segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Cortina de fumo






Pode-se não gostar de Bruno de Carvalho, e há razões para isso, no entanto ele prestou um bom serviço ao desporto nacional ao denunciar as artimanhas, prendas e práticas pouco éticas do rival da segunda circular, o colo colo de Carnide.

Utilizando o seu habitual estilo tresloucado e jocoso Bruno foi “partindo a loiça toda” numa entrevista na intragável estação televisiva TVI, que “agracio” com o título de “maior especialista em produção de lixo televisivo do país”!

Denunciou situações graves que têm de ser investigadas, por exemplo a das famosas “caixas de cortesia” oferecidas pelo colo colo de Carnide às equipas de arbitragem que visitam o estádio da Luz e o centro de treinos do Seixal. As tais caixas contêm um equipamento oficial do clube designado por “premium”, bilhetes para entrada no museu Cosme Damião e ainda vouchers para jantar. 

Tem piada como outrora os arautos da verdade desportiva e da transparência, habituais moralistas de circunstância, andam bem calados com esta prática em voga pelo colo colo de Carnide.

 O Augusto Inácio disse tudo na seguinte frase que ficará na memória da “tribo do futebol lusitano”: “o benfica andou anos a fio a falar de fruta e agora oferece a refeição toda”. Ora nem mais! Onde andam os moralistas e pregadores de moral, ética, verdade desportiva e seriedade da nossa praça?

Como tem a ver com o colo colo de Carnide é apenas uma “cortesia”, nada que fique mal ou seja condenável, ai se fosse num certo Clube do Norte onde todos têm os piores defeitos! 

Eu não acredito que é com essa caixa, ou “cortesia” que o colo colo de Carnide consegue os seus objectivos no que se refere a “arbitragens caseiras”. O segredo está todo em quem nomeia, exerce coacção, e avalia o trabalho das equipas de arbitragem, é aí que deve residir a atenção de quem segue o fenómeno futebolístico em Portugal.

Os árbitros sabem que têm de agradar “ao padrinho” para conseguirem boas avaliações que permitirão em alguns casos subidas de divisão, manutenção na mesma divisão, e até conseguir as insígnias de árbitro internacional. 

Não é por uma caixa com uns “miminhos” que os árbitros ficam de “coração derretido” e com a visão e audição completamente “alterada”! Ou seja os árbitros têm de saber gerir “sensibilidades” para conseguirem os seus objectivos de carreira.

Discute-se também se o valor total destas prendas dadas na Luz e no Seixal não excederão o tecto imposto como limite pela FIFA. Aí é mais difícil afirmar com certeza se sim ou não, pessoalmente parece-me que sim, mas como defendo que devo ser rigoroso e basear as minhas opiniões com provas, remeto-me apenas para a sensação com que tudo isto me deixou sem ter certezas absolutas.

O cerne da questão aqui é Vítor Pereira tudo o resto são fait-divers ou se quiserem uma densa cortina de fumo para desviar atenções do essencial. É nele que reside o real poder que permite dar um “empurrão” quando é necessário, para manter o colo colo de Carnide na corrida pelos títulos nacionais quando as coisas ficam mais complicadas.

Tem-se visto como as coisas funcionam desde nomeações ridículas que só podem ser para gozar com a cara das pessoas, avaliações de péssimas arbitragens que são de bradar aos céus, entre outras coisas.

É importante salientar que Vítor Pereira tem a influência e poder descrito nos parágrafos anteriores porque o clube do regime, que designo por colo colo de Carnide confiou-lhe essa missão. Simplesmente lutar para destituir Vítor Pereira do cargo infelizmente não resolverá a delicada questão da gestão da arbitragem em Portugal.

Se Vítor Pereira sair virá outro para assumir o mesmo papel e fazer o mesmo ou até pior, não existam ilusões que o “polvo” montado pelo colo colo de Carnide tudo controla e não abdicará do poder e influência que conseguiu de forma voluntária.

Resta aos outros clubes que têm condições para lutar pelos títulos nacionais continuar a denunciar o que deve ser denunciado, e manterem-se em alerta para tudo o que anda a ser “cozinhado nos bastidores”. 

Perante mais um espectáculo deprimente típico do futebol português, proporcionado pelos “maiores em tudo”, a federação, liga de clubes, ministério público e afins vão assobiando para o lado. Palpita-me que estariam em grande alvoroço e hiperactividade se semelhante situação tivesse sido descoberta no Futebol Clube do Porto. 

Aí todos os recursos, expedientes e energias seriam objecto dum “desbloqueamento” para rapidamente em jeito de “auto de fé”, como eles tanto gostam lá pelo Sul, encontrar culpa e condenar!

Pode ser que com escândalo atrás de escândalo denunciado, já não seja mais possível continuar a encobrir e varrer a “porcaria para debaixo do tapete” como a federação, liga e ministério público têm feito sempre que situações dúbias envolvem o colo colo de Carnide.
Em pouco tempo “apenas” ficamos a saber que na porta 18 do estádio da Luz existia um esquema em funcionamento e desmantelado pela Polícia Judiciária envolvendo o tráfico de cocaína, com a agravante de ser praticado por um director de departamento do colo colo de Carnide e com a utilização de viaturas oficiais do clube. 

Se calhar tais viaturas “beneficiaram” de um período de “imunidade diplomática” e isso deu confiança ao director de departamento em questão, José Carriço ex-motorista do presidente do clube do regime, Luís Filipe Vieira, para fazer tudo às claras e de forma descarada.
Há coincidências tramadas! Que as há, há! É como as bruxas, podemos não acreditar que existem, mas que as há, há! Há algum tempo atrás numa acção policial também no estádio da Luz, encontraram-se droga, armas brancas e de fogo, petardos e diversos outros objectos suspeitos (tacos extensíveis e de basebol, soqueiras, etc.) em instalações cedidas pelo clube da Luz aos No Name Boys. 

A claque No Name Boys é apoiada oficialmente pela direcção do colo colo de Carnide e é uma das poucas dos ditos clubes grandes em Portugal que não está legalizada. Na senda de “coisas suspeitas” no clube do regime foram detectados em tempos vários casos de doping em atletas profissionais do clube, inclusivamente no futebol sénior para além de vários em modalidades amadoras.

Não vou estar com rodeios e vou directo ao assunto, tendo em conta a “fama” que o presidente daquela instituição tem sobre como enriqueceu, com histórias de pneus com “recheio”, e o recheio não eram câmaras-de-ar, alguém que não seja ingénuo acha que esta sucessão de eventos com um denominador comum é algo ao acaso? 

Há muito fumo a pairar e como diz o povo sabiamente “onde há fumo há fogo”! É “curioso” que a “operação porta 18” tenha sido efectuada no final de Julho de 2015, e só tanto tempo depois e já com a época futebolística a decorrer tenha sido do conhecimento público. 

A Polícia Judiciária e Ministério Público sabe-se lá “como” conseguiram manter este bombástico segredo longe dos olhos e ouvidos do público e dos media. Na maioria das ocasiões não existe tanta eficácia em manter o segredo das investigações. Basta lembrarmo-nos de tantos casos mediáticos com figuras bem conhecidas da política, desporto e mundo empresarial. Enfim, como clube do regime que é o colo colo de Carnide beneficia mesmo de um “regime de excepção”. 

O “regime de excepção” aliada a uma “infernal” máquina de comunicação e de propaganda permite ao colo colo de Carnide ver estas situações comprometedoras branqueadas e “lançadas para o esquecimento no fundo duma gaveta”. Começa a ser uma pergunta clássica ou suposição clássica, se tudo isto fosse com o FC Porto como seria? Tenho a certeza que muito diferente e com imenso ruído!

É interessante referir que o FC Porto é dos clubes mais controlados pelo menos no futebol sénior em operações anti doping em Portugal. Os “vampiros lusitanos” por qualquer motivo que me escapa “engraçaram-se connosco”, quando todos os “motivos de interesse” parecem estar inquestionavelmente mais a Sul. 

Como a pressão mediática e desconfiança do público começaram a aumentar de forma desconfortável para o colo colo de Carnide, com o recente “caso da porta 18” e outras situações menos badaladas mas igualmente graves (milhões em dívida ao BES do presidente do clube que aparentemente serão os contribuintes a assumir), eis que a tal máquina de propaganda arregaçou as mangas e decidiu mostrar serviço!

E não foi por “terem perdido a supertaça e tresloucarem” como o impagável Bruno de Carvalho afirmou recentemente, era porque algo tinha de ser feito para “sacudir a pressão” e desviar as atenções do que já estava a tornar-se “demasiado óbvio e perigoso”.

Enquanto o “diabo esfregava um olho”, e não me refiro ao famoso diabo de Gaia, foi movido um processo ao ex-treinador do clube Jorge Jesus por incumprimento de obrigações contratuais, onde até constam acusações de roubo de software e outras condutas condenáveis, reclamando 14 milhões de euros. 

A tal quantia de 14 milhões do processo em causa, segundo dizem foi calculada a pensar na quantidade de benfiquistas que eles “julgam existir” multiplicada por 1 euro. Enfim nem os génios da matemática teriam tal ideia! Esta explicação tem motivado divertidas piadas e trocadilhos nas redes sociais por parte dos clubes rivais que tenho seguido com atenção e divertimento naturalmente.
Mas isto pareceu pouco ao colo colo de Carnide, pelo que decidiram alargar o “âmbito jurídico” e “chamar à pedra” o rival sporting e o seu presidente, a quem alegadamente exigirão 50 milhões de euros de indemnização por “danos reputacionais” causados, na sequência das recentes polémicas declarações do presidente leonino. 

Com esta nova cortina de fumo lançada pelo colo colo de Carnide, há “tema e paixão” renovada para desviar as atenções por mais uns tempos do essencial. Só se deixa enganar e condicionar quem não lhes conhece as artimanhas, algo que sei que todos os Portistas estão mais do que vacinados e imunes. 

E sobre aqueles que se deixam levar pelo “engodo”, o que podemos esperar de pessoas cuja fonte de conhecimento provém essencialmente de pasquins como os jornais “A Bola”, “Record” e “Correio da Manhã”? E ainda das pirosas TVI e SIC? Já agora notei que a RTP parece ter recuado no tempo numa espécie de “exercício saudosista”, e até utilizam o nome da sua “paixão escarlate” nunca escondida num vídeo de promoção do próximo jogo do FC Porto na Liga dos Campeões a realizar já na próxima semana. 

O FC Porto respondeu bem com um humor inteligente através da sua rubrica digital “Dragões Diário”, reconhecendo que já sabia há muito da paixão da RTP pelo colo colo de Carnide, que até os levou a ajudarem na contratação de um jogador para esse clube, com o dinheiro dos nossos impostos! Paulo Futre foi esse jogador para quem não se recorda. E o nosso grandioso Clube lembrou que não precisa de adversários imaginários e que o que o move é vencer. A vencer desde 1893 por muito que custe ao poder centralista!

Suspeito que devido a estas afrontas ao colo colo de Carnide por parte do Bruno de Carvalho, o sporting irá “comer o pão que o diabo amassou” em relação à arbitragem que estará presente no próximo clássico do futebol nacional. Veremos o que acontecerá, é um jogo muito importante para ambas as equipas, apesar do campeonato ainda estar no início e haver tempo para recuperações se tal for necessário.

As declarações de Bruno de Carvalho geraram tais ondas de choque, incómodo e algum atabalhoamento nos responsáveis e adeptos do colo colo de Carnide que certamente pedirão ao “mestre Pereira” para castigar o clube do desbocado Bruno com uma arbitragem à “moda da casa”. 

Perante este caso “típico de má vizinhança” entre os maiores clubes de Lisboa o FC Porto tem de manter-se concentrado nos seus objectivos e cumprir com a sua parte. As brigas e “lavagem de roupa suja” entre eles não nos diz respeito. Não vale a pena criar expectativas de castigos que possam sair para o clube do regime, sabemos como a justiça funciona em Portugal quando são eles que estão em causa.

A finalizar o FC Porto vive em geral um bom e saudável momento, espero que seja para continuar ao longo da época. A equipa de futebol sénior parece ter encontrado a chave para os problemas evidenciados em alguns jogos onde pontos foram “mal perdidos” quando a vitória esteve nas suas mãos. O futebol praticado e a confiança dos atletas é mais convincente e tem produzido melhores resultados.

Contudo, sem embandeirar em arco, é necessário encontrar uma solução para a solidez defensiva da equipa, notam-se que ainda existem aqui e ali arrepiantes erros defensivos que perante adversários de alto nível ou em jogos decisivos podem ser fatais. Estamos longe da perfeição mas estamos de facto muito melhores, isso é indesmentível.

Naturalmente que uma sequência de resultados positivos em jogos de grande importância como foram as vitórias perante o colo colo de Carnide e o Chelsea no Dragão, e a recente boa (sem deslumbrar) exibição para a Taça de Portugal frente a um Varzim lutador, geram confiança e optimismo para o futuro.

Sobre esse jogo frente ao Varzim não posso deixar de mencionar que vi um árbitro muito preocupado em “retardar” o segundo golo do FC Porto, que daria a tranquilidade, dando assim alento a um Varzim lutador. Osvaldo viu um golo seu mal anulado, ficou um penalti por marcar a nosso favor, vários cartões ficaram por mostrar a jogadores do Varzim por abusarem de excessiva agressividade na disputa dos lances, e ainda foram assinalados foras de jogo anedóticos punindo o FC Porto. Os jornais preferiram realçar os desperdícios do Osvaldo braqueando tudo o resto, é “o normal” nesta imprensa desportiva que temos vendida aos interesses do clube do regime.

É mais do mesmo, a tal certa “tendência” que Vítor Pereira incute nos seus homens para nos testar e tentar derrubar, umas vezes de forma mais evidente que outras, inequivocamente é já um processo de intenções sempre presente. Por isso não podemos facilitar um milímetro pois as armadilhas irão sempre existir.

Recuperando uma frase bem familiar aos Portistas, o FC Porto para ganhar tem de ser não apenas superior aos seus adversários, tem de ser muito mas muito melhor e jogar três vezes mais do que eles para ter hipóteses. 

As “bengalas” que alguns têm a “sorte” de ter com cartões perdoados, foras de jogo não assinalados que resultam em golos, penaltis inventados e “outros malabarismos” só estão disponíveis para alguns, os tais que se arvoram em defensores da verdade desportiva e passam a vida a falar dos “benefícios imaginários” do FC Porto. 

Fui um dos que torceu o nariz à vinda do Maxi Pereira para o FC Porto, e agora com humildade reconheço que é uma mais-valia na equipa e congratulo-me por ter vindo, eu temia que este jogador visse uma infinidade de cartões justamente ou injustamente, pela sua forma agressiva de jogar. Não demorou muito a ver o 5º cartão amarelo por manifesto exagero das equipas de arbitragem, já percebemos que para ele haverá tolerância zero.




Não posso deixar de dar os parabéns à equipa sénior de andebol do clube pela excelente campanha que vem realizando internamente e especialmente na Liga dos Campeões da modalidade onde tem demonstrado toda a sua classe e talento perante a “nata do andebol europeu. Dá gosto vê-los jogar, continuem assim rapaziada! 

Depois da saída do consagrado treinador Ljubomir Obradovic, o seu sucessor Ricardo Costa está a fazer um excelente trabalho e merece ser reconhecido e felicitado, que tudo continue a correr pelo melhor a esta fantástica equipa e exemplar grupo de profissionais.
Uma menção honrosa igualmente para a equipa sénior de hóquei em patins que demonstra solidez e personalidade somando vitórias, espero que no final volte à ribalta conquistando títulos nacionais e internacionais, a Liga dos Campeões em hóquei que nos escapa ano após ano é um sonho antigo que desejo ver materializado.

Desejo boa sorte ao FC Porto ante o Maccabi Tel-Aviv nos dois jogos que se aproximam, que serão tendencialmente decisivos para permitir assegurar o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões.

A finalizar quero agradecer ao grande Bernardino Barros pelo forma como defende o FC Porto, com inteligência, categoria, nível e muita astúcia perante um indivíduo execrável de seu nome Pedro Guerra, que a TVI insiste em manter num programa cujo nível vai afundando cada vez mais, e não é feito com certeza por quem gosta e para quem gosta de futebol. Infelizmente “peixeiradas”, “linguagem de taberna” e “aberrações” dão audiências e a TVI chama-lhe um figo!

FC Porto a vencer desde 1893!
A Chama do Dragão é Eterna!
FC Porto sempre!

Por: BluePunisher

sábado, 17 de outubro de 2015

O processo


Está a um euro, por cabeça
O pedido d’indemnização,
Que lá ped’a instituição
Ao Jesus como sentença!

E é desse somatório
Pelo número d’adeptos…
Qu’esses números, por correctos,
Valem como peditório!

Uma operação coração
Convertida em processo!
Qu’até Kafka está perplexo
C’oa fórmula da sanção!?

Há tod’a originalidade
Num processo de revista,
Cuja acção lá seja vista
Com tod’a credibilidade!

Pois a “Sábado” da Cofina
Serve como tribunal,
E o culpado como tal
É julgado por quem opina!!

Pois o Josef, como Jorge,
É suspeito dum tal crime…
Que nisto há quem o afirme
Qu’ele saiu, mas não foge!

E sem saber da razão
Desse crime “lesa pátria”,
Tem-se o Jorge como pária
Na sua própria nação!!

Pois como vencedor
Nesse clube do regime,
Se veja nisso tal crime
Porque saltou do andor?!

E na fórmula do pedido
Cuja acção virou processo,
Não se vê qualquer excesso
No valor reconvertido!?

São 14 milhões!!
E dá 1 euro por adepto!!
E nisto Kafka estava certo
Nas suas alucinações!!

Só num mundo bem “real”
Já se sabe condenado,
Sem processo formulado
E mesmo sem tribunal!!

E da culpa já formada
Se tem plena presunção,
Daí tanto milhão…
Numa pena atenuada!?

Pois a pena por limite
Não contempla o pedido,
E s’o clube ressarcido
No seu valor de clubite

Seria sanção pesada
Pois que só nas Caraíbas,
Vivem lá 300 vidas
P’la causa encarnada!

E se for na Indochina
O valor é duplicado!
Tod’o Khmer é encarnado
Nessa veia assassina…

E na ilha de Galápagos
O que vive de passarada!
Cuja quota encarnada
Está em dia, e sem encargos…

Na contagem doutra parte:
D’adeptos no Universo!
Quantos somam ao processo
Só os que vivem por Marte?

Ui, o qu’aí vai de benfica
P’lo espaço sideral!!…
E tinha kafka por brutal
A justiça sem a ética…

No processo entrevisto
Na revista e no Barreiro,
Qual deles é o primeiro
Que deu entrado no registo?

E qual é a pretensão
Neste duplo julgamento,
Se ao Jorge o aumento
Veio dessa negação?

Ah, é matéria de prazo
Diz no processo, o autor!
E traiu o empregador
Porque saiu com atraso?

E se nisso levou consigo
A tão célebre estrutura!?
O processo é a loucura:
Kafka c’o seu “inimigo”!…

Por: Joker

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

“Erro humano”


Entre mouros e judeus
Há uma forte afinidade,
Que com tod’a cristandade
Só agraciam a um Deus!

E nessa correlação
Há origens linguísticas,
Nessas tribos semitas,
Numa diferença: a religião!

As desavenças de “primos”
Trocaram-lh’os trilhos,
Em redobrados sarilhos
Que não são ínfimos…

Pois mostr’a História
Que dessa origem
Rest’a vertigem
Nessa memória…

Pois tendo visto
Na Tv pública
Toda uma rúbrica
Que não lembr’ao Cristo!?

Ao confundir
Judeus com “mouros”!?
E com tais louros
Fazer-nos rir?

Pr’a motivar
O nosso Porto,
Veio do mar morto
Não o “Beitar”!?

Nem o “Maccabi”
De Jerusalém!!
Mas a equipa-mãe
Deste mundo “árabe”!!

Dos Emirados
Que de tão unidos,
São bem difundidos
Em tais duplicados!

Há pois que mostrar
Esse patrocínio,
Nesse toponímio
Do “bem viajar”!

Mas não pr’o Dubai,
Pr’a Jerusalém!?
E não há ninguém
Que c’o isto, cai?

Criatividade,
Nesta RTP?
E quem é que a vê
P’la publicidade?

Vem de longe a arte
Pr’a subsidiar…
E demais, comprar!!
Pr’o “mouro” estandarte!

Em dinheiro-vivo
Ou na promoção,
Lá só vê o “Islão”
De tão “criativo”…

Pois qu’ao judeu
No retrato “mouro”,
Traz-lhes mau agouro
Esse traço “ateu”!

E par’os do norte
Sobr’a motivação!?
São contr’o “Islão”:
O adversário forte!!

Por isso é jogar
Com’a RTP!!
Pois lá quem a vê
Por tão bem “criar”?

Não, não é engano
A pequena rábula!!
Qu’a verdade salva
Em tal “erro humano”…


Por: Joker

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Omertà


OMERTÀ!

Tem-se o silêncio, por regra
Onde ving’a “Omertà”!
Por Itália, não por cá,
Nesta justiça qu’é cega!

domingo, 11 de outubro de 2015

Cortesia


 "A cortesia abre qualquer porta"

    Máxima rabínica

Uma delicadeza…
Um gesto d’agrado!
Um prato “encarnado”
Sem vinho de mesa….

sábado, 10 de outubro de 2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Seria das nortadas ou do azul da camisola?


A temporada 2015/16 ainda vai em seu início, mas ela já nos tem servido para que possamos observar um fenômeno curioso. Não sou oftalmologista, então não saberia dizer se poderia se tratar de daltonismo ou miopia - ou quem sabe, até mesmo a soma dos dois distúrbios visuais -, mas desconfio que os estudiosos do tema poderiam nos ajudar a elucidar se o verão de 2015 há de ficar marcado na história portuguesa. Como o possível período de uma espantosa cura dos eventuais problemas de perturbação de percepção visual dos árbitros da Liga Portuguesa. Milagre! - poderia bradar os mais crentes. Ou será que existe outra explicação para o fato de Maxi Pereira, vestido de azul e branco, ser advertido com cartões amarelos com maior frequência do que nos tempos em que vestia de vermelho?

Ao fim de oito temporadas, o uruguaio Maxi Pereira trocou o Benfica pelo Porto. O lateral direito da Celeste Olímpica - como um típico jogador Oriental - sempre teve como marca o excesso de virilidade na forma como aborda o jogo, muitas vezes descambando para entradas violentas contra os adversários. Era assim de vermelho. E era assim de Celeste. E tem sido assim de azul e branco. É sua característica e não vai ser aos 30 anos de idade que há de mudar.

O que chama a atenção, entretanto, é que nas oito temporadas em que vestia a camisola vermelha do Benfica, Maxi Pereira precisou de, em média, 18 jornadas para ser suspenso pelo quinto cartão amarelo. Em suas 212 atuações na Liga Portuguesa pelo clube lisboeta, o uruguaio viu 69 cartões amarelos. Ou seja, em média, Maxi Pereira era advertido com um cartão amarelo a cada 3 jogos.

Notável é que um jogador viril - e por vezes violento - como Maxi Pereira, apenas uma vez tenha sido expulso na Liga Portuguesa a serviço do Benfica. E foram necessários 162 jogos - ou cerca de 14 mil minutos em campo - para que isso acontecesse. Faz hoje dois anos de tal feito histórico, quando diante do Estoril, na temporada 2013/14, o uruguaio, por acúmulo de amarelos, foi expulso aos 89 minutos de partida, quando o Benfica vencia por 2 a 1 (e na jornada seguinte iria atuar em casa). Diante de tamanha raridade, o fenômeno até ganhou uma página no Facebook - https://www.facebook.com/Eu-vi-o-Maxi-Pereira-a-ser-expulso-pela-1%C2%AA-vez-no-Campeonato-590383310998764/timeline/.

Agora, vestindo o azul e branco do FC Porto, Maxi Pereira passa por uma situação inédita. Foi suspenso com o quinto cartão amarelo à sétima jornada. Ou seja, enquanto no Benfica só era advertido quase que a cada quatro jogos, no Porto ele praticamente viu um amarelo por partida: 3,6 x 1,4 - para sermos precisos. A suspensão do defensor à sétima jornada, além de contrastar com a média de seus oito anos de Benfica (cerca de 18 jornadas), ainda se evidencia quando comparada com a época em que Maxi foi suspenso mais cedo a serviço do clube da Luz: foi na temporada 2010/11, na 10ª jornada (ou seja, com média de um cartão a cada jornada, enquanto no Porto foi 1 a cada 1,4).

Teriam as típicas nortadas, com suas violentas brisas, tornado o Maxi Pereira ainda mais violento? Ou será que, agora, sem o manto vermelho (que o protegia?), Maxi Pereira passou a ser visto pelas arbitragens? É um caso para refletirmos.


NÚMEROS

Jornada em que Maxi Pereira foi castigado com o 5º amarelo

27ª
2007/08

17ª
2008/09

25ª
2009/10

10ª
2010/11

17ª
2011/12

12ª
2012/13

19ª
2013/14

15ª
2014/15

(1 amarelo a cada 3,6 jornadas)


2015/16

(1 amarelo a cada 1,4 jornada)

Todos os cartões de Maxi Pereira  pela Liga Portuguesa

Porto (2015/16)

7 jogos

5 amarelos

1 amarelo a cada 1,4 jogo média

Benfica (8 temporadas)

212 jogos

69 amarelos

1 amarelo a cada 3 jogos média

2014/15

32 jogos

11 amarelos

1 a cada 3 jogos média

2013/14

25 jogos

9 amarelos

1 vermelho (duplo amarelo)

1 a cada 2,77 jogos média


2012/13

28 jogos

8 amarelos

1 a cada 3,5 jogos média

2011/12

25 jogos

11amarelos

1 a cada 2,3 jogos média

2010/11

26 jogos

11 amarelos

1 a cada 2,36 jogos média

2009/10

25 jogos

8 amarelos

1 a cada 3,125 jogos média

2008/09

28 jogos

5 amarelos

1 a cada 5,6 jogos média

2007/08

23 jogos

6 amarelos

1 a cada 3,8 jogos média

Eu vi o Maxi Pereira a ser expulso pela 1ª vez no Campeonato
Por: Emanuel Leite Jr.
 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

ORGULHO E PRECONCEITO




Começo pelo orgulho.

É muito importante para um adepto sentir que o Porto é temido na Europa. Não é um título, mas para alguns pode ser mais importante do que uma Supertaça ou uma Taça da Liga.
Hoje em dia, quando se lê num jornal espanhol, alemão ou inglês que a equipa X, Y, Z vai jogar ao Dragão há sempre uma ideia que lhes espera problemas.
Basta pensar o que se viveu naqueles 6 dias entre o Dragão e o Allianz Arena ou comparar a calmaria e tranquilidade de José Mourinho em Alvalade no ano passado com um Super Patricio a evitar a goleada e o ambiente de tensão que se viveu durante a totalidade dos 90 minutos da passada terça-feira.
Quando subimos as escadas do Dragão de acesso às bancadas pensamos sempre que é possível e que ninguém passa fácil aqui.
Não é fácil para uma equipa portuguesa adquirir esse estatuto.
Quando ontem disputávamos o jogo palmo a palmo com o Chelsea pensei nisto. Podíamos ter perdido porque o Chelsea jogou o suficiente para ter hipóteses de ganhar mas estamos lá. Discutimos, somos competitivos, encostamos e somos encostados mas sente-se sempre que no Dragão é duro passar.
Voltei a sentir isso. Tenho orgulho nisso.


Despachado o orgulho, vamos ao preconceito.

Começo pela constatação: Da grande vitória ao colosso Bayern à queda do Chelsea passaram menos de 6 meses.
Continuo com a pergunta: Dos que a conseguiram então, quantos repetiram ontem?
Maicon, Indi, Brahimi e Lopetegui.
3 jogadores e 1 treinador. Só estes ouviram o hino da Champions com a câmara a passar-lhes pela cara.
É toda uma equipa esventrada de alto abaixo. Foi uma outra equipa que teve que voltar a lutar com uma equipa que lhe é inequivocamente superior e de mostrar que aqui, no Dragão, é sempre duro. 
Quem, com 2 equipas diferentes mas com o mesmo Porto, os mesmos adeptos e o mesmo Dragão conseguiu erguer um 11 competitivo para discutir um jogo como este foi Lopetegui.
Ele também era o mesmo. Ele também sabe, ou alguém lhe ensinou, ou aprendeu connosco que isto é importante para nós.
É aqui que entra o preconceito. Leio, vejo e ouço que está tremido, pressionado e na corda bamba.
Penso noutros treinadores com contratos milionários, noutras épocas de Champions, noutros falhanços de apuramentos, noutras perdas de estatuto, de orgulho, noutras tacticas configuradas para nota artistica, para o volume ofensivo.

Lopetegui não tem estatuto.

Lopetegui não pode perder 3-1 em casa com o Dinamo de Kiev, sentar-se na cadeira de sonho de outros e dizer:A grande aposta é no campeonato.”

Não pode, porque não seria perdoado se confessasse que aquele jogo perdido há minutos com 40 mil nas bancadas não era uma prioridade.

Não pode quer tenha 5 pontos de atraso, quer tenha 5 pontos de avanço.

Relembro, que Vitor Pereira foi contestado porque fazia fraca figura na Europa.

Há um claro preconceito que muitos portistas têm com o seu treinador ao qual se somou a ideia vendida, sussurada e até gozada que Lopetegui é um peso que a fabulosa equipa e o fabuloso plantel tem que carregar.

Hoje, é um dado adquirido para a opinião pública e publicada que se em Maio as coisas correrem bem dir-se-á “Apesar de Lopetegui”.

Lopetegui não é um grande treinador. Não é, mas pode ser. Não é, mas pode conquistar esse estatuto aqui e connosco. Crescer aqui e connosco. Ganhar títulos para nós e fazer curriculum graças a nós.

Há 2 tipos de bons treinadores:

1-     Os que fazem voar as equipas. Os que pegam num Paulo Ferreira e os vendem por 20 e tal milhões, os que colocam Ricardos Fernandes a jogar olhos nos olhos com Scholes e afins e que permitem que a soma do colectivo valha mais do dobro da soma das individualidades.
Lopetegui não é desses. Pode vir a ser mas ainda não é.
Jorge Jesus é metade disso. É capaz de fazer individualidades mas incapaz de criar um colectivo suficientemente forte para se bater com grandes equipas em provas como a Champions.

2-    Os que impedem que a sua equipa se despenhe. Sabem que a casa tem buracos, preocupam-se a estudar ao pormenor as fragilidades, pensam como atacariam os pontos fracos se estivessem do outro lado e metem mãos à obra.
Toca a tentar esconder o que temos de mau porque estão a chegar visitas.
Os treinadores faz-tudo. Consertam a rede electrica, tapam buracos, pintam, são taqueiros, tratam da canalização.
Toca o hino da Champions e o Homem está cansado no banco de tanto conserto, de tanto tapa aqui e esconde acolá.
Acho que assim podemos competir, pensará ele. Pensou bem.
Lopetegui é desses. Nestes jogos, ter um treinador que tenha essa preocupação é muito importante e devia ser motivo de orgulho que vencesse o preconceito.


O onze inicial ilustra essa vontade de ter a casa em ordem. Preparados para receber o Chelsea, com uma equipa totalmente nova, com um meio-campo de jogadores que nunca tinham jogado juntos face a uma equipa consolidada, rotinada e de jogadores de estatuto mundial.

Indi à esquerda porque fecha bem por dentro e ajuda a esconder a debilidade do jogo áereo.
Rúben e Danilo porque temos que erguer uma parede para proteger a defesa.
André André à direita porque ajuda no combate, vem para dentro e abre alas para Maxi.
Imbula mais à frente para ter espaço para arrancar sem partir tão de trás.

E lá fomos para a batalha. 

A verdade é que esta equipa de Setembro ainda é verde. Se tivermos o talento e a sorte de voltar a chegar a Abril tenho a certeza que este Imbula, este Danilo e este Rúben serão outros. Todos eles fizeram um jogão mas tenho a certeza que em Abril poderão jogar menos com a equipa a jogar melhor.

Em 15 minutos Casillas voltou a vestir a pele do Salvador do clássico com o Benfica e negou o golo aos seus compatriotas Fabregas e Pedro. Neste último lance a parada é similar à mitica defesa ao remate de Robben na final do Mundial de 2010.

A casa estava arranjadinha mas a torneira pingava, havia uma tábua mal pregada e entrava água pelo telhado.

O Porto vivia muito do talento solista de Brahimi e Aboubakar para fazer umas faenas na frente e do vigor e concentração de Rúben Neves, Danilo, Indi e Marcano para manter a equipa de pé e a lutar.

Nos primeiros 20/25 minutos pareceu que ia ser curto. Seria, talvez, um Porto ligeiramente melhor do que o Sporting que o Chelsea derrotou com facilidade mas um Porto significativamente longe de nos poder fazer sonhar acordados com uma vitória.

Mourinho também tinha estudado a lição. Toda a recuperação na defesa tinha ligação directa com o ataque explorando a profundidade que Diego Costa dá e o posicionamento duvidoso e o temperamento demasiado irrequieto da ala direita do Porto.

Maicon andou a apanhar bonés, Maxi a fazer de extremo direito e estava encontrada a divisão da casa com a tábua a ranger e a torneira a pingar.

Casillas segurou e o Porto recompôs-se. Passamos a dividir um tipico jogo de 0-0 sem que nenhuma equipa mostrasse superioridade. Sentia-se que o Chelsea teria mais argumentos mas o sentimento do Sporting de São Patricio desapareceu.

Aí Maxi acelera com a bola nas mãos, Imbula acende uma lampâda que parecia estar fundida e rasga o campo na horizontal até Brahimi.

Quando o argelino recebe a bola ali, já nas imediações da grande área adversária e num contexto de ataque mais rápido do que posicional estão reunidas as condições para brilhar.

Ele sabe e gosta de fintar, os defesas sabem que ele é bom a fintar e a ajuda ainda não está devidamente posicionada para o obrigar a não ir para cima.

Brahimi para cima de Ivanovic, Pedro ainda não totalmente preparado para evitar o duelo e foi tarde demais para o Chelsea. Begovic ainda impediu mas o matador profissional andava pela área. 1-0 caído do talento, da luta e do mestre-de-obras.

O jogo manteve o ritmo mas uma hesitação entre Rúben Neves e Imbula permitiu a arrancada de Ramires que redundou no livre fatal. 1-1 ao cair do pano e justiça no marcador.

A 2ª parte é diferente. Parece que ao imenso trabalho de esconde-esconde teórico que Lopetegui faz antes destes jogos falta sempre qualquer coisa. 

Ele tapa aqui e esconde acolá pensando que a realidade vai ser assim ou assado.

Passados 45 minutos, vê a realidade e entende melhor o que deveria ou não ser camuflado. O que está a mais ou a menos.

Foi assim contra o Bayern em que passamos de um sufoco contínuo para uma discussão taco a taco.

Foi assim contra o Chelsea em que passamos de uma equipa a andar cambaleante e a lutar incessantemente, para outra, personalizada, sem medo e afirmando os seus pontos fortes de peito mais aberto.

Danilo e Imbula cresceram enormidades. Estavam bem e ficaram óptimos para essa 2ª parte.

Devem começar a jogar de forma tímida pensando que este é o Ramires, aquele é o Fabregas e este é o Diego mas com o passar dos tempos eles virão apenas números. Marca o 7, manda abaixo o 4.

Despersonalizam os adversários, tornando-os comuns e susceptiveis de serem olhados como iguais. Sinto que as bolas são disputadas com outro vigor, o choque fisico com outra convicção.

Passa a ser um Porto-Chelsea como se fosse um Porto-Benfica. Podemos ser tão bons como eles.

Sucede o milagre. Era capaz de jurar que por cada golo que o Porto marcasse de canto teria sofrido uns 5 antes. A verdade é que Maicon marcou de canto numa jogada improvável e Ivanovic falhou de forma flagrante num lance de passividade de Casillas, infelizmente habitual.

Pelo meio Diego Costa meteu uma bola no ferro e provou que não podia ser vista só como um número na camisola.

De qualquer modo, a 2ª parte, como no jogo com o Bayern, passou de forma mais célere e menos sofrida ficando a sensação que em determinados momentos o 3-1 era bem mais provável e justo do que o 1-0 parcial da 1ª parte.

Danilo, Imbula, Rúben, André, Brahimi, Aboubakar. Todos eles, tiveram oportunidade de assaltar a sério Begovic. Todos os médios tiveram liberdade e coragem para meter medo ao Chelsea. Mourinho sentiu que se esticou demais na 1ª substituição tirando Mikel por Hazard e ao ver a avalanche em direcção a Begovic corrige o tiro e dá Matic ao jogo antes que fosse tarde demais.

Volta a entrar o Mestre-de-obras em acção. A força do vento era demasiado forte e algumas telhas e janelas precisavam de ser protegidas.

Se ao configurar o onze Lopetegui quis garantir que o Porto lutava sem se despenhar ao mexer do banco preocupou-se em não deixar o Chelsea voar.

O lado defensivo mais fraco e mais procurado pelo Chelsea era o direito. Foi por aí o reforço.

Quatro pernas frescas para ajudar Maxi e Maicon. Evandro e Layun para que Hazard, Willian e Azpilicueta não batessem as asas.
A 3ª substituição é outra prova dessa preocupação. Todos sabíamos que vinha aí bombeamento. Todos víamos que Brahimi estava de gatas.

O que fez Lopetegui. Senta Corona e senta Tello que quem entra é o calmeirão Osvaldo.
Eles que venham. Osvaldo, Aboubakar, Danilo, Indi, Maicon e Marcano devem chegar para as encomendas, pensou ele.
Pensou bem. Ivanovic subia devagarinho permitindo que Aboubakar tivesse vida para lá estar e Osvaldo saltou muito ajudando defensivamente a equipa em momentos cruciais.

Temos que ter orgulho nesta equipa que discute jogos palmo a palmo com tubarões europeus, acabar com o preconceito que impede que se reconheçam os méritos do Mestre-de-obras treinador e louvar a sua capacidade de com intérpretes diferentes, conseguir a competitividade de sempre.

 
 
Análises Individuais:

Casillas - O MVP dos primeiros 45 minutos. Na altura em que a verdura do Porto tombava perante o poderio londrino foi o guarda-redes que segura a equipa e lhe dá tempo (como na recepção ao Benfica) para se reerguer.
Não é o MVP da 1ª parte porque nos descontos deixou-se cair numa de 2 armadilhas. Ou pela responsabilidade de armar a barreira e de assumir o posicionamento em função do (in)sucesso em que ela é organizada ou por ter sofrido um golo precisamente do lado da baliza  que estava a preencher. Tudo, sem se mexer.
Na 2ª parte volta o lance que nos arrepia a todos. Um golo de Ivanovic na pequena área com Casiilas a meio caminho teria repercussões graves na sua relação com a equipa e com os adeptos.
Esse ponto é de tal forma fraco que só a sorte vai conseguindo disfarçar.
Fica a sensação que Lopetegui se junta à sorte na armação do 11 e no perfil de substituições que faz protegendo o seu redes que tem medo das bolas aéreas.

Maxi – O rei dos lançamentos laterais. Chega a ser comovente ver como Maxi sprinta para o lançamento lateral tendo a noção que é nos tempos mortos que se surpreende o adversário.
Na 1ª parte desmarca Aboubakar com o Chelsea a dormir e só não faz o mesmo com André André porque o caxineiro não entendeu que era para correr para o espaço.
Maxi é isto. O lance do golo nasce de mais uma dessas pressas de não dar descanso ao jogo e ao adversário e aproveitar cada migalha de espaço.
Enquanto a equipa se espreguiçava em campo, Maxi foi o extremo direito que compensava a menor apetência de André André para o negócio.
Na defesa teve dificuldades sempre que Willian (melhor jogador do Chelsea) por lá andava mas foi lutando com a abnegação e virilidade habitual.
Na 2ª parte quando Mourinho atira a artilharia pesada Lopetegui vai em seu auxílio colocando ajuda fresca do seu lado o que lhe permite terminar a partida com saldo positivo.

Indi – Um grande jogo com apenas uma falha grave quando está demasiado encostado à linha deixando o mundo de espaço entre si e Marcano que Pedro Rodriguez aproveitou para obrigar Casillas à defesa da noite.
Em tudo o resto esteve muito bem. A enxotar tudo o que queria entrar pelo seu lado com aquele ar de Chuck Norris e a ajudar muito a dupla de centrais no defender, pressionar e na conquista de varias bolas aéreas na zona central.
“E tu querias conhecer os pássaros, voar como Indi sobre os avançados”
Merece a adaptação da música de Rui Veloso.
Para quem critica o holandês pela tibieza no jogo aéreo, a partida com o Chelsea mostrou o contrário.
A sua inclusão no 11 foi uma jogada de mestre de Lopetegui. Muito bem.

Maicon – Vontade e capacidade física de sobra e inteligência e capacidade posicional escassa.
Andou a apanhar os bonés de Diego Costa na 1ª parte sem saber se dobrava Maxi ou perseguia o seu adversário directo até ao infinito.
Aí, foi um Marcano impecável, um Casillas intransponível e um Indi muito colaborante que foram escondendo o Forrest Gumpismo de Maicon.
Na 2ª parte marca um golo pleno de oportunidade e quando parece que se está a recompor saca mais uma vez de um tesourinho deprimente ao atirar-se para o chão desesperadamente visando um corte espectacular a Willian quando todo o Mundo com o Curso de Nivel 0 de Treinador sabe que se há coisa que o último homem deve fazer é manter-se de pé o máximo de tempo possível.
No assalto final voltou a ser importante ao impor a sua presença física na disputa de bolas aéreas.
Continua demasiado inconsistente para um central capitão do FCP. Há espaço para acabar com isto?

Marcano – Até ao minuto 90 estava a ser o MVP. Muito ligado ao jogo, atento a tudo e sem facilitar nada. Entendimento perfeito do peso que é a decisão de se desposicionar e jogar em antecipação. Vai com tudo, mantém-se de pé quase sempre e ou vai bola ou vai perna.
Dali, o adversário não sai com bola.
Percebe também o peso do jogo e não arrisca um milímetro quando pressionado.
Borrou a escrita toda quando no último minuto de jogo está perante o Monstro Costa e deixa bater a bola. Aí ,foi correr atrás do prejuízo e ficar à mercê da boa visão do árbitro.
O árbitro não viu mas todo o mundo viu que esse lance mancha de forma clara a exibição de Marcano.

Danilo Pereira – O melhor jogador em campo. O que esteve sempre presente na defesa e no ataque. O que não ligou e desligou a luz estilo interruptor e o que durou o jogo todo sempre na mesma intensidade.
Um jogo enorme de presença física, de capacidade de disputa de duelos individuais, de qualidade de passe e de chegada à área.
Danilo só peca na expressão facial. Se abandonasse aquele ar de menino de escola e tivesse e olhasse para os adversários com a face cangaceira de Indi meteria ainda mais medo.
À medida que o jogo foi avançando foi deixando os adversários para trás porque o seu ritmo foi sempre o mesmo. Tanto, que foi o jogador do Porto que melhor defendeu na 2ª parte e que mais perto do 3.º golo teve.

Rúben Neves – O jogo em que subiu 4 degraus na sua carreira com um salto só. Sinceramente, não o julgava ainda competente para jogar como médio interior direito com grande espaço de intervenção.
Neste último ano Rúben ganhou massa muscular mas perdeu alguma agilidade. Contra o Chelsea foi capaz de repetir índices de agressividade já testados em encontros anteriores somando a capacidade para jogar à IO-IO e não se defender excessivamente em 2 quadraditos de terreno onde pudesse brilhar com os passes teleguiados.
Foi engraçado ver o baixote envolvido naquela guerra com o queniano Ramires e os “etiopes” Mikel, Imbula e Danilo.
Parecia aqueles mundiais de 10000 metros quando vemos, a 2 voltas de fim, alguém que foge ao estereótipo de potencial vencedor a dar água pela barba aos que fisicamente lhe parecem superiores.
Rúben foi mais que esse maratonista. Manteve a serenidade com bola que tanto tranquiliza as bancadas. Nos momentos em que o rapaz de Mozelos recebe, se vira e levanta a cabeça o Dragão expira. Vai sair dali qualquer coisa.
Compreensivelmente não aguentou até aos últimos 400 metros da partida. A intensidade da partida e o raio de acção a que foi obrigado é ainda demasiado forte para quem há pouco mais de 1 ano não jogava mais de 80 minutos a um ritmo 20 vezes inferior.
Está no bom caminho. Grandíssimo jogo.

Imbula – É o Brahimi dos médios. Se joga demasiado atrás complica mais do que ajuda.
Dez passos à frente e tem um mundo à frente. Contra o Chelsea, o que vimos foi o francês a soltar-se, a mostrar a capacidade de arranque à Yaya Touré à qual adiciona um drible curto e uma capacidade de protecção de bola bem acima da média.
Fez um jogo em crescendo. Está no lance do 1.º golo quando passa a bola por um lado e vai busca-la a outro antes de a endossar a Brahimi e está em todo o lado na 2ª parte enchendo o campo e aproveitando a momentânea loucura de Mourinho quando retira Mikel da partida sem fazer entrar Matic.
Imbula viola de forma contínua a defesa do Chelsea e o Porto tem uma cavalgada de 10/15 minutos que só não mata o jogo por sorte.
A jogar assim é indiscutível. Tem que jogar mais à frente para ser indiscutível.

André André – Missão ingrata. É o Oliver de 2015/16 que quando os jogos apertam é desterrado para uma posição que não é a sua.
Lopetegui deve ter lido a análise que aqui fizemos à exibição de André André no jogo com o Benfica. A forma como sabe sempre onde tem que estar, como tem que correr e quem deve pressionar acaba por torna-lo indiscutível seja onde for e a ser um concorrente perigoso para todo e qualquer titular seja ele extremo, defesa direito ou esquerdo, médio ofensivo ou defensivo.
Rouba, aparece sabe-se lá de onde para recargas oportunas, finge que anda a passo e arranca descabelando a oposição. É e está um jogador de mão cheia. É o coração deste Dragão.

Brahimi – É o Imbula dos avançados. Se recebe a bola demasiado atrás complica mais do que desequilibra.
Contra o Chelsea foi o líder do ataque. O porto de abrigo que todos os médios procuravam quando era hora de alguém liderar a invasão à grande área londrina.
Brahimi foi o de sempre. Corajoso, egocêntrico e auto-confiante que se entregou a todas as batalhas nunca esmorecendo perante derrotas momentâneas.
A jogada do 1.º golo é brilhante. Depois do trabalho de Imbula o mago avança para Ivanovic com a saliva a escorrer pelos dentes. “Bora lá fazer sangue.”
Fez. Dançou-o para cá para lá, fez que ia mas não foi com Pedro e depois só Begovic podia salvar se o omnipresente André por lá não andasse à espera de o fuzilar.
Na 2ª parte continuou a destratar Ivanovic à bruta e sempre que o sérvio teve a infelicidade de o ver receber a bola demasiado perto da grande área.
O medo de fazer falta quando há proximidade à grande área associada à habilidade única do argelino em não descolar a bola dos pés e à capacidade de arranque tornam-no no pior dos inimigos para quem já não tem os rins de antigamente.
Uma equipa com 4 médios precisa que o desequilibrador desequilibre. Brahimi deu razão de ser à tactica de Lopetegui.

Aboubakar - Bem! Está um senhor 9. Jogou à Jackson Martinez e a forma como se movimenta e passa faz mais lembrar os pontas de lança de toque e classe como Lewandowski e Van Basten do que os africanos puro-sangue como Drogba, Eto'o.

Nem o adepto mais confiante esperaria isto.

Aboubakar baixa, distribui, obriga os centrais a desmobilizarem ficando sempre sem saber se da cartola do camaronês vai sair uma assistência ou um arranque pré-espancamento da bola.
Se afinar a mira é melhor sair da frente. Jogaço de um jogador em plena forma.


Evandro -  Pernas para que te quero! Entrou para ajudar Maxi e conferir a frescura nas últimas 2 voltas à pista. Cumpriu.

Layun - Mais uma jogada de Lopetegui para tapar os buracos da parede lateral direita da casa.
André André estava desgastado e o sósia mais próximo sentado no banco ao nível de disponibilidade física e qualidade defensiva era Layun. Cumpriu.

Osvaldo - Entrada para reforço do poder aéreo da equipa. Em boa hora porque Osvaldo foi precioso quando a aviação londrina apostou em sobrevoar a baliza de Casillas.


Ficha de jogo:
FC PORTO-CHELSEA, 2-1
UEFA Champions League, Grupo G, 2.ª jornada
Terça-feira, 29 Setembro 2015 - 19:45
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 46.120

Árbitro: Antonio Mateu Lahoz.
Assistentes: Cebrián Devís e Díaz Pérez del Palomar; Estrada e Hernandez (adicionais).
Quarto Árbitro: Miguel Martínez.

FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Martins Indi, Danilo, Rúben Neves, Imbula, André André, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Osvaldo (86' Brahimi), Tello, Evandro (78' Ruben Neves), Corona, Layún (80' André André), Alberto Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.

CHELSEA: Begovic, Ivanovic, Cahill, Zouma, Azpilicueta, Mikel, Ramires, Fàbregas, Pedro Rodríguez, Diego Costa, Willian.
Suplentes: Blackman, Baba, Hazard (62' Mikel), Kenedy (73' Pedro Rodríguez), Matic (73' Ramires), John Terry, Loftus-Cheek.
Treinador: José Mourinho.

Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: André André (39'), William (45+2'), Maicon (52').
Disciplina: cartão amarelo a Martins Indi (19'), Marcano (25'), Cahill (41'), Azpilicueta (66'), Matic (79'), Danilo (82'), Imbula (89').



Por: Walter Casagrande




 
>