"Hygge"
Segundo este conceito
É mensurável a felicidade,
E nist'a humanidade
Sent'o seu efeito...
E Portugal
Em tal estatística,
Lá está na lista
Em lugar final...
País tristonho,
Apesar da luz...
E nem do sol se deduz
Um país de sonho!?
E são os países
Lá da Escandinávia,
Qu'a levam sábia
A viverem felizes!
E s'eles no "degelo"
São tanto mais felizes,
Porque somos infelizes
Em país tão belo?
O país do benfica,
Do "maior clube do mundo",
Vive lá no fundo
De tal estatística!?
O que há d'errado
No país dos lampiões?
Nem sendo "campeões"
É mais afortunado?
O que nisto muda
Pr'o mundo civilizado?
Será do encarnado?
De tal arraia-miúda?
Esta gente mesquinha,
Pequena, invejosa!
Mal-dizente, preguiçosa,
Picuinha!!
Que só veem vermelho
Em tal despudor,
E exalam "amor"
No próprio Conselho!?
Estes Pinheiros, Ferreiras,
Godinhos, Paixões
Capelas, Motas, Joões,
E Almeidas!!?
Que país aguenta
Tanto lampião?
E ter a felicidade na nação
Como na década de sessenta?!
Aí era só felicidade,
Pois vingav'o Eusébio e o Salazar,
E Portugal tinh'o seu lugar
Na universalidade!?
O último país colonial,
Er'o mais feliz da Terra,
E se vivia em guerra
Tinha um regime plural!?
É est'o nosso conceito
De felicidade,
Quanta maior liberdade
Maior o defeito!?
Somos um país d'aucocratas,
De recônditos tiranos!
Gostamos dos nossos amos
Plutocratas!!
Somos ovelhas a balir
Na busca do seu pastor,
E o benfica é o nosso amor!
E só isso nos faz rir!!
Veja-se a dívida da instituição
Aos olhos de tanto mundo!?
E s'este não bateu no fundo
É porque tem o país na mão!!
S'o benfica falisse
No dinheiro como na moral,
O que faria com que Portugal
Se risse?
País de frustrados,
De gente tão invejosa...
Pr'a quem a felicidade (dos outros) é indecorosa
Se derrotados!
Os outros não podem ser felizes
No seu ganhar,
Que log'os estão a roubar
Debaixo dos seus narizes...
Por isso impõem decreto
Pr'a serem sempre campeões,
E arrranjam tantas soluções
Vestidas de "preto"...
A cor de tal Conselho
Que nos veio dar explicações,
E criar-nos estas ilusões
Qu'o seguro não morreu de velho...
E triste,
Em tal país do fado!
Qu'o nosso destino é encarnado,
Mesmo pr'a quem resiste!
E é vê-los ali no Marquês
Já a reservarem a festa!
E aos outros tud'o que lhes resta
É emigrar de vez!
Fugir desta assombração,
De tal país de triste gente!
E viver tanto mais distante
Quanto maior a celebração!!
Qu'é fachada d'alegria,
Não sincera, vingativa!
E no meio de tanto "viva"
Uma imensa fúria...
Velhacos, cheios de rancor,
Contr'o legado doutros vencedores,
E gritam os seus desamores
Com o mais maior!!
E nessa felicidade infeliz
Festejam mais um campeonato!
E a Taça já está no papo!!
É o "meu" país...
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