Porto d'abrigo
Se aqui não havia
Um porto d'abrigo,
Este país antigo
Há muito não existia;
Se aqui não existisse
Uma cidade liberal,
O que seria de Portugal
Qu'ainda aqui se visse?!
Se não houvesse oposição
Contra tal centralismo,
Isto era um eufemismo
De "nação"!
Se não houvesse "irredentistas"
Contr'a força dos seis milhões,
Quem marcharia contr'os "canhões"
Dos golpistas?
Que nome teria Portugal
Sem o seu Porto?
Um registo mais absorto
Sem ideal?
Um nome vago
A lembrar um império,
E ter no planisfério
O seu nome ao largo?
O que seria desta nação
Sem a sua Invicta?
Quanta verdade já escrita
Da sua actuação?
O que seria do país
Sem uma cidade não-alinhada?
Era uma nação de fachada
Sem construção de raíz!
Não existia
Com propósito nacional,
Qu'assim nasceu Portugal
Porque alguém o sabia!
E duma nação unitária
Passámos à macrocefalia,
Qu'assim melhor se geria
À escala planetária!?
Como se combatia
Este "unanimismo",
Sem um voto de pluralismo
Numa outra via?
Quem combatia o regime
Ali instalado na segunda circular?
Quem os iria apupar
Neste jogo em que tudo se define?
Quem contestaria os governantes
Ali na bancada d'honra,
Senão alguém que "morra"
Contr'os "turbantes"!?
Quem iria assobiar
Os "primeiros"?
E lutar nos "Atoleiros"
Sem poder ganhar?
Quem pode vencer
Esta ditadura,
Senão alguém que perdura
Contra tal poder?
Quem pode conquistar
O que já está ganho,
Senão com o maior engenho
De não se deixar ficar?
Quem pode ganhar
O jogo ao árbitro,
Senão quem ostent'o hábito
De viver a lutar?
Quem é que nisto luta
Contra tudo e todos?
Quem é que vive nos logros
Qu'o Porto não chuta?
Quem é que enfrenta
Este absolutismo?
Este eterno favoritismo
Pr'o penta?
Quem é que não desiste
Até à última gota?
E enfrent'a batota
E o próximo chiste?
Quem é que vai ao galinheiro
Vencer este jogo?
Quem é que não tem nojo
De ter assim um campeão no estrangeiro?!
Quem é enfrenta
Este conselho d'arbitragem?
Quem é que tem coragem?
Quem é que tudo aguenta?
Quem enfrenta padres,
Bispos e curas?
Quem é não tem medo das alturas
Onde negoceiam os abades?
Quem é que combate
Uma organização criminosa,
Que com tal conduta dolosa
Ainda pode ter um empate???
Quem é que não desiste
D'enfrentar este totalitarismo,
E acreditar, por romantismo,
Qu'a justiça existe?
Quem é que vai à luta
No covil dos "lobos"?
E contra tudo e todos
Ainda assim os assusta???
Quem é que vai vencer
Contra tod'as previsões,
Contra apostas e projecções
Que deitam tudo a perder?
Quem vai colocar de luto
A economia deste país?
Quem vai desligar a luz
E baixar o produto interno bruto?!
O que vai ser do Mexia
S'o Porto for campeão?
Terá o governo a intenção
Doutra utopia?
E saírem cabisbaixos
Da dita tribuna,
Porque a nação não é una
Na distribuição dos tachos?
E lá vencendo o norte
E o Porto d'abrigo,
Lisboa ter por castigo
O corte!
Mas não do imposto,
Apenas do influxo,
E a taxação do luxo
Até aos fogos d'Agosto...
Porque há qu'aguentar
O clima de depressão,
E fazer ver à nação
Que nem sempre se pode ganhar...
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