VELHA SENHORA
Fomos eliminados
P'la Vechia Signora,
Mas nunca como agora,
Estamos preparados!
Contr'a Velha Senhora
Do antigamente,
Se levanta mais gente
Contr'o d'outrora...
O velho regime,
Surdo e bafiento,
Está com um sentimento
In fine!
Ganham prazenteiros,
Aos da Cruz de Cristo,
Que também são um misto
De velhos e freteiros...
Os velhos do Restelo,
Embebidos em Águas de Rosas,
Tão gloriosas
Em qualquer duelo...
Tudo da mesma cepa
Do antigamente,
Ond'a Velha Senhora se fez gente
Com vestidos de seda...
Tudo abria alas
À sua passagem,
E prestava-se-lhe vassalagem
Num bater de palas!
A Velha Senhora
Desses belos tempos,
Agora está em contratempos,
Porque ganhar, demora...
Eram favas contadas
À maneira do Rola,
E ela, muito tola,
Tinh'as faixas encomendadas...
Já tinh'a taça do Tetra
Encomendada na Liga,
Porque isso bem (lhe) fica
De tão correcta...
A Vechia Signora
Sim, bem que nos venceu,
Mas quem nisto perdeu,
Foi a nossa pecadora...
Ela que, por facto,
Já se tinha Europeia,
E de barriga cheia
Enfardou só quatro...
A nossa Senhora
Dos tempos do Eusébio,
Quando tudo era sério
Entre Lisboa e Linda-a-Pastora...
E com tod'a discrição
Acumulava ceptros,
Porque tod'os decretos
Lhe beijavam a mão...
Qu'o dig'o Calabote,
Essa referência,
Que na sua inocência
Lhe ofereceu o dote!?
Tanta velha história
Do antigamente,
E a Velha Senhora presente,
Também canta vitória!?
Ganha como quer,
No regime democrático,
Mas falta-lh'o hábito
De saber perder...
E quando outro vence
Taças internacionais,
Há crimes eventuais
Do maior alcance...
Só a Velha Senhora
Sabe nisso ganhar,
Mas desd'os tempos de Salazar
Que não é sedutora...
Não vinga no estrangeiro
A Velha Senhora,
Porque, pecadora,
Esbanjou o dinheiro...
Mas vendendo milhões
De muito papel,
Quer vencer o Nobel
Dos vendilhões!
Vende muit'a eito
Senão já estava rica,
Porque ela nos explica
O negócio bem feito...
A sigla dos quinze
E agor'a dos trinta,
Porque ela bem finta
Por onze!
É uma equipa inteira
A Velha Senhora,
Mas nunca tentadora
A ganhar por sopeira!
Não, é uma senhora,
A nossa querida velha,
Mas já anda esguelha
De tão impostora...
Já lhe sabemos a vontade
De querer ser moça,
E desfilar na praça
Pr'a celebrar a sua mocidade...
Ir do Marquês ao Rossio
E descer a "Liberdade",
Porque ainda tem saudade
Do vento bafio...
E de sombrinha na mão,
Lá gritar "Glorioso"!,
Num gosto duvidoso
De "campeão"...
De espartilho apertado
A Velha Senhora,
Ainda se crê a benfeitora
Do "Novo" Estado!?
Com'os tempos mudam
Onde nada mudou,
E a senhora o que murchou
Pr'a qu'a acudam!
Temos muita pena
Da "nossa" Velha Senhora,
Mas vencer por fora
Já dá tempo d'antena...
Como diz o Tapie,
Esse grande burlão,
Um campeão
Não tem que ter pedigree...
E s'a mão do Vata
Lá mereceu final,
Isso foi normal
Porqu'o árbitro não era empata...
E assim ficamos
Na memória do tempo,
Qu'a Velha Senhora não pode apanhar vento
Nos tímpanos...
Senão fica engripada
E tem que chamar o Capela,
Pr'a jogar por ela
Na próxima jornada...
Não vá o Paços,
Essa equipa de mobiliário,
Querer tirar do armário
A velha p'los braços...
Pois que nisso desolada,
Sem o Capela ou o Ferreira,
Perder tod'a estribeira,
Ao ter-se derrotada...
A nossa Velha Senhora
Se perd'o campeonato,
Faz gato-sapato
Do Rui "Vitória"...
E lá vai bradar o gordo
Pr'o canal Panda,
Qu'o mundo está à banda
Porque perdeu, o "glorioso"...
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