domingo, 16 de agosto de 2015

El Pibe Kar


FC Porto 3 - 0 V. Guimarães

Começo por uma lembrança.

Qual foi o melhor jogo do Porto na época 2014/15? Cada um terá a sua ideia.
Vou tentar antecipar o que a maioria dos leitores pensarão e arriscar com o Porto-Bayern do Dragão.

Lanço a pergunta seguinte: 

Dessa equipa quantos jogadores começaram no 11 na época 2015/16?

A resposta é Maicon e Alex. Dessa equipa que nos brindou com A exibição pouco restou para o 1.º figurino da época.
Onde estava Fabiano agora está Casillas. Onde morava Danilo agora está Maxi. Indi por Marcano já é mais comum. Casemiro por Danilo é outra realidade. O lugar habitado por Oliver serve agora de rampa de lançamento de Imbula. O RQ7 virou SV7.
Brahimi também estava fora dando lugar à velocidade de Tello. E onde estava o CHACHACHA manda agora o El Pibe Kar dos Camarões.

Esqueci-me de alguém? Parecem 3 mas não são 3. O Hector Herrera é um e o Phantom Herrera é outro.

Um jogador galgo como Herrera, capaz de fazer desmarcações como a que vimos após magistral abertura de El Pibe Kar é importante para a equipa.
Se Imbula dá a progressão com bola, o Hector é capaz de correr primeiro à espera que a bola venha depois. Progressão sem bola e chegada à área.
Não vale a pena pensar a equipa à espera do Hector quando é o Phantom que erra por lá.
Precisa de não ser queimado. Precisa de recuperar a forma física e isso é indispensável para não o chamuscar do fogo do Dragão. Nós já convivemos bem com um Herrera errante mas presente, intenso e maratonista. Esta versão é um pesadelo.

A lembrança não serve de desculpa nem para antecipar compreensíveis más noticias. Ajuda é a valorizar a exibição que ontem vimos de um grupo de jogadores diferente, que tem que se ambientar às exigências de jogar no Porto, à margem zero que há para empatar jogos no campeonato português e, por último, a responder às exigências do modelo requerido por Julen Lopetegui.

Já é hábito que o Guimarães comece as épocas a passo. Quem não se lembra da patética exibição que permitiu ao Porto de Paulo Fonseca dar um chocolate nas asas de Licá no jogo da Supertaça?
Na altura também se exibia o lateral Pedro Correia que em conjunto com Luis Rocha deverão ser a pior dupla de laterais do campeonato.

Tivemos sorte, portanto. Daqui a 1 mês seria mais difícil. Em Outubro acredito que jogadores como Otávio, Tozé, Montoya, Alex, Ricardo Valente e o Degolador Dourado mostrem - em  linguagem Jorge Jesusiana – que a equipa que ontem vimos vale o triplo.
Mesmo nesse contexto favorável o que vimos foi muito bom para começo. Uma equipa com duas faces mas virada para o ataque, sem subterfugios de mais um passe e mais um passe e mais um passe mas com progressão programada.

Alex Sandro sempre o fez e na 1ª parte de ontem mostrou que no Porto de Lopetegui o lugar de defesa lateral não é o patinho feio do 11 titular. É capital. 

Hoje em dia é mais importante manter Alex do que contratar Lucas Limas.

Varela foi o parceiro ideal porque também é capaz de ir comendo metros aparentando que está a correr de fininho, parecendo que não quer fintar ninguém e só quer levar a bola um bocadinho lá para frente.
Com gingares de corpo próximos dos pontas do raguebi mundial ele lá se vai desviando, contorcionismo a contorcionismo e quando damos por isso está à porta da grande área com Alex Sandro a desmarcar-se e Aboubakar pronto a ser servido.

Imbula faz profissão da progressão. É um upgrade tremendo face a 2014/15 que tinha coisas que esta equipa não tem (magia de Oliver) mas não possuía esta capacidade de poupar 20 passes em 5 passadas largas.

Ontem não se viu muito essa versão de Imbula. Na 1ª parte foi pela parceria Varela e Alex e pelas movimentações, classe e talento de El Pibe Kar que o Porto se lançou a Douglas como se não houvesse amanhã. Imbula poderia ter feito do trio quarteto não desaproveitasse as oportunidades criadas por El Pibe.

Tello juntou-se ao trio e aproveitando-se da inexistência de adversários dignos de 1ª divisão aproveitou para criar perigo, correr ainda sem ligar o DRS e apagar a imagem que deixou na pré-época.

Depois de estranhas oportunidades falhadas, o golo nasce do trio maravilha da 1ª parte e dum ressalto que acertou contas com a justiça do marcador.

Danilo Pereira segurava as pontas atrás, ligeiramente à frente dos impositivos M&M´s enquanto Maxi apalpava terreno discretamente e batia nos adversários como sempre fez.

Na realidade, quem estava um pouco a leste da dinâmica da equipa era o seu coração. Herrera a estragar tudo o que podia e Imbula a não conseguir finalizar tudo o que lhe era dado.

A 2ª parte começa perigosamente. A equipa do Porto ainda esbracejava do balneário e o Guimarães tinha resolvido que futebol é para ser jogado e não temido.

A pressão baixa virou pressão alta e a táctica lopeteguiana do meio-campo de galgos começou a mostrar fendas.

Se o ponto fraco da 1ª parte eram os box-to-box e o Guimarães sobe linhas, os primeiros 10 minutos da 2ª parte revelam que os galgos desacertados só servem nas horas boas.

O miolo da equipa não era capaz de sair das zonas de pressão com bola. Naquela altura tive saudades do subterfúgio do passe para evitar que a passada batesse no muro.

Lopetegui agiu rápido. Relógio suiço lá para dentro e fantasma mexicano cá para fora.

10 contra 11 estava dificil mas 11,5 contra 11 ficou mais fácil.

André André, neste momento, é titular de caras da equipa. É tão intenso como o Hector que não vimos, também sabe passar como o Oliver que não temos, sabe posicionar-se como o Evandro que (felizmente) ainda temos, tem aquele espirito aguerrido/agressivo/violento que importamos das imediações do Colombo ao qual junta a inteligência de saber como e onde fazer faltas.

 Passamos a ter um pouco de tiki taka, do bom tiki taka, que foi mostrando ao Guimarães que a correria da pressão era inutil. Correr para nada cansa muito.
Quanto mais cansa, menos vontade há de correr. Entrou André, foi-se a pressão e voltou o Porto.

Lopetegui gostou do que provou e deu mais relógio à equipa com Evandro eliminando os galgos de vez. A equipa ficou mais cómoda com o estilo próximo do ano anterior e cresceu como avalanche para a baliza de Douglas.

Evandro e André André deram à equipa um coração sapiente e foi ver os membros a brilharem de novo. Como o melhor amigo dos laterais mudou de lado foi a vez de Maxi Pereira brilhar a grande altura e de Alex repousar.

Intercepções contundentes, assistências primorosas, tabelas clarividentes deram à importação do Colombo um lugar de destaque no pódio exibicional da 2ª parte.

Tello mandou bomba à cara de Afonso, El Pibe Kar mandou bomba para dentro da baliza dos Afonsos e até à obra de arte Maxi/Varela foi um jogo de um só sentido com 2 relógios a empurrar os ponteiros sempre erguidos para as 12 horas em full gas.
Uma excelente estreia, com grandes indicações dos laterais, uma exibição monumental de Varela, a prova que Danilo é o 6 e a alegre sensação de que as segundas linhas do coração da equipa têm nivel para serem titulares do Porto.

 
Análises Individuais:

Casillas – Exibição sem mácula. Começa por ser um assistente com oportunidades de mostrar os dotes com os pés, segue com uma intervenção de grau de dificuldade médio/baixo na 1ª parte e mostra-se após um deslize de construção de Marcano que coloca Tozé em situação de remate.

Maxi – Uma 1ª parte em que se fez notar mais pelo estilo lutador e aguerrido como que a tomar o pulso ao Dragão. Na 2ª metade foi o MVP mantendo o espirito de canela até ao pescoço, acrescentando piscinas de área a área, tabelas sublimes com Varela, assistências para golo e roubos de bola de faca nos dentes.

Maicon – Bom jogo. Autoritário e impositivo na defesa, capaz na construção e menos propicio a tremedeiras que são marca de la casa.

Marcano – Roçou a perfeição não fosse aquele passe temerário que deixou Tozé na cara de Casillas. Transmite tranquilidade à equipa e demonstra foco pleno no que está a fazer.

Alex Sandro – É um grande jogador de futebol com um talento para ser (d)o melhor do mundo na posição. Fecha por dentro, sabe sempre o que fazer, tem uma manancial de soluções à Sport Billy que faz com que pudesse lutar pela titularidade numas 5 posições do terreno de jogo.
Óptima primeira parte e um segundo tempo mais reservado porque era a altura de Maxi brilhar.

Danilo Pereira – Grande jogo. A maior parte dos MVP´s da partida tiveram períodos de alto rendimento e outros em que baixaram um pouco o tom.
A preponderância de Danilo foi uma linha reta. Sempre com grande rotação, sempre agressivo e a encostar no portador da bola vimaranense antes que tivesse tempo de rodar.
Aguentou o meio-campo numa altura em que Imbula parecia apalpar terreno e Herrera nem no terreno estava. Soube ter bola, soube proteger bola e soube sempre como e para onde a passar.
Com os galgos da 1ª parte ou os relógios da 2ª parte deu-se sempre bem.
Pareceu querer transmitir a Lopetegui: escolhe a minha companhia à vontade que para mim dá-me igual. 

Imbula – Pareceu estranhar o posicionamento tão avançado no terreno. O francês foi um 8/10 que aparecia mais perto de Aboubakar do que de Danilo.
A proximidade com o Messi negro dos Camarões abriu-lhe janelas de tiro ao Douglas mas não soube aproveitar os bombons falhando o alvo.
Não se viram as arrancadas que deixaram o mundo portista a salivar mas o caminho de Imbula é este. Perceber com quem joga, que terrenos deve pisar o perfil de jogadores com quem troca a bola e tem que dobrar.
A 1ª parte é razoável/boa e nos segundos 45 minutos Lopetegui impediu que essa imagem fosse prejudicada pelo natural desgaste que já evidenciava.

Herrera – Fez uma Gold Cup medonha. A forma que apresentou nas Américas é exactamente a mesma que se viu hoje.
Dá sempre a ideia que está com o fulgor fisico de quem está a jogar em La Paz aos 119 minutos de jogo. Recebe a bola quase sempre parado, tem necessidade de abrandar para dar seguimento às jogadas e só aparece positivamente quando lhe dão esse tempo todo e lhe sai um bom passe de 20/30 metros.
Se é para vender o melhor que há a fazer é aceitar a melhor proposta que está na mesa.
Se é para mostrar o Herrera que vimos em grande parte do ano passado tem que parar, descansar, recuperar energias para não arrebentar com o crédito que tem nas bancadas em 1 ou 2 jogos.
Precisa de férias do 11 titular. Precisa ele e merecem André André, Evandro, Sérgio Oliveira, Bueno e Rúben Neves.

Varela – Uau! Os criticos de Varela costumavam argumentar que o Drogba da Caparica só fazia 5 bons jogos por anos. Em 2015/16 já cumpriu 40% dessa quota porque o que vimos hoje vale por 2 bons.
Transportou sempre que aconselhável evitando o carrosel de passes inúteis.
Temporizou sempre que a equipa não acompanhava o seu arranque.
Driblou sempre que lhe apeteceu e quem quer que lhe aparecesse.
Tabelou sempre que teve artistas à sua altura.
Cruzou sempre de forma limpa para quem chegava à área.
Foi 4.º médio, foi 2.º avançado, foi extremo, parceiro, companheiro.
Foi o MVP humano do jogo.

Aboubakar -  O que foi isto Abou? Não brinques com a gente Abou!
Quando dizemos: “Que ninguém lhe peça para ser Jackson” não é para levares assim a peito.
A 1ª parte é  perfeita. Nos 3 anos de Jackson não me lembro de ver 45 minutos tão perfeitos em que cada toque de bola iluminava o jogo ofensivo portista.
O pujante, possante e físico camaronês parecia um pequeno, genial e talentoso El Pibe das Pampas. Sempre atento à bola, sempre atentissimo à posição dos seus 9 companheiros de campo, com uma visão que transformava cada centímetro de espaço em metros na ponta da sua chuteira.
Marcou, fez assistências para golo dentro e fora da área, passes curtos e longos perfeitos e espalhou tanto perfume pelas bancadas do Dragão que já nem sabíamos quem eramos e quem era aquele E.T que planava pelo relvado.
Depois de nos mostrar que ficou ofendido com o “Que ninguém lhe peça para ser Jackson” resolveu lembrar-nos quem é Abombakar e depois do convite de Maxi lá saiu o bilhete do costume.
Teve mais um ou dois bailados de El Pibe na área para  Cha Cha Chinar o juízo da defesa do Guimarães e só quando rebentou fisicamente é que desceu do estado divino para ser um simples ponta de lança do FCP.
Que maravilha de exibição. Mais 15 dessas e é prá Bola de Ouro.

Tello – Boas notícias. A pré-época de Tello foi a um estilo Herrera Gold Cup. Errante, complicativo e estranhamente passivo.
Hoje não foi perfeito mas vimos um Tello mais participativo, melhor sucedido nos duelos individuais, ainda não tão rápido como sabe ser mas sem que parecesse um corpo estranho na equipa.
Infernizou a vida aos patéticos laterais vitorianos e ganhou pontos na luta pela titularidade que parecia destinada ao Drogba da Caparica e a Brahimi.


André André – A equipa precisava de um médio a gritos. Entrou e os gritos emudeceram como se estivéssemos numa partida de ténis ou golfe a apreciar a exibição do “artista”.
Movimenta-se bem, é catedrático do jogo de futebol e foi o relógio que acertou o ritmo exibicional da equipa, arrumou para canto o topete do ínicio da 2ª parte vimaranense e catapultou o Porto para os melhores 20/25 minutos colectivos da noite.

Evandro – Os primeiros 10 minutos foram do Evandro timido. Bom na movimentação, acertadinho no passe mas sem qualquer vontade de fazer algo que nos obrigue a ver o que ele tem. A partir daí vimos o Evandro de classe. A pegar na equipa com o relógio do Mestre André a acertar o compasso ao segundo e a mostrar que a versão relógio do meio-campo da 2ª parte não fica nada a dever à versão de galgos francomexicana.
Merece ficar no plantel e nós precisamos que fique.

Brahimi – Jogo a 3-0 e o artista da equipa a sair de lesão tornava desaconselhável a sua entrada. Lopetegui podia ter tido outra sensibilidade e mostrado a Bueno ou a Osvaldo um pouco do que lhes espera, apadrinhar a estreia num ambiente propicio e ter dado a Aboubakar a ovação extraterrestre digna de um E.T.


Ficha de Jogo:

Primeira Liga, 1ª jornada
Sábado, 15 Agosto 2015 - 20:45
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 48.509

Árbitro: Fábio Veríssimo.
Assistentes: Paulo Soares e Pedro Felisberto.
Quarto Árbitro: André Moreira.

FC Porto: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Danilo, Herrera, Imbula, Varela, Aboubakar, Tello.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Brahimi (85' Varela), Osvaldo, Evandro (65' Imbula), André André (53' Herrera), Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.

V. Guimarães: Douglas, Pedro Correia, Josué, João Afonso, Luís Rocha, Cafú, Bouba, Tozé, Henrique Dourado, Alex, Tomané.
Suplentes: Assis, Moreno, Valente (69' Henrique Dourado), Montoya (77' Tozé), Vigário (88' Alex), João Pedro, Breno.
Treinador: Armando Evangelista.

Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Aboubakar (8' e 61'), Varela (83').
Disciplina: cartão amarelo a Bouba (31'), Maxi Pereira (64'), André André (79'), Tomané (88'), Luís Rocha (89').


A Voz dos Protagonistas:

Lopetegui: “Gostei muito da nossa exibição”

“Fizemos um jogo muito bom, frente a uma equipa de qualidade, que acredito que estará na parte superior da tabela. Fizemos coisas muito boas e creio que até poderíamos ter marcado mais golos, não só na primeira parte, mas também na segunda, na qual tivemos inumeráveis ocasiões. A equipa teve muito mérito, apesar de ter jogado muita gente nova que jogou pela primeira vez no Dragão, ainda por cima com o estádio cheio. Fizemos três golos e poderíamos ter feito mais, mas gostei muito da nossa exibição”, afirmou Julen Lopetegui após a estreia vitoriosa no campeonato, que coloca desde já os portistas no topo da classificação.

 “O campeonato acaba de começar e é muito cedo para se estabelecerem comparações. O que pedimos aos avançados são, naturalmente, golos, até porque é algo que lhes aumenta e reforça a confiança. Por vezes podemos não ter essa lucidez, mas só podemos estar satisfeitos, sobretudo pela exibição colectiva da equipa, que trabalhou muito e venceu com todo o mérito”, prosseguiu Julen Lopetegui.

Justificando a ausência de Rúben Neves com a opção por Danilo Pereira, o treinador dos Dragões deixou ainda elogios ao desempenho defensivo do FC Porto. “Acabámos por praticamente não conceder qualquer ocasião de golo ao Vitória de Guimarães, que é uma equipa com muita qualidade ofensiva”, concluiu.


Aboubakar: “Fico feliz por retribuir com golos”

“Agradeço a confiança que todos me transmitem e fico feliz por retribuir com golos, ajudando a equipa. Temos muitos jogadores novos, mas creio que, colectivamente, fizemos um excelente jogo. Temos trabalhado muito e os meus golos nasceram precisamente do trabalho da equipa que, apesar de ser jovem, já se mostrou a bom nível”, declarou Aboubakar, que assume, ainda que provisoriamente, a liderança da lista de goleadores do campeonato.

Garantindo que é um jogador diferente de Jackson Martínez, o avançado internacional camaronês pretende continuar a dar o seu contributo à equipa, explicando ainda o abraço a Julen Lopetegui aquando do bis. “Não sou igual a Jackson Martínez, mas espero fazer coisas importantes por esta equipa. O meu abraço ao treinador foi um gesto de agradecimento pelo apoio e confiança que me tem transmitido”, concluiu o camisola nove dos Dragões, que recebeu de Joaquim Campos Marques, representante da Fidelidade, o prémio de MVP deste jogo.


Por: Walter Casagrande

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito do texto, como sempre.
BMS

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