terça-feira, 10 de abril de 2018

Porto d'abrigo



Porto d'abrigo

Se aqui não havia 
Um porto d'abrigo, 
Este país antigo 
Há muito não existia;

Se aqui não existisse
Uma cidade liberal,
O que seria de Portugal 
Qu'ainda aqui se visse?!

Se não houvesse oposição 
Contra tal centralismo, 
Isto era um eufemismo 
De "nação"!

Se não houvesse "irredentistas"
Contr'a força dos seis milhões, 
Quem marcharia contr'os "canhões"
Dos golpistas?

Que nome teria Portugal 
Sem o seu Porto?
Um registo mais absorto 
Sem ideal?

Um nome vago
A lembrar um império, 
E ter no planisfério 
O seu nome ao largo?

O que seria desta nação 
Sem a sua Invicta?
Quanta verdade já escrita 
Da sua actuação?

O que seria do país 
Sem uma cidade não-alinhada?
Era uma nação de fachada 
Sem construção de raíz!

Não existia
Com propósito nacional, 
Qu'assim nasceu Portugal 
Porque alguém o sabia!

E duma nação unitária
Passámos à macrocefalia, 
Qu'assim melhor se geria 
À escala planetária!?

Como se combatia
Este "unanimismo",
Sem um voto de pluralismo 
Numa outra via?

Quem combatia o regime
Ali instalado na segunda circular?
Quem os iria apupar 
Neste jogo em que tudo se define?

Quem contestaria os governantes 
Ali na bancada d'honra,
Senão alguém que "morra"
Contr'os "turbantes"!?

Quem iria assobiar 
Os "primeiros"?
E lutar nos "Atoleiros"
Sem poder ganhar?

Quem pode vencer 
Esta ditadura,
Senão alguém que perdura 
Contra tal poder?

Quem pode conquistar 
O que já está ganho,
Senão com o maior engenho 
De não se deixar ficar?

Quem pode ganhar
O jogo ao árbitro, 
Senão quem ostent'o hábito 
De viver a lutar?

Quem é que nisto luta 
Contra tudo e todos?
Quem é que vive nos logros 
Qu'o Porto não chuta?

Quem é que enfrenta 
Este absolutismo?
Este eterno favoritismo
Pr'o penta?

Quem é que não desiste 
Até à última gota?
E enfrent'a batota 
E o próximo chiste?

Quem é que vai ao galinheiro 
Vencer este jogo?
Quem é que não tem nojo 
De ter assim um campeão no estrangeiro?!

Quem é enfrenta 
Este conselho d'arbitragem?
Quem é que tem coragem?
Quem é que tudo aguenta?

Quem enfrenta padres,
Bispos e curas?
Quem é não tem medo das alturas 
Onde negoceiam os abades?

Quem é que combate 
Uma organização criminosa, 
Que com tal conduta dolosa 
Ainda pode ter um empate???

Quem é que não desiste 
D'enfrentar este totalitarismo,
E acreditar, por romantismo, 
Qu'a justiça existe?

Quem é que vai à luta 
No covil dos "lobos"?
E contra tudo e todos
Ainda assim os assusta???

Quem é que vai vencer 
Contra tod'as previsões,
Contra apostas e projecções 
Que deitam tudo a perder?

Quem vai colocar de luto
A economia deste país?
Quem vai desligar a luz
E baixar o produto interno bruto?!

O que vai ser do Mexia 
S'o Porto for campeão?
Terá o governo a intenção 
Doutra utopia?

E saírem cabisbaixos 
Da dita tribuna, 
Porque a nação não é una 
Na distribuição dos tachos?

E lá vencendo o norte 
E o Porto d'abrigo,
Lisboa ter por castigo 
O corte!

Mas não do imposto,
Apenas do influxo, 
E a taxação do luxo 
Até aos fogos d'Agosto...

Porque há qu'aguentar
O clima de depressão,
E fazer ver à nação 
Que nem sempre se pode ganhar...

Joker

Sem comentários:

>