quarta-feira, 6 de agosto de 2014

FEIRA POPULAR

#FCPorto #Everton #Futebol #Portugal #Inglaterra


FEIRA POPULAR


Está melhor.
A pavorosa 2ª parte do jogo de apresentação deixou uma série de inquetações. A anarquia e o caos experimentalista da equipa não podiam ser transportadas para Goodison Park. Felizmente não foram.



A 1ª parte do jogo é à Vitor Pereira style. Domínio do jogo, controle do adversário e da bola e equipa instalada no meio-campo adversário. Maicon e Martins Indi deixam de ser testados e estão apenas de prevenção para as bolas que escapassem à teia de pressão que à frente empancava toda e qualquer tentativa do Everton.



Como a memória recente era o caos esta revisitação do Porto mandão e organizado colocava-nos nas nuvens.
O céu estava ainda longe. Longe, porque o “bocadinho assim” que faltava ao futebol de Vitor Pereira também não era conseguido pelo Porto da 1ª parte.
Médios integrados, participativos e atentos. Boa circulação de bola explorando toda a largura do relvado mas quase nula intencionalidade.
Aquele carrossel de passes e pressão toma conta de tudo. Rouba, passa, desmarca, recebe, vira, temporiza, desmarca, cruza, perde, rouba, passa, passa........
Adrian e Quaresma vinham mais para a zona dos médios e lá na frente ficava um deserto. A toada do jogo era do tipico 0-0 e se alguém marca seremos nós porque a bola é nossa e joga-se mais perto da baliza deles.
Sucede o contrário.  Há mais Reyes magos para além do mexicano e Fabiano presenteia o menino. Mais uma assistência estilo auto-golo e a equipa vai para o intervalo com um resultado mentiroso e injusto mas que acaba por castigar a inoperância e a falta de vontade de acrescentar o “bocadinho assim” à organização e bom trabalho colectivo.


Na 2ª parte Lopetegui resolve testar a outra fase da moeda. Despeja talento no relvado e senta-se a assistir. Estava farto do carrossel que gira, gira mas não sai do sitio.
Bora para a Montanha Russa. Quintero, Brahimi, Casemiro, Tello, Jackson e que comece a viagem.
Entra tudo com o turbo ligado e com o talento desperto. Os 15 minutos que sucedem ao derramamento deste petróleo causam uma maré negra na defesa do Everton e deslumbram o portismo.
A bola é nossa, a baliza deles é nossa, os talentos são nossos. Como diria Lopetegui queremos tudo e é tudo nosso.

Estamos a ir para o cume mais alto da montanha russa. Bingo! Do tricotar de Brahimi e Quintero ao descaramento invasor de Herrera sente-se que o Porto pode virar o jogo num ápice. Empata num lance de tricot invasivo-talentoso e só não passa para a frente por acaso.
O efeito surpresa esvai-se. O gás de Quintero e Brahimi diminui. O Everton tira a cabeça da toca. Está na hora de descer na montanha russa.
Carlos Eduardo entra mas não se nota. Angel entra e nota-se. Casemiro é obrigado a sprintar (o que só lhe faz bem). Fabiano impelido a emendar.
O período final é descontrolado mas é o preço que qualquer equipa que derrame tanto talento puro e imaturo defensivamente acabará por pagar. As tropelias de Brahimi na nossa grande área divertindo-se em dribles kamikazes é o sinal de que na montanha não se sobe só.
Há também a vertigem da descida. Gritos, pânicos e medo.
O somatório de tudo isto é positivo.
Mostramos que sabemos ser organizados e jogar num bloco coeso e mandão. Roubos, passes, viradas, desmarcações, pressões colectivas com sentido.
Mostramos que temos futebol desequilibrante e temos a chave da grande área adversária. Há gente em quantidade e qualidade para agredir o adversário. Agredir de forma barbara estilo Herrera e Tello ou com as agulhas de tricot de Brahimi e Quintero. Fintas, dribles, invenções, invasões, remates.
O Novo Porto tem todos os bons activos necessários. Se conseguirmos juntar tudo isto num Porto só, já sabemos que no fundo no fundo ninguém nos parará e a resolução do campeonato será nosso. Este é o Bom Porto que sai de Goodison Park.
Se juntarmos a inoperância ofensiva da 1ª parte e a perda de consistência defensiva da 2ª parte detectamos o pior de Vitor Pereira com o pior de Paulo Fonseca. Se preferirem, vemos aí todo o Paulo Fonseca que é um activo extremamente tóxico.
É um Mau Porto que só por obra e graça do Espirito Santo nos poderia dar alguma conquista de relevo neste ano.
Como no futebol não podemos separar o Bom do Mau devemos agarrar-nos à evolução que a equipa tem para acreditar que estamos no caminho certo.
Temos 2 hipóteses de percurso: Ou partimos do melhor de Vitor Pereira e se tenta atingir o complemento ofensivo mantendo a rede de segurança que a troca de passes / pressão colectiva nos dá, ou se acredita, qual Paulo Fonseca, que o mais fácil de treinar é o processo defensivo e aí se percorre o caminho inverso comandado pelas agulhas de tricot de Brahimi, Oliver e Quintero.
Eu faço a minha escolha. É mais provável que o carrossel venha um dia a sair do sitio do que esperar entrar numa montanha russa que suba sempre mas nunca desça.
Apego-me à racionalidade e não acredito no divino. As obras do Espirito Santo dão galho.



Análises Individuais:

Fabiano – Um imperdoável erro que se suporta mais no sentimento que tem que fazer coisas extraordinárias para se afirmar. Acredita que o melhor Fabiano que já mostrou não chega. Isso só o intranquiliza a ele e à equipa. Tem que mostrar estofo para resistir à pressão imposta por Lopetegui. Back to Basics.

Danilo – Mais ofensivo do que o costume. Tão seguro como o habitual. Foi, é e será indiscutivel porque não acredito que haja alguém que O pare.

Alex Sandro – Tão ofensivo como o costume. Mais seguro que o habitual. É, foi e será indiscutível se mantiver o foco e não facilitar lá atrás.

Maicon – A defesa foi segura porque o resto da equipa lhe conferiu segurança. Na maior parte do tempo poucas bolas lá chegaram e quando chegavam Maicon resolvia bem.

Martins Indi – Dá uma sensação que é um tipo cool. Mas é daquele estilo cool que lidera. É um lider tranquilo. É ele que recebe de Fabiano, é ele que inicia a construção de trás, é ele que se lança como um doido nos lances áereos, é ele que gesticula e é ele que morde. Sempre sem mexer um musculo da cara. Se a coisa apertar os musculos param e saltam os olhos.
Tem que ter cuidado nos encostos em zonas de grande área. Há muito piscineiro por aí e há muito zarolho que não distingue futebolistas de profissionais de piscona.

Ruben Neves – Quando vejo um puto a jogar gosto de olhar para a cara. Tentar captar pela expressão o estilo, o nervosismo e a capacidade de afirmação.
O meu radar critico tentou encontrar algo para pegar com o moço. Joga com a serenidade de um velho, tem a qualidade de passe de um eleito e a leitura de jogo de um visionário. Por aqui não dá.
O futebol que ele joga não dá. Pela expressão facial também não pega. Só vejo uma hipótese: falta agressividade na disputa de bola e uma melhor cultura de posição.
Acho que vou tentar ir por aí para desancar no rapaz. Só tenho um problema. Casemiro não tem sido mais agressivo que ele. Casemiro tem mostrado pior cultura de trinco do que Ruben.
Vai ser dificil correr com ele mas vou continuar a tentar.
Herrera – Furacão. É um ganda maluco. Quanto pega na bola a baliza adversária parece mais perto. Um, dois passos e está lá. Um, dois passes e a bola chega lá.
O modelo da 1ª parte é perfeito para ele. Acomoda a pressão individual anarquica que faz e acomoda o vendaval e a tendência inata para o disparate.
Evandro – É um Pepe Legal. Não confundir com o defesa central desvairado do Real Madrid. Este é o homem que pensa. Não é o pensador de jogo mas é o pensador da equipa.
Onde falta gente ele está. Passa bem e dá sempre uma linha segura para os companheiros. Cobre Ruben Neves e tenta chegar à frente. A ordem que a equipa teve é filha do Pepe Legal.
É o homem que diz a todos: “Babalu Babalu para pensar estou cá eu.”

Oliver – Quando começa o jogo fica um sabor amargo. Oliver na ala? Logo depois daquela ultima exibição? O temor não se justificava. Oliver é protagonista da mesma forma. O jogo vai ter com ele e ele persegue o jogo. Sabe ter a bola, sabe passá-la, tem todos os fundamentos da posse. Falta-lhe maior amplitude de intervenção e maior peso defensivo.

Quaresma – Integrou-se bem no carrossel e mostrou empenho defensivo. Fez aquilo que é inesperado mas falhou naquilo que é o seu cartão de visita. Desequilibrio.
Tem como atentuante o facto de não ter grandes opções de passe/assistência no último terço.

Adrian – Peixe fora de água. O jogo não lhe chega e ao contrário do seu compatriota do meio não é homem para o procurar. Em vez de lutar e de tentar se manter à superficie faz glugluglu e afunda-se.

José Angel – O que deu para ver não foi bom. Entrou quando estavamos a descer na montanha russa. Era dificil resistir.

Reyes – Também entrou na fase má. Resistiu, embora sem transmitir a mesma segurança defensiva dos seus parceiros de posição.

Casemiro – Dá ideia que gosta de acção. Fazendo um paralelismo entre Casemiro e os laterais titulares podemos afirmar que Casemiro vê a posição 6 como Alex Sandro vê a posição de defesa lateral. É mais estilo Alex pá frentex do que Danilo.

Tem talento, tem robustez (será só robustez ou precisa de emagrecer?) mas falta-lhe ser um bocadinho Pepe Legal. Pensar no que a equipa precisa que ele faça em vez de dar à equipa aquilo que gosta de dar.

Brahimi – É um regalo. Tricota para a frente. Dribla de pantufas, ginga e dá alegria, entusiasmo e capacidade ofensiva.
É um susto. Tricota seja em que sitio for e seja qual for o número de opositores.
Precisa de injecções de responsabilidade. Não muitas porque não pode perder o tricot.
Quintero – Outro que joga com agulhas. Finta em cabinas telefónicas e é pena que não tenha pulmão para avenidas. Tem que jogar perto da área. Lopetegui percebeu.
Tem que jogar num local onde não desequilibre a equipa. Lopetegui percebeu.
Tem que jogar onde o seu pé esquerdo possa fazer maravilhas. Lopetegui percebeu.
Este é o sitio dele.
Carlos Eduardo – Teve tempo de jogo mas não nada deu para ver. Culpa da montanha russa.

Tello – Fugaz. Entra em grande estilo e desaparece. Fica no seu cantinho à espera. Como Adrian, não procura o jogo nem persegue o adversário. Se a malta do tricot nada lhe pede ele nada dá. Se o Angel precisa de ajuda é bom que grite.

Jackson – Depois da saída de Fernando é o melhor jogador do Porto. Dá sentido à equipa e é imprescindivel para o sucesso colectivo. Em condições normais será Jackson e + 10.  



Ficha do jogo:

FC Porto:  Fabiano; Danilo, Maicon (Reyes 76´), Martins Indi, Alex Sandro (José Ángel 76´); Rúben Neves (Casemiro 55´), Herrera (Carlos Eduardo 76´), Evandro (Quintero 55´); Óliver Torres (Jackson Martínez 46´), Adrián López (Tello 55´), Quaresma (Brahimi 46´).


Everton: Howard, Hibbert, Jagielka, Alcaraz, Baines,  Osman, Barry, McGeady, Barkley, Piennar, Naismith

Por: Walter Casagrande

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