quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Foi um cabaz de Natal
Depois de duas derrotas consecutivas, o FCPorto B recebeu e venceu o Sporting B. Mas esta não foi uma vitória qualquer... foi antes um cabaz de Natal. Uma vitória por expressivos 4-0 aliada a uma superioridade a todos os níveis.
O onze dos dragões não teve grandes novidades. Jogaram os mais rodados. A excepção foi João Costa, que aproveitou a ausência de Gudino para somar minutos.
Mas vamos ao jogo e que jogo!
Previa-se uma partida complicada já que em campo estavam o 1º e o 3º classificados da liga. No entanto, o jogo apenas revelou uma superioridade gritante dos homens de Luis Castro.
Logo aos 5 minutos, numa jogada perfeita, Ismael abre para Rafa que cruza de primeira para André Silva. O resto foi pura classe do avançado portista.
Mas os jovens dragões não descansaram e para além de controlarem o jogo a seu belo prazer, criaram sempre as melhores oportunidades para marcar.
E aos 20 minutos marcaram mesmo. Gleison num momento de inspiração isola com um passe sublime André Silva que não perdoa. Talvez uma homenagem ao outro André, o André André...
Nada parecia abalar a avalanche ofensiva portista, que se apoiou e muito num meio campo de carregadores (Omar e Francisco) e de pianos (Graça). Rafa, o lateral que sonhou ser extremo, foi uma locomotiva e na frente o poder de Ismael abria caminho para a classe de André Silva. Um recital foi o que foi!
No Sporting B, apenas Geraldes dava um ar da sua graça. Mas João Costa negou-lhe o golo. E o Sporting ficou mesmo por aí.
O intervalo chegou com um justo 2-0.
A segunda parte foi parecida com a primeira, apenas com uma diferença... as oportunidades para o Porto foram ainda mais.
Só Ismael desperdiçou duas e Graça acertou com estrondo no ferro. Bem também o guarda redes do Sporting Pedro Silva.
Mas o terceiro golo era só mesmo uma questão de tempo. Ismael a marcar de cabeça na sequência de um canto. Golo merecido para o avançado.
O quarto veio logo a seguir. Ruben Macedo (que tinha entrado entretanto) cruza e Rafa aproveita a sobra para encher o pé. 4-0.
Por esta altura já não havia adversário e até final foi um festival de golos falhados. Ruben Macedo e Ismael falham em boa posição, Omar Govea vê Pedro Silva negar-lhe um golaço de livre e André Silva até de bicicleta marca (mas estava fora de jogo).
E assim acabou o jogo. Um daqueles dias em que tudo corre bem.
O FCPorto B segurou assim a liderança da 2ª liga.
Análise individual:
João Costa: Defesa vistosa a negar o golo a Geraldes. De resto, foi uma tarde tranquila.
Chidozie: Alguns passes errados. Sem grande trabalho.
Maurício: Eficaz.
Rafa: Uma locomotiva pela esquerda. O seu pé esquerdo colocou a bola onde quis e foi essencial para a produção ofensiva da equipa. Belo golo.
Omar Govea: A tranquilidade habitual. Limpou tudo. Podia ter marcado de livre.
Francisco Ramos: Um jogador que equilibra muito bem defesa e ataque. Sempre a pautar os ritmos de jogo.
Graça: Inspiradíssimo. Ficou na retina um passe magistral a isolar Ismael. Mas foi todo um jogo de criatividade e precisão. Podia ter marcado.
Gleison: Individualista, perdeu muitas bolas. Pela positiva, o passe que isola André Silva no 2º golo.
Ismael: Começou algo complicativo no ataque, mas logo corrigiu a mão. Esteve em várias jogadas de golo e acaba mesmo por marcar. Sempre poderoso. Surpreendente foi ver a ajuda que deu à defesa com inúmeras recuperações de bola.
André Silva: Melhor em campo. Mais dois golos, mais técnica, mais raça, mais Andrés no Porto por favor.
Ruben Macedo: Entrou bem e participou no 4º golo. Acrescentou velocidade.
Tomás: Para fazer descansar Graça.
Fede Varela: Bons pormenores.
Por: Prodígio
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
DUPLO PIVOT: OS 7 PECADOS DE LOPETEGUI
Já chega.
Errar é possível. Andar em frente
sem olhar para trás nem aprender com o passado é dificil de entender.
Lopetegui já provou que sabe
construir uma equipa competente. A competência carrega alguns defeitos mas não
há clube que a eles seja imune.
Em vez de se suportar nessa base
e ir procurando limar as arestas o que vemos é que na 2ª época de Lopetegui
estamos continuamente a começar do zero. Já lá vamos.
Olhando para a equipa inicial o
que vemos é uma equipa montada nos moldes do Porto de sempre. No Porto que fez
uma excelente 2ª metade da época 2014/15 interna e externamente.
Lopetegui optou por poupar
Marcano pensando no Chelsea. Dar rodagem a quem não a tem (Maicon) e não tirar
moral a quem a esteve a ganhar (Indi).
A estrutura do meio-campo foi a
correcta com cada jogador a saber perfeitamente qual o seu papel. Rúben a
controlar a cabeça da área e a ser responsável pelo inicio da construção.
Herrera a ter que dar
profundidade ao jogo portista, dar chegada à área e companhia a Aboubakar e
André André a colar tudo isto. A ocupar os espaços necessários na zona
nevrálgica do terreno, decorrentes do (des)posicionamento dos seus companheiros
de sector.
Estruturar bem o meio-campo e
escolher os 2 maiores talentos desequilibradores da equipa empurraram o Porto
para uma excelente 1ª parte.
O golo do Paços logo no inicio
podia ter posto em causa a tranquilidade, a organização e o talento.
Não pôs.
O que poderá ter ajudado é a ver
um Porto que se precipitou como nunca.
A palavra precipitar nem sempre é
má. Nenhum jogador do Porto perdeu tempo. Acutilância no roubo bola, máxima
urgência em cada reposição de bola após falta e um invulgar sentimento que cada
segundo conta.
O Porto teve pressa de chegar a
Marafona. Aboubakar e Herrera a tentarem isolar-se sem bola. Corona a procurar
jogo a todo o instante, Brahimi a fazer o costume, Rúben a distribuir e os
laterais a sentirem que tinham que ser extremos.
Quem geria todo este frenesim,
colando a equipa e garantindo a segurança que toda a precipitação exige era
André André.
Faz toda a diferença para Rúben
crescer na posição com um 8 que o ajuda complementando-o, do que o colar a um
outro 6 que o desresponsabiliza das tarefas defensivas como se bastasse fazer
uns passes teleguiados para ter direito ao lugar.
Varias oportunidades de golo, de
bola corrida ou parada foram sendo travadas por Marafona e por um Aboubakar em
versão Martin Pringle.
O melhor símbolo do Porto versão
precipitação positiva é dado a 30 segundos do fim do descontos da 1ª parte. Já
longe daquela equipa que não muda o chip e troca bolas como se esse fosse o seu
destino, aquele Porto jogava com o relógio e “METE MAS É A BOLA NA ÁREA ANTES
QUE O ÁRBITRO APITE!”
Respondendo a esse grito Aboubakar
amortece de peito para o sempre próximo Herrera que remata de pronto com a bola
a roçar à barra.
O Porto foi de consciência
tranquila para o intervalo. 1-1 mas a gastar cada bala e a aproveitar cada
segundo.
Confesso que tive medo de
Lopetegui.
Nos últimos jogos sempre que mexe
é para pior. Não tem paciência e decide que a melhor forma de resolver um
problema é abandonar o sistema ou confundir o sistema.
Até que o basco estabilize
emocionalmente gostaria que apenas lhe fosse permitido fazer substituições
posição por posição. Corona por Tello, Brahimi por Varela, Aboubakar por
Osvaldo, Herrera por Imbula; André por Evandro; Rúben por Danilo.
Mexer 1 posição de cada vez.
Resolver problemas melhorando o sistema que já provou ser competente em vez de
mudar o sistema ou travestir o sistema que tem dado quase sempre asneira.
Lopetegui ficou quieto.
Felizmente.
O ritmo de jogo mantém-se e por
ar (Herrera e Maicon) ou por terra (Aboubakar isolado por Brahimi) o perigo
ronda a baliza de Marafona.
A incessante luta que a equipa
teve desde o 0-1 é premiada com mais um sprint (in)útil de Herrera. Penalti,
Layun dá descanso às bancadas e a Lopetegui que expira num segundo para perder
a cabeça no segundo seguinte.
Casillas estava a ser o
espectador de sempre mas a capacidade ofensiva do Porto batia aos pontos o
costumeiro rame-rame do passa para aqui e deixa correr o relógio para acolá.
Lopetegui faz imediatamente uma
substituição que travestiu o sistema como se o Porto tivesse acabado de chegar
à vantagem com uma equipa desestruturada (estilo Moreira de Cónegos) ou como se
o Paços estivesse a expor o queijo suiço do meio-campo do Porto.
A realidade não era essa. O que
Lopetegui fez foi adivinhar um medo que não existia.
Eu não sou contrário a
substituições defensivas. O Brahimi por Maicon contra o Tondela fez todo o
sentido para acabar com o caos que entretanto alastrava.
O que nunca se faz –
especialmente se o jogo está controlado e a equipa se está a reencontrar com a
dinâmica e o bom futebol – é travestir o sistema.
Jogar em 2+1 é totalmente
diferente do que jogar em 1+2.
O sistema muda. A pressão alta
vai-se. O Porto instalado no meio-campo adversário com ou sem bola desaparece
porque a bola é magneticamente atraída para o espaço ocupado por mais médios
(do Porto ou do Paços).
Lopetegui deve ser mau a história
mas eu ajudo.
Colinho à parte muitos atribuem a
perda do título de 2014/2015 ao excesso de rotatitividade da 1ª volta.
Vou historiar o número de vezes
que Lopetegui foi gastando munições com Rúben + Casemiro.
Pecado 1 - Paços de Ferreira-Porto – 0-1
(Péssimo jogo colectivo resolvido
por um golo de Jackson na 1ª parte)
Pecado 2 - Guimarães-Porto – 1-1
(Porto totalmente dominado na 1ª
parte por um meio-campo organizado Cafu+André+ Bernard. Aos 54 minutos
Lopetegui tira Rúben por Evandro e a equipa volta a jogar com 2 médios à frente
do 6. Resultado: Só não ganha por obra e graça de Paulo Baptista)
Pecado 3 - Porto-Boavista – 0-0
(Lopetegui faz o inverso. A
consequência da expulsão de Maicon foi a desestruturação do meio-campo. Sai
Evandro, entra Rúben e o duplo 6 nada resolve.)
Pecado 4 - Sporting- Porto – 1-1
(A pior primeira parte nacional
da era Lopetegui. Sovados e ridicularizados pelo Sporting até que Lopetegui faz
o óbvio dando Oliver por Rúben ao intervalo o que permitiu controlar a 2ª parte
e evitar a derrota.)
Casemiro + Rúben só resultou num
meio-campo a 4 (Lille).
Conclusão:
1 – A experiência Rúben +
Casemiro num meio-campo a 3 revelou-se má a nivel de exibição e resultados.
2 – Na 2ª parte da época
Lopetegui jogou sempre com um meio-campo estruturado em 1+2 e os resultados
foram bem melhores.
Infelizmente a história não acabou aqui.
Quem está num 2.º ano num clube
tem que ter vantagem. Bagagem. Conhecimento.
Pecado 5 - Porto – Setubal 2-0
(1ª parte com Danilo + Rúben e
Evandro à frente. 0-0 no marcador. Ao intervalo corrige lançando André André
por Rúben).
Pecado 6 – Porto – Dinamo Kiev 0-2
(Rúben+ Danilo+ Imbula. Dos
piores jogos do Porto no Dragão dos últimos anos. Comparável com o Apoel no
tempo do Vitor Pereira e a atirar o Porto para o precipicio da Liga Europa.)
Danilo + Rúben só resultou num meio-campo
a 4 (com André e Imbula/Evandro/Herrera).
Já chega?
Não. Ainda Layun estava a
festejar o golo mais do que justo e já Lopetegui descobria a pólvora enquanto
chutava para canto os livros da sua história no clube.
Pecado 7
Entra Danilo para junto de Rúben
Neves e tira a cola da equipa.
O Homem não aprende?
A partir daí tudo passou a ser
possível. Ganhar por 4-1 ou empatar por 2-2.
Como sempre, repito, COMO SEMPRE, a equipa perde o controle
do jogo.
Golo aos 64 e até ao minuto 70 o
Paços teve 3 cantos seguidos. Jorge
Simão percebe o convite e arrisca tudo.
Jogo partido, Rúben cai de
rendimento de forma abrupta – COMO
SEMPRE – Herrera desaparece e o Paços lança o chuveiro para cima de quem
provocou as nuvens.
Claro que o Porto podia ter
matado o jogo por Aboubakar e Tello. Pudera!
Partir o jogo convidou o Paços a
meter lenha na fogueira e pensar que era possível empatar.
Não era preciso ter passado por
nada disto. Não havia razão para assassinar a dinâmica do meio-campo. Se havia
medo então que voltasse o meio-campo a 4.
Começo a ficar farto de ter medo
de Lopetegui.
Que não invente e aprenda
história.
Análises Individuais.
Casillas – Sofreu um golo sem hipótese e no resto da partida teve
mais stress do que o habitual com bolas a sobrevoar a grande área mas o pouco
de trabalho de sempre.
Maxi – Uma primeira parte em que articulou bem com Corona quer nas
tabelas, quer no aproveitamento dos deslocamentos interiores do mexicano.
No segundo tempo foi mais
discreto que o habitual.
Layun – É o mexicano com mais raça. Gosto muito do temperamento de
Layun. Ele já sente a importância da camisola que carrega e é o primeiro a
perceber que tem que atacar mais, desmarcar mais, dar mais linhas de passe
ofensivas para Brahimi.
A forma como marca e festeja o
penalti é o melhor símbolo do estado aguerrido e sofrido do Dragão. Era
importante demais aquele golo para se brincar naquele remate.
As pilhas não pararam e a cereja
em cima do bolo foi aquele “Marca Lá”
que Marafona roubou a Tello.
Maicon – Voltou a ser o xerife mandão da grande área. Isso notou-se
principalmente depois do 2-1 em que o Paços apostou em jogo directo aéreo para
a grande área.
Foram todas dele.
Mandão mas algo tropego nos alivios.
Muitas vezes em vez de tirar a bola da área apenas a fazia subir.
O lance do 1.º golo nasce de um
desses cortes incompletos que apanhou Indi a dormir.
Martins Indi – O erro do 1.º golo marca negativamente a sua
exibição. Ficou a ver a bola e foi surpreendido pela maior rapidez de Ricardo.
No resto do jogo esteve ao nivel
habitual. Forte no corpo a corpo e controlador da sua área de influência.
Rúben Neves – Percebo
Lopetegui. É dificil deixar de lado o jogador do Porto que melhor passa. Curto,
médio ou longo. Um extremo fica mais predisposto a forçar a desmarção e a
ruptura se a bola estiver nos pés do miúdo.
O problema é que este passe em
casa e força fora não permite que haja um jogador que ganhe rotinas numa
posição essencial para a equipa.
No seu ponto mais fraco Rúben
esteve melhor que o habitual. Ter André André como jogador mais próximo que não
o desresponsabiliza da posição 6 mas é o mais perfeito tacticamente como 8
muleta, permitiu que Rúben controlasse melhor a sua zona de acção e fosse capaz
de ganhar algumas bolas divididas (mais na antecipação do que no corpo a
corpo).
Até aos 66 minutos nota positiva
para Rúben. A partir daí Lopetegui estragou o que poderia ter sido das
exibições mais conseguidas da época e Rúben andou a nadar. Num duplo pivot fica
exposto o pior de Rúben.
André André – Escrevi isto na análise ao jogo do União:
“Ter o André mais sóbrio pode não
ser um mau sinal. Jogou mais próximo do seu lugar natural (se é que existe
algum que seja contranatura para ele) e o que ficou a faltar em
espectacularidade individual foi compensado pela estabilidade do meio-campo
portista.”
Cada vez acredito mais nisto. O
que André perde individualmente é largamente compensado pela colagem da equipa,
pelo crescimento do meio-campo, da qualidade de jogo da equipa e da capacidade
em atacar melhor sem perder muito no capítulo defensivo.
Eu vejo o André a conseguir
chegar à área mesmo quando Herrera é o médio ofensivo.
Eu vejo o André a conseguir
ajudar Rúben a crescer como 6. Ajuda neste caso é ensinar a pescar e não o “dar
peixe”.
Quem pensa que André esteve mal
que olhe para o A65 e o D65. Antes de 65 uma equipa dinâmica e controladora.
Depois de 65 uma equipa que se deu ao perigo. Criou perigo e permitiu que o
Paços avançasse uns 20 metros no terreno.
Herrera – A diferença de disponibilidade fisica para o Zombie
Herrera do inicio da temporada é gritante. Aos 10 minutos de jogo o Fresco
Herrera já tinha feito uns 4 sprints de ruptura entre os centrais apenas para
dar mais uma hipótese aos portadores da bola.
Se Rúben ou Maicon temporizavam o
mexicano dava 10 passes atrás e voltava a experimentar um sprint potencialmente
inofensivo. Não desanima se a bola não entra e não sente que o esforço é
inglorio quando não é recompensado pelo passe.
Na pressão é igual. O sprint pode
ser inglório mas segue sempre em frente. Testou inutilmente Marafona 2 vezes na
1ª parte. Será mesmo inutil este esforço de pulmão?
A 2ª parte deu-nos a resposta.
Se Herrera não está fresco, este pressing alto e esta profundidade e verticalidade
ofensiva não fazem parte do seu jogo. Não há chegada à área, há menor
capacidade de roubar bola em terrenos avançados e só fica a capacidade de passe
e disputa de bola em pequenas parcelas de terreno.
Aí Herrera não é competente. É
pior no passe do que qualquer médio e é pior a jogar parado do que qualquer
médio.
Ontem deu para perceber o lado
bom e o lado mau de Herrera. Falhou passes, perdeu jogadas mas deu vida à
equipa, foi capaz de a roubar do rame-rame com o somatório de corridas
ofensivas e defensivas inuteis.
RUN FORREST RUN.
Corona – Que grande jogo o do mexicano.
Esteve sempre em jogo e foi o
lider espiritual da revolta da 1ª parte. Que combina bem com Maxi em passes,
tabelas e movimentações já percebíamos.
Ontem percebemos que liga excepcionalmente
bem com Aboubakar. Isolou-o ou andou perto disso umas 2 ou 3 vezes. Tem uma
excelente recepção e saída ofensiva a jogar mas tem visão e capacidade de
assistência nas botas.
Se desmarca bem é capaz de se
desmarcar melhor. Forçou a zona interior tantas vezes que numa delas Brahimi
lhe deu o rebuçado merecido. O que vimos nessa circunstância foi pura classe
que o coloca a milhas de distância do espanhol Tello.
Tabela, passa, recebe, roda,
desmarca e é desmarcado, finaliza.
Chega? Para MVP chega e sobra.
Aboubakar – O pior jogo deste que está no Porto. Tão mau que a
necessidade de o substituir era superior à obrigatoriedade de o proteger com 90
minutos.
Já mencionei esse aspecto noutros
jogos. Quando há pesos na equipa o treinador tem que agir. As substituições
existem primodialmente para 3 casos: lesões, fadiga fisica e quebras abruptas
de rendimento.
Quando alguém joga tão mal acaba
por desligar-se do colectivo e da equipa e apenas pensa em sair do buraco em
que se meteu.
Quando ao minuto 90 Aboubakar
falha um golo de baliza aberta fica 1 minuto agarrado às redes a chorar o seu
fado deixando a equipa a jogar com 10. Lopetegui exasperou-se com razão.
Um avançado pode falhar mas não
pode desistir da equipa e despreocupar-se com o resultado. Corram vocês que eu
falhei um golo e apetece-me chorar.
Falhar golos pode. Já fez o
suficiente para nos provar que vale infinitamente mais do que a má noite do
Dragão.
Desistir não é possivel. Dá linha
directa para o banco.
Brahimi – Foi mais intermitente que Corona mas o que jogou foi
suficiente para deixar a sua marca na partida.
Deu golos a Corona e a Aboubakar
mas saiu a cramar com Lopetegui como se ainda não tivesse tido tempo para
mostrar o que vale. Engano do argelino.
Está em boa forma e crescerá
tanto mais quando melhor e mais estabilizado for o meio-campo.
Danilo Pereira – A entrada de Danilo por Rúben seria uma
substituição correcta de Lopetegui. Manter-se-ia a dinâmica e a organização da
equipa e ficaríamos mais preparados para o jogo áereo e para a recuperação de
bola.
Danilo por André foi o retorno à
loucura e o revisitar Kiev no Dragão com Herrera no lugar de Imbula. Parte a
equipa, rouba-lhe capacidade de pressão alta, empurra o jogo para perto da
nossa grande área e ficamos com um duplo pivot que acha que pode pisar qualquer
terreno porque são 2 a andar por ali.
Vi Danilo a defesa-esquerdo e a
extremo-direito com o Rúben a desaparecer.
Fez o melhor mas a sua entrada
piorou mais do que ajudou.
Tello – O jogo estava de acordo com as suas caracteristicas. Falha
um golo obrigatório dado por Layun e dá um golo obrigatório que Aboubakar se
encarrega de desperdiçar a chorar.
Evandro – Uns escassos minutos em campo. Nada de relevante.
Ficha de Jogo:
FC Porto 2 - Paços Ferreira
Primeira Liga, 12ª jornada
sáb, 5 Dezembro 2015 • 18:30
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 28.617
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco).
Assistentes: Nuno Pereira e Jorge Cruz.
Quarto Árbitro: João Matos.
FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon (c), Martins Indi, Layún, Rúben Neves, Herrera, André André, Corona, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Marcano, Varela, Tello (78' Brahimi), Evandro (87' Herrera), Danilo (65' André André), Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.
PAÇOS DE FERREIRA: Marafona, Bruno Santos, Ricardo, Marco Baixinho, Hélder Lopes, Romeu, Pelé, Andrezinho, Edson Farias, Bruno Moreira, Diogo Jota.
Suplentes: Rafael Defendi, Fábio Cardoso, Christian (60' Romeu), João Góis, Barnes, João Silva (80' Bruno Santos), Fábio Martins (65' André Leal).
Treinador: Jorge Simão.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: Bruno Moreira (8'), Corona (29'), Layún (64' pen).
Disciplina: cartão amarelo a Ricardo (63'), Christian (66'), Bruno Santos (74'), Evandro (90+6').
Primeira Liga, 12ª jornada
sáb, 5 Dezembro 2015 • 18:30
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 28.617
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco).
Assistentes: Nuno Pereira e Jorge Cruz.
Quarto Árbitro: João Matos.
FC PORTO: Casillas, Maxi Pereira, Maicon (c), Martins Indi, Layún, Rúben Neves, Herrera, André André, Corona, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Marcano, Varela, Tello (78' Brahimi), Evandro (87' Herrera), Danilo (65' André André), Bueno.
Treinador: Julen Lopetegui.
PAÇOS DE FERREIRA: Marafona, Bruno Santos, Ricardo, Marco Baixinho, Hélder Lopes, Romeu, Pelé, Andrezinho, Edson Farias, Bruno Moreira, Diogo Jota.
Suplentes: Rafael Defendi, Fábio Cardoso, Christian (60' Romeu), João Góis, Barnes, João Silva (80' Bruno Santos), Fábio Martins (65' André Leal).
Treinador: Jorge Simão.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores: Bruno Moreira (8'), Corona (29'), Layún (64' pen).
Disciplina: cartão amarelo a Ricardo (63'), Christian (66'), Bruno Santos (74'), Evandro (90+6').
Por: Walter Casagrande
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Igualdade, desigualdade, apartheid futebolístico e os 400 milhões do Benfica
Por: Emanuel Leite Jr.*
“Virando costas ao mundo,
orgulhosamente sós”, exaltava António Salazar. É inevitável lembrar deste lema
fascista ao ler sobre o contrato de venda dos direitos televisivos celebrado
entre o Benfica e a NOS para os próximos 10 anos, no valor de 400 milhões de
euros (40 milhões por temporada). Valores que o clube anuncia como fantásticos.
Mas, que atendem apenas aos seus interesses, em detrimento do coletivo: ou
seja, da Liga Portuguesa.
É curioso notar que enquanto o
mundo caminha na direção da adoção de modelos de negociações que busquem
preservar a equidade competitiva - com o objetivo de que a competição seja
desportiva e não financeira -, o Benfica contribui para aprofundar ainda mais o
fosso intransponível que já separa os tradicionais grandes portugueses dos
demais clubes do país. Aquilo que Noam Chomsky alertou para o risco do poder
concentrado dos “clubes dos ricos” e eu denominei de “apartheid futebolístico”,
em meu livro “Cotas de televisão do campeonato brasileiro: apartheid
futebolístico e risco de espanholização”.
Quando comecei a estudar o que no
Brasil ficou conhecido por “cotas de televisão”, os contratos da Série A do
Campeonato Brasileiro ainda eram negociados pelo Clube dos 13 (C13). Tal
entidade concentrava os recursos sob os interesses de seus associados. Criava,
então, um pequeno e privilegiado grupo de elite, em detrimento de todos os
outros. Situação que gerava uma brutal desigualdade. Fazendo surgir o que
denominei de “apartheid futebolístico”, em analogia ao que o Senador
Cristovam Buarque tão bem definiu como apartheid social, quando analisou
a triste realidade de desigualdade social e econômica do Brasil.
Entretanto, após imbróglio
envolvendo as negociações dos contratos de 2012-2014, o próprio C13 perdeu seu
controle e viu parte de seus associados boicotarem a negociação coletiva e
partirem para negociações individuais com a Rede Globo. A negociação coletiva
era determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), uma vez
que Globo e C13 haviam firmado acordo (Termo de Compromisso de Cessação - TCC)
para que fosse encerrada uma investigação por formação de cartel, referente a
contrato de 1997-1999.
As negociações individuais, ao
concentrarem ainda mais o poder nas mãos de apenas dois clubes – Flamengo e
Corinthians -, gerou o temor do “risco de espanholização”. Entretanto, é de
vital importância ressaltar que seu maior malefício é o aprofundamento do “apartheid
futebolístico”. No Brasil, os contratos entre os clubes e a Rede Globo foram
renovados até 2018. Flamengo e Corinthians vão receber, por ano, cerca de R$
170 milhões, enquanto clubes como, por exemplo, Bahia (duas vezes campeão
brasileiro), Sport Recife, Coritiba e Atlético-PR (todos com um título
Brasileiro) vão faturar R$ 35 milhões.
Desde 2001, a Comissão Europeia
decidiu tomar parte ativa no assunto, estabelecendo um marco regulatório em que
convidava as ligas a adotar o modelo de negociação coletiva. A iniciativa da
Comissão Europeia visava ao cumprimento do artigo 81 de seu Tratado
(consolidado em sua versão de Nice), que se preocupa, precisamente, com a
preservação da livre concorrência. Na opinião da Comissão Europeia, as
negociações coletivas tornam a “competição mais atrativa, uma vez que as
equipes competem em um contexto de maior igualdade de oportunidades” e
proporcionam “uma maior estabilidade financeira para as equipes de futebol,
devido a uma melhor redistribuição dos dividendos da televisão”.
Foi na esteira das orientações da
Comissão Europeia, inclusive, que a Bundesliga (Alemanha) e a Premier
League (Inglaterra) celebraram, em 2005 e 2006 (respectivamente), seus
compromissos de manterem as negociações coletivas para as vendas dos direitos
de transmissão de seus campeonatos. Aceitando, inclusive, o estabelecimento do
tempo máximo de duração de três anos por contrato. Medidas necessárias para que
se evitasse uma concentração de mercado, o que afetaria a própria autonomia das
vontades nas relações privadas.
No já referido “Cotas de televisão
do campeonato brasileiro…”, cito o caso da Serie A italiana e do
relatório da autoridade antitruste de 2007 (na sequência, portanto, das
determinações da Comissão Europeia). “Na Itália, entre 1999 e 2011, os clubes
estiveram livres para negociar os direitos de televisão individualmente.
Preocupado com o desequilíbrio orçamentário entre os clubes, o Ministério do
Esporte determinou que as cotas de televisão voltassem a ser negociadas
coletivamente. Em janeiro de 2007, a autoridade antitruste da Itália
recomendou, em relatório de 170 páginas, que o sistema de negociação coletiva
fosse utilizado novamente para garantir maior competitividade ao campeonato
italiano.Foi necessária uma intervenção estatal, via Ministério do Esporte,
para que se procurasse um modelo de negociação coletiva com regras
estabelecidas para uma divisão mais equânime destes recursos.”
Lembremos, como último exemplo, da
Espanha, que em 2015 passou a ter regulamentação estatal - Real
Decreto-Ley 5/2015 - das negociações dos direitos de transmissão. Ou seja,
enquanto a Espanha deu um passo à frente, rumo a um tratamento mais equânime
A preocupação da Comissão Europeia
em preservar a livre concorrência se coaduna com as teorias mais avançadas de
justiça. O Nobel da economia John Nash, ao desenvolver a teoria dos jogos,
concluiu que a cooperação gera mais benefícios à coletividade do que o
individualismo. No caso da concentração de renda do futebol português -
capitaneado pelo Benfica, especialmente com seu novo contrato de 400 milhões
com a NOS -, o individualismo (concentração dos recursos) ao prejudicar a
igualdade de condições entre os clubes que competem em um mesmo campeonato
(coletividade), empobrece, por conseguinte, o próprio campeonato, ao passo que
este se torna desnivelado tecnicamente, perdendo sua competitividade e
equilíbrio das disputas. Ou seja, acaba com a própria essência do desporto.
As negociações individuais são
maléficas para a coletividade. No livro “Cotas de televisão do campeonato
brasileiro...”, argumento que é a negociação coletiva que se aproxima mais do
ideal de “cooperação social” preconizado por John Rawls. Afinal, através da
negociação coletiva se pode obter um acordo em que haja “vantagem mútua” entre
todos envolvidos. Desde que a divisão dos recursos trate todos intervenientes
de modo equitativo, não permitindo “que alguns tenham mais trunfos do que
outros na negociação”.
A centralização dos direitos de
transmissão televisa foi plataforma de campanha de Pedro Proença em sua
vitoriosa candidatura à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). O
presidente da Liga tinha na medida uma de suas prioridades para a entidade que
comanda. E o que o dirigente propunha era justo, na medida em que objetivava
colocar Portugal no mesmo rumo das mais bem sucedidas ligas de futebol do mundo
- Premier League, Bundesliga, La Liga, Serie A, Ligue 1. Bem como
respeitaria as orientações da Comissão Europeia para a preservação do livre
mercado e, também, o Princípio da Igualdade, base fundamental de um Estado
Democrático. Afinal, mais do que princípio, a igualdade, desde os gregos
antigos, caracteriza a democracia.
Quando se fala em igualdade, é
importante ressaltar, não se pode confundir com igualitarismo. Norberto Bobbio
já nos ensinou que essa confusão é fruto de "um insuficiente conhecimento
do 'abc' da teoria da igualdade".
Igualitarismo seria a igualdade
absoluta, ou seja, a proclamação de que todos são absolutamente iguais,
independentemente de critérios discriminadores. O princípio da igualdade não
busca igualitarismo absoluto e muito menos permite que ocorram diferenciações e
discriminações absurdas e arbitrárias. A isonomia visa a garantir o respeito
aos semelhantes e suas peculiaridades, enfim, o respeito à sociedade plural e
democrática. Afinal, como preconizou Aristóteles, “a igualdade consiste em
tratar os iguais igualmente e os desiguais na medida de sua desigualdade.”
O contrato celebrado entre Benfica
e NOS é uma agressão ao futebol e ao espírito desportivo. A enorme e
injustificável desigualdade nas receitas televisivas são o prenúncio do fim da
competitividade desportiva. É uma relação que traz em seu âmago a injustiça
como alicerce. Afinal, igualdade é justiça. E, lembremos, igualdade é
democracia.
*Emanuel Leite Jr. é bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e formado em Jornalismo pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau). Repórter do Superesportes do Diario de Pernambuco. Responsável pela campanha #PorCotasdeTVJustas - http://porcotasdetvjustas.com.br/. Siga no Twitter @EmanuelLeiteJr
Subscrever:
Mensagens (Atom)