segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Igualdade, desigualdade, apartheid futebolístico e os 400 milhões do Benfica



Por: Emanuel Leite Jr.*

“Virando costas ao mundo, orgulhosamente sós”, exaltava António Salazar. É inevitável lembrar deste lema fascista ao ler sobre o contrato de venda dos direitos televisivos celebrado entre o Benfica e a NOS para os próximos 10 anos, no valor de 400 milhões de euros (40 milhões por temporada). Valores que o clube anuncia como fantásticos. Mas, que atendem apenas aos seus interesses, em detrimento do coletivo: ou seja, da Liga Portuguesa.

É curioso notar que enquanto o mundo caminha na direção da adoção de modelos de negociações que busquem preservar a equidade competitiva - com o objetivo de que a competição seja desportiva e não financeira -, o Benfica contribui para aprofundar ainda mais o fosso intransponível que já separa os tradicionais grandes portugueses dos demais clubes do país. Aquilo que Noam Chomsky alertou para o risco do poder concentrado dos “clubes dos ricos” e eu denominei de “apartheid futebolístico”, em meu livro “Cotas de televisão do campeonato brasileiro: apartheid futebolístico e risco de espanholização”.

Quando comecei a estudar o que no Brasil ficou conhecido por “cotas de televisão”, os contratos da Série A do Campeonato Brasileiro ainda eram negociados pelo Clube dos 13 (C13). Tal entidade concentrava os recursos sob os interesses de seus associados. Criava, então, um pequeno e privilegiado grupo de elite, em detrimento de todos os outros. Situação que gerava uma brutal desigualdade. Fazendo surgir o que denominei de “apartheid futebolístico”, em analogia ao que o Senador Cristovam Buarque tão bem definiu como apartheid social, quando analisou a triste realidade de desigualdade social e econômica do Brasil.

Entretanto, após imbróglio envolvendo as negociações dos contratos de 2012-2014, o próprio C13 perdeu seu controle e viu parte de seus associados boicotarem a negociação coletiva e partirem para negociações individuais com a Rede Globo. A negociação coletiva era determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), uma vez que Globo e C13 haviam firmado acordo (Termo de Compromisso de Cessação - TCC) para que fosse encerrada uma investigação por formação de cartel, referente a contrato de 1997-1999.

As negociações individuais, ao concentrarem ainda mais o poder nas mãos de apenas dois clubes – Flamengo e Corinthians -, gerou o temor do “risco de espanholização”. Entretanto, é de vital importância ressaltar que seu maior malefício é o aprofundamento do “apartheid futebolístico”. No Brasil, os contratos entre os clubes e a Rede Globo foram renovados até 2018. Flamengo e Corinthians vão receber, por ano, cerca de R$ 170 milhões, enquanto clubes como, por exemplo, Bahia (duas vezes campeão brasileiro), Sport Recife, Coritiba e Atlético-PR (todos com um título Brasileiro) vão faturar R$ 35 milhões.

Desde 2001, a Comissão Europeia decidiu tomar parte ativa no assunto, estabelecendo um marco regulatório em que convidava as ligas a adotar o modelo de negociação coletiva. A iniciativa da Comissão Europeia visava ao cumprimento do artigo 81 de seu Tratado (consolidado em sua versão de Nice), que se preocupa, precisamente, com a preservação da livre concorrência. Na opinião da Comissão Europeia, as negociações coletivas tornam a “competição mais atrativa, uma vez que as equipes competem em um contexto de maior igualdade de oportunidades” e proporcionam “uma maior estabilidade financeira para as equipes de futebol, devido a uma melhor redistribuição dos dividendos da televisão”.

Foi na esteira das orientações da Comissão Europeia, inclusive, que a Bundesliga (Alemanha) e a Premier League (Inglaterra) celebraram, em 2005 e 2006 (respectivamente), seus compromissos de manterem as negociações coletivas para as vendas dos direitos de transmissão de seus campeonatos. Aceitando, inclusive, o estabelecimento do tempo máximo de duração de três anos por contrato. Medidas necessárias para que se evitasse uma concentração de mercado, o que afetaria a própria autonomia das vontades nas relações privadas.

No já referido “Cotas de televisão do campeonato brasileiro…”, cito o caso da Serie A italiana e do relatório da autoridade antitruste de 2007 (na sequência, portanto, das determinações da Comissão Europeia). “Na Itália, entre 1999 e 2011, os clubes estiveram livres para negociar os direitos de televisão individualmente. Preocupado com o desequilíbrio orçamentário entre os clubes, o Ministério do Esporte determinou que as cotas de televisão voltassem a ser negociadas coletivamente. Em janeiro de 2007, a autoridade antitruste da Itália recomendou, em relatório de 170 páginas, que o sistema de negociação coletiva fosse utilizado novamente para garantir maior competitividade ao campeonato italiano.Foi necessária uma intervenção estatal, via Ministério do Esporte, para que se procurasse um modelo de negociação coletiva com regras estabelecidas para uma divisão mais equânime destes recursos.”

Lembremos, como último exemplo, da Espanha, que em 2015 passou a ter regulamentação estatal - Real Decreto-Ley 5/2015 - das negociações dos direitos de transmissão. Ou seja, enquanto a Espanha deu um passo à frente, rumo a um tratamento mais equânime

A preocupação da Comissão Europeia em preservar a livre concorrência se coaduna com as teorias mais avançadas de justiça. O Nobel da economia John Nash, ao desenvolver a teoria dos jogos, concluiu que a cooperação gera mais benefícios à coletividade do que o individualismo. No caso da concentração de renda do futebol português - capitaneado pelo Benfica, especialmente com seu novo contrato de 400 milhões com a NOS -, o individualismo (concentração dos recursos) ao prejudicar a igualdade de condições entre os clubes que competem em um mesmo campeonato (coletividade), empobrece, por conseguinte, o próprio campeonato, ao passo que este se torna desnivelado tecnicamente, perdendo sua competitividade e equilíbrio das disputas. Ou seja, acaba com a própria essência do desporto.

As negociações individuais são maléficas para a coletividade. No livro “Cotas de televisão do campeonato brasileiro...”, argumento que é a negociação coletiva que se aproxima mais do ideal de “cooperação social” preconizado por John Rawls. Afinal, através da negociação coletiva se pode obter um acordo em que haja “vantagem mútua” entre todos envolvidos. Desde que a divisão dos recursos trate todos intervenientes de modo equitativo, não permitindo “que alguns tenham mais trunfos do que outros na negociação”.

A centralização dos direitos de transmissão televisa foi plataforma de campanha de Pedro Proença em sua vitoriosa candidatura à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). O presidente da Liga tinha na medida uma de suas prioridades para a entidade que comanda. E o que o dirigente propunha era justo, na medida em que objetivava colocar Portugal no mesmo rumo das mais bem sucedidas ligas de futebol do mundo - Premier League, Bundesliga, La Liga, Serie A, Ligue 1. Bem como respeitaria as orientações da Comissão Europeia para a preservação do livre mercado e, também, o Princípio da Igualdade, base fundamental de um Estado Democrático. Afinal, mais do que princípio, a igualdade, desde os gregos antigos, caracteriza a democracia.

Quando se fala em igualdade, é importante ressaltar, não se pode confundir com igualitarismo. Norberto Bobbio já nos ensinou que essa confusão é fruto de "um insuficiente conhecimento do 'abc' da teoria da igualdade".

Igualitarismo seria a igualdade absoluta, ou seja, a proclamação de que todos são absolutamente iguais, independentemente de critérios discriminadores. O princípio da igualdade não busca igualitarismo absoluto e muito menos permite que ocorram diferenciações e discriminações absurdas e arbitrárias. A isonomia visa a garantir o respeito aos semelhantes e suas peculiaridades, enfim, o respeito à sociedade plural e democrática. Afinal, como preconizou Aristóteles, “a igualdade consiste em tratar os iguais igualmente e os desiguais na medida de sua desigualdade.”

O contrato celebrado entre Benfica e NOS é uma agressão ao futebol e ao espírito desportivo. A enorme e injustificável desigualdade nas receitas televisivas são o prenúncio do fim da competitividade desportiva. É uma relação que traz em seu âmago a injustiça como alicerce. Afinal, igualdade é justiça. E, lembremos, igualdade é democracia.

*Emanuel Leite Jr. é bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e formado em Jornalismo pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau). Repórter do Superesportes do Diario de Pernambuco. Responsável pela campanha #PorCotasdeTVJustas - http://porcotasdetvjustas.com.br/. Siga no Twitter @EmanuelLeiteJr

domingo, 6 de dezembro de 2015

14 jogos depois...


Após 14 jogos sem perder para a 2ª liga, o FCPorto B voltou às derrotas. Os jovens dragões perderam na visita ao Feirense (2º classificado) por 1-0.

No onze portista registaram-se muitas alterações em relação ao encontro com o Farense. Desde logo o regresso de Gudino à baliza, mas também os regressos de Maurício ao centro da defesa, de Rafa ao lado esquerdo, de Omar Govea ao meio campo e de Gleison e André Silva ao ataque.

O jogo esse foi extremamente disputado, mas também extremamente aborrecido. Duas equipas muito niveladas passaram 95% do tempo de jogo numa disputa incansável a meio campo. Foram raras as situações de golo com ambas as equipas a não conseguirem atacar de forma consistente.

Ainda assim, na 1ª parte acabam por pertencer ao Feirense as duas situações mais perigosas. Primeiro num remate ao poste, depois num lance em que Gudino salva Chidozie de marcar na própria baliza.

Do lado do Porto, realce para um remate perigoso de Francisco Ramos e um remate às malhas laterais de André Silva.

E foi isto... no resto do tempo as equipas limitaram-se a lutar e a correr quase sempre de forma inglória. Um jogo muito cansativo para os homens de meio campo de ambas as equipas.

A segunda parte foi uma réplica da primeira. E nem mesmo a entrada de Ismael para o lugar de Ruben Macedo dá ao Porto nova vida.

Com o avançar do jogo, parecia claro que o Porto precisava de refrescar o seu meio campo. Francisco Ramos e Graça arrastavam-se e Omar Govea perdia a cada minuto o esclarecimento que normalmente o caracteriza.

No entanto, Luis Castro resolve mexer outra vez, mas no ataque. Retira Gleison para a entrada de Leo Ruiz. Nada muda, porque de facto não era ali que a batalha se disputava.

Num jogo tão equilibrado, o resultado só se podia alterar num lance de génio ou num erro. E acabou por ser um erro a decidir o jogo. Omar Govea chega tarde e faz falta dentro da área. Penalti para o Feirense e expulsão para Omar. Estava decidido o jogo.

Com este resultado a vantagem do Porto B sobre o Feirense fica reduzida a 4 pontos. Ainda assim, os jovens dragões continuam firmes na liderança da 2ª liga.


Análise individual:

Raul Gudino: Uma defesa a salvar um auto golo de Chidozie. Exibição regular.

Victor Garcia: Dos mais activos sempre a tentar ajudar o ataque.

Chidozie: 2 erros marcaram a 1ª parte. Recompôs-se na 2ª.

Maurício: Bom jogo sem grandes percalços.

Rafa: Alguns problemas a defender. Não ajudou no ataque.

Omar: Boa 1ª parte com a eficácia habitual. Começou no entanto a complicar na 2ª parte com algumas perdas de bola. Fica ligado ao golo do Feirense ao fazer o penalti e acaba expulso.

Francisco Ramos: Dos melhores na 1ª parte. Perdeu fulgor e discernimento na 2ª parte.

Graça: Apagado do jogo. Pareceu arrastar-se na 2ª parte.

Ruben Macedo: Sem espaço para fazer as suas arrancadas.

Gleison: Muito pouco espaço lhe foi dado. Acabou por sair sem grande registo.

André Silva: Engolido pela muralha defensiva do Feirense.


Ismael Diaz: Entrou na 2ª parte, mas passou ao lado do jogo.

Leo Ruiz: Passou ao lado do jogo que se disputava sobretudo a meio campo.

Tomás: Para equilibrar a equipa após a expulsão de Omar Govea.
Ficha de jogo:

FEIRENSE-FC PORTO B, 1-0
Segunda Liga, 18.ª jornada
6 de Dezembro de 2015
Estádio Dr. Marcolino de Castro, em Santa Maria da Feira

Árbitro
: Bruno Esteves (Setúbal)
Assistentes: Venâncio Tomé e Rui Teixeira
Quarto árbitro: João Pinho

FEIRENSE
: Makaridze; Barge, Ícaro, Nuno Diogo, Serginho; Vasco, Cris Santos (cap.), Fabinho; Erivaldo, Kukula e Platiny
Substituições: Micael Freire por Erivaldo (64m) Tiago Jogo por Barge (86m)
Treinador: Pepa

FC PORTO B: Raúl Gudiño; Víctor García, Chidozie, Maurício e Rafa; Omar Govea, Francisco Ramos (cap.) e Graça; Gleison, Ruben Macedo e André Silva
Substituições: Ismael Díaz por Ruben Macedo (56m), Leonardo por Gleison (74m), Tomás Podstawski por Graça (76m)
Não utilizados: André Caio; Pité, Cláudio, Sérgio Ribeiro
Treinador: Luís Castro

Ao intervalo: 0-0

Marcadores: Platiny (76m)
Disciplina: cartão amarelo a Omar Govea (55 e 75m), Icaro (57m), Barge (58m), Graça (58m), a André Silva (90+2) e cartão vermelho a Omar Govea (75m)

Por: Prodígio

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

4-3-3. 4 GOLOS, 3 TRINCOS, 3 PONTOS




Desta vez não foi preciso ganhar injustamente por poucos – na versão entediante do FCP de Lopetegui – nem vencer justamente com estrelinha de campeão – na versão entusiasmante do Sporting de Jesus.

Foi mais uma entrada estilo Benfica em Braga só que sem a parte das 3 bolas nos postes e do autocarro defensivo da 2ª parte.

Escaldado pelo drama de Aveiro contra o Tondela, Lopetegui optou por escolher uma equipa mais tradicionalista num 4-3-3 bem definido, com um médio defensivo e 2 extremos naturais.
Olhando para as equipas iniciais seria de temer que o habitual rame-rame ofensivo do Porto tivesse problemas com o meio-campo de 3 trincos do União. 

O Porto ultrapassou bem esse problema. Laterais a subir “forçam” extremos a jogar mais por dentro e a escolha dos 2 médios com melhor chegada à área permitiram que os primeiros 30 minutos tivessem mais dinâmica ofensiva do que o habitual.

À maior dinâmica podemos somar a melhor das sortes. Herrera cumpriu bem o seu papel de médio que consegue ser 2.º avançado e cheirou o golo numa 1ª cabeçada para ter a sorte de o golo o cheirar a ele na 2ª com aquele ressalto em Joãozinho.

Ainda não refeito do golpe, o União nem teve tempo para reagrupar depois de uma brilhante combinação na direita que levou Maxi a cruzar atrasado e Brahimi a fuzilar André Moreira à futebol alemão.

Era capaz de jurar que o Brahimi não ia receber uma bola e mandar charuto lá para dentro. Tudo sem fazer uma tentativa de drible nem sequer uma simulação de pirueta. Foi mesmo toma lá, dá cá.
E assim se resolve uma partida. Com dinâmica no ataque, simplicidade na finalização e alguma sorte.
Falando em sorte: Corona deve ter levado aquele tufo de relva da Choupana para casa. Um golaço a meias. Assistência do tufo e remate à futebol alemão para a gaveta.

A história da partida acaba aqui.

Com o 3-0 o União manteve os 3 trincos com 3 golos encaixados e o Porto voltou ao rame-rame que tem tanto de inutilidade ofensiva como de segurança defensiva.

A bola passou a andar longe das balizas, a dinâmica baixou e só os minutos é que foram crescendo.
Na 2ª parte o União desmonta a rede defensiva dos 3 trincos e tenta atacar um pouco mas o Porto já estava confortavelmente sentado no resultado e na vitória.

Lopetegui começa por desligar-se mentalmente do jogo poupando o craque Brahimi mas a dupla Osvaldo & Paixão resolve ligar a ficha.

Bruno Paixão é o pior árbitro que já vi. Nem é uma questão de desonestidade. É incompetência extrema.

O Porto tem um canto a favor. Há uma perda de bola perigosa no ataque e André André tenta derrubar o adversário. Seria falta clara e amarelo justo.

O adversário não cai à primeira e André André é obrigado a agarra-lo pela cintura acabando de vez com o contra-ataque. Do amarelo já não escapa, pensei eu.

O árbitro dá a lei da vantagem porque apesar de ter sido assassinado o contra-ataque a bola segue.
Segue,segue,segue e Paixão esquece-se de André André. Segue, segue e há a entrada ríspida de Osvaldo sobre Paulo Monteiro. Em vez de 2 amarelos temos o vermelho. Artista português.

Lopetegui liga-se ao jogo e, temeroso, tranca uma porta que já estava fechada. Maicon lá para dentro e 3 centrais.

Não se nota a inferioridade numérica e é o Porto que ronda o 4-0 por Maicon até ao indispensável Danilo resolver ter palco.

Boa vitória, óptimo intervalo na contestação e avizinha-se uma semana crucial.

O regresso ao Dragão numa equipa a quem comunicacionalmente não é dado o direito à estrelinha, a imagem que o Porto deixará em Londres (nem falo de exigências de qualificação) e o regresso à Choupana para um jogo mais a sério.
 


Análises Individuais.

Casillas – Um jogo tranquilo intercalado por uma saída a um cruzamento logo na 2ª parte que nos fez lembrar más memórias.

Maxi – Depois daquele hiato energético pós-selecção voltou a ser o Maxi de sempre com disponibilidade para atacar e voluntarismo a defender.
Corona à frente ajuda na mecânica ofensiva. É mais fácil tabelar com quem sabe jogar em movimento.

Layun – O defesa esquerdo adaptado é o jogador do plantel do Porto que melhor cruza. Convém que Lopetegui aproveite esta qualidade organizando a equipa de modo a que o mexicano tenha liberdade para subir e para.....cruzar.

Marcano – Seguro e focado. Não tem sido por aqui que o Porto tem tremido.

Martins Indi – Fiável no passe e acutilante nos duelos individuais combina bem com Marcano. É bom que Lopetegui pare com as invenções Danilescas e dê 90 minutos à melhor dupla de centrais que tem no plantel.

Danilo – Sem invenções Danilescas e estabilizando o eixo central da defesa de vez, fica mais fácil dar a segurança que a equipa precisa para atacar.
O União joga com um meio-campo similar ao Boavista. 3 mamarrachos a distribuir fruta e a ir a todas como se não houvesse amanhã. Danilo with a little help from his friends André e Hector aguentou-se à bronca com eles todos e ainda teve tempo de ir lá a frente dar a sua carimbadela no resultado.

André André – Ter o André mais sóbrio pode não ser um mau sinal. Jogou mais próximo do seu lugar natural (se é que existe algum que seja contranatura para ele) e o que ficou a faltar em espectacularidade individual foi compensado pela estabilidade do meio-campo portista.

Herrera – Tem uma diferença positiva para Imbula. Entrega-se ao jogo. Pede bola, preocupa-se em dar linhas de passe, preocupa-se em pressionar linhas de passe e adversários e preocupa-se a preencher a área quando é preciso.
Chama-se a isso ligar a equipa.
Tem uma diferença negativa para Imbula e para qualquer médio do Porto. Perde linhas de passe quando tem bola e perde passes fáceis em quantidades razoáveis.
Aí desliga-se do jogo e da equipa.
Contra o União vimos os 2 lados. Felizmente o positivo ganhou por KO ao negativo.

Corona – Parece que não brilha mas o que é certo, é que para o tempo que tem jogado marca golos aos magotes. Com sorte, com oportunismo, com mais ou menos talento o que este mexicano tem provado é que merece ser aposta e merece continuidade.
Vale a pena ver no que isto vai dar.

Osvaldo – Muita acção, muita correria mas nada de futebolisticamente relevante. Não conseguiu mostrar mais do que o pior Aboubakar deste ano e ainda foi fingindo que molhava a sopa aqui e ali. Com Bruno Paixão o caldo está sempre entornado e fingir dá vermelho na mesma. 

Brahimi – O talento da equipa. A construir para abrir para Layun cruzar para Herrera. A finalizar à ponta de lança sem a ginga habitual. E a ser rápido a soltar para Corona acertar um piparote na baliza.
Descansou com o trabalho feito e bem feito.


Varela – Entrou na fase em que os minutos passavam e as equipas passeavam. Nada de relevante.

Maicon – Com a expulsão de Osvaldo a solução de Lopetegui foi tornar coreácea a defesa com 3 centrais. Não foi preciso grande esforço de Maicon que ainda se travestiu de Celso&Geraldão para marcar um livre à anos 80 que André Moreira defendeu em grande estilo.

Evandro – Uns escassos minutos em campo. Nada de relevante. 




Ficha de jogo: 

U. Madeira -FC Porto, 0-4
Primeira Liga, 9ª jornada
qua, 2 Dezembro 2015 • 20:00
Estádio: Madeira, Funchal

Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal).
Assistentes: António Godinho e Rodrigo Pereira.
Quarto Árbitro: Hélder Malheiro.

UNIÃO DA MADEIRA: André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Shehu, Gian, Amilton, Élio Martins, Danilo Dias.
Suplentes: Vega, Tiago Ferreira, Miguel Fidalgo, Breitner (66' Amilton), Firmino (79' Soares), Cádiz (57' Danilo Dias), Chaby.
Treinador: Norton de Matos.

FC PORTO: Casillas, Maxi, Martins Indi, Marcano, Layún, Danilo, Herrera (c), André André, Corona, Dani Osvaldo, Brahimi .
Suplentes: Helton, Maicon (78' Corona), Rúben Neves, Varela (70' Brahimi), Aboubakar, Tello, Evandro (88' André André).
Treinador: Julen Lopetegui.

Ao intervalo: 3-0.
Marcadores: Herrera (12'), Brahimi (14'), Corona (22'), Danilo (90+1').
Disciplina: cartão amarelo a Gian (10'), Corona (77'), Cádiz (83'), Paulo Monteiro (87'); cartão vermelho a Dani Osvaldo (74'). 

Por: Walter Casagrande

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Impróprio para cardíacos!


Depois do empate na visita ao terreno do Sporting Covilhã no Domingo, o FC Porto B recebeu e venceu o Farense por 4-3, num jogo cheio de emoção, que contou com uma reviravolta fantástica dos jovens dragões.

Luís Castro tinha algumas baixas para esta partida, desde logo a ausência de Gudiño (que foi com a equipa principal à Madeira), mas também a ausência do melhor marcador da equipa, André Silva (castigado).

Assim, registaram-se algumas alterações no onze em relação ao jogo com o Sporting Covilhã. João Costa voltou à baliza, Lichnovsky reforçou o centro da defesa, Pité voltou a ser opção como lateral esquerdo, Tomás rendeu Omar no meio campo e Leonardo teve nova oportunidade no centro do ataque.

A primeira parte foi muito complicada para o FC Porto B. O Farense apresentou-se com uma defesa muito compacta e baixa, deixando 1 seta (Harramiz) sempre preparada para o contra ataque.

O Porto tentou jogar o seu futebol habitual, mas este foi quase sempre um exercício de atirar uma bola a uma parede. Pior que isso... a bola pareceu muitas vezes um bumerangue. Durante a primeira parte o Porto teve sempre mais bola, mas as três principais oportunidades de golo pertenceram ao Farense. E dessas três... duas resultaram em golo.

Dois golos madrugadores. O primeiro com Harramiz a explorar aquele que foi o calcanhar de Aquiles do Porto, Pité. De facto o lateral adaptado nunca conseguiu acertar com o posicionamento defensivo e Harramiz agradeceu.

O segundo golo, no entanto, nasce pelo lado direito. O Farense aproveita a passividade da defesa portista. Um golo muito facilitado onde Victor Garcia, Chidozie, Tomás e Lichnovsky ficaram à espera do Pai Natal...

Do lado do FC Porto, apenas um remate de Leonardo causou perigo relativo.

E assim chegou o intervalo. Preocupava o rumo do jogo.

Mas a segunda parte foi outra história. E essa história começou no banco. Luís Castro retirou Tomás e Ismael Diaz e colocou em campo Omar Govea e Gleison. Foi da noite para o dia.

Gleison vestiu o fato de diabo à solta e contagiou a equipa com a sua velocidade e criatividade. Omar Govea fez a outra parte, parou os contra ataques do Farense, recorrendo ao seu posicionamento impecável.

O golo do Porto não foi surpresa para ninguém e até serviu para a redenção de Pité. Um golo de livre em que o guarda redes do Farense é muito mal batido.

Mas contou e sobretudo reforçou e muito a moral dos jovens dragões que acreditaram sempre. E o segundo golo chegou mesmo. Victor Garcia cruzou da direita, Leonardo não segurou, mas Rúben Macedo acabou por ser derrubado. Penalti para o FC Porto e Leonardo não desperdiçou. Como resultado da falta o jogador do Farense foi ainda expulso.

A equipa cada vez acreditava mais que podia chegar à vitória e um dos melhores em campo acabou mesmo por fazer o 3-2. Rúben Macedo marcou de cabeça a responder a mais um belo cruzamento de Victor Garcia.

Estava feito o mais difícil, mas a equipa queria mais. Depois de Rúben Macedo já ter falhado isolado, desta vez Pité serve Gleison que coroa uma grande exibição com um grande golo. 4-2.

Nem o golo do Farense na sequência de um canto manchou a tarde que foi de glória.

O FC Porto B segue assim isolado na liderança do campeonato com mais 7 pontos que o segundo classificado.


Análise individual:

João Costa: Uma grande defesa impediu o 0-3. Não pode ser culpado nos golos sofridos.

Victor Garcia: Uma 1ª parte ao nível da equipa, fraco. Na 2ª metade subiu de produção e acaba com 2 assistências.

Chidozie: Divide com Lichnovsky alguns erros, mas acabou por ser o menos mau.

Lichnovsky: Alguns erros que resultaram do seu mau posicionamento. Fica ligado directa ou indirectamente aos 3 golos sofridos.

Pité: Uma 1ª parte para esquecer. Posicionamento defensivo muito fraco, com culpas directas no 1º golo sofrido. Demasiado complicativo, agarrou-se muito à bola. Em abono da verdade ninguém ajudou ou fez dobras. Agradeceu a entrada de Omar que lhe deu mais protecção. Marcou o 1º golo.

Tomás: Apático e sem o alcance que a posição exige. Saiu ao intervalo e não deixou saudades.

Francisco: O mais esclarecido do meio campo. Mais uma boa exibição que equilibrou o momento defensivo com o momento ofensivo.

Graça: Alternou grandes jogadas, com individualismo em excesso. Foi demasiado complicativo, mas deixou tudo em campo.

Ismael: Passou ao lado do jogo, sem espaço e sem ideias.

Ruben Macedo: Um dos melhores e mais consistentes. Conseguiu sempre desequilibrar com a sua velocidade e finta curta. Marcou o 3º golo e foi determinante no segundo.

Leonardo: Fez um bom jogo dadas as circunstâncias. Lutou e teve bons pormenores. Marcou de penalti.


Omar Govea: Essencial. Veio trazer estabilidade à equipa segurando o meio campo. A sua tendência em não complicar foi um bónus.

Gleison: Melhor em campo. Endiabrado, contagiou a equipa com a alegria do seu futebol. Muito bem quer em jogadas individuais quer em jogadas colectivas. Marcou o 4º golo.

Cláudio: Sem tempo.



FICHA DE JOGO

FC PORTO B-FARENSE, 4-3
Segunda Liga, 18.ª jornada
2 de Dezembro de 2015
Estádio de Pedroso

Árbitro: Hélder Lamas (Braga)
Árbitros assistentes: Nélson Cunha e Pedro Costa
Quarto árbitro: João Sousa

FC PORTO B: João Costa; Víctor García, Chidozie, Lichnovsky e Pité; Tomás Podstawski, Francisco Ramos (cap.) e João Graça; Ruben Macedo, Leonardo e Ismael
Substituições: Tomás Podstawski por Omar Govea (46m), Ismael por Gleison (46m) e Ruben Macedo por Cláudio (90m+1)
Não utilizados: André Caio, Rodrigo, Verdasca e Sérgio Ribeiro
Treinador: Luís Castro

FARENSE: Bento; Hugo Ventosa, Ubay, Felipe e Diogo Coelho; Delmiro, Ponck, Bilro (cap.) e Osama; Tiago Leonço e Harramiz
Substituições: Tiago Leonço por Rambé (75m), Osama por Bruno (77m) e Diogo Coelho por Irobiso (80m)
Não utilizados: Ricardo, Thomas, André Afonso e Marco Sousa
Treinador: Antero Afonso

Ao intervalo: 0-2
Marcadores: Harramiz (3m), Osama (8m), Pité (55m), Leonardo (72m, de g.p.), Ruben Macedo (78m), Gleison (83m), Felipe (85m)
Disciplina: cartão amarelo a Bilro (43m), Delmiro (45m), Diogo Coelho (54m), Gleison (89m); cartão vermelho directo a Hugo Ventosa (71m)



Por: Prodígio 



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