do FC Porto Julen Lopetegui, ou dos seus adjuntos, a partir da qual poderão captar imagens e/ou retirar elementos “para o papel” através da posição privilegiada de observação privilegiado que permite, acabando por ser uma um meio extra para ajudar no desempenho profissional da equipa técnica.

Alguns andam muito admirados com tal ideia, outros a contar anedotas (em especial os indigentes adversários do nosso Clube) e outros deliciam-se e aprovam a ideia, pois sentem que este treinador Espanhol que agora orienta o FC Porto não veio para brincar e sabe bem o que quer e para onde vai.

É igualmente inequívoco que uma mensagem forte está a ser passada os jogadores, ou vocês mostram empenho e afinco nos treinos ou então em boa linguagem futebolística “nem chegam a calçar nesta época”! Não bastava o olhar atento do treinador e da sua restante equipa técnica, ainda há filmagens dos treinos que podem ser utilizadas posteriormente. Os mandriões caso os haja não escaparão ao “Big Brother” instalado no Olival. É para o bem deles e mais ainda para bem do Clube que lhes paga vencimentos principescos.

Pessoalmente saúdo a ideia e apoio-a a 100%, parece-me que trará muitos benefícios, no entanto o tempo confirmará se assim é.

Uma vez que esta crónica anda em torno da temática do arranque da época desportiva 2014/2015 (finalmente!), nova equipa técnica do FC Porto, atletas, novas metodologias de trabalho e até nem que seja indiretamente constituição do plantel e negócios deste defeso, aproveito para expressar a minha indignação e espanto com os contornos do negócio “Tó ´Zé” com o Estoril.

Seria fastidioso escrever uma crónica sobre uma torre, a menos que tivesse sido projetada por um grande arquiteto de renome mundial e houvesse uma história interessante para contar.






Ora o “brilhante negócio” que a SAD do FC Porto fez foi o seguinte, cedeu o Tó Zé por empréstimo ao Estoril por 2 anos e ainda 35% do valor do seu passe! Diz-se que foi para baixar o valor do passe do Evandro. Esse Evandro “um jovem de 27 anos” deve ser algum “Maradona dos tempos modernos” tal a forma como a SAD decidiu ceder e fazer algo sem precedentes para o contratar.




Não me recordo de situações idênticas em anteriores empréstimos do FC Porto a outros clubes, que tenha existido também a cedência de percentagens de passes. Apetece-me escrever, expliquem-me lá este negócio como se eu fosse uma criança de 9 anos, não percebi nada! Patavina!

Inquieta-me este negócio porque provavelmente o Tó Zé será outro talento desperdiçado, não compreendo como ao menos o Tó Zé não foi chamado para fazer a pré-época, se não fizesse parte das escolhas finais do treinador, com certeza não faltariam clubes interessados para rodar pelo menos um ano.

O Tó Zé demonstrou grande qualidade e maturidade na equipa B, naturalmente a equipa A é outro mundo, outra realidade, no entanto mais do que justificava e merecia uma oportunidade nem que fosse iniciar a pré-época junto da equipa principal. Temo que não se tenha aprendido com erros do passado. Para quê termos formação e equipa B se depois existe uma espécie de “triângulo das Bermudas” que “suga os talentos” e os impede de sequer chegarem ao plantel principal?

A ser assim acabe-se com a formação e com a equipa B, pois parece que a SAD do FC Porto gosta mesmo é de “contratações exóticas” com sabores Latino-Americanos. Tenho de admitir que há alguns sinais positivos como a inclusão do Mikel (que infelicidade com a lesão grave força puto!), Gonçalo Paciência, Victor Garcia e o Kayembé vindos da equipa B. No final veremos quantos desses serão aproveitados.

Naturalmente se as coisas correrem bem e vencermos, ninguém questionará nada todos serão os maiores e os melhores, e toca ir para a Avenida dos Aliados festejar. Tenhamos espírito crítico e evitemos ter um comportamento de adepto “de rebanho” como vemos noutros clubes.





A finalizar ainda sobre o novo treinador, as suas ideias e métodos de trabalho, agrada-me saber que privilegia e quer um futebol de posse de bola, e que deu uma reprimenda ao Kelvin por ter tentado “fazer um bonito” (um passe de letra) em vez de ter jogado simples, resultando na perda da bola e da jogada.





Os jogadores têm de perceber que esses “malabarismos” ou “números de circo” devem ser evitados ao máximo, devem jogar simples e certo, pois primeiro estão os interesses do Clube, não se trata de um desporto individual mas sim coletivo onde todos devem saber qual o seu papel e devem cumpri-lo em prol do coletivo.

Em jogos onde há uma margem confortável no marcador ao ponto da vitória não escapar (não me refiro ao milhafre da etar do Colombo) aí sim podem tentar habilidades para entreter os espetadores. Fora desse contexto não faz sentido nem se atrevam!

Resta-me desejar boa sorte e felicidades à equipa técnica do FC Porto aos seus atletas e dirigentes para a época 2014/2015. Esperemos ter a felicidade, sorte e competência de fazer uma boa preparação, uma boa pré-temporada, sem mais lesões, com um plantel equilibrado e de grande qualidade, capaz de bater-se olhos nos olhos frente a qualquer equipa sem medos. E assim o FC Porto vá crescendo e solidificando conceitos e mecanismos, de forma a voltar a trazer-nos alegrias e voltar a encher o Estádio do Dragão durante a época porque para além de vencer tem um futebol atrativo, vistoso, que dá gosto ver.




 Por: BluePunisher







domingo, 6 de julho de 2014

Licá: O puto da serra de Montemuro.


O Homem e o seu percurso:






Nas serranias de Montemuro, a aldeia de Lamelas celebra o nascimento de Luís Carlos. “Batizado” pela madrinha de Licá, o menino que vive a 50 metros do campo de futebol da aldeia não resiste ao bichinho da bola. Já o pai havia sido um jogador no futebol distrital de Viseu e o irmão mais velho chegaria à formação do Boavista. O início de Licá é mais humilde, mas a sua carreira é uma progressão surpreendente.







Começa na formação de um pequeno clube de Castro Daire: O Crasto. Licá vai fazendo a sua formação, subindo os escalões etários e demonstrando sempre que está à frente dos seus companheiros. É um começo humilde e distante dos grandes centros de formação, mas após o primeiro ano de juniores, o seu talento já não passava incógnito, Licá brilhava demais. Tanto que levava ao colo o pequeno clube e acaba a época como campeão distrital de juniores. Um feito! O Social Lamas (clube já extinto de Lamas de Moledo – Castro Daire), que participava na III divisão nacional, aposta no “puto” do Crasto para a sua linha ofensiva. Voando pelo pelado fora, Licá responde ao desafio e torna-se a vedeta da equipa, ainda com idade de júnior. 

Nem decorrem 6 meses e os interessados vão-se somando. A ascensão de Licá é vertiginosa e, de repente, está em Lyon a fazer testes no campeão francês! Licá é aprovado nos testes e o Lyon mostra-se interessado na sua contratação, mas temendo dar o passo maior que a perna, Licá recusa afastar-se tanto das serranias de Montemuro. Acaba a época no Social Lamas, mas a saída é inevitável. São muitos os clubes da primeira e segunda liga que acorrem a Lamas de Moledo para verem o talento de Castro Daire. A corrida é ganha pela Académica e o conforto da proximidade ao berço está assegurado.




Em Coimbra e perante as exigências do futebol profissional, Licá amarga com a sua condição de promessa vindo da III divisão nacional e paga a factura da sua formação no futebol amador. Mal chega a Coimbra é recolocado, quase de imediato, no satélite Tourizense, na IIB nacional. A época em Touriz confirma as qualidades do talento da Serra de Montemuro, é titularíssimo e soma boas exibições. Retorna à Académica, na temporada seguinte, já com Domingos no comando da Briosa. Domingos aprecia o talento, dá-lhe espaço, mas a concorrência é feroz. Lito e Sougou preenchem os flancos e pouco sobra para Licá. Ainda assim, cumpre 9 jogos na liga (só dois a titular), marca o seu primeiro golo na primeira liga e estreia-se nas selecções nacionais, no escalão de Sub-21.



Na época seguinte, Rogério Gonçalves substitui Domingos no comando técnico da Académica. Licá volta a ser opção, mas uma lesão afasta-o por 3 meses da equipa. Retorna à equipa, já com André Villas-Boas no comando da Briosa e ganha o seu espaço. No entanto, após um ano de escassa utilização e meia época quase perdida por lesão, Licá é emprestado ao Trofense até ao final da temporada. Degrau a degrau, Licá vai subindo a escada dos escalões profissionais. Na segunda liga, Licá ganha o seu espaço e torna-se peça fundamental no Trofense, terminando a temporada a titular e marcando golos. 

Nova época e novo timoneiro em Coimbra, desta vez, Jorge Costa. Com o forte interesse do Trofense em renovar o empréstimo e ainda sem espaço em Coimbra, Licá volta à Trofa. A época teve altos e baixos e, mais uma vez, uma lesão arreliadora atrapalhou, mas o final de temporada forte despertou apetites de quem tem olho aguçado. Licá cumprira o seu último ano de contracto com a Académica e perante o desinteresse na sua renovação, o director desportivo do Estoril não deixa passar a oportunidade de atrair talento para a sua equipa a custo zero.


Marco Silva percebera o potencial do talento de Montemuro. No clube da linha, Licá explode, em especial, quando Marco Silva passa de director desportivo para treinador. A maturação do talento, bem como a orientação técnica dando-lhe as directrizes que faltaram na sua formação, fazem com que acabe a época com 29 jogos a titular na segunda liga e 12 golos marcados. Mais importante, é o jogador eleito revelação da segunda liga e é o jogador mais determinante na subida de divisão com margem confortável do Estoril, uma raridade neste campeonato. Licá estava, agora, de volta ao palco maior do futebol nacional. Subiu a escada toda do futebol nacional. Dos distritais aos grandes palcos, por vezes recuando um degrau, mas é uma subida a pulso.




Surgia agora um novo desafio a Licá. Confirmaria ele, na primeira liga, o que tinha feito pelo Estoril na segunda liga? Estava-mos perante o talento que entusiasmara o Lyon e levava olheiros a Castro Daire? Ou teria sido um fogacho num escalão secundário? Trinta jogos a titular, 6 golos marcados e eleito pela crítica como uma das revelações do campeonato. A resposta é eloquente. O FC Porto, sagaz, não deixa escapar o talento das serranias de Montemuro.


A análise ao Jogador:

Tecnicamente evoluído, Licá é um jogador muito rápido e incisivo. Com um jogo muito vertical, é um extremo ou segundo avançado que garante muito caudal ofensivo. Prefere partir do flanco esquerdo em diagonal, mas é desenvolto em qualquer corredor do ataque.

É, hoje, um jogador maduro e conhecedor do seu papel colectivo na equipa. Venceu essa meta com o seu crescimento no Estoril. Até aí, Licá jogava muito sozinho, habituado que estava ver o seu talento a fazer a diferença nos escalões secundários do futebol nacional. O seu empenho no momento defensivo e sua leitura táctica do jogo forma aprimoradas, tornando-o num jogador mais competitivo.




A chegada ao FC Porto apresenta mais um desafio. Licá tornou-se um jogador muito fiável e de uma constância exibicional assinalável. Mais ponderado e lúcido no seu jogo, Licá não pode perder o medo de arriscar e “partir para cima” para ser uma opção séria no FC Porto. É nesse equilíbrio entre o jogador selvagem que galgava os pelados dos distritais e o jogador mais sóbrio que se tornou no Estoril que Licá encontrará o seu espaço no FC Porto. No fundo, manter o olho no trabalho, mas nunca perder o medo de arriscar. Uma coisa é certa, dedicação e humildade estão garantidas. Ingredientes básicos num plantel que tudo pretende ganhar.






Por: Breogán

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Ranking

#Ranking #Mundial #Futebol #Portugal  #Brasil2014 #CristianoRonaldo





Um ranking modesto
Pr’a tal desiderato!
Senã’o quinto, o quarto
…Ou então o sexto!

Qu’uma selecção
De tais pergaminhos
Fique p’los caminhos
Desse grande sertão?

Como qu’à mingua
Desertificada!
Sem água, sem nada
Pr’o palmo de lingua?

Morrendo decrépita
Em vastas lesões…
Em tantas selecções
Ficar-se pela enésima?

C’o melhor jogador
Diz-nos o estatuto!?
E não se faz o luto
Desta nossa dor?

Fica tudo igual
Na nossa pobreza!
Sem pão nesta mesa
Que força laboral?

E se todos ralham
E ninguém tem razão?
Qu’é da Federação
Onde todos falham?

Se anteriormente
Perante outra seca…
Não se faz a rega
Doutro pretendente?

É razão diferente
Perante o resultado
Manter-se o culpado
Da mingua da gente?

E noutros exemplos
Noutras latitudes
Outras atitudes
Fazem novos ventos!

Mas por cá o Bento
Tem-se em grande crédito
Não sei em que mérito….
Duzentos por cento?

S’a qualificação
Foi o que se viu!
Porque se resistiu
À renovação?

Não do contrato
Qu’esse vai pingar!
Dum outro jogar
Dum novo estrelato?

Basta-m’a garra
Basta-m’a entrega!
Não uma outra guerra
Em forte algazarra!

Que vend’o inimigo
Se põe a gritar
Par’o assustar
Na crença do perigo!

Mas que vend’as hostes
Da primeira linha!
Primeiro afocinha…
Depois “dá de frosques”!

E os maiores exemplos
Dessa resistência
Veio dessa potência
Sem futebol, ao menos….

Ou do norte d’África
Com’o Barba Roxa
Que navegando ousa
Batalhar a lógica!

E o insígne Chile
Pátria de mineiros
Quais aventureiros
Venciam o Brasil!?

E lá nos quedámos
Com’o represália!
C’a Espanha e Itália
No que não jogámos!

Um mundo latino
Sem a “força da técnica”
Em qu’arte helénica
Tomou o domínio!

Um ranking só nosso
Velhos lusitanos…
Já diziam os romanos:
Sói-des um colosso!



Por: Joker

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Alex Sandro: O Furacão de Catanduva.



O Homem e o seu percurso:






A sombra da grande metrópole brasileira - São Paulo - espalha-se quase pelo estado todo. Catanduva não foge à regra e também ela é uma cidade satélite na zona noroeste do estado Paulista. É claro que falamos de dimensões à escala brasileira, pois Catanduva dista 400 km e mais de 4 horas de viagem do centro de São Paulo.





É nesta cidade que nasce Alex Sandro, no bairro do Bom Pastor. A infância é confortável, mas não é farta. 

A história de Alex Sandro no futebol começa na sua cidade natal. Com um clube da cidade imerso em dívidas e desmultiplicando-se em refundações para fugir aos credores, Alex Sandro inicia-se no futebol numa estrutura criada pela prefeitura de Catanduva que oferecia aos jovens da cidade a possibilidade da prática de várias modalidades. 

É no Celt (sigla de: Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo) que Alex Sandro inicia a sua caminhada. O Celt fazia vários jogos treino com os grandes clubes de São Paulo, não só para proporcionar uma realidade competitiva nova aos seus elementos, mas também porque os grandes clubes utilizam estas estruturas municipais para realizarem captações. Alex Sandro chama a atenção nesses amigáveis e é convidado a fazer testes no São Paulo e no Santos. Acaba por não ultrapassar as "peneiras" (assim se chama ao ciclo de testes efectuados pelos grandes clubes brasileiros) e mantém-se no Celt.



Aos 15 anos, a sua vida irá mudar. O Celt é convidado para um torneio na cidade de Iraty no estado vizinho do Paraná. Mas antes da chegada a Iraty, o Celt  efectua uma paragem em Curitiba, capital do estado do Paraná. O Atlético Paranaense, sabendo da participação do Celt no torneio na cidade vizinha de Iraty, convida a equipa de Catanduva para um particular, de forma a antecipar eventual concorrência. Alex Sandro e os companheiros, que nem sabiam que iam jogar esse particular em Curitiba antes de seguirem viagem para Iraty, dão luta à equipa do Atlético Paranaense. Alex Sandro destaca-se na lateral esquerda e no arranque para o segundo tempo do particular é convidado a jogar pelo Atlético Paranaense!




A exibição é convincente, a tal ponto que, quando o Celt arruma as malas para seguir viagem até Iraty, Alex Sandro retira a sua, pois o Atlético Paranaense faz questão que fique e seja integrado, de imediato, nos escalões formativos do "furacão" de Curitiba.

À espera de Alex Sandro está um dos melhores clubes do Brasil no trabalho de formação e um clube com as melhores instalações desportivas para a formação do Brasil. O Atlético Paranaense tinha adquirido recentemente um hotel-fazenda a 15 km do centro de Curitiba. Remodelou as instalações e nessa área enorme criou todas as condições necessárias para um trabalho de formação de excelência. Nascia o Centro de Treinos do Caju (em homenagem à "majestade do arco" e antiga lenda das balizas do furacão: Alfredo Gottardi) onde Alex Sandro iria prosseguir a sua carreira. A adaptação, ainda assim, não foi fácil. Para além da distância familiar, Alex Sandro enfrentava um clima bem diferente do de Catanduva. Quando o termómetro chegava aos 5ºC, Alex Sandro já estava para lá de bater o dente!

É integrado no Clube Atlético do Paraná (CAPA), clube satélite criado pelo Atlético Paranaense para os escalões inferiores. Mas o talento de Alex Sandro começa a dar sinais de evolução e rapidamente ascende pelos escalões formativos. Estreia-se no Brasileirão, frente ao Internacional, aos 17 anos. Na época seguinte, é integrado, em definitivo, no plantel principal do Atlético Paranaense. Vai ganhando espaço na equipa principal e começa a jogar a lateral esquerdo. Quando Antônio Lopes entra para o comando técnico do Atlético Paranaense, vê em Alex Sandro a solução ideal para colmatar o défice de qualidade que o Furacão apresenta na linha média. É a "volante" que Alex Sandro prossegue a sua efémera carreira na equipa principal do Atlético Paranaense.






O talento do jovem jogador do Atlético Paranaense não passa despercebido a alguns olhos clínicos. Um grupo de empresários investe no seu talento e compra o seu passe ao Atlético Paranaense. Alex Sandro é inscrito pelo Deportivo Maldonado do Uruguai e emprestado ao Santos por dois anos. O clube que o rejeitou na peneira, faz o seu acto de contrição e acolhe o talento pródigo de braços abertos! O novo "menino da Vila" começa pela equipa Sub-20, mas rapidamente ascende à equipa principal.




Na equipa principal, tem a concorrência de Leo, um jogador experiente que já passou pelo futebol português. Alex Sandro vai somando jogos, ora a lateral ora a médio-ala. Soma jogos e começa a somar títulos. Logo no ano de estreia no Santos vence o estadual Paulista e a Copa do Brasil. Falhado o título, o grande objectivo santista, Alex Sandro e os companheiros preparam uma época carregada de objectivos. O ano começa logo com nova conquista do título Paulista. Segue-se a participação na Libertadores e nova vitória!

Começa, então, o seu ciclo das selecções. É chamado à Sub-20 brasileira para disputar o Sul-Americano. É titular e o Brasil sagra-se campeão. Segue-se o Mundial de Sub-20, onde ganham a final a Portugal, mas perde a maior parte da competição por lesão. Alex Sandro, à custa das suas prestações no Santos e na Selecção de Sub-20, entra no projecto Olímpico de Mano Menezes e começa a ser chamado à selecção principal brasileira.






A participação no Brasileirão de 2011 é muito reduzida. Primeiro, pela representação da selecção Brasileira, depois, pela transferência para o FC Porto na janela de Verão. Uma transferência que causou surpresa pelos montantes envolvidos.

No FC Porto, encontra a concorrência de Álvaro Pereira. Os primeiros meses de adaptação são passados na condição de suplente, mas logo começa a progredir para a titularidade. Acaba a época a titular e cumpre 9 jogos a titular e um total de 740 minutos disputados. Na recta final da disputa do título, o seu rendimento a lateral esquerdo é preponderante. Destaca-se o golo que marca na Choupana e que garante um triunfo muito suado, mas decisivo na caminhada para o título. No final da época é chamado para a canarinha que disputará os jogos Olímpicos. Titular na maioria dos jogos (sobretudo a médio), perde a final contra o México e junta a medalha de prata Olímpica ao seu currículo.

Esta época parte como dono e senhor da lateral esquerda e tentará juntar mais títulos ao campeonato e às duas supertaças já ganhas de azul e branco vestido.



A análise ao jogador:




Alex Sandro é um jogador de enorme qualidade e ainda muita margem de progressão. O seu percurso permitiu-lhe experimentar posições mais interiores e outras mais ofensivas. De todas essas experiências tomou algo mais para acrescentar ao seu crescimento enquanto jogador. É hoje um lateral que sabe fechar o espaço entre si o central e está confortável em zonas mais interiores do terreno. Com grande qualidade técnica é um jogador ofensivamente contundente, mas é prevenido na hora de defender. Não tem medo do confronto físico e sabe usar a falta em benefício da equipa.

Há duas coisas que mais saltam à vista em Alex Sandro: 

Primeiro, a sua capacidade física que lhe permite aguentar um jogo em "vaivém" pelo flanco e robustez no contacto físico.

Segundo, uma habilidade com bola nada habitual num jogador de cariz defensivo. A sua recorrente utilização como médio no Brasil atestam bem as suas qualidades técnicas.

Cruza com critério e sabe levar a bola bem controlada até à linha de fundo, ou flectir para o centro e almejar a baliza. É imprevisível no ataque e confiável a defender. É este o binómio que atesta a qualidade do lateral de Catanduva.

Mas tem mais uma dimensão muito importante no jogador moderno. Dos "meninos da Vila", Alex Sandro era conhecido por ser o mais recatado, o que não cria festa, mas treino. O único que já tinha constituído família e que se preocupava em amealhar para o futuro. É este o foco que o levou do interior de São Paulo ao topo do futebol mundial. Fica o exemplo.



Por: Breogán

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